quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A ALIANÇA DA INTELIGÊNCIA COM A MORTE: do computador aos satélites


Gilson Lima 
Em 2004 escrevi esse texto inspirado pelo momento da Guerra do Iraque - Chamada  de "Operação Liberdade Iraquiana", que começou em 20 de março de 2003.   
Nesses tempos onde a ideia de "armas" primárias são tidas ainda como talismã de segurança, decidi compartilhá-lho. Sempre é bom lembrar o lado obscuro dos poderosos.

Veremos de que no mundo das tecnologias informacionais nada se compara ao poder de fogo dos satélites militares. Os satélites Sigint (Signal Intelligence), por exemplo, são destinados a interpretar as comunicações em rádio e celulares, foram redirecionados, assim como os satélites-espiões capazes de obter imagens de alta resolução.
A história registra, em todos os grandes conflitos, o aparecimento de engenhosidades e tecnologias traduzidas em armas ou engenhos realizados por mentes brilhantes que desempenham um papel importante no curso das operações militares. Por exemplo, na Guerra Franco-Prussiana, de 1870, os franceses inauguraram, com grandes esperanças, o fuzil Chassepot, que tinha um alcance superior ao do fuzil alemão; sua derrota mostrou-lhes os perigos de uma falsa avaliação. A grande novidade dessa guerra, entretanto, não foi um armamento, mas a ampla utilização da rede ferroviária pelo Exército de Bismarck, mobilizando e concentrando rapidamente milhões de homens na fronteira, como nunca antes ocorrera.[1]
Porém, o Século XX foi de longe o mais assassino na história registrada. Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o carro de combate e o avião como apoios para a infantaria tiveram sua estréia, ainda tímida. A Segunda Guerra (1939-1945), foi reveladora de invenções e engenhos como o submarino, tanques terrestres de longo alcance, potentes metralhadoras portáteis. Porém, nada foi tão impactante na Segunda Guerra quanto o aparecimento da bomba atômica que suplantou todas as expectativas em relação a armas de destruição. Também, a Guerra do Golfo (1991), maletas móveis que se conectavam em satélites inaugurou a guerra como espetáculo televisivo e os mísseis de direção eletrônica e teleguiados, deram uma amostra das inovações produzidas pela alta tecnologia militar.
Muito deste massacre destrutivo devemos a ciência e o que de melhor dispomos de inteligência humana no planeta em aliança com a industria da morte. O número total de mortes causadas por ou associadas a guerras no século passado foi estimado em 187 milhões, o equivalente a mais de 10% da população mundial em 1913.[2]
Sem desconsiderar a crueza do choque realizado pelos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 11 de setembro, eles foram apenas um cisco no olho desta barbárie mortífera. O que queremos destacar aqui é que os sonhos mais das mais “avançadas mentes” e dos melhores cientistas provenientes de algumas universidades, sobretudo a partir da segunda grande guerra mundial, mesclaram-se com as mais amplas possibilidades de financiamento e experiências oferecidas por um exército de um país altamente industrializado: Os Estados Unidos. Desta articulação de interesses nasceu uma mortífera aliança destrutiva.
Ao longo do século, isto implicou um ônus da guerra ainda maior para os civis, que não eram apenas suas vítimas, mas cada vez mais o objeto de operações militares ou de ações militares-políticas. O contraste entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda é dramático: apenas 5% dos que morreram na Primeira Guerra eram civis; na Segunda Guerra esse número subiu para 66%. É geralmente suposto que de 80% a 90% daqueles afetados por guerras hoje sejam civis. A proporção aumentou desde o fim da Guerra Fria porque a maioria das operações militares desde então tem sido conduzida não por Exércitos conscritos, mas por grupos bem pequenos de tropas regulares ou irregulares, em muitos casos operando armas de alta tecnologia, oferecendo grande proteção contra a possibilidade de receber baixas.
Para ilustrar esta aliança da inteligência com a destruição e a morte, vejamos três exemplos singulares:

1º) na segunda grande guerra mundial envolvendo a criação do computador;
2º) um outro envolvendo a guerra de informações de satélites na guerra do Afeganistão;
 3º) por último o que a nova guerra dos Estados Unidos e da Inglaterra contra o Iraque podem estar para nos revelar neste sentido.


