terça-feira, 24 de setembro de 2013

Participação em Painel no ILEA - Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados => Evolução e Humanismo

UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

ILEA - Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados 

Ciclo de estudos avançados em ciências e humanidades!


Tema: EVOLUÇÃO E HUMANISMO!


MESA: 

Dr. Gilson Lima

Dr. Aldo Mellender de Araújo

Dr. Francisco Mauro Salzano.


Dia: 26/09/2013 

Próxima quinta feira

HORÁRIO: 14:00 Hs às 16:00 hs

ENDEREÇO: Campus do Vale - Av. Bento Gonçalves, 9.500.

 Informações e inscrições pelo 51 3308.6941 ou pelo ilea@ilea.ufrgs.br.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ortobras realiza ato de doação da Cadeira de inclusão digital da Menina dos Olhos!


 Entenda o caso
Dr. Gilson Lima. Cientista, pesquisador em reabilitação. 

- Em agosto de 2012, Ana Paula Soares de Almeida sentiu uma forte dor de cabeça. Depois de ter uma convulsão, ela ficou internada por 49 dias no Hospital São Vicente de Paulo, em Três de Maio. A maior parte do tempo na Unidade de Terapia Intensiva.
- Ela foi diagnosticada com uma doença considerada rara, que é uma inflamação no tronco cerebral de origem difícil de identificar. Ana Paula ficou com sequelas: tem movimentos limitados em todo o corpo e precisa de ajuda para executar todas as tarefas.
- No último dia 16 de maio, Ana Paula publicou uma carta na internet, contando a sua história e pedindo ajuda. Com 998 caracteres, o texto levou três dias para ser escrito utilizando o alfabeto ESARIN. O recurso funciona com um cerrar de pálpebras a cada vez que lhe exibem a letra certa em um quadro.
- Os apelos da jovem repercutiram na internet e comoveu a comunidade de Três de Maio, motivando a criação da Missão Ana Paula, um grupo no Facebook com mais de mil membros. Algumas postagens chegam a ter 500 comentários e 12 mil curtidas.
Dia 06 de setembro a Ortobras realizou com presença de autoridades, de instituições de pesquisa - em partucular do Instituto do Cérebro da PUCRS e de diversos parceiros da Rede de Apoio a Ana Paula a entrega de uma cadeira postural com o KIDS de inclusão social e digital.
Para culminar a gremista Ana Paula pode tirar fotos com diversos jogadores do time de seu coração. 
Coordenador em pesquisas de acessibilidade junto a Ortobras, Dr. Gilson Lima:  

"Essa iniciativa da Ortobras mostra o potencial do setor privado de contribuir para o desenvolvimento de tecnologias que podem gerar desenvolvimento e mudar a vida das pessoas. A inclusão não é monopólio apenas do Estado, mas os empreendedores privados tem um potencial enorme de construírem redes de cooperação em longo prazo a favor da inclusão social. E o mais importante é a preocupação de fazer isso de forma a gerar um produto com soluções simples e com sensível qualidade de  atenção para pessoas como a Ana Paula".
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=519285838142149&set=a.390098507727550.85746.352684291468972&type=1



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sanguinários

Há um ditado contado por nossos avós. O meu bisavô era Sírio Libanês. Eles diziam: Quando um adulto vê uma criança se afogando larga tudo e vai salvá-la. É instinto. (Peter Singer lembrou isso nessa semana em palestra no Fronteiras do Pensamento - Porto Alegre).
Parece que o instinto sanguinário Bashar Assad desconsidera isso. Ele realmente é terrivelmente do mal. A foto diz tudo. Terrível. A pergunta não é apenas de retaliar ou não esses sanguinários.

Pensem um pouco. Não se monta arma químicas e ataques químicos sem logística. Tem produtos que foram adquiridos, montados em bancadas; é preciso técnicos para isso; é preciso embalar e transportar; é preciso toda uma logística específica para isso .... Alguém também encomendou os artefatos. Alguém pagou por eles. Alguém vendeu. Uma logística do mal deve ser desvelada e aniquilada.

domingo, 25 de agosto de 2013

A questão judaica é uma grande mentira! Banalização do mau na era tecnológica, não.

