domingo, 15 de julho de 2012

LEMBRANDO OS 50 ANOS DE CARREIRA DOS ROLLING STONES


Na ultima passagem dos Stones pelo Brasil (2006) escrevi um artigo para o Jornal Zero Hora que nessa semana que essas veias que completam 50 anos de carreira nessa semana. Eles provaram para os Beatles, Cazuza e tantos outros que Rock e música divertida e de conjunto não é só overdose, destruição de parcerias, confusões privadas e públicas. Quantas bandas que se desmancham no ar sem a referência de longevidade. 
Eles provam que é possível fazer rock com muita diversão e com muita longevidade. Um exemplo para minha geração (um pouco mais nova - é claro).

Segue lembrança da matéria!



Porto Alegre, 22 de fevereiro de 2006.        Edição nº 14790
 

Artigos / Primeiro Caderno
Verissimo, Rolling Stones e a geração net
GILSON LIMA/ Sociólogo


Rolling Stones estourou no sábado, dia 18, com cerca de 1,2 milhão de pessoas no seu megashow. Para mim, o mais significativo do show dos Stones não foi o número do público, mas o fato de a nova geração net integrar junto aos velhos "dinossauros" da geração da TV em preto-e-branco uma mesma celebração eufórica. Por que será?

Acho que Luis Fernando Verissimo, na sua coluna do dia 20 de fevereiro no jornal Zero Hora, matou a charada. O rock sempre teve uma conotação sexual, para essa nova geração erotizada. Mick Jagger, com seus rebolados tomados por uma sensualidade corporal e energética, está em casa com essa garotada. Conforme Verissimo, "a base do roquenrol era a progressão harmônica do blues e uma das suas raízes estava no blues branco, misturado com música caipira, do sul dos Estados Unidos, de onde saíram Jerry Lee Lewis e Elvis Presley. O rhythm and blues negro continuou a existir e gerou muitas das formas que o roquenrol tem hoje, mas foi o roque branco nascido há 50 anos da encampação da música popular negra que tomou conta do mundo e o domina até hoje".

Quando os blues ficaram brancos para o mundo surgiram bandas mundialmente famosas como os Beatles e os Rolling Stones. Desde o início, os dois grupos disputavam com o público jovem suas posições adversárias dentro do universo do rock. Novamente, Verissimo explica: "Os dois grupos vinham da mesma origem proletária, mas os Beatles tinham se sofisticado e, com o álbum do Sergeant Pepper, enveredado para uma coisa mais intelectualizada, enquanto os Stones se mantinham fiéis ao backbeat básico e à pura energia hormonal, a mesma que atrai os jovens até hoje embora eles já pareçam as suas próprias múmias".

É isso, Verissimo, os Beatles terminaram e venceu a energia hormonal sem sentido mais profundo. A busca da eternidade juvenil plastificada da nova geração net, no entanto, se contradiz com as faces mumificadas dos velhos Stones eletrizados, com seus quase 70 anos, de "caras de acabados" e energias de moleques. No entanto, essa mesma geração se liga a uma pseudobusca de uma eterna energia juvenil. Talvez aí esteja uma novidade para a geração net. Começando a se dar conta de que a completa juventude plastificada não seja tão eterna assim e que talvez seja mesmo impossível. Assim, quem sabe seja bom se contentar apenas com uma parte dela, mesmo sendo uma parte significativa: a energia corporal, vital. Essa mesma energia que torna Mick Jagger eterno até que dure.

GILSON LIMA.
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
Dr. Pesquisador - CNPQ - Porto Alegre.
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sábado, 30 de junho de 2012

SOMOS MESMOS MUITO COMPLEXOS POR QUE SOMOS MUITO FRÁGEIS!


Gilson Lima [1]
O que em mim sente está pensando (Fernando Pessoa)
DrPesquisador - CNPQ - Porto Alegre.E-

Foto no maravilhoso Parque de Cape Town 
- Cidade do Cabo – África do Sul.
Geralmente, passarinhos “adultos” cuidam muito bem dos seus filhotes. São atentos e fraternos, mas só cuidam de seus filhotes, até que possam se virar sozinhos. O ninho para eles é uma morada provisória e terminal, pois, quando os filhotes voam rumo ao horizonte, o restante da família passarinho, também abandona o ninho, não olhando para trás. Nunca mais retornam, apenas vão. Vão acontecer no mundo voando.