1 . A criação do computador

Comecemos então com o conhecido exemplo, da aliança na segunda grande guerra entre grandes mentes que se integraram às amplas possibilidades de financiamento de destruição, originando dessa conjunção a invenção e o nascimento do computador.
No final da segunda grande guerra, os estrategistas da moderna guerra destrutiva, já tinham se convencido que quem ganharia o grande conflito não seria quem detivesse a maior e mais qualificada infantaria e sua pesada artilharia terrestre. A guerra seria decidida pelo domínio da tecnologia de projétil à distância. Até aqui tudo bem, o problema é que este domínio implicava numa grande demanda por inúmeros cálculos rápidos. Regular ângulos do tiro a distância exigia mensuração de diversos como: vento, temperatura, etc...() Era preciso calcular entre 2.000 a 4.000 trajetórias possíveis. Cada trajetória exigia 750 multiplicações de 10 algoritmos. Neste sentido, para acelerar as necessidades de implantar mais rapidamente os cálculos das tabelas de balística, foi criado nos Estados Unidos em 1938 o BRL - Ballistic Research Laboratory . A demanda da guerra era 40 tabelas semanais e o BRL produzia apenas 15. A produção destas 15 tabelas inicialmente se dava através de “calculadoras humanas”, geralmente mulheres parentas de militares que lutavam na guerra e que tinham domínio das operações matemáticas simples.
O primeiro passo para se aproximar do desafio de calcular todas as variáveis de um projétil desde o seu lançamento até e, sobretudo, antes dele atingir o alvo começou a ser conquistado com um projeto secreto envolvendo as Forças Armadas Norte Americana e alguns cientistas da Moore Scholl: como o analisador diferencial de Vannevar BUSCH (foto ao lado). Este analisador, acelerava os cálculos e executava operações complexas com muita rapidez e anunciava que a era do sonhado computador estava próxima. Por exemplo, uma tabela completa demandaria 3 Séculos para ser completada com um ser humano trabalhando sozinho, de modo manual em 8 horas diárias. Com as mesmas oito horas diárias, um ser humano com uma máquina de calcular levaria 12 anos para executar esta mesma tabela completa. Porém, com o analisador diferencial, nesta mesma jornada, um ser humano levaria apenas um mês.
Alguns anos mais tarde, um projeto envolvendo renomados cientistas e matemáticos sob a coordenação militar criaram pela primeira vez uma máquina que realizaria a tão sonhada façanha de calcular todas as tabelas completas antes mesmo do alvo ser atingido por um míssil. O nome desta super calculadora, muito próxima da idéia dos modernos computadores era: ENIAC - Electronic Numerical And Calculator. Ela pesava 30 toneladas, ocupava mais de 100 metros quadrados, empregava cerca de 18.000 válvulas e 5 milhões de pontos de solda. Ela efetuava 4.500 cálculos por segundo, um assombro para época. Porém, esta supercalculadora tinha um poder de processamento não superior a uma mísera calculadora que qualquer estudante civil usa num bolso. (Veja foto acima  e abaixo).
O ENIAC não tinha monitor, teclado ou disco e interface com o usuário se limitava a algumas dezenas de interruptores, através do qual ligava-se e desligavam-se os bits na memória principal, e outras tantas lâmpadas que informavam o resultado obtido. O processo de alterar suas instruções necessitava ser ajustado a milhares de chaves e conectar centenas de cabos. 
O BRL contratou os melhores cientistas para que eles desenvolvessem uma supercalculadora chamada de ENIAC. Entre estes cientistas se destacava o matemático Von Neumann. No entanto, durante o projeto ENIAC, apesar da sua grande capacidade de cálculo, alguns cientistas deste projeto se deram conta de que o futuro não pertenceria às calculadoras. Não demorou muitos anos para que o exército americano e o inglês financiassem o primeiro computador em operação, realizando o sonho de muitos cientistas, ou seja, a conquista de construírem um modelo reduzido de cérebro humano. Hoje todos os mais complexos super computadores, projetos de computação quântica, etc. com seus poderosos poderes de processamento se encontram apenas sob domínio de poucas potências militares ou com projetos sob supervisão militar, e quase todos, têm como finalidade servir à guerra.

