Para quem gosta de ler e quer conhecer minhas aventuras pela pesquisa, invenções tecnológicas e conhecimento sobre o cérebro humano e a simbiótica.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Ortobras realiza ato de doação da Cadeira de inclusão digital da Menina dos Olhos!
- Em agosto de 2012, Ana Paula Soares de Almeida sentiu uma forte
dor de cabeça. Depois de ter uma convulsão, ela ficou internada por 49 dias no
Hospital São Vicente de Paulo, em Três de Maio. A maior parte do tempo na
Unidade de Terapia Intensiva.
- Ela foi diagnosticada com uma doença
considerada rara, que é uma inflamação no tronco cerebral de origem difícil de
identificar. Ana Paula ficou com sequelas: tem movimentos limitados em todo o
corpo e precisa de ajuda para executar todas as tarefas.
- No último dia 16 de maio, Ana Paula
publicou uma carta na internet, contando a sua história e pedindo ajuda. Com
998 caracteres, o texto levou três dias para ser escrito utilizando o alfabeto
ESARIN. O recurso funciona com um cerrar de pálpebras a cada vez que lhe exibem
a letra certa em um quadro.
- Os apelos da jovem repercutiram na
internet e comoveu a comunidade de Três de Maio, motivando a criação da Missão
Ana Paula, um grupo no Facebook com mais de mil membros. Algumas postagens
chegam a ter 500 comentários e 12 mil curtidas.
Dia 06 de setembro a Ortobras realizou com presença de autoridades, de instituições de pesquisa - em partucular do Instituto do Cérebro da PUCRS e de diversos parceiros da Rede de Apoio a Ana Paula a entrega de uma cadeira postural com o KIDS de inclusão social e digital.
Para culminar a gremista Ana Paula pode tirar fotos com diversos jogadores do time de seu coração.
Coordenador em pesquisas de acessibilidade junto a Ortobras, Dr. Gilson Lima:
Dia 06 de setembro a Ortobras realizou com presença de autoridades, de instituições de pesquisa - em partucular do Instituto do Cérebro da PUCRS e de diversos parceiros da Rede de Apoio a Ana Paula a entrega de uma cadeira postural com o KIDS de inclusão social e digital.
Para culminar a gremista Ana Paula pode tirar fotos com diversos jogadores do time de seu coração.
Coordenador em pesquisas de acessibilidade junto a Ortobras, Dr. Gilson Lima:
"Essa iniciativa da Ortobras mostra o potencial do setor privado de contribuir para o desenvolvimento de tecnologias que podem gerar desenvolvimento e mudar a vida das pessoas. A inclusão não é monopólio apenas do Estado, mas os empreendedores privados tem um potencial enorme de construírem redes de cooperação em longo prazo a favor da inclusão social. E o mais importante é a preocupação de fazer isso de forma a gerar um produto com soluções simples e com sensível qualidade de atenção para pessoas como a Ana Paula".
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=519285838142149&set=a.390098507727550.85746.352684291468972&type=1
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Sanguinários
Há um ditado contado por nossos
avós. O meu bisavô era Sírio Libanês. Eles diziam: Quando um adulto vê uma
criança se afogando larga tudo e vai salvá-la. É instinto. (Peter Singer
lembrou isso nessa semana em palestra no Fronteiras do Pensamento - Porto Alegre).
Parece que o instinto sanguinário
Bashar Assad desconsidera isso. Ele realmente é terrivelmente do mal. A foto
diz tudo. Terrível. A pergunta não é apenas de retaliar ou não esses
sanguinários.
Pensem um pouco. Não se monta
arma químicas e ataques químicos sem logística. Tem produtos que foram
adquiridos, montados em bancadas; é preciso técnicos para isso; é preciso
embalar e transportar; é preciso toda uma logística específica para isso ....
Alguém também encomendou os artefatos. Alguém pagou por eles. Alguém vendeu.
Uma logística do mal deve ser desvelada e aniquilada.
domingo, 25 de agosto de 2013
A questão judaica é uma grande mentira! Banalização do mau na era tecnológica, não.
Assisti a dois filmes sobre o tema da questão judaica. Um mais ficcional: The DEBT - Traduzido como: A grande mentira e o outro mais reflexivo que assisti numa sala de cinema: Hannah Arendt que é o retrato de uma genialidade que sacudiu o mundo com sua descoberta da banalidade do mal
.
The DEBT trata de um suspense de espionagem filmado em Tel Aviv, no Reino Unido, e Budapeste. A Dívida é dirigida pelo indicado ao Oscar John Madden e o roteiro é de Matthew Vaughn, Jane Goldman e Peter Straughan.