Assim, como todos os mamíferos humanos não sou passarinho, por isso quero sempre voltar ao ninho. Um lugar para ficar, pousar, fechar os olhos sem receio, estar ao lado de quem confio, poder dar colo, debater, brigar, crescer, morrer, renascer e desassossegar-se no sossego. O meu ninho não é, portanto, uma estada terminal. Sou eu quem termino, o ninho fica.
Somos seres que acontecemos, e acontecemos no mundo e, por isso, somos também nossos medos, nossas esperanças e nossos cálculos. Porém, o que nos torna mais fascinantes como seres vivos é o que geralmente a razão quer mais esconder, que é a nossa incompletude, a nossa fragilidade. Somos complexos porque somos frágeis. A fragilidade humana está presente até nas escolhas filogenéticas e ontogenéticas que fazemos ao longo da evolução. Querem ver?
Os animais, segundo a biologia, podem ser artrópodos (exoesqueleto) ou vertebrados (endoesqueletos). A diferença aqui é entre ter esqueleto externo e esqueleto interno. Isso é importante, pois implicará na capacidade de como animais nos mobilizarmos e nos movermos diante da sustentação de nossos próprios corpos. Imaginem um caracol. Tudo que se encontra dentro do caracol está protegido pelo seu exoesqueleto (aquela casca dura que achamos ser a casinha dele). O complexo estado de mentitude (quando a mente acontece no mundo), só se encontra em animais que precisam se locomover.[2]
Nós seres humanos acabamos, de um jeito ou de outro, ao longo da nossa evolução, levando os ossos para dentro do corpo e criamos uma complexa massa externa de frágeis fibras que permitem muita flexibilidade, excitação de sensibilidade. Porém, para que isso aconteça ficamos muito frágeis. Sem precisar sequer sair de casa, expomos nossa fragilidade corpórea aos perigos da aventura do viver.
Agora imaginem: nós ficamos de pé, eretos, nos equilibramos e nos movimentamos levando por aí toda essa nossa frágil cobertura exposta, dia a dia, a essa aventura de viver no mundo. Olhando, por exemplo, apenas para nossa pele que nos protege e a tudo que está lá fora para feri-la quando saímos de casa, é quase um milagre voltarmos intactos para casa.
Somos mesmo muito corajosos e complexos. Apenas para ficarmos eretos (uma atividade vital para nossa qualidade humana) precisamos orquestrar um complexo conjunto de conexões que prevêem posições, intensidades e cálculos. Isso se considerarmos apenas as conexões que incidem sobre as fibras musculares e que nos permitem indicar inúmeros monitoramentos de elasticidades, movimentos diversos de intenso volume e complexidade realizada por nossas pernas, braços e pescoço.
E para caminharmos, então? Definirmos os movimentos, curvas, destinos, desvios de obstáculos. São processos tão complexos e tão rápidos, que só com ajuda de potentes aparelhos podemos identificar seus trajetos e operações visíveis. Estamos falando apenas de processos mais rudimentares da mobilidade para que não tenhamos movimentos desastrosos, e só eles nos indicam a necessidade de um constante plexo mental que nos dote de muita precisão e simulação.
Somos mesmos muito complexos. Para operarmos nossos dedos polegares opositores – que são ferramentas muito úteis e que, como pinças, permitem conexões e ligações finas com múltiplos objetos – precisamos interagir muitas vezes em simbiose com outras complexas habilidades como a representação abstrata do mundo em imagens e dominar linguagens que permitirão estratégias individuais e grupais. Tudo isso torna o ser humano extremamente hábil e dotado de complexidade para pensar em abstrações complexas.
Não estou aqui nem sequer falando de estado de mentidude mais complexo, pois quase tudo que não é físico-eletrônico na nossa mente, ainda é indecifrável para nós e até para a ciência.
Mas quando optamos pela fragilidade corpórea para flexibilizar nossas movimentações e pinceladas de precisões sobre o acontecer no mundo, na evolução, os humanos, que não são bobos, resolveram proteger muito bem aquilo que eles têm de mais complexo: a mente. Nossa mente, diferente de nosso corpo endoesqueleto é protegida por uma caixa craniana, quase um exoesqueleto, assim como é a casinha dos caracóis.
Nossa mente é uma frágil gosma cinzenta, fibrótica e enrugada que está protegida por uma caixa óssea potente. O cérebro produz as sensações de dores, mas ele mesmo não tem dor. Quando, devido a um acidente, o ser humano, por ventura, quebra a sua caixa craniana e se mantém vivo, e, com uma frieza cirúrgica, imaginássemos, então, colocarmos a mão neste seu cérebro exposto, esse vivente não sentiria nada. Esse vivente só sentiu dor quando quebrou o seu crânio, mas quando manuseamos a geléia do cérebro com nossas mãos, não.
É claro que não foi por nada que protegemos essa nossa potente e complexa fabricação de simbioses mentais que possuímos. Não conhecemos nada mais complexo no mundo de que a mente humana. Nem sequer sabemos ainda lidar com toda a sua potência com que nos brindou.
Nossos estados de mentitude são realizados de modo tão espetacular que não temos nem como descrever. Ali como pixels de bits, nossos reflexos biosinápticos de células nervosas são conectadas numa velocidade impensável por uns conectores chamados de axônios. Os neurocientistas calculam que existem em nossa mente, somente células neuronais cerca de 83 bilhões [3] (neurônios) e algo em torno de 1 trilhão de células gliais.[4]
As ciências da mente que reduziram o cérebro como um modesto computador, deram muita importância aos neurônios e suas conectividades informacionais e pouca atenção a outras linguagens, químicas e emocionais.
Os próprios neurônios são também redes de moléculas ligadas por reações bioeletroquímicas. Nossa mente em atividade brilha numa intensa coreografia piscante como se pós de areia tingidos por néon escorregassem entre bilhões de fibras leves, enrugadas numa geléia dentro de uma dura caixa encefálica. Infelizmente, toda essa maravilha funcional e espetacular que nos contam os neurologistas, mostra, apenas, que nossa mente é um complexo mecanismo bioquímico-eletrônico, mas não mostra sua alma. A mente humana, para o bem e para o mal, não se resume a um mecanismo e não comporta um programa exógeno de bits em forma de pixels.