2. A guerra de informações de satélites na guerra do Afeganistão

O segundo exemplo foi à disputa pela informação, mais precisamente as disputas pela divulgação ou não de imagens de satélites entre as agências civis de notícias e as forças armadas dos Estados Unidos, na guerra no Afeganistão.
Por mais que seja verdade que o armamento de alta tecnologia tenha tornado possível em alguns casos restabelecer uma distinção entre alvos civis e militares e, portanto, entre combatentes e não-combatentes, não há razão para duvidar de que as principais vítimas da guerra continuarão a ser civil. E, mais, o sofrimento de civis não é proporcional à escala ou à intensidade das operações militares.
As Convenções de Haia de 1899 e 1907 codificavam as regras da guerra. Conflitos deveriam acontecer primariamente entre Estados soberanos ou, se ocorressem dentro do território de um Estado em particular, entre partidos suficientemente organizados para que fosse aceito o status de beligerância por parte de outros Estados soberanos. A guerra deveria ser agudamente distinta da paz, por uma declaração de guerra em uma ponta e um tratado de paz na outra.
Assim, as operações militares deveriam distinguir claramente entre combatentes -identificados pelos uniformes que usassem ou por outros sinais que indicassem pertencer a uma força armada organizada e civis não-combatentes. A guerra deveria ser entre combatentes. Não-combatentes deveriam, tanto quanto possível, ser protegidos em época de guerra. Sempre se entendeu que essas convenções não cobriam todos os conflitos armados civis e internacionais, e notadamente não cobriam aqueles que surgiam da expansão imperial de Estados ocidentais em regiões que não se encontrassem sob a jurisdição de Estados soberanos internacionalmente reconhecidos, ainda que alguns desses (mas de maneira nenhuma todos) conflitos fossem conhecidos como "guerras". As Convenções de Haia serviu como guias na Primeira Guerra Mundial, mas ao longo do tempo ela foi sendo desconsideradas.
É de conhecimento geral de que a tecnologia de satélites envolve muito elevado conhecimento e alta tecnologia e são poucos os países que dominam a tecnologia de sua construção e é ainda muito menor o clube de países que possuem autonomia de colocar um satélite no espaço. O Brasil, por exemplo, já constrói alguns tipos de satélites, mas precisa dos Estados Unidos para colocá-los no espaço. Ao fazerem isso, quase sempre, os países dependentes assinam termos de submissão, onde por exemplo, em caso de guerra as informações capturadas por estes satélites podem ser interceptadas ou redirecionadas pelos americanos, e só a eles cabe a decisão da divulgação de suas fotos e informações capturadas. 
No mundo da sociedade informacional isso é muito PODER. Atualmente, em lugar de usar o seu poder legal do controle de obstruir, o Pentágono está dotando outra estratégia: comparar com exclusividade todas as   imagens da região, mas impedindo que as informações sejam antes da censura realizada confrontadas pela mídia e outras empresas vencedoras de licitações espaciais. A ação que levou – muitas vezes - o Pentágono a recorrer a compra com exclusividade dos direitos sobre todas as imagens “perigosas” pode ser vista apenas como uma precaução militar, mas é pode ser utilizada também como censura. Qual a fronteira sadia e democrática entre estratégia militar e censura no espaço?
A questão é que os satélites comerciais são muito inferiores em potencia e precisão informacional que os militares espiões. Por exemplo: O Keyhole foi colocado com auxílio do foguete lançado na base da Força Aérea de Vandenberg na Califónia no espaço (dezembro de 1976). Este satélite é equipado com uma câmara digital Keyhole (buraco de fechadura), capaz de registrar com alta resolução objetos de cerca de 10 cm de comprimento na superfície terrestre. Outros satélites também foram utilizados no conflito contra o Afeganistão: O Orbimage-4, colocado em órbita um pouco antes da guerra (2001) é um satélite de sensoriamento remoto, que possui uma câmara capaz de capturar imagens da superfície terrestre em 200 diferentes regiões do espectro. Também, o Quickbird (lançado em outubro de 2001), operado pela Digitalglobe, foi colocado também rapidamente em órbita antes do conflito afegão tem uma capacidade limitada, entretanto, ele é capaz de observar detalhes superiores a 1 m.
Na época do conflito com o Afeganistão, o EUA “comprou compulsoriamente” os direitos de todas as imagens do Afeganistão e das áreas vizinhas tomadas pelo satélite de alta resolução, inclusive o Ikonos, operado por uma empresa privada. Na verdade, essa aquisição era totalmente desnecessária, pois pelas leis americanas, em caso de guerra o Departamento da Defesa tem poderes legais para exercer o "controle de obturação" sobre os satélites civis lançados dos EUA, mas para evitar conflitos com as operadoras privadas, as fotos foram apenas adquiridas.
Convém salientar, que o satélite Ikonos (lançado em setembro de 1999 - o primeiro de resolução de 1 a 4 metros por pixel), tem uma tecnologia já considerada ultrapassada por cerca de dois anos. Ele fornece imagens em preto e branco capazes de visualização de objetos de 1 m de comprimento. Ele também pode tomar imagens em cores com uma resolução menor, da ordem de 4 m.
Os detalhes nas imagens do Ikonos tinham mostrado uma linha de treinamento da rede de AI-Qaeda em marcha entre os campos de Jalalabad. Segundo diversos relatos, a decisão de obstruir o acesso às imagens dos satélites civis foi adotada pelo governo um pouco antes do início da guerra, após a divulgação na mídia de pesadas perdas civis próximo a Jalalabad.
O Pentágono assim procedeu com o objetivo de impedir que as informações fossem confrontadas pela mídia, que procura colher dados sobre perdas civis nas imagens do Ikonos e das outras empresas vendedoras de imagens espaciais. A ação que levou o Pentágono a recorrer à compra com exclusividade dos direitos sobre todas as imagens do Ikonos, por exemplo, foi vista como uma precaução e clara expressão de uma nova modalidade tecnológica de guerra centrada no controle das informações e sua divulgação.


