terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lançamento do KIT de Inclusão! Dia 04 de dezembro!

É com grande prazer que informo o lançamento de um novo conceito de cadeira de rodas pela Fábrica Ortobras envolvendo minhas pesquisas com com Jonathan Hummel (Diretor Comercial - Ortobras) e parceiras como: 

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  1. CNPQ -Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - "National Counsel of Technological and Scientific Development". 
  2. Colégio Estadual Cônego Paulo de Nadal;
  3. Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul (Seduc); 
  4. Agência Gaúcha de Investimento e Promoção do Investimento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; 
  5. Centro de Microgravidade da PUCRS;
  6. Research Committe - Clinical Sociology da Association International Sociology;
  7. Grupo de Robótica da Universidade de Lieida da Espanha (Headmouse);
  8. Parceria de utilização gratuita de recursos cibernéticos.  Softwares licença: GNU/FDL: Eviacam – Linux-Windows; Gcampris.
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O Kit integrado a cadeira permite autonomia de 6 horas de uso com notebook para a inclusão digital de crianças e adultos com tetraplegia (cadeirantes sem o recurso de uso dos membros inferiores). Isso permitirá autonomia significativa para os usuários seja permitindo novos processos de alfabetização como: acesso à Internet, às redes sociais, aos filmes do Youtube, aos noticiários, aos blogs, para telefonar via web,...
Destaca-se que utilizando praticamente apenas  o manuseio da cabeça, dos olhos e da boca os usuários sentados na cadeira podem comandar as telas de diferentes programas com processos totalmente suportado por calibração em infra-vermelho e softwares tanto de aprendizagem da nova pilotagem das telas como de recursos educacionais específicos utilizáveis em windows e Linux.
O Kit contém baterias de 12 volts, cabos de conversão, circuito próprio de monitoramento de carga, aviso de recarga,... 
Tudo agora está disponível numa  cadeira MANUAL altamente modelável para lesões neuronais severas permitindo, inclusive, permitindo desacoplar o computador da cadeira para usá-lo nos charutos dos cinzeiros dos automóveis para viagens. 

Veja convite abaixo



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Por que o novo é novo?


Por que o novo é novo?

Uma ou outra vez na história, ao serem tomadas por pulgas, submergem pouco a pouco na água para concentrar todas as suas pulgas nos seus focinhos e; com um rápido mergulho, livrarem-se delas. Assim, devemos diminuir nossa estranheza de que de tempos em tempos tenhamos que sacudir nossa própria cultura e ficarmos desnudos dela. (Ortega Y Gasset).
Gilson Lima.         Doctor en Sociología por la Universidad Federal de Rio Grande do Sul.  MEMBERSHIP e Representante Regional - Brasil do Comitê de pesquisa RC46 CLINICAL SOCIOLOGY da ISA - International Sociological Association. Pesquisador do CNPq www.cnpq.br/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - "National Counsel of Technological and Scientific Development" - con actividades experimentales en la área de la interface entre cuerpo-cerebro-miente-máquina visando generar nuevos productos y procesos de políticas de rehabilitación y neuro aprendizaje envolviendo situaciones críticas de déficits y lesiones. Pesquisador e Sócio Proprietário da NITAS LTDA: inovação e tecnologia – com atividades na área da interface entre corpo-cérebro-mente-máquina.



  Fragmento do Livro: Nômades de pedra. Autor: 

©Gilson Lima, 2005.


Capa e projeto gráfico Bureau Escritos
Revisão: Lúcia Regina Lucas da Rosa
Revisão Final: Iara Linei Romero


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


L832n       Lima, Gilson Luiz de Oliveira
                      Nômades de pedra: teoria da simbiogênese contada em
                 forma de prosas / Gilson Lima ; Prefácio: Domênico De Masi. Tradutora do prefácio Flávia
                  Movizzo Smith. ¾  Porto Alegre: Escritos, 2005
                      306 p. ; il.

                     ISBN: 85-98-33422-4


         1. Sociologia Contemporânea. 2. Prosa Sociológica. 3. Estu-
     dos de Tecnologia e Sociedade. 4. Sociologia das Ciências.
     5. Cultura e Sociologia. 6. Literatura e Sociologia. I. Smith,
     Flávia Movizzo. II. Título.

