sábado, 5 de outubro de 2013

FESTINA LENTE – apressa-te lentamente

Dr. Gilson Lima
Cientista em Reabilitação. Pesquisador de Acessibilidade CNPQ-Ortobras. gilima@gmail.com


 A nova geração de nativos digitais cresceu imersa em tecnologia que continuamente se torna mais poderosa e compacta, literalmente, o ciberespaço em seus bolsos. Eles processam multitarefa e paralelo com facilidade e seu acesso à estimulação visual e auditiva programou seus cérebros a desejar gratificação instantânea. Neurocientistas na Universidade de Princeton descobriram que nosso cérebro usa diferentes regiões para equilibrar recompensas de curto prazo e de longo prazo. Quando tomamos decisões que instantaneamente gratificam as nossas necessidades, o centro emocional do cérebro no sistema límbico assume. Mas essas regiões têm dificuldade de pensar para o futuro e os circuitos neurais nos centros lógicos do cérebro no lóbulo frontal e córtex parietal são necessários para nos tirar do estressado estado permanente de recompensa.
O bombardeio de estimulação digital em mentes em desenvolvimento os ensinou a responder mais rapidamente, mas eles codificam a informação de maneira diferente da mente dos mais velhos. Nativos digitais tendem a ter menor atenção, especialmente quando confrontada com as formas tradicionais de aprendizagem. Esta jovem geração high-tech realiza mais de uma tarefa ao mesmo tempo constantemente, baixando músicas para seus celulares, Smartphones, iPods e enviando mensagens instantâneas para seus amigos enquanto fazem o dever de casa. Seus jovens cérebros em desenvolvimento são muito mais sensíveis à entrada do meio ambiente do que os cérebros mais maduros. Ironicamente, são as mentes mais jovens que não apenas são as mais vulneráveis à influência alteradora de cérebros como também é a mais exposta a ela de modo menos consciente, mas ativa.
Pesquisas apontam que os jovens estão gastando mais e mais tempo e expondo seus cérebros para todas as formas de novas mídias. Um estudo de 2005, da Kaiser Fundation e universidade de Stanford, com mais de duas mil crianças e adolescentes com idade entre 8 e 18 anos descobriu que as exposições diárias totais de mídia haviam aumentado ao longo dos últimos cinco anos, de 7 horas e 29 minutos para 8 horas e 33 minutos. Hoje adolescentes estão gastando mais tempo online do que uma jornada completa de trabalho de oito horas por dia expondo seu cérebro à tecnologia digital. Por gastar tanto tempo olhando e interagindo a-simbioticamente com uma tela de computador ou de televisão, estes jovens não estão solidificando de modo complexo as vias neurais que seus cérebros precisam para desenvolver tradicionais habilidades de comunicação face a face e o uso indiscriminado da Web reduz a hermenêutica de profundidade e sua realização acadêmica e interfere com suas vidas sociais. Cada hora a mais de tela sedentária por dia - modelada apenas pela recompensa - aumenta o peso e também adoece.
Festina Lente então. Apressa-te, mas lentamente.

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