Assisti a dois filmes sobre o tema da questão judaica. Um mais ficcional:  The DEBT - Traduzido como: A grande mentira e o outro mais reflexivo que assisti numa sala de cinema: Hannah Arendt que é o retrato de uma genialidade que sacudiu o mundo com sua descoberta da banalidade do mal
.
The DEBT trata de um suspense de espionagem filmado em Tel Aviv, no Reino Unido, e Budapeste. A Dívida é dirigida pelo indicado ao Oscar John Madden e o roteiro é de Matthew Vaughn, Jane Goldman e Peter Straughan.
É uma refilmagem adaptada do filme de 2007 israelense Ha-Hov [ The Debt ].
A história começa em 1997 com uma notícia chocante que atinge 3 agentes secretos aposentados.
Todos os três agentes foram venerados por décadas em Israel por causa de uma missão secreta de um sequestro por volta de 1965-1966. O resultado publico da  missão era uma grande mentira. O objetivo da missão era sequestrar na Alemanha Oriental um criminoso de guerra o nazista Dieter Vogel um cirurgião cruel, assassino e torturador de Judeus -incluindo - de crianças e velhos.
Era um operação de grande risco e com um custo pessoal considerável. O suspense se constrói por dentro de dois períodos de tempos diferentes (passado e presente) com ação e revelações surpreendentes. A operação na época foi um fracasso, mas eles mentiram sobre sua finalização. O prisioneiro fugiu, mas eles criaram uma versão de que o cirurgião teria sido morto de modo heroico pela personagem de Helen Mirren.
 (Focus Features e apresentação de uma produção Miramax Films).

Por 30 anos eles foram vulnerados como um rochedo que paira sobre suas cabeças o moralismo clássico do judaísmo. Tiveram que conviver com a farsa até a notícia - já aposentados - da possível descoberta de que o nazista estava vivo na Ucrânia.
A questão aqui é o problema mobilizador inquestionável por um país inteiro de uma invasão e sequestro e da dificuldade dos combatentes espiões enfrentarem a culpa de um fracasso de uma missão cujo o seu fracasso era inconcebível.
Aqui me parece que os Judeus se enredaram na confusão que os bárbaros nazista lhe infringiram.
A questão judaica, como a muçulmana, a cristã, hindu, budista é uma questão de tolerância religiosa, cultural e comportamental. Não se trata de uma falsa questão biológica,  de raça.
A diversidade, a pluralidade cultural e de crenças é tradada como uma guerra contra um racismo. Isso torna a questão de INTOLERÂNCIA aqui pior do que ela já poderia ser: UM ABSURDO.

O próximo filme que assisti sobre o tema foi:  HANNA ARENDT. Retrato do gênia que sacudiu o mundo com sua descoberta da banalidade do mal. Depois de participar do julgamento do nazista Adolf Eichmann em Jerusalém Hannah Arendt ousou escrever sobre o Holocausto em termos nunca antes escrito. Seu trabalho instantaneamente provocou escândalo na comunidade intelectual que
tanto a idolatravam.  Arendt continuou forte em sua abordagem,  mesmo sendo atacada igualmente por amigos e inimigos. Porém ao mesmo tempo em que os emigrantes judeu-alemães lutam para superar suas dolorosas associações com o passado o filme expõe a sedutora mistura de arrogância e vulnerabilidade.
 Hannah Arendt revelou  uma alma definida e marcada pelo exílio por questionar o senso comum intolerante e conservador.
O mais absurdo é que muitos apelam bases "científicas" e racionais para vingar e proteger ou pior ferir e até mesmo aniquilar uma raça - que não é uma raça  - e sim um legítimo campo de práticas culturais e religiosas.

Ser Judeu é participar de um campo histórico, cultural e religioso de uma parte histórica da humanidade, ou seja,  ser Judeu - se torna uma crença mobilizada não apenas por comportamentos de  comunicações de moleculares, mas de práxis culturais e sociais.

