quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dos nativos digitais e dos imigrantes digitais - PILULAS DE NEUROAPRENDIZAGEM 04


Esse texto tem como referência em português o livro Ibrain* (ainda não traduzido em português) que estou trabalhando com meus alunos de informática e sociedade na UNISC – Cidade de Santa Cruz do Sul – RS –Brasil. 2012. Segue o nome dos co-autores:;

Gilson Lima. Doutor em Sociologia e professor e pesquisador em processos de inovação em Reabilitação e Inclusão. (Porto Alegre, RS). E-mail:  gilima@gmail.com

Co-autores em ordem alfabética:

Eduardo Miguel Konzen;
Jean da Costa Serpa;
Paulo Afonso Bringmann;
Roberto Junior dos Santos Araujo;
Rodrigo de Campos;
Rodrigo Hettwer.

*Fonte: SMALL, Gary; VORGAN, Gigi. Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  



As pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são as que o fazem.
Steve Jobs, CEO da Apple

INTRODUÇÃO: 

É interessante tentarmos entender que a atual explosão da tecnologia digital não está mudando somente a maneira como nós vivemos e nos comunicamos, mas como nossos cérebros são rapidamente e profundamente alterados. Exposição diária a alta tecnologia de computadores, smartphones, vídeo games, mecanismos de busca como Google e Yahoo, simulam alterações de cédulas cerebrais e liberam neurotransmissores, fortalecendo gradualmente novos caminhos em nossos cérebros.
O processo de estabelecer redes neurais em nosso cérebro começa na infância e continua ao longo de nossas vidas. Estas redes ou vias fornecem aos nossos cérebros uma auto-organização quando acontecemos no mundo.
 Conforme nossa experiência vamos aprendendo e consolidando novos caminhos e preferências que se desenvolvem esses novos atalhos ou macros vias operadas em toques de displays e ou teclas digitadas.
Vamos criando atalhos então para acessar novas trilhas que vão se consolidando para acessarmos os E-mails, os processamentos de textos e os programas de buscas.
Como jovens cérebros maleáveis vão desenvolvendo esses atalhos para acessar as informações e estabelecer esses novos caminhos neurais diante do mapa neural historicamente consolidado.
Vejamos:

IMAGEM: Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  





















Uma descrição sintética:


1. Área de broca – bilateral = área da fala. Localizada no Frontal inferior ou 3º Giro: comumente à esquerda. Área responsável também pela praxia da fala, ou seja, responsável pela praxia voluntária da fala. Uma lesão nesse Giro geralmente produz apraxia. (praxia é todo o ato motor aprendido  - precisa ser aprendido e a apraxia é a incapacidade de execução da praxia – aqui no caso, incapacidade de realizar plena ou completamente a praxia da fala).
2. Lobo frontal. Área muito recente, complexa e desenvolvida – principalmente – a pré-frontal nos humanos é responsável por definir tomadas de decisões; de juízo crítico, julgamento, controle das emoções, previsão de futuro, memória de trabalho e foco atencional (atenção).
3. Área motor e sensória que envolve o comando dos movimentos motores e das se sensórias (apesar do mesmo formato cada uma  (motor e sensória) tem suas localizações específicas localizadas, mas estão em conexão sempre integradas.
4. Lobo parietal onde situa no seu interior o responsável pela consolidação da memória dotando de tempero sua personalidade,...
5. Lobo occiptal. Parte mais posterior do cérebro. O córtex visual (atrás na nuca) é o local que sintetiza as imagens visuais. Realmente não enxergamos o mundo com os olhos. Os sinais visuais trafegam muito até chegar aí onde efetivamente enxergamos. Uma lesão nesse local pode levar a problemas graves de prosopagnosias, ou seja, dificuldade de reconhecimento da face.
6. Lobo temporal onde localiza-se os núcleos de base das emoções negativas e positivas e onde encontra-se também o hipocampo que responsável por nós lembrarmos e consolidarmos os acontecimentos na vida. No giro pós-central localiza-se a área somestésica primária (sensitivo sensorial) e a percepção consciente da sensibilidade geral do corpo
7. O cerebelo é um mini cérebro, cerca de 30% do que chamamos de cérebro (telencéfalo) responsável - principalmente - pelo equilíbrio dos humanos eretos. Recentemente descobrimos interface importante entre o cerebelo e as atividades cognitivas mais nobres do cérebro. Outra interessante questão é que o que entendemos por cérebro é apenas o telencéfalo (70% do que chamamos de cérebro). Por problemas de tradução “brain” o que chamamos de cérebro não é o encéfalo que incorpora também o cerebelo. Encéfalo seria a tradução mais correta do que chamamos de cérebro.
8. O pequeno caule que vemos na imagem abaixo do cerebelo é o que chamamos de tronco encefálico que liga o encéfalo ao sistema nervoso periférico.
9. É importante lembrar de que o córtex do cérebro e o córtex do cerebelo é uma fina película enrugada de poucos milímetros que como uma colcha cobre a massa encefálica. Ali se encontram bilhões de neurônios, Só no telencéfalo são cerca de 22 bilhões dessas nobres e frágeis células – a maioria com alto poder de comunicação e ligação entre toda a imensa rede neuronal.
10. Por fim, para cada neurônio encefálico existe cerca de 10 neuroglias próximas de um trilhão delas e que além de ajudar e proteger os frágeis neurônios também recentemente descobriu-se que elas possuem uma importância maior do que pensávamos nos processos cognitivos.

