sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Pílula 01 da Teoria Social da Simbiótica de Gilson Lima

 FRAGMENTOS 01 DO LIVRO NÔMADES DE PEDRA: teoria da sociedade simbiótica.

Salvador Dali desenhando Picasso: uma imagem visionária que nos diz muito do que vivemos hoje! 

Gilson Lima[i]

Hoje, em nosso mundo, somos em geral habitantes cada vez mais nômades, mas  conectados a uma realidade abstrata expandida, onde, depois de cada curva surgem novas curvas, depois de cada parada ou nódulo, surgem novos fluxos, novas e múltiplas bifurcações. Mas somos nômades simbólicos. Vivemos em simbiose nos fluxos simbólicos da realidade abstrata expandida, cujo o fato de estarmos ou não, com os nossos corpos inertes e fixos, não nos impede de experimentar a sensação de que sempre somos alguém no lugar, mas não inteiramente do lugar. Estranhamente e contraditoriamente sedentários presos num lugar com mobilidade restringida. Com muitas ressonâncias amarradas e incapazes de nos mobilizar. Nossas tornozeleiras eletrônicas prendem nossos corpos e liberam nossos olhos e dedos.

Uma ideia que encontramos no filme Matrix, no qual corpos inertes, deitados sobre uma cadeira reclinável, que navegam numa intensa simbiose por lugares, conexões e simulacros tão abstratamente autônomos da matéria corpórea como efetivamente reais. Aliás, essa ideia de virtual versus real não existe para a simbiótica da inteligência inata. Para nós mesmo o imaginar é sempre real, não tem essa de virtual, seja o que for estamos imaginando estamos lá, acontecendo em symbios no mundo.

Quero facilitar o entendimento disso. Vamos usar uma imagem. Observemos a imagem logo abaixo. É muito significativa. Trata-se de uma pintura de Salvador Dali intitulada Retrato de Picasso.

Na verdade, foi uma ironia de Dali “homenageando” o apetite racionalista de seu amigo Picasso. Gerou uma tensão de modo tão profundo que fez com que Picasso cortasse as relações de vez com Dali. As imagens compartilhadas no mundo acontecem no mundo, são reais.




Retrato de Picasso, 1947. 
Ilustração in: Dali. Gilles Néret. 
Amsterdã: Taschen, 1994.

Reparem na imagem que a colher conectada ao cérebro passa pela boca, atrofiando a língua. O cérebro torna-se um processador da petrificação e, quanto mais o apetite factual e analítico da colher que quer papar toda a realidade entra em ação, tanto mais petrificada fica a mente. O processo de petrificar da mente aumenta cada vez mais o volume e o peso da pedra logo acima dele. Ainda que a nossa mente seja muito mais do que funcionalidade bio-eletro-mecânica, esse processo acaba por condicionar um plexo petrificador em nosso estado moderno de “mentitude”.

Também os outros sentidos humanos foram atrofiados pelo apetite racional da “colher papa tudo”. O olho é cego, deixa de ver, passa a observar, mensurar e medir o físico, tornando o conhecimento submisso ao processo de petrificação. Do nariz sai uma espécie de chifre da mesma cor da petrificação cerebral, tornando inúteis os sentidos de olfato que penetram na visão cega, que se desconecta de qualquer possibilidade de produção mais simbiótica e complexa de conhecimento. Isso nos faz lembrar Eliot, quando indagou mais ou menos assim: “onde está o conhecimento que perdemos na informação e onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento informacional?”.[1]

Enfim, quanto mais se racionaliza, mais o conhecimento é petrificado, simbolizado na imagem pela pesada pedra acima de nossas cabeças e de nosso estado de mentitude, indicando que a mente moderna virou pedra.

No entanto, contraditoriamente, os novos nômades estão a virar pedras. Com seus corpos sedentários, mas integrados num hipercórtex conectados em fluxos de nódulos informacionais e simbólicos, em redes de comunicação ao manterem sua fidelidade ao velho processo de construção petrificada do conhecimento, tornam-se, sim, novos nômades, mas são nômades que viraram pedras.

