domingo, 5 de outubro de 2025

INTERFACE SIMBIÓTICA => Açúcar, microbioma e gordura corporal

 

Gilson Lima[1]

Nós comemos açúcar aumenta o número de bactérias que geram gorduras?


Quando comemos açúcares simples (glicose, frutose, sacarose) uma parte é absorvida diretamente pelo intestino e vai para o sangue como glicose, a outra parte pode servir de alimento para certas bactérias intestinais. Essas bactérias fermentam carboidratos e produzem ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato, butirato). Esses compostos podem ser usados pelo fígado e outros tecidos para gerar energia ou até para formar gordura corporal (lipogênese).

👉 Então: o excesso de açúcar pode indiretamente aumentar a produção de gordura, tanto pelo metabolismo humano direto quanto pela fermentação bacteriana.



1. Do que é feita a nossa gordura corporal

A gordura armazenada no corpo está principalmente na forma de triglicerídeos:

  • 1 molécula de glicerol (um tipo de álcool de 3 carbonos)
  • 3 ácidos graxos (cadeias de carbono e hidrogênio, que podem ser saturadas ou insaturadas)

Esses triglicerídeos ficam estocados em células chamadas adipócitos (células de gordura), localizadas no tecido adiposo.


2. Como a gordura é produzida no corpo

O processo se chama lipogênese. Você come carboidratos (como açúcar, pão, arroz), eles viram glicose no sangue. Se já há energia suficiente, o excesso de glicose é transformado em gordura no fígado e:

    • A glicose é convertida em ácido graxo por meio da via da acetil-CoA.
    • Esses ácidos graxos são juntados ao glicerol → formando triglicerídeos.

Os triglicerídeos são transportados pelo sangue (em partículas chamadas VLDL) e armazenados no tecido adiposo.


3. Como a gordura aumenta no corpo



  • Superávit calórico: Se você ingere mais energia (calorias) do que gasta, esse excesso vira gordura.
  • Insulina: O hormônio liberado após refeições ricas em carboidratos estimula a captação de glicose e a formação de gordura nos adipócitos.
  • Microbioma: Certas bactérias aumentam a eficiência de extração de energia dos alimentos, favorecendo o acúmulo de gordura.

👉 Por isso o aumento de gordura corporal vem de uma combinação de excesso de energia + metabolismo hepático + ação do microbioma + regulação hormonal.

 


Existem bactérias que emagrece elas fazem o que com essa gordura excedente, são bactérias associadas à perda de gordura corporal, mas o modo como elas atuam é indireto e bioquímico, não “comendo” a gordura do corpo literalmente. Vamos entender isso em partes:


🧫 1. Bactérias “do emagrecimento”: quem são?

As pesquisas mais consistentes mostram que pessoas magras tendem a ter:

  • Mais Bacteroidetes
  • Menos Firmicutes

👉 Essa proporção é um marcador metabólico importante:
os Firmicutes são mais eficientes em extrair calorias dos alimentos (fermentam carboidratos e produzem mais energia), enquanto os Bacteroidetes deixam escapar parte dessa energia nas fezes — ou seja, “roubam” menos calorias.


 2. O que essas bactérias fazem com a gordura excedente?

Elas não degradam diretamente a gordura corporal, mas influenciam como o corpo usa e armazena energia.
Aqui está como:

🔹 a) Reduzem absorção calórica

Algumas bactérias produzem enzimas menos eficientes na quebra de polissacarídeos → menos glicose absorvida → menos substrato para lipogênese (formação de gordura).

🔹 b) Produzem ácidos graxos que regulam o metabolismo

Elas fabricam ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) — como butirato, propionato e acetato — que:

  • Sinalizam para o fígado e músculo queimarem mais gordura (ativando AMPK, a via da “economia energética”).
  • Reduzem inflamação intestinal → melhora da sensibilidade à insulina.
  • Diminuem o apetite via ação no nervo vago e no hipotálamo.

🔹 c) Modulam hormônios do intestino

Certas bactérias estimulam a liberação de:

  • GLP-1 e PYY, que reduzem fome e retardam o esvaziamento gástrico.
  • Leptina, que regula a saciedade.

👉 Resultado: menos ingestão, melhor queima e menor estocagem de gordura.


 3. Exemplo simbiótico: microbiota e metabolismo

Pense no intestino como um "reator simbiótico":

  • Açúcar → bactérias equilibradas → sinal de saciedade + regulação energética.
  • Açúcar → disbiose (muitas Firmicutes) → mais fermentação → mais gordura → inflamação → resistência à insulina.

 4. Fatores que favorecem bactérias “do emagrecimento”

  • Dieta rica em fibras, prebióticos e polifenóis (vegetais, frutas, grãos integrais).
  • Menos ultraprocessados e adoçantes artificiais.
  • Atividade física regular.
  • Sono adequado e baixo estresse.