Quando pensamos sentirmos e nos movimentarmos visivelmente ou não e nossos neurônios e as células cerebrais precisam, para isso interagir e comunicar umas com as outras. A quantidade e complexidade organizacional desses neurônios, seus fios, e suas conexões são vastas e elaboradas. No cérebro médio, o número de locais de ligação sinápticas tem sido estimada em 1.000.000.000.000.000, ou um milhão de vezes um bilião. Afinal, levou milhões de anos para o cérebro evoluir a esse ponto. 
À medida que amadurecem os neurônios, brotam ramos abundantes: os dendritos parte receptora do neurônio que recebem sinais dos fios longos ou axônios das células cerebrais vizinhas. A interação entre os dentritos e neurônios são chamamos de sinapses.


IMAGEM: Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  

A abordagem neuronal foi um avanço. Até o século XIX não tínhamos ainda dominado os segredos da eletricidade e imaginávamos que o cérebro produzia os movimentos corporais através de fluidos (líquidos) que inchavam e encolhiam movendo assim os músculos. Sabemos agora que os movimentos motores e sensórios são produzidos através de uma rede complexa de sinais de rápidas conexões elétricas constituindo trilhas e caminhos entre o sistema nervoso e o resto de nosso corpo. 
A quantidade de ligações celulares, ou sinapses, no cérebro humano atinge o seu pico no início da vida. Aos dois anos, a concentração sináptica atinge o máximo no córtex frontal, quando o peso do cérebro da criança é quase que de um adulto. Na adolescência, essas sinapses diminuem cerca de 60% e, em seguida, nivelam para a vida adulta. Esse processo chamamos de redução da taxa de aprendizagem com a idade. Isso por que vamos consolidado as experiências que vão deixado de ser novidades. É o que o ditado popular nos diz na expressão: com a idade vamos ficando mais sábios por que de tanto errarmos vamos aprendemos a errar menos.
 Porque há tanto potencial de conexões neurais, nossos cérebros evoluíram para se proteger de hipercoectividade ou "sobre-fiação (inglês) ", produzindo uma seletividade que permite entrar apenas um pequeno subconjunto de informações. Nossos cérebros não conseguem funcionar eficientemente com muita informação. Eles são muito mais lentos que um computador. Muito mais mesmo. É tentador examinar o sistema nervoso humano e ver o cérebro como uma espécie de processador central digital, com os nervos do sistema nervoso periférico atuando como canais de entrada e saída de dados. Querem ver:
O neurônio opera na escala de tempo dos milissegundos - isto é, geral¬mente são necessários alguns milissegundos para que um neurônio disparé, para que um sinal nervoso viaje ao longo de seu axônio e para que o sis¬tema se reacomode a fim de disparar novamente. Por outro lado, um tran-sistor comum como o que está presente em seu computador pessoal pode ser ligado e desligado em um bilionésimo de segundo (isto é, um milhão de vezes mais rápido do que os neurônios), e os modelos experimentais podem ser ligados e desligados mil vezes mais rápido do que isso.
