quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Bolsonarismo não é facismo.

Gilson Lima 1


Bolsonarismo é parte de um movimento global, organizado. Engana-se quem reduz a uma reação local ou nacional. É uma reação ao projeto de globalização da civilização Nerd, que se movimenta pela infra estrutura de satélites e que destruiu as interfaces das mediações dos Estados Nações.

O modelo de globalização nerd gerou desafios imensos as democracias, as liberdades individuais com a inclusão de um senso comum de déficit de reflexidade na conexão global. 

Gerou uma reação global unificada e diversificada de nacionalismos, mobilizados pelo abandono de vastas camadas precarizadas da proteção dos Estados Nacionais com retorno dos valores retrógados das classes médias, perdidas numa moralidade estagnada de reflexibilidade e condenando todos uma base binarista invisível das redes digitais.

É importante saber que por traz das múltiplas luzes, sons e cores dançantes das interfaces das telas digitais, tem uma invisível base binária, extremamente reducionista ao processo primário dos algoritmos, onde as cores se tornam um pensar entre a branca ou preta. Um lado é do bem o outro do mal. Onde um é o certo e o outro é o errado.

Engana-se também quem reduz o movimento conservador ao nazismo. É anterior, uma reação  ao projeto iluminista do século XIX. Muito mais bizarro. Uma reação contra as bases do projeto racional iluminista em crise.

Buscam um retorno ao Século XVIII. A crença da tradição anti-reformista. Não se trata de um conservadorismo casual, mas de um retorno a uma época que deixamos a séculos para traz.

Não é coincidência a aceleração tecnológica dos nerds fornecer a base para um retorno a crenças tão arcaicas. Sempre que pude avisei: tecnologia não é ciência e o culto a aceleração tecnológica em si só, já derrubou impérios poderosos na história. 

O tradicionalismo é só uma resposta da sobra do fundo do poço  da resistência à modernidade, que emergiu no final do Século XIX,....  agora em crise

É também uma resistência à evolução emergente da planetária civilização simbiótica.

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[1] Cientista aposentado depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade, criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa na evolução cérebro, máquinas, corpos e sociedade. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas de ciência de ponta, tecnologia e protocolos de neuroreabilitação em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus. 

Tem formação original humanística e foi voltando seus estudos e pesquisas desde o início dos anos 90 para a abordagem da complexidade nas metodologias informacionais, depois na nanotecnologia e nos últimos 15 anos de carreira focou na neuroaprendizagem e reabilitação envolvendo a simbiogênese e interfaces colaborativas entre cérebro, corpos e displays.

Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.

Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com/