[1] Fragmento de um texto, aqui com pequenas modificações, publicado originalmente no livro Nômades de Pedra: teoria da sociedade simbiogênica contada em prosas, Porto Alegre, 2005, p. 407-4 12.
[2] É praticamente certo de que os primeiros seres vivos não tinham os ossos que tanto ajudam a preservar os fósseis que são detalhadamente estudados como os dos dinossauros, por exemplo.
[3] De acordo com os estudos recentes (como o de Robert Lentz – entre outros), temos cerca de 83 bilhões de neurônios em nosso cérebro. Até então a ciência achava que tínhamos 100 bilhões, mas era um número aproximado, sem comprovação científica. Na publicação original de meu livro onde esse fragmento é parte do capítulo final escrevi 100 bilhões e não cerca de 83 billhões como aqui refiz.
[4] Durante décadas, fisiologistas concentravam suas pesquisas nos neurônios como os principais comunicadores do cérebro. Achava-se que as células gliais, apesar de superarem os neurônios na proporção de nove para um, tinham somente papel de manutenção: levar nutrientes dos vasos sanguíneos para os neurônios, manter um equilíbrio saudável de íons no cérebro e afugentar patógenos que tivessem escapado do sistema imunológico. Nos últimos anos, técnicas mais sensíveis de imagem mostraram que neurônios e células gliais dialogam entre si, do desenvolvimento embrionário até a velhice. As células gliais influenciam a formação de sinapses e ajudam a determinar quais as conexões neurais se fortalecerão com o tempo. Essas alterações são essenciais para o aprendizado e o armazenamento de memórias duradouras. Trabalhos mais recentes mostram que as células gliais também se comunicam entre si numa rede independente, mas paralela à neural, influenciando o desempenho do cérebro. Os neurologistas ainda estão cautelosos e evitam atribuir importância à glia, rápido demais. Apesar disso, estão entusiasmados com a perspectiva de que mais da metade do cérebro permanece inexplorado e pode representar uma mina de ouro em informações sobre o funcionamento da mente.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sr. Foucault! Ok, mas mesmo o biopoder manterá a sua máxima anterior a de que: poder é efetivamente o que eu posso fazer como o corpo do outro.


O SUPLÍCIO DE DAMIENS


GILSON LIMA.
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Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757. Michel Foucault nos descreve em seu livro Vigiar e Punir (Editora Vozes), o suplício de que Damiens fora submetido.

Dizia a sentença, o réu Damiens devia:

"... pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de paris, seria levado nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa, atenazado nos mamilos, braços, coxas e nas barrigas das pernas, na sua mão direita segurará a faca com que cometeu o parricídio, queimada com fogo de enxofre. Será aplicado chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera de enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzido as cinzas, e suas cinzas lançada ao vento.
Esta é a sentença.

Vejamos agora segundo Foucault, o relato da aplicação da execução das sentença. É importante destacar que quase sempre o planejamento difere da execução. Planejar e executar não é a mesma coisa. Vejamos o relato de feito pelo comissário de polícia Bouton sobre a execução da sentença:

"Acendeu-se o enxofre, mas o fogo era tão fraco que a pele das costas da mão de Damiens mal e mal sofreu. Depois, o executor, de mangas arregaçadas acima dos cotovelos, tomou umas tenazes de aço, medindo cerca de um pé e meio de comprimento, atenazou-lhe primeiro a barriga da perna direita, depois a coxa, foi passando às duas partes da barriga do braço direito; em seguida os mamilos. Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os pedaços de carne que tirava em suas tenazes duas ou três vezes do mesmo lado ao torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um escudo de seis libras.
Depois destes suplícios, Damiens, que gritava muito sem contudo blasfemar, levantava a cabeça e se olhava; o mesmo carrasco tirou uma colher de ferro do calderão daquela droga fervente e derramou-a fartamente sobre cada ferida.
Em seguida com cordas menores se ataram as cordas destinadas a atrelar os cavalos, sendo estes atrelados a seguir a cada membro ao longo das coxas, das pernas e dos braços.

Vez que outra apresentavam um crucifixo para que o beijasse e que pudesse pedir perdão ao Senhor.

Continuemos com o relato de Bouton:

"Os cavalos deram uma arrancada, puxando cada qual um membro em linha reta, cada cavalo era segurado por um carrasco. Um quarto de hora mais tarde na mesma cerimônia pública - 15 minutos depois de muitas puxadas - e enfim, após várias tentativas, foi necessário fazer os cavalos puxarem da seguinte forma: os do braço direito em direção à cabeça, os das coxas voltando-se para o lado dos braços nas juntas. Estes arrancos foram repetidos várias vezes, sem resultado. Ele levantava a cabeça e se olhava.
Foi necessário colocar dois cavalos, diante dos atrelados às coxas, totalizando seis cavalos. (esquecendo cada vez mais o que determinava a sentença).  Mas tudo isso sem resultado algum.
...Depois de duas ou três tentativas - o carrasco Samson e o que lhe havia atenazado – tirou do bolso uma faca e foi cortando as coxas na junção com o tronco. Os quatro cavalos, colocando toda a força, levaram então as duas coxas de arrasto, isto é: a do lado direito por primeiro, e depois a outra. A seguir foi feito o mesmo com os braços, cortando nas axilas as partes. Diferente do que dizia a sentença foi preciso cortar tudo das carnes até quase os ossos. Os cavalos, então puxaram com toda força, arrebataram-lhe o braço direito primeiro e depois o outro.

...Um dos carrascos chegou mesmo a dizer pouco depois que assim que eles levantaram o tronco para lançar na fogueira, que Damiens ainda estava vivo.
Os quatro membros, uma vez soltos das cordas dos cavalos, foram também lançados na fogueira preparada no local,... depois o tronco e o resto foram cobertos de achas e gravetos de lenha, e se pôs fogo à palha ajuntada à essa lenha.
  ...Em cumprimento da sentença, tudo foi reduzido a cinza. O último pedaço encontrado nas brasas só acabou de se consumir às dez e meia da noite. Os pedaços de carne e o tronco permaneceram cerca de quatro horas ardendo.
Os oficiais, entre os quais encontrava eu e meu filho, com alguns arqueiros formados em destacamento, permanecemos no local até mais ou menos onze horas".