É uma refilmagem adaptada do filme de 2007 israelense Ha-Hov [ The Debt ].
A história começa em 1997 com uma notícia chocante que atinge 3 agentes secretos aposentados.
Todos os três agentes foram venerados por décadas em Israel por causa de uma missão secreta de um sequestro por volta de 1965-1966. O resultado publico da missão era uma grande mentira. O objetivo da missão era sequestrar na Alemanha Oriental um criminoso de guerra o nazista Dieter Vogel um cirurgião cruel, assassino e torturador de Judeus -incluindo - de crianças e velhos.
Era um operação de grande risco e com um custo pessoal considerável. O suspense se constrói por dentro de dois períodos de tempos diferentes (passado e presente) com ação e revelações surpreendentes. A operação na época foi um fracasso, mas eles mentiram sobre sua finalização. O prisioneiro fugiu, mas eles criaram uma versão de que o cirurgião teria sido morto de modo heroico pela personagem de Helen Mirren.
(Focus Features e apresentação de uma produção Miramax Films).
Por 30 anos eles foram vulnerados como um rochedo que paira sobre suas cabeças o moralismo clássico do judaísmo. Tiveram que conviver com a farsa até a notícia - já aposentados - da possível descoberta de que o nazista estava vivo na Ucrânia.
A questão aqui é o problema mobilizador inquestionável por um país inteiro de uma invasão e sequestro e da dificuldade dos combatentes espiões enfrentarem a culpa de um fracasso de uma missão cujo o seu fracasso era inconcebível.
Aqui me parece que os Judeus se enredaram na confusão que os bárbaros nazista lhe infringiram.
A questão judaica, como a muçulmana, a cristã, hindu, budista é uma questão de tolerância religiosa, cultural e comportamental. Não se trata de uma falsa questão biológica, de raça.
A diversidade, a pluralidade cultural e de crenças é tradada como uma guerra contra um racismo. Isso torna a questão de INTOLERÂNCIA aqui pior do que ela já poderia ser: UM ABSURDO.
O próximo filme que assisti sobre o tema foi: HANNA ARENDT. Retrato do gênia que sacudiu o mundo com sua descoberta da banalidade do mal. Depois de participar do julgamento do nazista Adolf Eichmann em Jerusalém Hannah Arendt ousou escrever sobre o Holocausto em termos nunca antes escrito. Seu trabalho instantaneamente provocou escândalo na comunidade intelectual que
tanto a idolatravam. Arendt continuou forte em sua abordagem, mesmo sendo atacada igualmente por amigos e inimigos. Porém ao mesmo tempo em que os emigrantes judeu-alemães lutam para superar suas dolorosas associações com o passado o filme expõe a sedutora mistura de arrogância e vulnerabilidade.
Hannah Arendt revelou uma alma definida e marcada pelo exílio por questionar o senso comum intolerante e conservador.
O mais absurdo é que muitos apelam bases "científicas" e racionais para vingar e proteger ou pior ferir e até mesmo aniquilar uma raça - que não é uma raça - e sim um legítimo campo de práticas culturais e religiosas.
Ser Judeu é participar de um campo histórico, cultural e religioso de uma parte histórica da humanidade, ou seja, ser Judeu - se torna uma crença mobilizada não apenas por comportamentos de comunicações de moleculares, mas de práxis culturais e sociais.
Por mais ridículos que possa ser os argumentos biológicos a eugenia é também muito mais complexa do que essa ideologia radical e maléfica da intolerância promovida por qualquer membro "inteligente" de nossa inteligente espécie.
Porém a genialidade de Arendt é que ela toca numa questão ainda mais sutil e vital dessa barbárie. Como uma espécie tão inteligente é capaz de banalizar o mal dessa grandeza e escala e modo tão explícito?
No roteiro do filme: O Advogado do Diabo tem um diálogo do diabo comentando em voz alta sobre o porque ele consegue sempre uma brecha para entrar na alma humana: a vaidade!
Basta um pequeno elogio que o princípio da da conformidade do outro - um aplauso individual ou em coro - abra um canto, uma janela, um ponto ou uma compota imensa para sua energia maléfica entrar. É só entrar sem esforço.
Arendt mostra também uma saída: o mal não pode ser banalizado pela impessoalidade de sistemas racionais, funcionais e cada vez mais enclausurado por sistemas cibernéticos automáticos.
"Ninguém" é mais poderoso atualmente do que o SEU SISTEMA. Trata-se talvez de um poderoso "senhor" de comando invisível, tomado por seus circuitos invisíveis.