Toda essa conversa de milissegundos e bilionésimos de segundo pode não o impressionar muito, por isso deixe que eu lhe dê um exemplo simples do que significa para uma coisa ser um milhão de vezes mais rápida do que outra. Imagine que você tivesse uma pessoa que pudesse reali¬zar uma dada tarefa em um dia, e outra que precisasse de um milhão de vezes mais dias para realizá-la. Se a primeira pessoa tivesse começado a tarefa há 24 horas, ele ou ela estaria terminando exatamente agora. Para que a pessoa mais lenta estivesse terminando a tarefa no mesmo tempo, ele ou ela teria de ter começado a tarefa por volta de 770 a.C. Essa é a diferen¬ça de velocidade entre um transistor comum e um neurônio!
Por outro lado, sabemos que o cérebro pode trabalhar muito rápido em algumas tarefas. Aqui está uma demonstração: levante sua cabeça e olhe ao redor, depois a incline. Ao fazer isso, a imagem visual que você tem do mundo permanece vertical - ela não se inclina como sua cabeça.
Esta operação simples é tão "automática" que é fácil perder de vista o fato de que ela constitui um desafio computacional enorme - apenas muito recentemente as máquinas mais modernas têm sido capazes de executá-la em tempo real. Isso porque a maneira tradicional de um compu¬tador analisar uma imagem é bem diferente da maneira como o cérebro humano faz.
O neurônio pode ser visto como uma chave interruptora em vez de como um transistor - ele está ligado ou desligado. Entretanto, essa analogia não resiste a um exame mais rigoroso. Um aspecto mais importante da natureza química do cérebro é que ele está ligado ao segundo principal modo de comunicação do corpo - o sistema endócrino. O cérebro, na verdade, está em um banho sempre em mudança de substâncias químicas, aquelas criadas no interior do próprio cérebro e as produzidas em outras partes do corpo.
Os neurônios correspondem apenas uma fração minúscula do córtex cerebral. Hoje com a abordagem quântica da mente cientista perguntam se realmente essa aparência emaranhada, mas que revelam uma quantidade ordem de bilhões de conexões (sinapses) num esquema fixo  pode efetivamente pode dar conta de explicar a complexidade dos estados de mentitude. 
A pergunta significativa então aqui é o que faz e porque existem as sinapses? Por que transportam impulsos coletivos? Por que o processo é discreto: um aqui e depois continua ali mais adiante? Por que o conteúdo vai adiante? Por que o transporte?



O cérebro é constituído, essencialmente, por células nervosas, os neurônios, bem como por fibras de conexão entre elas. O número exato de neurónios existente no córtex cerebral dos seres humanos é, aproximadamente, na mulher de 19,3 mil milhões e no homem 22,8 mil milhões. Como, em média, os homens têm crânios maiores que as mulheres, isto traduz-se por uma surpreendente diferença de 3,5 mil milhões de neurónios (16%). Por outro lado, também ficamos surpreendidos porque isso não se traduz em diferenças de rendimento no trabalho. Parece então que os homens têm os maiores cérebros e as mulheres têm os cérebros mais eficientes.
Além disso, a idade tem uma influência no número dos neurônios corticais. Foi possível observar uma diminuição do número de neurónios ao longo da vida em aproximadamente 10% (a não ser que admitamos que o número de neurónios corticais aumentou 10% durante as duas últimas gerações). Se quiserem, podem calcular o número de neurónios (em milhares de milhões) do vosso próprio córtex cerebral. A fórmula é válida para mulheres...