sábado, 19 de maio de 2012

Universidade de Harvard publica estudo sobre o Inovar

Gilson Lima

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A Harvard Business School, da Universidade de Harvard, publicou um estudo sobre a importância do Inovar - iniciativa da Finep, criada em 2000, que desenvolveu a indústria de Venture Capital, Seed Capital e Private Equity no Brasil. Intitulado "Creating a Venture Ecosystem in Brazil: Finep's Inovar Project" (Criando um Ecossistema Empreendendor no Brasil: Projeto Inovar da Finep), a análise foi publicada pelos professores Ann Leamon e Josh Lerner no começo de maio.
O estudo mostra o crescimento do chamado "capital empreendedor" no Brasil e como o país assumiu uma posição de destaque na América Latina por intermédio do Inovar. Foi em 2001 que a Finep lançou a primeira chamada do Inovar, aprovando duas propostas de fundos entre as 18 apresentadas. Em mais de 10 anos, já foram lançadas 12 chamadas de fundos do Inovar e cinco do Inovar Semente.

Até aqui, houve mais de 220 propostas de fundos o que resultou em mais de 110 processos de due diligence. A Finep já selecionou 24 fundos em que investiu um total de R$ 416 milhões. Esses 24 fundos angariaram um total de US$ 2 bilhões, incluindo aí recursos da Finep, investidores Inovar e outros agentes financeiros.

Confira a íntegra do estudo no link http://www.hbs.edu/research/pdf/12-099.pdf

Histórico - Quem vê este cenário sedimentado, não avalia as dificuldades do começo. "Para a primeira chamada, alguns candidatos apresentaram propostas que não eram reais. Eles foram rejeitados e orientados a refinarem sua estratégia. Ao longo do tempo, souberam que este era um processo sério, e passados dois a três anos, os grupos já tinham propostas concretas como gestores de fundos de verdade", afirma Patrícia Freitas, superintendente da Área de Investimento da Finep, entrevistada por Leamon e Lerner para a confecção do estudo.

O Inovar foi precedido de um "boom" - ocorrido em 1999 - ano em que o índice da Bolsa de Nova Iorque, conhecida pelas ações de empreendimentos tecnológicos, subiu 86%. Era o fenômeno da "Bolha da Internet", o que provocou uma correria por papéis de companhias inovadoras, sobretudo aquelas com negócios online. Foi nesse ambiente que a Finep pensou a iniciativa.

À época, o Brasil ainda patinava em algumas esferas, já que não havia nem sombra de articulação entre gestores e investidores. "A própria lógica do capital inteligente ou empreendedor gerava desconfiança: investidores se tornam sócios de empresas pela compra de participações, o que, trocando em miúdos, significa divisão de lucros, mas também de perdas", conta Patrícia, que destaca também a importância do apoio e expertise conferidos pelo BID/FUMIN desde o nascimento do Inovar.

Fóruns - Além da experiência bem-sucedida com fundos de investimento, o Inovar também contempla os chamados Venture Forum e Seed Forum. Este é um programa de capacitação empresarial consolidado em eventos nos quais os participantes têm a oportunidade de se apresentar para potenciais investidores.

A Finep realiza fóruns de investimento desde o começo do Inovar. Neste período, mais de 330 empresas foram orientadas, sendo 200 em Venture Foruns e 130 em Seed Foruns. Cerca de 18% das companhias orientadas foram investidas por anjos, investidores corporativos e fundos de capital semente e Venture Capital.

O próximo fórum - Seed - acontece no dia 24 de maio, na PUC-RS, em Porto Alegre. Durante o evento, 15 empreendedores inovadores do Rio Grande do Sul terão a oportunidade de apresentar seus negócios promissores a investidores de capital semente do País.
(Ascom da Finep).

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PILULAS DE NEUROAPRENDIZAGEM 01: Nosso ritmo de aprendizagem diminui com a idade. O maior modelador do ritmo e da velocidade da taxa de aprendizagem é o uso e a idade


Gilson Lima


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A abordagem simbiogênica: SYMBIOS => POR COMPLEXOS ESTADOS SENSORIAIS DE MENTITUDE NOSSO CÉREBRO TAMBÉM CRIA EM SIMBIOS (JUNTO)  O MUNDO EM QUE ACONTECEMOS!!!


O cérebro com suas SINAPSES é um sistema aberto que está sempre de um modo ou de outro se auto-organizando  - organizando ele mesmo – quando acontecemos no mundo. (Gilson Lima, 2006).

O Cérebro nasce com um determinado número de sinapses (250 bilhões) E esse número mais que dobra nos primeiros oito  meses de vida (600 bilhões). => excesso de conexões!!

Então temos como adultos cerca de 86 a 92 bilhões de neurônios - microestruturas básicas do funcionamento neural. Então no cérebro vamos acumulando mais e mais sinapses?
NÃO!
Ao contrário. O cérebro nasce com determinado número de sinapses cerca de 250 bilhões delas e esse número dobra nos primeiros anos de vida 600 bilhões em oito meses o que gera um excesso de conexões. Trata-se da primeira etapa de desenvolvimento humano que podemos chamar de exuberância sináptica.

Aos 12 meses o bebê tem o dobro de sinapses que o cérebro adulto. Cada grama de cérebro infantil consome até o dobro que a do cérebro de um adulto.

De 5 a 6 meses de idade obtemos um crescimento cerebral que atinge a velocidade máxima espantosa, em torno de 250 mil novos neurônios por minuto. Antes mesmo de você nascer, o cérebro está praticamente formado. Daí em diante, segundo o que se acreditava até há pouco tempo, ele poderia aprender coisas novas, mas não ganharia novos neurônios. Só nos restava cuidar bem dos que já temos, mas já descobrimos que não é verdade.