É preciso reeducarmo-nos para essa nova dimensão da vida em sociedade, onde teremos que saber conviver com vários momentos contraditórios da própria jornada da existência, na qual, em simbiose com nossa imaginação inesgotável, a natureza orgânica e inorgânica possibilitará à nossa mente "viajar", mesmo quando nosso corpo estiver encerrado na cela de um cárcere. O Marquês de Sade escreveu seus romances eróticos no cárcere, onde, também, Antônio Gramsci escreveu seus ensaios políticos.[2]



[1] MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma ó reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2000, p. 16.

[2] DE MASI, Domenico, BETTO, Frei. Diálogos Criativos. São Paulo: Deleitura, 2002, p. 87.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

[i] Gilson Lima. cientista, inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos, escritor, músico.

Desde o início dos anos 90, quando concluiu sua tese de mestrado, envolveu em sociobiologia que permitiu a elaboração da sua Teoria Social da Simbiogênese, tendo por referência de base as pesquisas em micro biologia celular de Lynn Margulis.

Ao mesmo tempo em que foi criando e processando a sua teoria simbiótica, realizou múltiplas pesquisas de bancadas com invenções de produtos e processos.

Iniciou suas pesquisas na complexidade em metodologias informacionais e criticando a abordagem cognitivista computacional do cérebro e mente, foi migrando para coordenar por quase duas décadas pesquisas clínicas de pacientes com lesões neurais severas envolvendo interfaces simbióticas entre micro ritmos corporais e displays (terapia magnética).

Na perspectiva da Teoria Social da Simbiogênese, a sociedade é vista como um sistema complexo e dinâmico de interdependências, onde os “indivíduos” e grupos estão constantemente se influenciando e transformando uns aos outros.

A Teoria Social da Simbiogênese propõe ainda uma visão mais integradora das diversas ciências sociais, incluindo a sociologia, a antropologia, a psicologia e a biologia,... Segundo Lima, cada uma das diferentes disciplinas tem uma perspectiva única e importante para compreender as relações sociais, mas é necessário integrar essas perspectivas para ter uma compreensão mais complexta do paradigma e mais abrangente da sociedade.

A teoria da simbiogênese sugere que a evolução dos seres vivos não ocorre apenas por meio da seleção natural, mas também pela integração de novos elementos em suas redes bióticas. A partir da incorporação de novas bactérias que se beneficiam mutuamente, os simbióticos podem evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente.

A teoria da simbiogênese pressupõe que as espécies em um ecossistema são interdependentes e se beneficiam mutuamente em uma relação simbiótica. Essa interdependência não se limita apenas aos organismos vivos, mas também inclui o meio ambiente físico. Nesse contexto, a integração de novas bactérias na rede biótica pode levar a uma nova espécie em evolução: os simbióticos.

Os seres humanos são exemplos mais de simbióticos evoluídos na rede celular, pois contêm em seus corpos uma grande quantidade de bactérias que desempenham funções vitais em seu organismo, como a digestão e a produção de vitaminas, retardo do envelhecimento, etc. Essa relação simbiótica entre os seres humanos e as bactérias que os habitam é fundamental para a saúde e o bem-estar de toda a rede simbiótica.

Em seu último livro: Inteligência Inata,  defendeu que a partir da ampla incorporação evolutiva de novas bactérias na sua rede biótica de longo agora que se beneficiam mutuamente, os novos simbióticos podem ainda evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente e mais longeva. 

Para Lima, a emergência dos simbióticos altamente evoluídos e de amplo potencial de inteligência inata, ocorreu muito mais aceleradamente com os humanos nas últimas décadas, ainda que a evolução de sua rede simbiótica em dinâmica cooperativa e fractal com a inteligência inata encontra-se ainda em transição dominada pela velha consciência sináptica humanista não cooperativa, racionalizadora, linear, centralista e ainda dominantemente predadora com o ambiente onde os simbióticos evoluídos acontecem no mundo.     

Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas, shows, vídeos podem ser acessados no canal do youtube. 

https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra

Webpage: http://www.seukowalsly.com.br

 Último Livro: 

https://www.google.com.br/books/edition/Intelig%C3%AAncia_inata_o_caminho_da_intelig/RwZhEAAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=1&printsec=frontcover

https://www.amazon.com.br/Intelig%C3%AAncia-inata-intelig%C3%AAncia-artificial-simbiog%C3%AAnese-ebook/dp/B09TC9YJF5  

        


Nenhum comentário: