sábado, 11 de agosto de 2012

O CALENDÁRIO CÓSMICO DE CARL SAGAN

GILSON LIMA.
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
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Da crença numa Terra plana para a Terra redonda, da Terra imóvel (localizada no centro de um Universo finito de Aristóteles) para uma Terra que se movimenta como um pião num cosmo infinito, onde a Terra é um simples satélite que gira em torno de uma estrela periférica localizada num pequeno sistema solar presente no final da calda da Via-Láctea, uma modesta galáxia.
Vivemos agora num mundo externo ao sujeito, em ordem, ordenado, estável com determinismo causal e, sobretudo, sem tempo, que tem uma estrutura implícita em que o sujeito exógeno a observa, descreve, decifra e compreende os segredos intrínsecos dessa estrutura mecânica através da mensuração metódica e objetiva.
Galáxias são grupamentos de bilhões ou trilhões de estrelas, planetas, gases, nebulosas e poeira cósmica que orbitam em torno de um mesmo centro de atividade cósmica e se mantêm coesas pela própria ação da gravidade. O conjunto das galáxias forma o Universo. Calcula-se que existam aproximadamente mais de 2 trilhões delas, das quais alguns milhares já estão catalogadas. São classificadas em espirais, elípticas ou irregulares. As galáxias também se reúnem em grupos: os Aglomerados Galácticos. E estes, por sua vez, reúnem-se nos chamados Super Aglomerados Galácticos. O diâmetro do Aglomerado Galáctico ao qual pertencemos é de aproximadamente 4 milhões de anos-luz e, o do nosso Super Aglomerado, de 150 milhões de anos-luz.
A galáxia onde está o sistema solar é chamada de Via-Láctea. De tipo espiral, tem um diâmetro de 100.000 anos-luz e contém cerca de 200 bilhões de estrelas. Três galáxias são visíveis da Terra a olho nu: a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães, galáxias-satélites da Via-Láctea, e Andrômeda, situada a 2 milhões de anos-luz da Terra (1 ano-luz equivale a aproximadamente de 9,5 trilhões de km). A distância da Terra ao Sol é de 16 milésimos de milésimos do ano-luz (a luz gasta 8 minutos para sair do Sol até chegar à Terra); e a distância com relação a Plutão, 62 centésimos de milésimos do ano-luz. A estrela mais próxima do Sol, Próxima Centauro, está a 4,2 anos-luz de nós.
Em 1924, o astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1889-1953), com o auxílio do telescópio do Observatório Monte Wilson em Washington (EUA), demonstrou a hipótese de Galileu Galilei de que as galáxias são conjuntos de estrelas e não nuvens de gás, como alguns cientistas consideravam até então. No ano seguinte, Hubble demonstra que elas se afastam umas das outras em um movimento constante de expansão que teria começado com o Big Bang. O estudo das galáxias - iniciado por Hubble - tem originado a maior parte das descobertas e teorias sobre a estrutura e a origem do Universo.
Em 1997, o astrônomo holandês Marijn Franx e sua equipe localizam a galáxia mais distante até hoje descoberta, situada a 13 bilhões de anos-luz da Terra. Quando a luz que hoje recebemos dessa galáxia foi emitida, o Universo tinha menos de 1 bilhão de anos e tamanho 5,92 vezes menor do que hoje. A descoberta foi possível por meio da combinação de imagens dos telescópios Keck, no Havaí, e Hubble.
Nas décadas de 70 e 80, foi construído o maior telescópio espacial até então. Recebeu o nome de Hubble em homenagem a Edwin Hubble. O "Hubble" se encontra em uma órbita baixa, a apenas 600 km da superfície da Terra e gasta 95 minutos para dar uma volta completa em torno de nosso planeta. Se estivesse no solo, seria considerado de porte médio. Ele é um telescópio refletor com espelho principal de 2,4m de diâmetro (o maior telescópio do mundo tem 10m de diâmetro).
O "Hubble", na realidade, é um verdadeiro observatório no espaço, possuindo instrumentos necessários para vários tipos de medidas. Os seus objetivos podem ser assim resumidos: 1- investigar corpos celestes pelo estudo de suas composições, características físicas e dinâmicas; 2- observar a estrutura de estrelas e galáxias e estudar sua formação e evolução; 3- estudar a história e a evolução do Universo.
Algumas conseqüências de suas várias descobertas que merecem destaque: questionamento sobre a idade e o tamanho do Universo; provável confirmação da formação de sistema planetário junto com a formação da estrela central; existência de buracos negros no centro das galáxias etc..