                                                                  CDD  301
                                                                            301.2

 

Bibliotecária Responsável: Ginamara Lima Jacques Pinto CRB 10/1204


Todos os direitos desta edição reservados ao autor: Gilson Lima.


Escritos editora
Porto Alegre –RS
Brasil/2005



É de Nietzsche a ideia de que o esquecimento é uma habilidade importantíssima para a vida. A faculdade e o direito a ele são vitais e indispensáveis ao prazer humano; praticamente uma condição da vida. A história não pode transformar nossas vidas em um pesado fardo que nos transforma em funestos coveiros do presente. É necessária a atrofia da história para a imersão vital no presente e para o surgimento do novo e sua conversão em futuro.
Vamos dar um exemplo. Imaginemos um programador de computador. Nesse sentido, ele deve esquecer quase tudo que lhe ensinaram nas disciplinadas universidades industriais sobre como fazer um software, não sobre programação e suas fórmulas algorítmicas, mas sobre o disciplinado espírito de engajamento meramente perital e funcional a um projeto de opacidade e vazia de conteúdo estético e de envolvimento emocional.
Se Miguelangelo estivesse vivo, certamente, estaria pintando pixels em telas eletrônicas integradas em múltiplas técnicas de produzir imagens e sons, numa atenção sensível aos detalhes. Pois, um artista sabe, se não há detalhes, não há projeto artístico. Como clichê, ouvimos várias vezes que uma imagem vale mais que mil palavras, e a computação reflete isso na quantidade de bits necessários para produzir uma imagem. Pois, um arquivo de imagem é, coincidentemente, cerca de mil vezes maior do que um arquivo de texto.
Os projetos de softwares devem ser entendidos como quadros de uma obra de arte e seus projetistas como potenciais renascentistas. Considerar a estratégia técnica é um imperativo categórico para um programador de software. Porém, integrar estratégias criativas em simbiose com elas, implicaria levar em consideração a exploração de representações visuais, espaciais, de textura, de áudio, além de evitar a abstração exagerada de valores e procedimentos funcionais. Implica, também, em acolhermos ambigüidades possibilitando as expressões de múltiplos significados. Assim, um artista do software será além de um grande perito funcional, alguém capaz de potencializar ao máximo suas intuições e sua capacidade imaginativa.
Nada disso será válido, se os informaticistas não romperem com certa prepotência natural que historicamente pairou e foi reforçada em sua formação lógica autofágica; tendo clareza de que nada valeria a pena se do outro lado do software não estivéssemos vendo um usuário que, a seu modo, é também um legítimo ser criante da mesma obra mutante. Assim, um projeto criativo de software sempre permitirá disparos de motivações e facilitará a inclusão de novos artistas estranhos e amadores que compartilharão de uma obra de arte que também funciona e, muitas vezes, opera tão sutilmente bem, que nós nos sentimos, simbioticamente, dentro da tela, mexendo nas tinturas dos pixels, como se estivéssemos dentro de uma generosa oficina de um velho e sábio inventor da arte de imaginar o mundo, imaginando a si mesmo, nele.
Se o exemplo de uma “aparente” área dura do conhecimento, programação de software já nos serve de referência para a lição nietzschiana, imagine o que nos reserva os outros campos do conhecimento complexo, que a simbiose com a sociologia da simbiogênese, nos permitiria. É bom lembrarmos que Nietzsche, ao que nos parece, não está defendendo um elogio simplório do esquecimento, mas de uma crítica da relação moderna de submissão da vida à história, aos fatos, ao cronos e ao técno-poder sistêmico empobrecido. Uma crítica da relação a um passado com potência colonizadora sobre o presente e que castra e impede a criação do futuro.
Para criarmos um futuro novo no agora, temos que ignorar muita coisa do presente, que o impede de emergir e, sobretudo, de sermos injustos com o nosso passado. A vida é sempre interessada. Escolhemos sempre as circunstâncias que julgamos interessar-nos num determinado momento. É da injustiça da vida em relação ao nosso passado, a nossa história, que produzimos e criamos o novo. A justiça do presente é a que ignora o instante como algo ainda não domado e de potencialidade e indeterminação sobre o futuro. É a que não permite que o homem se realize como um experimentar de si mesmo, como afirmou Nietzsche.[1]
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ENTENDENDO O TEXTO PAGUS