Número de neurónios (em milhares de milhões) = e 3.05-idade*0.°014;5

... e para homens 

Número de neurónios (em milhares de milhões) = e 3.2 - >dade * °.°0145

Os referidos números, para o córtex, deixam de fora os neurônios subcorticais bem como os do cerebelo, que perfazem à volta de 100 mil milhões. Os neurônios são aqui, em média, menores, para que o cerebelo, mais pequeno, possa receber de facto mais neurônios que o córtex cerebral. Por cada neurônio existem cerca de 10 células gliais, cujo papel até há poucos anos se pensava ser ocuparem-se exclusivamente da alimentação e apoio. Mas atualmente multiplicaram-se os indícios que apontam no sentido da sua participação (ainda não totalmente confirmada) no processamento da informação cerebral.
Não nos admiremos que as fibras nervosas (o seu número por extenso é 100 000 000 000 000) preencham a maior parte do nosso cérebro. Assim, por exemplo, no nascimento, todos os neurônios estão prontos; mas a cabeça do recém-nascido (como o seu encéfalo) tem apenas metade do tamanho do de um adulto. Afinal o que é que cresce, quando a caixa craniana e o encéfalo se desenvolvem? A espessura das fibras!, o desenvolvimento do cérebro depois do nascimento (e até depois da puberdade!) incide sobretudo nas alterações da chamada «cablagem» dos neurônios. Essencialmente, as fibras nervosas espessas conduzem impulsos 30 a 40 vezes mais rapidamente do que as finas. Através destas velocidades elevadas, podem fazer-se ligações corretas e com isso abranger adequadamente toda a zona do cérebro relativa ao processamento da informação.

No entanto, sabemos que os neurônios estão envolvidos em íons,... mas por que existe isso? É simples: o funcionamento do cérebro é muito mais complexo que um computador. A sinapse surge para mudar o que está sendo transmitido e não apenas para transmitir partículas de neurotransmissores, ou melhor, os neurotransmissores estão transmitindo conteúdos químicos moleculares porque aquele conteúdo operado no macro comportamento está efetivamente sendo alterado.