3. A nova guerra dos Estados Unidos e da Inglaterra contra o Iraque

Por últimos vejamos o exemplo do que poderá nos revelar a guerra do Iraque na aliança da inteligência para a destruição. Hoje, existe uma enorme curiosidade sobre as novas armas e engenhos que a tecnologia bélica norte-americana e de seus aliados apresentará nesta tão anunciada guerra contra o Iraque. Em que pese o clima de segredo tentado pelo Pentágono, algumas informações têm vazado pelos técnicos e chegado ao conhecimento de revistas especializadas.[3]
Ao que tudo indica, a principal nova arma deve ser um engenho eletromagnético que exige muita inteligência e tecnologia. Ele é lançado por mísseis aéreos, que despeja microondas sobre a região-alvo. Essas microondas provocam o colapso total das ligações elétricas ou eletrônicas da área atingida. A defesa e a atividade urbana ficam imobilizadas -silenciam-se todos os telefones, rádios, aparelhos de fax e computadores. A defesa militar fica completamente bloqueada. Não há como transmitir uma ordem, acionar um míssil ou fazer um avião levantar voo. Nesse cenário, é provável que a população civil entre em crise de estupefação e confusão.
Isto nos faz lembrar a Internet. Ela surgiu também como um projeto militar.  A Internet é filha da Guerra Fria e a rede começa a nascer na década de 60, quando o Departamento de Defesa Norte Americano imaginou uma maneira de proteger o sistema de comunicações em caso de ataque nuclear, pois as estações de rádio, de televisão e telefônicas são os primeiros alvos de um bombardeio. Os militares achavam que os Estados Unidos eram muito vulneráveis a um ataque nuclear soviético. Os laboratórios militares americanos também sentiam a necessidade de compartilhar de forma segura informações sigilosas, armazenadas em computadores espalhados pelo país.
Assim, dirigiram seus esforços para um projeto que, sem o controle centralizado do poder público, pudesse em caso de uma catástrofe nuclear, reorganizar as comunicações no país. Em 1964, um pesquisador chamado Paul Baran com recursos militares, projetou uma rede de computadores, que é à base da Internet até hoje. Ela não tinha uma central de controle de informações. A rede continuaria funcionando mesmo se algumas de suas partes fossem atingidas. Outra questão fundamental na sua concepção era a de que as mensagens eram divididas em pacotes e enviadas em partes, para aumentar a segurança. Paul Baran concebeu uma rede de computadores na qual cada máquina seria capaz de orientar o trabalho das outras, independentemente.
Essa ideia de dividir as mensagens trata-se de uma técnica engenhosa. Os pacotes tomariam rotas diferentes para chegar ao mesmo destino. Se um trecho fosse destruído, os pacotes pegariam outra rota. Diferentemente da invenção da Televisão, onde o usuário é um telespectador sem acesso a modulação da informação recebida, na Rede imaginada por Baran todos os pacotinhos devem se encontrar com o destinatário, onde seriam reunidos na ordem certa. Este é o conceito básico que faz a Internet ser o sucesso que é até hoje.
Hoje (2003) a Internet interliga residências, universidades, empresas e o comércio mundial em mais de 150 países. São milhões e milhões de computadores que se ligam à Rede Numérica Mundial a cada mês. Ela cresce numa cifra pessimista de cerca de 30% ao ano. Já em 2003 (na época desse artigo) a cada dia cerca de 130.000 novos usuários pulam para dentro da rede. Nenhuma outra forma de comunicação na humanidade cresceu tão rápida. Por exemplo, em julho de 1995, o tráfego da Internet no Brasil era movimentado apenas por 50.000 usuários espalhados entre algumas universidades e institutos de pesquisa. Hoje somos o quinto país em número de internautas - navegadores linkados - nesta nessa imensa teia digital chega quase à casa dos 10 milhões e cresce diariamente.
Porém, com a nova tecnologia a ser testada, a Internet deixa de ser uma estratégia militar de reconstrução. Pois não são os pontos físicos de transmissão de informações que são destruídos é o próprio espaço informacional.
Algumas pesquisas e experiências com essa bomba de microondas já foram realizadas há três anos, nos laboratórios da base aérea de Kirtland, nos EUA, e só recentemente os técnicos conseguiram ajustar o sistema avião-míssil-bomba.[4]
As “expectativas” de especialistas do Pentágono são que as novas armas de microondas vão revolucionar os conceitos de guerra, principalmente porque visam inutilizar equipamentos, sem vitimar os homens.
ImagemSimulação da conectividade mundial na Internet/Web. A maior rede de informações até o presente da história humana.