1) Em primeiro lugar, ele é escrito em páginas estáticas que são as demarcações físicas de um plano reto, do tipo tábua.
2)
Tem um ciclo próprio, ou seja, um início, um desenvolvimento e um fim, portanto, é uma unidade isolada, ou seja, um livro é uno, uma unidade em si mesma. Mesmo uma coleção ou enciclopédia de livros é um conjunto seqüencial de unidades isoladas que formam o conjunto de uma unidade maior, a enciclopédia.
3) A organização da sua narrativa,  do que está escrito é linear, como se seguíssemos uma linha, como se cada vez mais acumulássemos conhecimento progressivamente enquanto caminhamos na linha imaginante da leitura. Alguns cientistas pensavam que nós transferíamos com a leitura direta ou até indireta através de alguém que pudesse ler em voz alta um texto, um estoque de informações que estavam impressas nos documentos que eram lidos e que se deslocavam para o cérebro. Achavam que Assim que nos tornávamos inteligentes. Hoje sabemos que esta é uma maneira muito primitiva da inteligência, conhecida como memória primária.____________________________________________________________________

Síntese: Fatos x acontecimentos

Os fatos são ordenados no tempo, dispostos em seqüência  como uma fila; agrupam-se  apertados, pisam nos calcanhares uns dos outros. Suas almas serão  marcadas sempre pela continuidade e sucessão. Cada fato tem uma passagem, tem seu lugar reservado para sua viagem no trem da história. como todos bem sabem, para manter o trem da história no trilho é necessária uma meticulosa assistência de disciplina, um apurado e detalhado controle. Privado desta assistência controladora, o tempo fica propenso totalmente a transgressões, travessuras irresponsáveis, palhaçadas amorfas. Ao não exercermos vigilância no trem, ele descarrila, vira turbulência, cria suas travessuras. 

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É através do peso do passado que selecionamos as circunstâncias do presente. Para emergir o novo na vida precisamos, como defendeu Nietzsche, de certo esquecimento, de certa não-história, de liberação do fardo da história, possibilitando o surgimento de uma atmosfera potencializadora e liberadora do desejo de imaginar e de criar, que se efetiva no fragmento do instante, onde encontramos mais profundamente a fonte de criação que permite a emersão do novo, da novidade, sem a qual, apenas reproduziremos o curso natural colonizado por cartografias de pesadas lembranças acumuladas por um excesso de memória. Temos, assim, na emergência do novo a importância de na topografia do tempo, de modo muito destacado, o papel do instante. Apenas quando o homem é forte o suficiente para dobrar o passado em benefício da vida é que pode inaugurar e tornar o novo vivo, onde, pela emergência do novo, o nosso velho “tudo” consolidado se desfaz. Para isso, precisamos ser injustos com nossas histórias. Quem consegue viver numa atmosfera de nuvens de esquecimento, estará vivo para o novo e apto a tornar o novo vivo.A modernidade congelou o instante e o presente ficou submetido ao trajeto unidirecional de uma flecha originária de um passado, de um acúmulo de encadeamentos factuais que progride em uma mono-direção ao futuro.

A valorização do arrebatamento do umbral do instante é a valorização do nosso estado vital mais limitado e cego aos perigos. Talvez por isso pode até ser um ato muito ingrato com o passado, mas o instante não apenas engendra contra as ações justas do passado, mas engendra também todos os seus atos de injustiça e é esse mesmo instante, esse fragmento turbinado de vida que nos tornam vivos. É nele que a vida acontece e, sem os instantes, nenhum artista teria realizado ou realizará suas grandes obras, nenhum imperador teria conquistado seus impérios.
As grandes criações, as ações extraordinárias, as grandes invenções são exemplos cabais de instantes envolvidos pelas nuvens de esquecimento, uma gama de fragmentos extraordinários de traições e de injustiça diante da história.
O instante são fragmentos de vida que se desprenderam do círculo vicioso da memória do qual pode aflorar o surgimento do novo, sobretudo a partir de suas traições e injustiças sobre as crenças e fatos do passado, do rompimento com o ordinário e da realização do extraordinário na vida. O direito ao novo, que deve nascer da criação do que pode vir, nos impele à traição ao passado, para que possamos ser justos com nosso futuro.[2]
A racionalização moderna ergueu suas cercas visando a transformação absoluta da quase infinita potência da escuta sensível da imaginação humana enclausurá-la num oceano já mensurado e congelado. É vital para uma dobra criativa que converta o instante em um novo futuro.
Trata-se de enfrentarmos radicalmente a ideia que conhecemos de fatalismo[3], o qual implica, nada mais nada menos, em um respeito incondicional à potência dos fatos, à crença determinante neles, nos seus encadeamentos históricos tal como a história nos inscreve. O respeito a essa potência factual é também o respeito aos interesses dos mandarins desses fatos. Trata-se de uma concepção que aborta o novo, o que está em vias de nascer. O novo quase sempre ofende o que existe, porque em geral ele é, inevitavelmente, impiedoso e injusto também com o passado.