Cada grama do cérebro infantil consome até o dobro de energia que o cérebro adulto!!!



O excesso de sinapse é a matéria prima do aprendizado.  Por que o aprendizado consiste não no acréscimo de conexões novas , mas na eliminação direcionada dessas sinapses. Eliminação das conexões excessivas pelo uso.  Fortalecimento e eliminação dos caminhos.
Suzana Herculano criou a metáfora da escultura para entendermos isso. Imaginamos um tronco de madeira que não é uma escultura com traçados coerentes . Todo o material em excesso será removido.  Umas  conexões serão fortalecidas outras eliminadas e assim durante todo o desenvolvimento da criança para  o adulto o cérebro vai sendo esculpido.  O excesso de conexões iniciais é a matéria prima que permitirá que cérebro com o uso possa se transformar em algo definitivamente elaborado pelas experiências.
O que aconteceu com a exuberância sináptica? Onde foi parar todas as trilhas de conexões? O excesso inicial de sinapse é a matéria prima do aprendizado.  Por que o aprendizado consiste não no acréscimo de conexões novas , mas na eliminação direcionada dessas sinapses.
Suzana Herculano (metáfora da escultura). Imaginamos um tronco de madeira que não é uma escultura com traçados coerentes . Todo o material em excesso será removido.  Umas  conexões serão fortalecidas outras eliminadas e assim durante todo o desenvolvimento da criança para  o adulto o cérebro vai sendo esculpido. O excesso de conexões iniciais é a matéria prima que permitirá que cérebro com o uso possa se transformar em algo definitivamente elaborado pelas experiências.
Para se ter uma idéia como idéia de como esse processo de eliminação de sinapses e de fortalecimento de caminhos sinápticos é importante para a formação do cérebro e para a aprendizagem uma das formas de retardo mental mais comum é a síndrome do X frágil.
Ela é associada a uma deficiência molecular que impede esse mecanismo que enfraquece e remove as sinapses inúteis ou inadequadas. O resultado é que o cérebro dessas pessoas se mantém congelado no estado infantil com uma exuberância sináptica, uma riqueza de conexões, mas que não fazem nenhum sentido. Há muitos ruídos, muitas possibilidades, mas nenhuma de fato se concretiza através da remodelagem do cérebro pelo aprendizado. (Herculano, 2008).  

Um exemplo. Aprender instrumentos. É muito bom para desafiar o cérebro. Uma ampla pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstrou isso. Descobrimos que crianças que tocam instrumentos têm melhor desempenho em diversas áreas do que as que não tocam. Quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. A razão para isso pelo que sabemos até agora é: quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. Além disso, música é diversão. Elas aprendem "sim, eu consigo fazer isso e, quanto mais eu treinar, melhor serei". E uma vez que elas aprendem isso - que podem fazer bem algo - , serão capazes de aprender o que quiserem. Isso é algo que cada criança deve aprender, e a música é uma boa maneira de saber disso.
Um tocador de gaita tem mais espaço no cérebro para a mão e para a boca do que usa, por exemplo, a boca apenas para falar e comer. Mais células representarão o tato nesses locais. Um violinista profissional, que toca o instrumento desde pequeno, tem cerca de 4 centímetros de espaço no cérebro apenas para a mão esquerda.
Se hoje, adultos vamos começar a aprender a tocar violino poderemos chegar ao máximo a 0,5 centímetros, ou seja, ½ centímetro de espaço para a mão esquerda. É melhor começarmos mais cedo. O jovem está mais preparado para aprender mudanças, os mais velhos são mais lentos. O que é ótimo, caso contrário, teria que sempre aprender tudo sempre novamente, efeito do: de novo da criança de colo.
Por isso o cérebro adulto aprende mais devagar. A taxa de rapidez da aprendizagem vai caindo com o tempo. Por que já aprendeu muito, é muito mais apto a fazer reajustes. O novo não é sempre novo para um adulto. A capacidade de rapidez de aprender diminui com o tempo e cai muito com a velhice. Cresce muito até aos 17 anos, se estabiliza e depois decresce muito a partir do final dos 40 anos. Na segunda década da vida, dos 12 aos 27 anos, a taxa de aprendizagem rápida já cai muito e as indicações das mudanças sinápticas são claras nesse sentido. Ela sobe um pouco dos 18 aos 21 anos e depois volta a cair. Quase tudo se volta para reconfigurar o que já se sabe e não mais para cair de cabeça toda hora com tudo que se apresenta pela frente. 