O aprendizado para a neuroaprendizagem significa que existe – quando aprendemos algo – uma modificação do cérebro com a experiência. A quantidade de vezes que realizamos uma sinapse é significativo para a aprendizagem, mas as sinapses são também qualidade, qualidade de conexão elétrica e química e não apenas quantidade de sinais comunicados. Os processamentos envolvem intensidade química e emocional, quanto maior a novidade maior a intensidade emocional e maior a potencialização da ação sináptica. 
Também quanto maior a quantidade de vezes, quanto maior for o número de sinapses, maior ela se torna bioquimicamente também. Não será a mesma conexão quando ela se encontra com outro neurônio. Terá uma potencialização maior. Quando acontece alguma coisa, que as pessoas identificam como diferente de tudo o que já conhecem, então isso é a prova de que podemos aprender e de que isto também constitui a própria vida. Nem sempre aprendemos quando acontecemos no mundo, as para a aprendizagem de alto nível trata-se também de saber usar o cérebro e mudar o cérebro. 
O cérebro aprende quando alguma coisa se modifica de uma maneira tal que da próxima vez ele age de uma maneira diferente de acordo com a experiência anterior que ele teve. Não se trata apenas de troca ou acesso de informações (sinapses mais fortes e outras mais fracas faz o cérebro responder de maneira diferente a próxima vez).  O cérebro ao mudar faz diferente do que fazia antes.
A BASE DO APRENDIZADO É A MUDANÇA: Se não ocorrer mudança nos estados de mentetude  quando acontecemos no mundo  não existe aprendizado duradouro!
O cérebro dos jovens nativos digitais são tomados por um grande número de conexões potencialmente viáveis para a nova plasticidade computáveis de modo que praticamente naturalizam pela sua capacidade de ser maleável as constante interações e mudanças em resposta ao estímulo e ao novo ambiente hipertextual. 
Esta plasticidade permite que um cérebro imaturo aprender muito rapidamente novas habilidades prontamente muito mais eficientes do que o cérebro adulto limitado pela consolidação de suas trilhas de aprendizagem consolidada bem menos afinado e bem mais irrigado dificultando a aprendizagem motora e comunicativa da nova linguagem digital.
O cérebro adulto pode ainda assumir uma nova língua, mas exige muito trabalho e empenho. As crianças são mais receptivas aos sons de uma língua nova e muito mais rápidas para aprender as palavras e frases. Cientistas linguísticos descobriram que a afiada habilidade dos bebês normais para distinguir sons de línguas estrangeiras já começa a diminuir por doze meses de idade e torna cada vez mais submetidas a sotaques operadas muito próximas das trilhas já consolidas da linguagem mãe.  
Estudos mostram que nosso ambiente de moldes e forma e função do nosso cérebro, também, e, pode fazê-lo ao ponto de não retornar. Sabemos que o desenvolvimento normal do cérebro humano necessita de um equilíbrio ambiental de estímulo e contato humano. Privados destes, disparos neuronais e conexões cerebrais celulares não formam corretamente. Um exemplo bem conhecido é a privação sensorial visual. Um bebê que nasce com catarata não será capaz de ver bem definido estímulos espaciais nos primeiros seis meses de vida. Se deixada sem tratamento durante esses seis meses, a criança pode nunca desenvolver a visão espacial adequada. Por causa do contínuo desenvolvimento de regiões cerebrais visuais no início da vida, crianças permanecem suscetíveis aos efeitos adversos da privação visual até que elas tenham cerca de sete ou oito anos de idade. Embora a exposição à nova tecnologia possa parecer ter um impacto muito mais sutil, seus efeitos estruturais e funcionais são profundos, especialmente em um cérebro jovem, extremamente plástico.
Claro, a genética desempenha uma parte no desenvolvimento do nosso cérebro também, e nós muitas vezes herdamos talentos cognitivos e traços de nossos pais. Há famílias em que os talentos musicais, matemático, artístico aparecem em vários membros da família de múltiplas gerações. Mesmo traços sutis de personalidade parecem ter determinantes genéticos. Gêmeos idênticos que foram separados no nascimento e reunidos já adultos descobriram que possuem trabalhos semelhantes, deram aos filhos os mesmos nomes, e compartilham muitos dos mesmos gostos e hobbies, como colecionando moedas raras ou pintando suas casas de verde.
Mas o genoma humano - a coleção completa de genes que produz um ser humano - não pode executar o show inteiro. O relativamente modesto número de genes humanos - estimado em 20 mil - é pequeno se comparado com os bilhões de sinapses que eventualmente desenvolvem-se em nossos cérebros. Assim, a quantidade de informação em um código genético de um indivíduo seria insuficiente para mapear os bilhões de complexas conexões neurais no cérebro sem entrada ambiental adicional. Como resultado, a estimulação que expomos nossas mentes a cada dia é fundamental na determinação de como nossos cérebros funcionam.
Isso implica então não apenas mudanças de rápidas interações apenas elétricas, mas mudança quimicamente lentas capazes de influenciar como nós pensamos e que a tecnologia digital está alterando fundamentalmente a maneira como nos sentimos e como nos comportamos quando acontecemos no mundo.