Quando nos deparamos no dia a dia com problemas quem não ouviu que a culpa e do SEU SISTEMA;.
A culpa e sempre do sistema . Um sistema onde pessoas e intencionalidades são ausentes!
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Mudar o Brasil é mais dificil que curtir no face!
O título já diz tudo. Onde está a meninada da rede? Cansaram; deletaram. Delegaram?
7 de setembro está chegando. Não está na hora de Preparar para voltarem para as ruas - quem sabe até la a chinelagem já tenha se cansado? Não há vácuo no poder para quem quer construir o novo.
Gilson Lima.
7 de setembro está chegando. Não está na hora de Preparar para voltarem para as ruas - quem sabe até la a chinelagem já tenha se cansado? Não há vácuo no poder para quem quer construir o novo.
Gilson Lima.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
GREVES POR MAIS MÉDICOS?
Quando se faz greve por que um Governo – seja qual for - está abrindo mais vagas para os médicos num país de imensas zonas carentes de atenção primária e básica, ou seja, quando está se propondo mais médicos para quem não tem quase nada em matéria de defesa da saúde é um corporativismo brasileiro doentio que mostra sua face mais egocêntrica.
Ainda bem que nem todos pensam assim e tão alinhados a seus sindicatos.É importante lembrar que a medicina é um saber prático e de alta complexidade perital (de perito), sobretudo, quando estamos falando de procedimentos invasivos como os realizados em ambiente hospitalar pelos cirurgiões que penetram precisamente com suas ferramentas cortantes em diferentes partes de nosso corpo em favor da vida.
LEMBREMOS QUE: A peritagem cirúrgica de alta complexidade é a que deve ser realizada em ambiente hospitalar (la onde as bactérias benignas - a maioria - se enclausulam e as malignas em geral estão a espreita mais do que em qualquer lugar). É nos hospitais onde a saúde está em cartarse de desespero. Os hospitais são apenas uma camada da complexidade do enfrentamento das doenças e em um grau elevado de complexidade. Estamos lá quando - em geral – já perdemos várias batalhas anteriores.
Muito do que carece a população brasileira é antes de tudo de conhecimento distribuido e democratizado com informação didática em atenção a atendimentos alternativos e preventivos em favor da saúde e não doença.
Com o avanço da indústria da saúde - inclusive- quase tudo da camada básica do saber perital -principalmente da diagnose clínica - será democratizado amplamente. Hoje procedimentos artesanais realizados por peritos serão transmutados rapidamente para aparelhos domésticos. A rede democrática de conhecimento está produzindo efeitos no mundo todo sobre saberes de média e baixa complexidade perital em defesa da saúde e prevenção da doença. Por isso estamos vivendo cada vez mais. Mais do que viveram nossos antepassados recentes, nossos bisavós, por exemplo.
No Brasil é interessante que quando se pensa em investir em MAIS SAÚDE se foca apenas no enfrentamento da doença (médicos, hospitais,..) e não no investimento em favor da saúde.
Outra coisa importante é lembrarmos que a saúde é cada vez mais realizada por uma gama heterogênea de saberes plurais que mesclam com o saber profissional.
Os profissionais da saúde também são muitos e heterogêneos e não apenas constituido de médicos - que são importantes, mas são apenas uma possibilidade dessa malha de saberes.
No entanto, muito das práticas de saúde – até mesmo de prescrição básica de remédios - são proibidas, até mesmo para farmacêuticos, quimicos e bioquimicos formados em Universidades com cursos aprovados pelo Ministério da Educação.
São tantos os profissionais da saúde. Vejamos alguns: enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, educadores físicos, assistentes sociais, educadores em geral, sociólogos clínicos e de saúde,..... a lista não para.
Muitos saberes também de suporte como: operadores de máquinas, analistas de dados e de imagens, coletadores de sangue, vacinadores, analistas de genomas, tecnólogos desenvolvedores de aplicações, protocolistas,... a lista também não para .... São tantas as práticas em favor da saúde que é um absurdo monopolizar e proteger como práticas médicas saberes que não são dotados de alta complexidade invasiva – incluindo: terapias e atividades clínicas, prescrição de fármacos,.... e essa lista também é grande.
Viva os médicos, pois a maioria deles são batalhadores em defesa da vida e abaixo ao corporativismo egocêntrico (consciente ou não) a favor da doença e da morte. O Brasil é grande e nossa carência em saúde é imensa.
Que venham os médicos nos rincões dos lares e da periferia marginalizada. Eles serão, certamente, sempre bem recebidos.
GILSON LIMA. Cientista em reabilitação, Doutor em Sociologia e pesquisador da interface: cérebro, corpo e máquina e professor.