A defesa militar do Iraque dispõe de elevado efetivo terrestre - cerca de 3 milhões de homens mobilizados, dos quais 1 milhão está instruído e armado. Quanto às forças aérea e naval e aos modernos engenhos eletrônicos, a inferioridade é tão grande que nem merece comparação. A vontade férrea de resistir revelada por Saddam Hussein não terá condições de suportar esses ataques gigantescos, apoiados pela mais alta tecnologia - a não ser que ele possua e empregue as supostas armas de destruição em massa.
É por isso que os EUA (na época desse artigo - 2003) tinha cerca de 150 mil soldados espalhados por territórios próximos das fronteiras iraquianas, no Kuait (maior efetivo), no Qatar, na Turquia e na região habitada pelos curdos. Se junta a esses efetivos alguns milhares de ingleses e australianos.
É claro que um engenho convencional (não-nuclear), por mais surpresa que cause, não pode decidir a sorte de uma guerra. Também, massificação de minas terrestres e explosões suicidas como a de refinarias de petróleo comandadas por Saddan tornando-as inoperantes por anos sua operação pode ser fatais à reconstrução pretendida pelos vitoriosos. Porém armas como a bomba de microondas são sinais suficientes que apontam para a superioridade do mundo atual, dos que cada vez mais detém a imaterialidade complexa do conhecimento e sua operacionalização tecnológica diante da velha matéria realizada por uma disciplinada infantaria aparelhada. Enfim, novamente um conflito desta proporção estará nas mãos da aliança entre inteligência e indústria da morte. Para quem não acredita que a ciência só emancipa, temos aqui uma questão social e ética relevante.




[1] MATTOS, Carlos de Meira. Folha de São Paulo: Caderno Mais. São Paulo: Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003.
[2] HOBSBAWM, Eric. Folha de São Paulo: Caderno Mais. São Paulo, domingo, 14 de abril de 2002.
[3] TIME. Edição de 21. Janeiro de 2003.
[4] Time - edição de 21 Janeiro de  2003.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

COMO MORRER POR ENVELHECIMENTO SEM FICAR VELHO


Confesso que não pratico ainda, mas veja o que nos deixou de exemplo Moysés Paciornik (faleceu com 94 anos) e deixou dicas de como morrer por envelhecimento sem ficar velho. Ele praticou eu ainda não. Vejamos:

Primeira regra: Salvo raríssimas exceções genéticas, somente as pessoas magras vão viver mais.

COMIDA: Devemos evitar os três pós brancos: o açúcar, a farinha e o sal. Isso já vem sendo difundido há 40 anos. A questão é que muitas revistas falam hoje de como comer certo com conselhos mais ou menos complicados. Eu sou prático. Evite os pós brancos e a gordura animal a industrial nem chegue perto.
Mas vamos se alimentar de que?


