terça-feira, 6 de março de 2018

O MEDO DE APRENDER COM OS MAIS VELHOS


"O cérebro humano pesa cerca de 1,4 kg e representa cerca de 2% do peso do corpo. Contudo, consome mais de 20% de energia de todo o corpo. Dos alimentos que ingerimos, vai um quinto para o cérebro. Em momentos de escassez, o cérebro é para nós um luxo impensável. Como ao longo da evolução da raça humana houve épocas de grande escassez, o cérebro tinha de oferecer vantagens que compensassem o seu principal inconveniente: o seu elevado consumo de energia. Parece que para quem tivesse fome e tivesse de procurar raízes e frutos, seria melhor não ter cérebro, pois precisaria procurar menos 20%".
Nós temos um cérebro e por uma boa razão: ele contém alguns milhares de neurônios que nos permitem poder estar no mundo e poder fazer coisas que outros seres vivos não podem fazer. Graças ao cérebro, as pessoas são incri­velmente flexíveis, povoam toda a Terra e deram também o primeiro passo na Lua.  
"Os tigres têm dentes mais aguçados, os elefantes são mais fortes, os leopardos são mais rápidos, os ursos polares suportam melhor o frio, as baleias nadam melhor e os albatrozes voam melhor. Em oposição a todos estes animais de excepção, contudo, o homem, graças ao seu cérebro, embora não particularmente especializado numa competência, pode enfrentar as mais diversas situações, trabalhos e problemas".
( Manfred Spitzer).
APRENDER com os mais velhos provoca medo em muitos jovens de hoje. Provavelmente, eles não desejam aprender. As crianças costumam ser curiosas, mas os jovens de hoje costumam reagir com medo ou fastio perante as experiências dos mais velhos. Vivem de novidade em novidade, confundem tecnologia com conhecimento fazendo atuar desta forma muitas vezes o seu medo de encalhar no velho. Claro que os adultos e, sobretudo, os idosos, têm um receio compreensível perante a novidade. Sentem saudades dos bons velhos tempos (que, como sabemos, não eram assim tão bons). Aqui parece existir uma con­tradição paradoxal: nós, os seres humanos, somos a única espécie que aprende mais e melhor; por outro lado, temos medo de aprender. Como é possível esta aparente contradição? 
Seja quem seja, aprender muda. Quando aprendemos algo de novo, não ficamos na mesma; não só aprendemos mais quantidade de ensinamentos, como também nos transformamos. A recepção do que é novo significa sempre mudança em quem recebe. Para o sistema biológico, a aprendizagem funciona assim. Quando somos confrontados com a novidade, pensamentos desconhecidos mergulham na nossa mente. Nós nos transformamos quando aprendemos com o velho e com o novo e isso pode causar medo.
Aprender é literalmente facílimo. O bebê, ao fim de poucas centenas de dias, já consegue agarrar, andar, cantar e comunicar. Para as crianças em idade pré-escolar, isto não representa qualquer problema: elas estão em construção. Elas aprendem uma nova palavra em cada 90 minutos, sem medo. Para muitas pessoas a novidade pode parecer ameaçadora. Os risos reprimidos em dinâmicas de grupo em cursos e seminários demostram isso. 
 Podemos aprender e se aprende melhor com os nossos erros ou com os erros dos outros. Não esqueçam jovens que os mais velhos erraram mais e já aprenderam também com muitos de seus erros. Também continuam errando. Não custa estar atento e aprender com eles também. 

Aprender não apresenta problemas, a menos que alguma coisa não esteja bem na nosso cérebro, como, por exemplo, se estivermos cansados ou sob os efeitos de drogas....