"O que em mim sente está pensando".
BLOG http://glolima.blogspot.com/
Skype: gilsonlima_poa
Tweets: http://twitter.com/#!/glolima
Curriculum Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4797676U0
Curriculum Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4797676U0
terça-feira, 16 de julho de 2013
ANA PAULA. Ontem tive o prazer de conhecer a maravilhosa menina
dos olhos carta que escreveu com os olhos e a ajuda da mãe contando sua
história de drama e de superação. É emocionante.
GILSON LIMA. Cientista em reabilitação, pesquisador da interface: cérebro, corpo e máquina e professor. "O que em mim sente está pensando".
E-mail: gilima@gmail.com
Segue a carta que ela escreveu e colocou em seu Blog.
Meu nome é Ana Paula Soares de
Almeida. Tenho 21 anos. Escrevo esta carta para contar um pouco da minha
história…
Hoje faz 8 meses e meio que
estou sem conseguir falar e movimentar pernas e braços, sendo totalmente
dependente para me comunicar, mexer, deslocar, alimentar, vestir, calçar,
higienizar… Uso sonda nasal para a alimentação e para a administração dos
medicamentos, mas já consigo comer e beber algumas coisas pela boca.
Comunico-me através do alfabeto ESARIN, que é um quadro que minha fonoaudióloga
montou com as letras organizadas na ordem de uso mais frequente na nossa
língua. Eu olho para a letra, alguém a aponta, eu confirmo com uma piscada ou
com o movimento afirmativo de cabeça e assim vou seguindo até formar a palavra
ou a frase que quero dizer. É desta forma, com a ajuda da minha mãe, que estou
escrevendo esta carta. Já tenho controle cefálico (de cabeça) e um fraco
controle do tronco e movimento levemente os ombros e alguns dedos das mãos.
Compreendo, sinto e lembro tudo. Minha vida se resume a um quarto, da cama para
a cadeira de rodas e vice-versa. Passo meu tempo assistindo à televisão, lendo,
recebendo visitas e fazendo os tratamentos e os exercícios que minhas
terapeutas indicam. Faço tratamento fisioterápico, fonoaudiológico e
psicológico em casa e semanalmente vou ao Centro de Reabilitação de Giruá, uma
cidade que dista cerca de 50 km da minha cidade, Três de Maio, também para
estes mesmos tratamentos, além de acompanhamento nutricional e terapêutico
ocupacional. Realizo, ainda, acompanhamento neurológico regular. Alguns destes
tratamentos são gratuitos, ou seja, fornecidos via Secretaria de Saúde, e
outros são particulares, custeados pela minha família, com auxílio de doações
que recebemos por meio de rifas ou outras formas de arrecadação promovidas por
amigos, comunidades, clubes de serviço, empresas…
Tudo isso começou com uma dor
de cabeça muito forte e acompanhada de tontura e náusea. Entre a noite do dia
31 de agosto de 2012 e o final da tarde do dia primeiro de setembro, fui 3
vezes ao plantão do hospital. Meus pais contam que eu mal conseguia caminhar,
eles praticamente me carregavam, eu estava com dificuldade de coordenação
motora, minha fala não era conclusiva, eu ria muito e sem motivo e até perdi o
controle de esfíncteres. Nas 3 vezes fui atendida por médicos diferentes, que
sabiam, obviamente, que eu já havia estado ali. Era medicada e mandada de volta
para casa. Diagnosticavam-me, entre outras coisas, com crise de ansiedade,
labirintite e mal estar decorrente de algum alimento que pudesse não ter me
feito bem. Na terceira vez, antes de sair do hospital, convulsionei e fui parar
na UTI. Fiquei dois dias em coma, fui entubada e fiz traqueostomia. Foram 35
dias na UTI e mais 14 em leito comum. Passei muito mal, mas, ao contrário
do que muitos pensavam e até diziam, talvez imaginando que eu não entendesse,
melhorei e pude vir para casa. Meu provável diagnóstico é Romboencefalite
Criptogênica. Segundo os médicos que já me avaliaram é uma doença bastante rara
e pouco conhecida. Como eu gostaria de ter um diagnóstico mais preciso, uma
certeza… Existe algum tratamento diferente para eu me recuperar? Onde? Quando?
Como? Pra mim é bem difícil estar passando por isso. Há dias em que estou até
bem, só que em outros eu choro muito.
Sempre fui falante,
comunicativa, determinada e, segundo os que me conhecem, prestativa. Já superei
outros problemas de saúde, dentre os quais meningite viral aos 3 meses, fratura
de braço aos 11 anos e gripe A aos 17. E este também quero superar. Sou
Companheira Leo (Leo Clube) desde 2009 e adoro este clube de serviço. Gosto de
ler, de escrever (pretendo escrever um livro para contar minha história em
detalhes), de assistir filmes, de internet e da cor verde. Hahaha (risos)!
Tenho um blog em que estou contando minha história, que se chama A Vida Numa
Cadeira. Cursei um semestre de Sistemas de Informação na faculdade aqui da
minha cidade. Fiz a prova do ENEM e, com ela, consegui vaga para a graduação em
Comércio Exterior, porém não pude iniciar as aulas por causa da doença.
Trabalhei em um mercado no setor de frios e ultimamente era atendente em uma
empresa do ramo de computadores.
Meus pais se chamam Marli e
Aldair. Tenho dois irmãos: Maikel, de 27 anos, e Cristian, de 24. O Cristian
mora com a companheira e o filhinho deles, que nasceu em março deste ano. É meu
afilhado. Meu irmão Maikel é especial. Ele tem uma lesão cerebral congênita chamada
paralisia cerebral ou encefalopatia estática. Por esta razão, ele apresenta
epilepsia, deficiência intelectual, comprometimentos motores, distúrbios de
fala e alterações comportamentais, exigindo supervisão constante. Ele já
iniciou seus tratamentos logo após o nascimento e desde os 8 anos,
aproximadamente, frequenta a APAE. Minha mãe já enfrentou grandes dificuldades
para suprir as necessidades do Maikel. Ela chegou a vender suas próprias roupas
para pagar consultas e medicamentos. Quando ele tinha quase 3 anos de idade,
minha mãe e meu pai começaram seu relacionamento. A história dos meus pais está
fortemente ligada a alimentos. Explicando… Eles inicialmente foram
proprietários de uma churrascaria, que infelizmente faliu. Da venda da
churrascaria sobraram em torno de R$ 100,00, que foram investidos na compra de
mercadorias para a produção de pizzas, por sugestão de uma amiga da família.
Minha mãe sempre foi boa na cozinha e meu pai nas vendas. Ela chegou até a ser
professora de cursos profissionalizantes de culinária do SENAC. E eu, sua
assistente. O cardápio de pratos congelados foi ampliado aos poucos, até ser
substituído unicamente pela produção de salgadinhos. Mas foi em 2003 que os
salgados deram lugar aos doces. E esta é até hoje a fonte de renda da minha
família. Os doces da minha mãe são maravilhosos! Meu pai auxilia na compra dos
ingredientes e materiais, na embalagem e na distribuição dos doces. Eu atuava
na embalagem e na degustação. Hahaha (risos)! Com a minha doença, a produção
precisou diminuir muito, pois meus pais dispensam a maior parte do tempo aos
cuidados comigo e, claro, ao Maikel, à casa e a todas as demais necessidades
comuns que já existiam anteriormente. Eles fazem isso com muito amor e carinho.
São maravilhosos e guerreiros. Já passaram por vários momentos complicados. Já
tiveram um Natal com R$ 3,00 na carteira, já moraram por 6 meses em um quarto
comigo e meus irmãos, já nos fizeram uma “festa” de dia das crianças com uma
lata de leite condensado, já superaram um infarto do meu pai…
Nós moramos no 2º andar de um
prédio inacabado. Este prédio começou a ser construído pela minha avó paterna,
dona Marina, já falecida, e apresenta pendências de inventário. Ela tinha a
intenção de que no 1º andar funcionasse a churrascaria e no 2º houvesse dois
apartamentos. Meus pais, com muito esforço, finalizaram um dos apartamentos
para se tornar o nosso lar. O acesso ao apartamento é bem difícil. É feito por
uma estreita calçada lateral de tijolos e sem cobertura ou por dentro do 1º
andar, onde há pedras soltas no chão. Em seguida há uma escada, também sem
cobertura, bem inclinada e mal construída, com 17 degraus de alturas e larguras
diferentes. Com a cadeira de rodas é um sacrifício! Meus pais sempre precisam
pedir ajuda a algum vizinho, amigo ou mesmo funcionário do mercado em frente ao
prédio quando precisam sair comigo.
Esta é basicamente a minha
vida no momento. Escrevo para divulgar a história no intuito de buscar ajuda,
seja em relação a novidades no tratamento ou a qualquer outro aspecto que possa
facilitar a nossa rotina. Gostaria que meus pais pudessem voltar a trabalhar e
que eu recuperasse minhas habilidades perdidas.
Sou grata desde já pela
atenção.
Três de Maio/RS, 16 de maio de
2013.
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