O calendário cósmico trata-se de um recurso didático que permite compreender a interessante explicação sobre a origem da vida pela cosmologia evolutiva. Sagan convida-nos a imaginar a história do Universo comprimida num único ano. O Big Bang começou então no primeiro segundo de 1º de janeiro. Na primeira fase do Universo, a radiação dominava a matéria. Durante a Era da Radiação, nada haveria a observar além da luz intensa. As imensas quantidades de energia radiante produziram, nessa ocasião, uma bola de fogo espetacularmente brilhante, em cujo interior não se podiam formar átomos nem moléculas. Ao expandir-se, o Universo esfriou e se rarefez. Originando-se da radiação, a matéria, aos poucos, coagulou-se em átomos. Esse processo deu-se, segundo a cosmologia, há 15 bilhões de anos aproximadamente.
No calendário cósmico, cada mês significa 1 bilhão e 250 milhões de anos, cada dia 40 milhões de anos e cada segundo, cada piscar de olhos no tempo do drama cósmico dura 500 anos.
No calendário cósmico, somente em maio a Via-Láctea se formou. Em junho, julho e agosto já podia haver sistemas planetários, mas o Sol e a Terra só surgiram em meados de setembro. A vida, essa complexa energia vital colada em pequenas unidades de matéria, apareceu logo depois.
Ao inaugurar-se a Era da Matéria, esta passou a dominar sobre a radiação. E, desde então, continuou dominando e formando sucessivamente as galáxias, as estrelas, os planetas e a vida. De todos os agregados de matéria conhecidos no Universo, as formas vivas são, certamente, as mais fascinantes, especialmente as que gozam da condição de membros de civilizações tecnologicamente avançadas. Formas de vida tecnologicamente inteligentes diferem fundamentalmente das formas inferiores de vida e de outros blocos de matéria disseminados no Universo não apenas por serem capazes de manipular a matéria, como por poderem alterar o curso da evolução.
A emergência de vida tecnologicamente inteligente na Terra, como possivelmente em outros planetas, anuncia uma era inteiramente nova – a Era da Vida (segundo Sagan, a “apenas” 3,5 bilhões de anos). O domínio de um sítio onde residem seres vivos com capacidade de incidir, através de tecnologias inteligentes sobre a evolução cósmica, permite acelerar o processo de controle e de independência da vida sobre a matéria.
Outra demonstração didática criada por Carl Sagan para ajudar-nos a entender a evolução cósmica é a da espacialização do calendário cósmico acima referido. Sagan nos pede para imaginar o tamanho do cosmos como o de um campo oficial de futebol. Ali, neste espaço imaginário, toda a história da vida humana ocuparia o tamanho correspondente ao de uma palma da mão. Toda a história da escrita ocuparia apenas os últimos segundos, do último minuto, do último dia do calendário cósmico (31 de dezembro). Os primeiros seres humanos vieram ao universo às 22h30min do dia 31 de dezembro. Portanto, 14 minutos depois de chegarem ao Universo, os seres humanos já tinham conquistado o fogo. Às 23h59min20s da noite do último dia do ano cósmico surgem a agricultura e a criação doméstica de animais. Às 23h59min35s, as comunidades agrícolas evoluem, tornando-se habitantes das primeiras cidades.
Nós, os seres humanos, aparecemos recentemente na história cósmica. Tão recentemente que nossa História ocupa somente os últimos segundos do último minuto de 31 de dezembro do calendário cósmico de Sagan. No vasto oceano que esse calendário representa, todas as nossas memórias estão confinadas num pequeno quadradinho.
Todas as pessoas de que já ouvimos falar viveram num ponto deste quadradinho. Todos os reis, todas as batalhas, as guerras, tudo que existe em livros, filmes, aconteceu nos últimos 10 segundos do calendário cósmico.

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