O maior modelador do ritmo e da velocidade da taxa de aprendizagem é a idade

Aprender é estimar um valor e uma ação com um parâmetro bem geral. Como um conceito bem geral que distingue isso dos outros conceitos. Fazemos isso o tempo todo. Os velhos adquirem um dicionário maior de parâmetros, muito do que fazem é reconfigurar seus velhos parâmetros em vez ficarem batendo a cabeça em criar novos. Quase sempre. Às vezes são surpreendidos. Algo que já sabia e quem não se configura como verdade. Precisam também bater a cabeça na formulação de um parâmetro ou um conceito novo. Por exemplo uma espécie muito parecida ou quase idêntica de uma aranha venenosa que não é venenosa.
Essas frutas vermelhas são comestíveis e não são venenosas? Essa aranha é venenosa ou não? Aprender é buscar valores que se transmutam em verdades. Uma tensão permanente da aprendizagem é a busca desses valores e a confrontação deles no mundo que acontecemos. Um jovem que nunca viu uma aranha venenosa qualquer, nem seu desenho, não saberá. Uma pessoa que já viu e sabe sobre o que ela pode fazer, já estudou, já demonstrou, ou experimentou sua picada tem conhecimento sobre isso e sabe o que ela pode fazer com outros humanos. A educação é sempre aprendizagem de valores qualitativos, quantitativos e demonstrativos, que são obtidos pela experimentação teórica e ou prática de um processo de aprendizado.
A linguagem e a aprendizagem de um léxico é um desses parâmetros muito complexos. Aprender é um problema, aprender rápido é outro e dar saltos na aprendizagem é outro ainda.
Aprendemos dando pequenos passos, um por um. A aprendizagem complexa é lenta de qualquer modo, mas é muito mais lenta com o avançar da idade. Refutar velhos valores e desaprender também é importante. Desaprender no âmbito do plexo neuronal é voltar por caminhos já trilhados não apenas trilhá-los, ir indo para trás e ao mesmo tempo refazendo-o como se estivesse cainhando para frente. Depois voltar a caminhar nele e ver como ficou. Se bate o que estamos valorando com o que estamos descobrindo. Reconfigurar é mais difícil que configurar. Reformar é mais difícil do que construir um prédio num terreno vazio. Começamos uma obra com passos grandes num terreno vazio. É tudo muito rápido. Depois vem o acabamento que é mais detalhado, os passos são menores e o processo é bem mais lento. Numa reconfiguração ou reforma temos que reconstruir o ambiente sem muita liberdade de ação. É mais lento. Derrubar uma parede é fácil, mas para isso precisamos saber se o teto não vai desabar.
A maior lentidão do aprendizado nos adultos é um problema de interferência entre as tarefas. Uma tentativa de um segundo aprendizado simultâneo perturba  o primeiro. 
As crianças têm em geral um número maior de sinapses em seu cérebro do que adultos. Parte do processo de aprendizado é justamente a eliminação das sinapses excedentes.  As crianças aprendem mais rapidamente uma língua estrangeira e sem sotaque, mas alguns tipos de aprendizado como o motor, são ao menos idêntico entre adultos e crianças.
 Um parêntese. Aprender uma língua é muito mais fácil cedo onde os traçados neuronais estão sendo construídos. Aprender um instrumento musical também. Pesquisas recentes descobriram que aprender um instrumento faz muita diferença na aprendizagem de uma pessoa.  Desde criança aprender a tocar um instrumento musical é um processo muito importante para a aprendizagem complexa.
Nosso ritmo de aprendizagem diminui com a idade.
Um tocador de gaita tem mais espaço no cérebro para a mão e para a boca do que usa, por exemplo, a boca apenas para falar e comer. Mais células representarão o tato nesses locais. Um violinista profissional, que toca o instrumento desde pequeno, tem cerca de 4 centímetros de espaço no cérebro apenas para a mão esquerda.
Se hoje, adultos vamos começar a aprender a tocar violino poderemos chegar ao máximo a 0,5 centímetros, ou seja, ½ centímetro de espaço para a mão esquerda. É melhor começarmos mais cedo. O jovem está mais preparado para aprender mudanças, os mais velhos são mais lentos. O que é ótimo, caso contrário, teria que sempre aprender tudo sempre novamente, efeito do: de novo da criança de colo.
Por isso o cérebro adulto aprende mais devagar. A taxa de rapidez da aprendizagem vai caindo com o tempo.


Aprender é modificar o cérebro dessas duas maneiras simultaneamente:

1.       Manter aquilo que funciona tem sentido e é usado;
2.       Enfraquecer e até remover as conexões que não são usadas e que, ao contrário atrapalha o processamento do aprendizado.

Resumo: nem só ambinente, nem só sinapses isoladas =>  symbios

As representações do mundo e do corpo não se encontram apenas no nosso cérebro, existem também nele. Por exemplo, no córtex cerebral encontram-se conhecidas regiões visuais unimodais, primárias e secundárias, que contêm neurônios para cantos, ângulos, movimentos, cores, rostos ou paisagens e regiões auditivas onde existem neurónios correspondentes para frequências ou para vozes humanas.
Mesmo as relações neuronais existem de forma coletiva, são sociedades (POPULAÇÕES DE CÉLULAS EM REDES). Como acontece, por exemplo, nas representações de local: os neurônios codificam determinados locais e ativam-se de forma mais fraca quando o local não está devidamente identificado (no ambiente externo). SYMBIOS.
 O cérebro é um sistema pleno em auto-organização constante. Quanto verificamos ativação cerebral, por exemplo numa ressonância encefálica toda a parte escura não detectada não está estagnada, parada ou adormecida está em atividade não detectada.

terça-feira, 24 de abril de 2012

ESTUDANTES EM SALAS DE AULA E A METÁFORA DAS CHITAS


Dr. Gilson Luiz Lima

É bem verdade que, ao longo da história, nas filosofias dualistas e mecanicistas, já relegamos ao segundo plano o corpo humano. O corpo é a prisão da alma em Platão; um relógio em Descartes, uma tábua rasa em Locke.


Foram os antigos gregos os primeiros a praticar exercícios físicos e a ginástica como atividade esportiva e não apenas como forma de treinamento militar.

Platão criou a Academia. Do termo grego akademía (escola de ensino superior; corporação de sábios, artistas, nobres, reis, literatos).

Tinha por objetivo educativo-social e obter benefícios estéticos e corretivos posturais.

No império romano e durante toda a idade média, os exercícios físicos ficaram restritos à função militar aí incluído a caça e os torneios (justas). Na concepção de Platão e Galeno como também de Aristóteles – a alma - espírito – integra atributos de coragem e bravura.

Há diversas referências na antiga filosofia grega do coração como sede da bravura ou fortaleza responsável por nutrir o comportamento de Preceptos Moraes (preceitos morais) ou que gera preceitos ou regras de procecer a coragem, como não ser um mortal temeroso a morte. Encontramos essa idéia na clássica literatura como nos Lusíadas onde o termo coração é, no poema, por vezes utilizado para designar a própria coragem e, por vezes, aparece como sede desta.