COMO FAZER: O que Deus colocou no mundo precisa ser comido, que é o que o índio da mata come. Na mata, ele não tem os pós brancos. Come verduras, frutas, carne magra resultado da caça, tudo à vontade. Gosta de chocolate, OK evita. De um modo geral, qualquer doce é gostoso, ENTÃO  de vez em quando dá para comer uma sobremesa. Porém, eu procuro NÃO COMER qualquer tipo de bolo, pão, bolacha e macarrão - tudo o que tem açúcar e farinha. O sal deve ser usado moderadamente. PELA MANHÃ, duas qualidades de frutas e café com leite magro sem açúcar. No ALMOÇO e JANTAR salada, carne magra. Também incluo no cardápio ARROZ e FEIJÃO.

Então.

FIQUE E MANTENHA-SE MAGRO(A):  Os magros e as magras estão menos sujeitos a uma série de doenças. Se não comem gordura animal e muito menos industrial, evitarão o colesterol e os triglicerídios. Se retiram da alimentação o açúcar e a farinha, previnem a diabete. Sem o sal, a pessoa não vai estar propensa a ter hipertensão arterial.

EXERCÍCIOS NO DIA A DIA. Incorpore no dia a dia é tão importante como também ir a academia. Suba e desça escada. Mesmo quando não precisar tem um tempinho suba e desça a escada. Quantas vezes puder. Faça o que puder a pé. Caminhe bastante por dia nada menos que 8.000 passadas. Evite ficar ao máximo sentado.
Dica diária. Trabalhe de vez em quando pratique o "up and down" (em português, levantar e baixar), ou seja, fique de cócoras e depois levanta, esticando todo o seu corpo. Faça isso duas vezes em cada pavimento. O "up and down" é barato, não custa nada e pode ser feito em qualquer lugar. Não requer aparelhos e os resultados aparecem dentro de poucos dias.

PARTO =》 MULHERES NÃO FAÇAM PARTO DEITADAS. Na década de 70, compreendemos porque as índias caingangues e outras tribos indígenas não têm varizes, celulite e a pele do rosto é perfeita. Observamos também o porque das índias da mata conservarem o canal genital em muito melhor estado do que as mulheres civilizadas. A primeira questão está relacionada ao parto de cócoras. No parto deitado, o canal vaginal se estreita cerca de 28%. Então, esse canal estreito é mais fácil de rasgar e machucar a mulher. Ele é um dos culpados.  

NÃO SENTAR, ou seja, sentar o mínimo possível durante o dia.  A cadeira é prejudicial à saúde. Tem uma lei de medicina que explica que todo órgão em repouso prolongado enfraquece. Sentado na cadeira, o corpo inteiro - da cabeça aos pés - está em repouso. Então tudo fica fraco e as conseqüências são varizes, celulites, dores na coluna, problemas com prisão de ventre. De cada 100 civilizados, 80 têm ou terão dor na coluna.

COMO FAZER SE EU TRABALHO SENTADO? A cada uma ou duas horas é preciso parar para fazer o "up and down". O ideal é que se pratique diaeiamente até cem vezes o ato de levantar e baixar. Já no sofá, na hora de assistir televisão, as pessoas devem ficar em posição de ioga, com as pernas cruzadas como os índios. Isso porque o sangue espremido é  bombado para a cabeça e o CÉREBRO recebendo mais sangue funciona melhor. É uma boa dica também para quem está  estudando e para quem quer EVITAR A CELULITE.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Palestra proferida no Japão 2014 - Science, Technology and Industry serving as Digital and Social Inclusion

PALESTRA PROFERIDA NO JAPÃO - 2014 
PhD Gilson Lima.  Brazil
Sociologist. Researcher for ORTOBRAS Trade and Industry LTD. Investigator of CNPq - National Council for Scientific and Technological Development.
RESEARCH COMMITTEE OF CLINICAL SOCIOLOGY Regional Coordinator - ISA - International Sociological Association.

Brasil, estima-se que a cada 1.000 crianças que nascem, 7 são portadoras de PC. 
No Brasil, existem cerca de 3 milhões de crianças e jovens em cadeiras de rodas decorrente de algum tipo de  paralisia cerebral.
Hoje em dia ninguém pode dizer que está inserido no mundo e pode interferir no mundo, se um não está incluído nos principais sites de redes sociais.
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) - Organização Mundial de Saúde => inclui o  Indicador de Atividade e Participação,  o desempenho de atividades da rotina diária em contexto relevante, mas também o acesso e a participação ativa da criança na sociedade.