Essas mudanças em nossos circuitos neurais  ou de novas conexões cerebrais podem se tornar permanentes com a repetição e desconsiderar outras. Este processo evolucionário do cérebro tem emergido rapidamente sobre praticamente uma única geração podendo assim representar um dos mais inesperados avanços na história humana recente desde que provavelmente que o homem primitivo descobriu como usar uma ferramenta.
Mentes jovens tendem a ser mais expostas e, assim, mais sensíveis diante do impacto da tecnologia digital. Hoje pessoas jovens nos seus dez ao vinte anos apelidadas de Nativos Digitais nunca conheceram um mundo sem computadores, sem notícias 24h na TV, sem a Internet e sem seus celulares, com seus vídeos, músicas, câmeras e mensagens de texto. Muitos desses Nativos raramente entram em uma biblioteca, muito menos olham alguma coisa em uma enciclopédia tradicional. Os nativos digitais utilizam Google, Yahoo e outros mecanismos de pesquisa online. 
É claro que a extensão inicial da comunicação tecnológica e entretenimento envolveu o rádio, telefone e a TV, mas as redes neurais nos cérebros do que pode ser chamados de al diferem dramaticamente dos Imigrantes Digitais, ou seja das pessoas - incluindo todos os baby boombers (da geração TV) - que vieram para era digital/computacional quando adultos, mas de quem a conexão neural básica foi estabelecida quando já eram maduros e suas redes neurais estavam bem mais consolidadas.
Como consequência dessa esmagadora e prematura estimulação de alta tecnologia dos cérebros dos Indivíduos com origem na era digital, nós estamos testemunhando o começo de uma lacuna cerebral profundamente dividida entre jovens e velhas mentes, em apenas uma geração. O que costumava ser simplesmente a lacuna de uma geração que separava valores dos jovens, música e hábitos dos de seus pais tornou-se um grande abismo, resultando em duas culturas separadas. As mentes da geração mais jovem são digitalmente conectadas desde a infância, muitas vezes em detrimento do circuito neural que controla uma-a-uma as habilidades das pessoas. Indivíduos da geração mais velha enfrentam um mundo em que os seus cérebros tem de se adaptar à alta tecnologia, ou eles são deixados para trás, politicamente, socialmente e economicamente.
Os jovens criaram suas próprias redes sociais digitais, incluindo um tipo de taquigrafia da linguagem para mensagens de texto, e estudos mostram que menos adolescentes leem livros por prazer agora do que em qualquer geração antes deles. Desde 1982, leitura literária diminuiu 28% entre os dezoito e trinta e quatro anos de idade. O Professor Thomas Patterson e colegas da Universidade de Harvard relataram que somente 16% dos adultos entre dezoito e trinta anos leem diariamente um jornal, comparado com 35% daqueles com trinta e seis anos ou mais. Patterson prevê que o futuro das notícias será na mídia digital, mais do que as formas tradicional impressa ou televisão.
Estes jovens não estão abandonando o jornal diário por um passeio na floresta para explorar a natureza. O Biólogo conservador Oliver Pergams, da Universidade de Illinois descobriu recentemente uma correlação significativamente alta entre quanto tempo uma pessoa gasta com novas tecnologias, como vídeo game, navegação na Internet, e vídeos, e a diminuição per capta das visitas em parques nacionais. 
Pessoas com origem na era digital estão abocanhando os mais novos aparelhos eletrônicos e brinquedos com alegria e muitas vezes os colocando para uso no local de trabalho. A geração dos seus pais, Imigrantes Digitais tendem a ser mais relutantes para era dos computadores, não porque eles não querem tornar a vida deles mais eficiente através da internet e dispositivos portáteis, mas porque não se sentem familiarizados ou não priorizam em sua rotina esses dispositivos.
Durante este ponto crucial da evolução da mente, Nativos e Imigrantes parecem aprender as ferramentas para tomar conta de suas vidas e mentes, enquanto ambos preservam sua natureza, mantendo-se com as últimas tecnologias. Nem todos tem se tornado tecno-zumbis, nem todos precisam jogar seus computadores no lixo e voltar para escrita à mão. Em vez disso, nós todos devemos ajudar nossas mentes a se adaptar prosperar nesse ambiente tecnológico cada vez mais acelerado.

Um comentário:

Ana Lúcia Hennemann disse...

Oi!
Excelente artigo, digno de muitas reflexões a cerca de como estamos educando nossos alunos e como se encontra a realidade a que eles realmente pertencem. Preocupante a questão da diminuição da leitura de livros, embora desejo crer que estas leituras estão sendo substituídas por leituras menores, porém em maior quantidade, ou seja, rápidas pinceladas de alguns textos garimpados entre uma página e outra da internet. O que vejo como preocupante é a questão dos constantes estímulos que esta geração está submetida, a mente nunca chega a fazer uma reflexão daquilo que lhe está sendo proposto, pois é tudo muito rápido, instantâneo, sendo que percebo isso dentro da sala de aula, com crianças lá das séries iniciais, onde elas não sentem mais prazer em atividades que envolvam "tempo e concentração", usar o Tablet no recreio é mais divertido que conversar com o colega...enfim, novos tempos, novas adaptações...