Na Grécia antiga também exercitar o corpo em disciplina do coração pela ginástica e exercícios de luta nas Academias era fundamental para obter um corpo adulto, cuja força e vitalidade fossem a prova do sucesso higiênico, denotando, desde a antiguidade uma forte vinculação "ideológica entre o movimento do corpo e a higienização”.

No interior das escolas, o processo higiênico iniciava pelo ordenamento do espaço e do tempo para agir, centralmente, no controle dos corpos infantis, conferindo a tudo uma dimensão utilitarista: evitar a ociosidade era fundamental nesse tempo.

Também era fundamental a separação por idade e por sexo, especialmente durante a prática de exercícios físicos, para extrair de cada um o máximo de seu rendimento.

Os gregos se distinguiram em ciência pura, com acentuado menosprezo pelas aplicações práticas. Tinham desdém pela técnica ou esforço manual, como aristocratas ou artistas, mesmo assim, fizeram importantes descobertas e inventos de ferramentas, utensílios, aparelhos que aprimoraram a arte da guerra, como aprimoraram a arte da navegação.

O desinteresse pela “modernização” econômica nos gregos era proporcional aos interesses dos cidadãos livres pela manutenção da escravidão, que dispensava a máquina. Não lhes faltando mão-de-obra, o trabalho era incumbido ao escravo, ficando assim estigmatizado todo esforço manual.


A metáfora abaixo sobre a Chita é uma adaptação de um fragmento de Stephanie S. Tolan:
"É uma chita? © 1996 - Stephanie S. Tolan

 
Uma metáfora que pode nos ajudar muito sobre o atual déficit do uso corporal nas escolas de ensino disciplinares, fordistas e tecnocráticas é a metáfora da Chita. Quando pensamos em Chitas, o que primeiramente nos vem à mente é sua velocidade. A chita é o animal mais rápido do planeta. É impressionante e única. E isso torna a sua identificação incrivelmente fácil. Uma vez que as chitas são os únicos animais capazes de correr a uma velocidade de 70 metros por segundo - mph ou de 115 km/h, se virmos um animal correndo a essa velocidade, é uma chita. Só que as chitas não estão sempre correndo.

Mas as chitas não estão sempre correndo, na verdade, elas só conseguem manter essa velocidade por um limitado período de tempo. Após esse tempo, elas precisam de um período considerável de descanso. Assim as chitas são os mais velozes corredores dentro dos mamíferos, mas não suportam uma longa perseguição: assim se não conseguem apanhar a presa após 400 - 600 metros abandonam a caçada.

Não é difícil identificar uma chita quando ela não está correndo, considerando que temos conhecimento de suas outras características. Ela é amarelo-dourada, com pontos pretos, parecida com o leopardo, mas apresentando único marco na forma de lágrimas, abaixo de seus olhos. Sua cabeça é pequena, seu corpo esguio, suas pernas extraordinariamente longas – todas as características de exímios corredores.

Além disso, a chita é o único membro da família dos felinos que apresenta garras que não se alongam. Outros felinos alongam suas garras para tornarem-nas afiadas, como lanças pontiagudas. As garras das chitas não foram criadas para cortar, mas sim para tração. Esse é um animal criado biologicamente pra correr!

Seu alimento principal é o antílope, ele mesmo um corredor prodigioso. O antílope não é grande, tampouco pesado, assim a chita não precisa de muita força para agarrá-lo. Somente velocidade. Nas planícies de seu habitat natural, a chita é capaz de capturar um antílope simplesmente deitando-o.

Enquanto a natureza biológica de seu ser é utilitária, ela também cria um poder interno de movimento, de direção. Uma chita necessita correr! Desse modo, a fim de alcançar seus famosos 115 km/h fazem-se necessárias certas condições. Ela precisa estar saudável, em boa forma física e descansada. Necessita de muito espaço para correr. Além disso, sua motivação principal para correr deve ser a fome e um antílope para perseguir. Se confinada a uma gaiola de 10 x 12 metros, ela pode insistentemente jogar seu corpo entre as grades em uma frustração interminável. Ela não correrá a 115 km/h.

Ela ainda é uma chita?

Se ela apenas encontrar coelhos que correm a 35 km/h, ela não correrá a 115 km/h para caçar. Se assim o fizer, ela deixará para trás sua caça e continuará faminta. Embora ela corra não tão velozmente quando deseja somente se exercitar, brincar ou preencher seu tempo, quando são dados a ela somente coelhos para comer, a chita só correrá o suficiente para caçar sua presa.

Ela ainda é uma chita?

Se ela for confinada em um espaço zoológico, ela não correrá. Ela ainda será uma chita? Se ela estiver doente ou suas pernas forem quebradas, nem mesmo andará. Ela ainda será uma chita? E, finalmente, se a chita tiver apenas seis meses de idade, ela ainda não será capaz de correr a 115 km/h (ou 70 metros por segundo – mph). Ela será ainda uma chita em potencial!

Essa metáfora ilustra de uma maneira bastante simples, nossa limitação e responsabilidade dos educadores em atender crianças e os estudantes com suas altas habilidades junto ao atual sistema educacional.

Desde o final do século XIX a educação foi marcada pela dinâmica industrialista. O Século XX teve o intuito de formar nas sociedades modernas burocratas racionais de mentes cognitivas e mecânicas para um desempenho ordinário, uma conseqüência indireta do ensino industrial de massas.