A hipótese é que pilotagens de telas de computador - orientadas corretamente -  não apenas ajuda a interação com o paciente, mas reabilita casos de casos de lesão neuronal  grave para quem não vocaliza e executa a fala assistida - plasticidade celular de redes cerebrais(brain learning). 


Criação do software ÍconeVox

Alguns Resultados:

CASE 01 Jovem de 17 anos com paralisia neural Pré-natal
A estudante ficou por décadas em uma classe especial em uma escola pública sem alcançar grandes avanços cognitivos.
Realizamos testes (MRI - RMI) com uma equipe interdisciplinar e descobriu que a menina não podia falar, mas tinha o potencial para aprender a língua e significados.
Com o uso de recursos e de novas dinâmicas de aprendizagem, nós tivemos uma grande evolução em menos de 12 meses. Hoje, ela é capaz de se comunicar, reconhecer cores, objetos ...

A partir da pesquisa, com notebook acoplado numa cadeira de rodas postural,  ela passou a escolher o que comer (utilizando um programa de comando de olhos e boca com interface de fala assistida desenvolvido em equipe)  
... Além da comunicação na aprendizagem também interage com colegas, escreve frases curtas, reconhece cores e interage online. 
....Na parte clínica diminuiu tremores corporais, controle da sialorrea (baba). 

CASE 02 –  Jovem  (22 years) com lesão neuronal adquirida



Particularmente o caso da paciente da cidade de  3 de Maio com lesão adquirida alcançou resultados surpreendentes.




Imagem abaixo, sete meses após o início do tratamento

Ela realizou alguns movimentos do braço e até foi capaz de ficar de pé com suporte. Um enorme progresso em apenas alguns meses. Ela se comunicava com o computador integrado  com a família e amigos (vocalização  assistida) numa cadeira de rodas feita especificamente para ela. Voltou a estudar. Tinha uma página no Facebook conhecida com a menina dos olhos (se comunicava piscando os olhos numa interface com vocalização assistida, escrevia diariamente. Tinha muitos seguidores que acompanhavam seus progressos e aventuras. Chegou a organizar um Show de Rock com uma banda nacionalmente conhecida na cidade onde morava.

Ressaltamos a importância para os resultados de uma rede montada que coordenei entre terapeutas, Universidade, indústria que apoiava minhas pesquisas permitindo criarmos  produtos de acessibilidade e o impacto da mídia na frente dos resultados positivos alcançados com as duas meninas.
O objetivo da pesquisa industrial também foi concluída com a criação de um produto acoplado em uma cadeira de rodas e postural ou bandejas hospitalares – conforme o caso configurado especificamente para tetraplégicos que não conseguem vocalizar (não vocalizam) – KIDS

Future => Next Steps – Novos passos
Pesquisa e experimentar kit de inclusão  digital e social (KIDS) para duas novas situações clínicas:
1.Casos de reabilitação no hospital com pacientes que só tiveram um acidente vascular cerebral
2.Casos de pacientes com doenças neurológicas degenerativas.
Cadeira de rodas postural motorizada => Utilizar comandos de mobilidade e pilotagem da cadeira  também com os movimentos da cabeça.
METODO ó CDIO ó  Conceive/Design/Implement/Operate
CDIO - concebido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)/ Franklin W. Olin College of Engineering, também nos Estados Unidos, que adotam estratégias bem singulares baseadas em projetos, equipe e requisitos,...
REFERÊNCIA!
Gilson Lima - BOOK PUBLISHED => SYMBIOSIS THEORY
ó  SYMBIOS ó
 (symbiosis between brain, body, machine and the environment).

LIMA, Gilson. Nomads of stone: - Theory of simbiogênica society (2005 Escritos Publisher = 419 pgs.).

RESEARCH. 2016
 Aplicar a teoria de casos de lesões neuronais e demonstrar o potencial desta abordagem também para a reabilitação:

"O uso contínuo e repetitivo da face, boca e olhos têm um grande potencial para a reabilitação, pois o cérebro é um centro de atividade e buscar alternativas junto ao corpo para melhorar a comunicação e interação social." (LIMA, 2014).
(Pasticidade) ó  (brain learning) ó  (brain training)  
THE END
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