Existem pessoas, como no meu caso eu como muito açúcar, mas muito mesmo e não emagreço isso é muito importante, porque mostra que o corpo não reage igual em todas as pessoas ao açúcar.

Vamos entender o que pode estar acontecendo no seu caso 👇


 1. O açúcar não é apenas “caloria”: é um sinal metabólico

Quando você consome muito açúcar, ele:

  • Sobe a glicose no sangue.
  • Estimula insulina, o hormônio que guarda energia.

A insulina:

  • Inibe a queima de gordura (lipólise)
  • Estimula a produção e o armazenamento de gordura (lipogênese)
    Mas, paradoxalmente, em pessoas que comem açúcar cronicamente, o corpo pode ficar resistente à insulina.

Resultado:

  • A insulina continua alta o tempo todo.
  • A gordura não sai do tecido adiposo, mesmo se você come menos.
  • E o açúcar vira fome recorrente e cansaço, porque as células não recebem energia direito.

👉 Assim, você não engorda mais, mas também não emagrece — fica num tipo de bloqueio metabólico.


 2. O papel do fígado e da microbiota

Com muito açúcar, o fígado ativa a lipogênese de novo (criação de gordura a partir da glicose) — e ele próprio pode acumular gordura (“fígado gorduroso”).
Além disso:

  • O excesso de frutose e glicose muda o microbioma, favorecendo bactérias produtoras de endotoxinas inflamatórias (disbiose).
  • Essa inflamação bloqueia receptores hormonais (como leptina e insulina), travando o metabolismo.

 3. Outros fatores que travam o emagrecimento mesmo comendo muito açúcar

  • Estresse crônico → libera cortisol, que eleva glicose e favorece gordura abdominal.
  • Sono irregular → reduz leptina (saciedade) e aumenta grelina (fome).
  • Disbiose intestinal → menos produção de AGCC e GLP-1 (os “mensageiros do emagrecimento simbiótico”).
  • Baixa ativação de AMPK → o corpo não entra em modo “queima de energia”.

 4. Caminho simbiótico para destravar

Você pode ajudar seu metabolismo sem cortar tudo de vez, mas reensinando o corpo a reconhecer energia de forma simbiótica:

Passos simples e simbióticos:

  1. Adicionar fibras em todas as refeições (lentilha, aveia, legumes). Elas reduzem o pico de glicose.
  2. Usar prebióticos (inulina, banana verde, alho, cebola). Alimentam as bactérias “da leveza”.
  3. Exposição leve ao frio e jejum intermitente suave → ativa AMPK e mitocôndrias.
  4. Sono profundo e regular → restaura leptina e insulina.
  5. Atividade física moderada e frequente → não apenas gasta calorias, mas “reprograma” o metabolismo.

Existe um outro ponto importante sobre gastar energia e emagrecer  que estamos descobrindo. Estudos realizados com a espécie sylva borin (uma passarinho muito pequeno que voa entre continentes) pode indicar que comer demais e exercitar de menos não são variáveis tão dependentes assim.

Então esse é um ponto muito avançado e realista da biologia metabólica moderna. A frase “emagrecer é só comer menos e gastar mais” é um mito reducionista, e estudos com espécies como Sylva borin (o papa-moscas cinzento europeu) e outras aves migratórias mostram exatamente o oposto: o metabolismo é autorregulado e simbiótico, não uma simples conta de calorias.

Vamos detalhar um pouco isso:

🕊️ 1. O caso Sylvia borin — energia não é apenas consumo e gasto

Essa pequena ave europeia é estudada porque:

  • Durante a migração, ela voa milhares de quilômetros sem se alimentar.
  • Antes de migrar, aumenta sua gordura corporal em 40–60% — e depois, queima tudo em equilíbrio perfeito, sem entrar em “colapso metabólico”.

Os estudos mostram que:

  • O corpo reprograma seu metabolismo para usar gordura como principal combustível.
  • Os músculos oxidam gordura com alta eficiência, e o fígado coordena isso por sinais hormonais e bioelétricos.
  • Quando ela está em repouso, mesmo comendo muito, o corpo desacelera o metabolismo basal, e não há ganho excessivo de gordura.

👉 Isso revela que o “saldo calórico” não é fixo — ele depende de ajustes simbióticos e bioenergéticos entre fígado, músculos, microbiota e sistema nervoso.


 2. O que isso ensina sobre humanos

Pesquisas inspiradas em espécies como Sylvia borin, ratos subterrâneos e até primatas mostram que:

  • O corpo adapta o gasto energético quando há excesso ou falta de alimento.
  • Se você come mais, ele pode aumentar o calor corporal, os micro-movimentos e até a termogênese simbiótica (via mitocôndrias e microbioma).
  • Se você come menos, o corpo reduz a produção de calor, desacelera o metabolismo e aumenta o apetite — um freio biológico contra emagrecer demais.