Isso se explicava – com uma gama de tolerância - quando não tínhamos tecnologia suficiente no mundo do trabalho, então transformar a complexa vida humana em modestas máquinas de corpos e mentes cognitivas disciplinadas para o trabalho envolvido na racionalidade de baixa ou quase nula reflexividade da informação. Hoje, ainda encontramos, um neo-taylorismo nos serviços e sua inconsequente criação de uma geração de escritório tomada por processos racionais regulados por um monitoramento dualístico: competência instrumental e execução atreladas em disciplina de grandes sequências de tarefas causais com baixa reflexividade. No entanto, isso, é, no mínimo, uma esquizofrenia econômica e social.

No entanto, no ensino das elites fica claro que se foi o tempo das grandes infantarias e das grandes e inúmeras hierarquias de conventos, seminários ou de instituições escolares que fabricavam exércitos de máquinas cognitivas para o mundo do trabalho, cuja estrutura matriz era a de prover vidas de baixa reflexividade para as organizações econômicas e sociais vinculadas à ideia de hierarquia.

Isso explica o porquê de o pensamento mecanicista moderno tinha sido tão valorizado nas instituições de ensino-aprendizagem da sociedade industrial de massa (repetição, concentração objetiva, racionalização).

As instituições de ensino-aprendizagem voltaram-se para um disciplinar treinamento, tanto do corpo como da mente, entendida como máquina cognitiva, altamente capaz de uma “excelente” fixação na memória cerebral, de um estoque ou fragmentos relevantes de estoques de informações produzidas pela civilização moderna e que deveriam ser acumulados. Isso implicou, na modernidade industrial, que o processo de ensino-aprendizagem supervalorizassem o domínio mecânico de fixação desses fragmentos relevantes de “matéria” de conhecimento instrumental estocado, resultando numa relação mais direta entre saber e trabalho.

Quem ainda acredita que nascemos para sermos máquinas musculares para o trabalho ou que possuímos geneticamente uma memória computável e cognitiva que pode se tornar, pela aprendizagem disciplinada, uma excelente habilidade humana a ser também treinada no mundo do trabalho?

O impacto na vida social contemporânea da reflexividade informacional sobre o modo de conhecer é profundo, implicando na eliminação de múltiplos processos da atividade humana na guarda e, até mesmo, na recuperação primária do conhecimento civilizatório acumulado. Podemos já apontar entre outras as seguintes rupturas:

 A ruptura com a ideia do mestre informador e totalmente responsável pela transmissão da informação bruta, de baixa reflexividade, no processo de aprendizagem;

 A ruptura com o monopólio da transmissão do conhecimento em salas de aulas, dispostas em séries lineares e não em redes heterogêneas, onde os estudantes são obrigados a sentarem-se em classes devidamente ordenadas por fileiras verticais modulando “eternas matérias” segmentadas por duráveis disciplinas, onde os estudantes são submetidos a prisões de grades curriculares. Isso, não resultará na eliminação do aprendizado presencial, mas, certamente, esse tipo de aprendizado deixará de ser o único processo de conhecimento reconhecido como legítimo, bem como, o processo de conhecimento complexo, será uma mescla de momentos de aprendizagem presenciais com momentos de aprendizagem não presenciais, mesclados por novos processos contemporâneos de subjetividades.

 A ruptura com um ensino linear e fixo de disciplinas que visam possibilitar aos estudantes dominar, de modo quase físico e estático, uma determinada matéria específica presa em territórios de um fazer quase imutável, rompendo padrões onde a matéria deveria ser assimilada, modelada e, até mesmo, em alguns casos, ser produzida. Estava sempre implícito que o conhecimento a ser assimilado, modelado ou produzido era um conhecimento manufaturado, enfim, talhado e esculpido pela moderna racionalidade de aço. A rígida setorização da ciência e dos saberes modernos cederá, cada vez mais, a uma abordagem de campos múltiplos.

 A ruptura, por fim, com os ciclos desgastantes e neuróticos de processos avaliativos que visam meramente medir a fixação na memória humana de curto prazo de determinadas informações brutas selecionadas.

Quando uma Chita está encasulada não pode correr a 70 mph não é particularmente uma chita plena. Ela não é forte o suficiente para derrubar um gnu; suas garras não retrácteis não podem ser mantidas afiadas o suficiente para rasgar a pele grossa de gnus. Apesar de todo o esforço o que ela está fazendo não difere nada do que qualquer outro gato pode fazer. Encasulada a Chita está se comportando normalmente como apenas um gato doméstico. Os gatos domésticos que digam de passagem passam a maior parte do tempo dormindo ao sol. Poderíamos rotular a Chita livre como hiperativa, mas ela é apenas uma chita exercendo o pleno estado livre de suas potencialidades de Chita.
                                               Foto: GNU
                       ABAIXO VÍDEO DA CHITA EM AÇÃO!

VEJA FILME EDITADO SOBRE A CHITA


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segunda-feira, 16 de abril de 2012

ABORTO: UMA SOLUÇÃO MATEMÁTICA AO IMPASSE DA DECISÃO



homem_careca1-300x291Em última instância a mulher decide o que ela vai fazer com o seu corpo. O limite é o que a ciência pode ajudar a sociedade, caso essa sociedade em questão, esteja ou não disposta a adotar um feto vivo.
Porém, até mesmo os leigos magistrados já sabem que feto sem encéfalo não está vivo – tem órgãos vivos, mas vida com identidade própria não. Ainda são células e órgãos que dependem totalmente do corpo da mulher.
E elas sabem (sapiência milenar feminina) e - quase sempre - bem melhor que os homens de darem destino aos seus corpos. Machistas de plantão: deixem elas decidirem o que fazer com o seu corpo. Att. Abril de 2012.

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