Síntese: Fatos x acontecimentos
Os acontecimentos são múltiplos fragmentos que chegaram atrasados à estação da vida e perderam o trem da história. Eles chegaram na estação quando já tinha sido realizada a distribuição das passagens, por isso, não possuem lugar no trem. Ficam vagueando e ziguezagueando sem rumo definido pela vida.
Os acontecimentos também não são contrabandos que encontram lugares clandestinos nos vagões. Na verdade, eles não cabem no trem, pairam errantemente e sem lar, suspensos no ar. O tempo regular, cronológico é estreito demais para abriga-los.

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A potência criadora acontece na crença, na paixão desmedida e no gosto pela ilusão da particularidade e não na fria mensuração dos fatos, na sua pobre datação e nominação petrificante.
A imaginação criativa acontece numa perspectiva amante pela emergência do novo, na paixão que arremata e contempla o instante na sua plena realização viva, no jorro de sua novidade, que não pede passagem, apenas passa.
Assim, os seres vivos e potencialmente criativos necessitam estarem envoltos num véu de mistério, de vitalidade, de força, de garra, da ilusão necessária para enfrentarem as cegueiras, as parcialidades desconsideradas, desfazendo o pesado fardo que o passado impõe sobre o  presente e o futuro.
O presente não é o instante; ele é o que é e não dá direitos ao que está vindo expressar-se na sua potencialidade inovadora. Apenas é o que é, ou seja, o presente. O instante se relaciona muito mais com o futuro; só esse pode habitar a novidade do instante. É para ele que o instante impõe suas forças, visando dobrá-lo em direção a um dever ser gerador de um habitat que possibilite acolhê-lo no que de mais potente ele possui: a novidade criante.
A história está apenas acostumada a traduzir o novo como acúmulo e sucessão. A novidade precisa ser domada, explicada, decomposta, fazendo tudo para que o novo possa emergir como uma obra que tenha pouco efeito inventante. A novidade é assim, neutralizada, traduz o novo como uma reinauguração do velho, uma continuidade melhorada.
A história factual mensuradora não só esvazia o novo e sua potência inventiva da vida, mas ainda reduz as novidades, “as linhas de fuga” presas em seqüências de uma cadeia de causas históricas, como que se reencaixasse as intempestividades descarrilantes retornando sempre para o seguro trilho do trem da história. É o moderno desejo cientificista que pretende dar conta de tudo, deixando quase tudo de fora como se fosse apenas um nada que nada tenha. Os velhos sábios hindus há muito tempo e a física quântica mais recentemente, nos dizem: “Prestem bem atenção! Há algo no nada, há algo nos zeros formais criados pelos árabes, há algo impalpável, imaterial e não é apenas um diminuto da solidez objetiva da matéria”. O mais estranho de tudo isso é que estamos também ali naquilo que antes era nada, estamos em profunda simbiose e ali estamos nós, mesmo estando também aqui simultaneamente.




[1] PALBEART, Peter Pál. A vertigem por um fio: políticas de subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000. p. 13. Ver também: NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral. São Paulo: 1987. p. 63.
[2] PALBEART, Peter Pál. A Vertigem por um fio: políticas de subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000. p.129-131.
[3] No sentido de fatal; uma espécie de mescla entre fato + ismo.