👉 Por isso, comer demais e se exercitar de menos não são variáveis totalmente independentes. O corpo regula ambas dentro de uma faixa adaptativa (metabolic adaptation).


 3. A visão simbiótica dessa regulação

Na teoria simbiótica da vida, o metabolismo é uma rede de ressonância, não uma conta isolada de calorias.
O gasto energético é regulado por:

  • Microbioma intestinal (sinais de AGCC e GLP-1 modulam AMPK e mTOR).
  • Campos bioelétricos (potenciais mitocondriais e fluxo de elétrons).
  • Sinais de simbiose entre tecidos: fígado ↔ intestino ↔ músculo ↔ cérebro.

Assim, emagrecer ou engordar não é “fazer força de vontade”, mas restaurar a comunicação simbiótica da rede metabólica.


🔬 4. Conclusão científica e simbiótica

Os estudos com Sylvia borin e outras espécies confirmam:

  • O corpo é um sistema termodinâmico adaptativo, não linear.
  • O gasto calórico não é fixo: ele se reorganiza conforme o contexto simbiótico interno e ambiental.
  • O equilíbrio energético depende mais de sinalização e coerência celular do que de calorias matemáticas.

DIAGRAMA COMPARATIVO SIMBIÓTICO



[1] Gilson Lima/Seu Kowalsky. Cientista, músico, inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos, escritor.

Desde o início dos anos 90, quando concluiu sua tese de mestrado, envolveu em sociobiologia que permitiu a elaboração da sua Teoria Social da Simbiogênese, tendo por referência de base as pesquisas em micro biologia celular de Lynn Margulis.

Ao mesmo tempo em que foi criando e processando a sua teoria simbiótica, realizou múltiplas pesquisas de bancadas com invenções de produtos e processos.

Iniciou suas pesquisas na complexidade em metodologias informacionais e criticando a abordagem cognitivista computacional do cérebro e mente, foi migrando para coordenar por quase duas décadas pesquisas clínicas de pacientes com lesões neurais severas envolvendo interfaces simbióticas entre micro ritmos corporais e displays (terapia magnética).

Na perspectiva da Teoria Social da Simbiogênese, a sociedade é vista como um sistema complexo e dinâmico de interdependências, onde os “indivíduos” e grupos estão constantemente se influenciando e transformando uns aos outros.

A Teoria Social da Simbiogênese propõe ainda uma visão mais integradora das diversas ciências sociais, incluindo a sociologia, a antropologia, a psicologia e a biologia,... Segundo Lima, cada uma das diferentes disciplinas tem uma perspectiva única e importante para compreender as relações sociais, mas é necessário integrar essas perspectivas para ter uma compreensão mais complexta do paradigma e mais abrangente da sociedade.

A teoria da simbiogênese sugere que a evolução dos seres vivos não ocorre apenas por meio da seleção natural, mas também pela integração de novos elementos em suas redes bióticas. A partir da incorporação de novas bactérias que se beneficiam mutuamente, os simbióticos podem evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente.

A teoria da simbiogênese pressupõe que as espécies em um ecossistema são interdependentes e se beneficiam mutuamente em uma relação simbiótica. Essa interdependência não se limita apenas aos organismos vivos, mas também inclui o meio ambiente físico. Nesse contexto, a integração de novas bactérias na rede biótica pode levar a uma nova espécie em evolução: os simbióticos.

Os seres humanos são exemplos mais de simbióticos evoluídos na rede celular, pois contêm em seus corpos uma grande quantidade de bactérias que desempenham funções vitais em seu organismo, como a digestão e a produção de vitaminas, retardo do envelhecimento, etc. Essa relação simbiótica entre os seres humanos e as bactérias que os habitam é fundamental para a saúde e o bem-estar de toda a rede simbiótica.

Em seu último livro: Inteligência Inata, defendeu que a partir da ampla incorporação evolutiva de novas bactérias na sua rede biótica de longo agora que se beneficiam mutuamente, os novos simbióticos podem ainda evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente e mais longeva. 

Para Lima, a emergência dos simbióticos altamente evoluídos e de amplo potencial de inteligência inata, ocorreu muito mais aceleradamente com os humanos nas últimas décadas, ainda que a evolução de sua rede simbiótica em dinâmica cooperativa e fractal com a inteligência inata encontra-se ainda em transição dominada pela velha consciência sináptica humanista, racionalizadora, linear, centralista e ainda dominantemente predadora com o ambiente onde os simbióticos evoluídos acontecem no mundo.     

Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções com o codinome Seu Kowalsky. Suas músicas, shows, vídeos podem ser acessados no canal do youtube. 

https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra

Webpage: http://www.seukowalsly.com.br

 Último Livro: 

https://www.google.com.br/books/edition/Intelig%C3%AAncia_inata_o_caminho_da_intelig/RwZhE

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