segunda-feira, 2 de maio de 2016

O BRASIL SOFRE UMA REVOLUÇÃO CULTURAL E A POLÍTICA É APENAS SUA FACE MAIS VISÍVEL!

Com o grau de conectividade social que conquistamos nesse país – principalmente - nos últimos dois anos onde vivemos uma proliferação intensa máquinas de Turing de bolso, de smart phones e da rede pública de Wi-fi gratuitos, numa estrada da rede integrada, a rede midiática convencional se alarga em loops.


GILSON LIMA
"O que em mim sente está pensando" (Fernando Pessoa)
Dr. Pesquisador. Professor Universitário. Inventor. Músico.
Porto Alegre. BLOG http://glolima.blogspot.com

Nós velhos sedentários da velha infovia, caminhamos agora em conjunto com novos nômades, conectados também, em MOVIMENTO, RAPIDEZ E MULTIPLICIDADE de telas em interação com o mundo onde acontecemos.

Vivemos hoje uma espécie de instantaneidade “hipnótica”, chupada inteiramente pelas interações e simbioses com as máquinas de processamento lógico com TVs, vídeos, rádios, computadores andando em múltiplas infovias óticas, constituindo um trânsito intenso de imagens, sons e textos na velocidade da luz, durante 24 horas por dia, compondo uma espécie de telecomando universal ondulatório, que vai interagindo com físicos sistemas estáticos e, de baixa interatividade, da modernidade simples.
Vivíamos – antes -, na lentidão de um trem elétrico encapsulado em desk-tops: aquelas máquinas com teclado, vídeo catódico e torres pesadas e pintadas em cores de ovo ou gelo. Um padrão fordista de Pc-IBM de máquinas Turing. Éramos sedentários na rede. Claro que, na época, tratava-se de uma evolução democrática incrível, mas essas máquinas eram colocadas numa mesa e blindadas ali. Nós também. Estávamos condenados, a ficar parados. Nossos sistemas de pensamento eram estáticos. É verdade que tínhamos muito mais conversas entre nós, além dos chats e grupos de discussões nas redes que criávamos.
Éramos uma geração sedentária nas redes sociais com sistemas sedentários e que agora está se integrando e andando na rede com os novos nômades simbióticos, multifacetados, ágeis, rápidos, múltiplos, abertos, mas despolitizados, despreparados para a lenta e trabalhosa erudição, para a sabedoria e tolerância da lentidão do mergulho na profundidade do acontecimento de vivermos em sociedade. Eles estão aprendendo a fazer política na rede. Nós aprendemos nas ruas. Eles aprendem rápido. Inclusive, os caminhos que não devem seguir.
Emerge um Brasil com uma sociedade meio nômade, meio sedentária, mas intensamente conectada. As implicações no nosso mundo da vida é vertiginoso. Uma imensa rede de expansão de nossos estados de mentitude se conectam em redes e de modo cada vez mais intenso tanto local, como global e como cada vez mais complexo.
O Brasil está se olhando na rede. Olhamos para o espelho (on-line) e não gostamos do que vemos. Nós mesmos!
Vemos e sentimos espasmos caóticos improdutivos e destrutivos; horror e irrupção da violência; velhos fundamentalismos; velhos e novos dogmatismos, intolerâncias étnicas; emergência de máfias por toda parte, onde o velho estado deixou de existir e intervir e novas guerras santas e profanas descortinam-se em cenários que ninguém jamais vira a nu.
Assim, após o otimismo expansionista e determinista das conquistas e a confiança no progresso tecnológico atingimos nosso ponto mais alto e caímos como que num repente inesperado, num mergulho interminável no vácuo, como num loop de acrobacia aérea, que oscila entre picos rápidos de elevação e quedas de pressão, conhecida como forças gravitacionais (as forças G).
As forças G são as forças gravitacionais mensuradas e calculadas pela resistência à pressão e à velocidade – principalmente - nos corpos humanos. As forças G podem ser positivas ou negativas. As positivas (muito próxima de quatro G+) atuam nas lombadas, nas partes baixas dos trajetos e nas voltas verticais das montanhas russas; e as G negativas atuam nas descidas onde todos os nossos órgãos do corpo se sentem como se estivessem de cabeça para baixo e sem peso.
Há quatro G+ o nosso peso fica quatro vezes maior do que o seu peso normal, geralmente, é o limite utilizado pelos engenheiros que constroem as montanhas russas. O corpo humano reage mal à força G. Acerca de seis G+ maiorias das pessoas começam a ter sangramentos no nariz; a cerca de dez G+ maiorias das pessoas desmaiam e a quatorze G+, provavelmente morrem. No entanto, existem pessoas viciadas em forças G+ e G-. Muitas acrobacias aéreas realizadas em aviões chegam a produzir alguns movimentos de até dez G+ e é necessário para sua execução - por parte do piloto - todo um cuidado para não desmaiar. O mesmo ocorre quando um desses aviões fazem movimentos de descida vertical, com forças G- que podem causar ao corpo humano muita dor e que exige também muita preparação e resistência para suportá-las.
As aceleradas mudanças tecnológicas do loop, embora causem vários desequilíbrios nas sociedades mais desenvolvidas que as encabeçam, também canalizam para elas os maiores benefícios. As demais sociedades são arrastadas de roldão nessa torrente, ao custo da desestabilização de suas estruturas e instituições, da exploração predatória de seus recursos naturais e do aprofundamento drástico de suas já graves desigualdades e injustiças.
Ainda bem que no Brasil estamos querendo alterar nossa imagem espelhar. Uma revolução cultural nos fura filas, mal educados, individualistas, nas ideias intolerantes fora de lugar, no mercenarismo provinciano. A política está em pleno processo de aculturações múltiplas de ser e fazer. A dimensão mercenária está perdendo seu combustível. Estamos nos dando conta de que enquanto acreditamos em modelos falidos de pena prisional, tratamos presos como ratos, assim como bem tratamos e polimos nossas crenças dogmáticas e nossas certezas rasteiras. Despejamos doentes em fila de espera, levamos soldados de proteção, deseducamos nossas crianças abandonadas em galpões precários, consideramos nossos velhos como custo de orçamento, levamos nosso Estado para gastar em uma guerra estúpida, mas lucrativa para os fabricantes de armas e tantas coisas de reinos e sociedades primitivas.
Nunca o mundo foi tão rico e nunca foi tão desigual. Esse país tem a oitava economia do mundo e não tem sequer uma classe média, tamanha a energia egocêntrica dos predadores de cima, e seus amigos especuladores globais, que vivem visitando nosso Cassino, sem muito interesse de fortalecer laços produtivos de longo agora.
Progresso tecnológico não indica evolução cultural, moral, muito menos, sabedoria múltipla, complexa e livre. Precisamos primeiro romper com as nossas entranhas de predadores e não agirmos como se ainda estivéssemos na caverna só que agora com nossos brinquedinhos eletrônicos.
Pensar de modo complexo, como rede em simbioses complexas em telas e corpos cada vez mais conectados, não é tarefa fácil. Facilitar sim. Mesmo que tenha que repetir velhas receitas e tenha que desmentir minha análise cinco minutos depois.


Viva o Brasil. Estamos começando a bocejar. Isso já é um grande motivo para comemorar. Estamos acordando e melhor, estamos mantendo padrões de base: democracia, fortalecendo INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DO PAÍS, um espírito de comunidade com intensa singularidade e individuação, contra o velho individualismo ou coletivismos autoritários e intolerantes.

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