 Por mais ridículos que possa ser os argumentos biológicos a eugenia é também muito mais complexa do que essa ideologia radical e maléfica da  intolerância promovida por qualquer membro "inteligente" de nossa inteligente espécie. 
Porém a genialidade de Arendt é que ela toca numa questão ainda mais sutil e vital dessa barbárie. Como uma espécie tão inteligente é capaz de banalizar o mal dessa grandeza e escala e modo tão explícito?
No roteiro do filme: O Advogado do Diabo tem um diálogo do diabo comentando em voz alta sobre o porque ele consegue sempre uma brecha para entrar na alma humana: a vaidade!
Basta um pequeno elogio que o princípio da da conformidade do outro - um aplauso individual ou em coro - abra um canto, uma janela, um ponto ou uma compota imensa para sua energia maléfica entrar. É só entrar sem esforço. 
Arendt mostra também uma saída: o mal não pode ser banalizado pela impessoalidade de sistemas racionais, funcionais e cada vez mais enclausurado por sistemas  cibernéticos automáticos.
"Ninguém" é mais poderoso atualmente do que o SEU SISTEMA. Trata-se talvez de um poderoso "senhor" de comando invisível,  tomado por seus circuitos invisíveis. 
Quando nos deparamos no dia a dia com problemas quem não ouviu que a culpa e do SEU SISTEMA;.
A culpa e sempre do sistema . Um sistema onde pessoas e intencionalidades são ausentes! 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mudar o Brasil é mais dificil que curtir no face!

O título já diz tudo. Onde está a meninada da rede? Cansaram;  deletaram. Delegaram?
7 de setembro está chegando. Não está na hora de Preparar para voltarem para as ruas - quem sabe até la a chinelagem já tenha se cansado? Não há vácuo no poder para quem quer construir o novo.
Gilson Lima.  

quarta-feira, 31 de julho de 2013

GREVES POR MAIS MÉDICOS?

Quando se faz greve por que um Governo – seja qual for - está abrindo mais vagas para os médicos num país de imensas zonas carentes de atenção primária e básica, ou seja, quando está se propondo mais médicos para quem não tem quase nada em matéria de defesa da saúde é um corporativismo brasileiro doentio que mostra sua face mais egocêntrica.
Ainda bem que nem todos pensam assim e tão alinhados a seus sindicatos.
É importante lembrar que a medicina é um saber prático e de alta complexidade perital (de perito), sobretudo, quando estamos falando de procedimentos invasivos como os realizados em ambiente hospitalar pelos cirurgiões que penetram precisamente com suas ferramentas cortantes em diferentes partes de nosso corpo em favor da vida.

LEMBREMOS QUE: A peritagem cirúrgica de alta complexidade é a que deve ser realizada em ambiente hospitalar (la onde as bactérias benignas - a maioria - se enclausulam e as malignas em geral estão a espreita  mais do que em qualquer lugar). É nos hospitais onde a saúde está em cartarse de desespero. Os hospitais são apenas uma camada da complexidade do enfrentamento das doenças e em um grau elevado de complexidade. Estamos lá quando - em geral – já perdemos várias batalhas anteriores.
Muito do que carece a população brasileira é antes de tudo de conhecimento distribuido e democratizado com informação didática em atenção a atendimentos alternativos e preventivos em favor da saúde e não doença.
Com o avanço da indústria da saúde - inclusive- quase tudo da camada básica do saber perital -principalmente da diagnose clínica - será democratizado amplamente. Hoje procedimentos artesanais realizados por peritos serão transmutados rapidamente para aparelhos domésticos. A rede democrática de conhecimento está produzindo efeitos no mundo todo sobre saberes de média e baixa complexidade perital em defesa da saúde e prevenção da doença. Por isso estamos vivendo cada vez mais. Mais do que viveram nossos antepassados recentes, nossos bisavós, por exemplo.
No Brasil é interessante que quando se pensa em investir em MAIS SAÚDE se foca apenas no enfrentamento da doença (médicos, hospitais,..) e não no investimento em favor da saúde.
Outra coisa importante é lembrarmos que a saúde é cada vez mais realizada por uma gama heterogênea de saberes plurais que mesclam com o saber profissional.
Os profissionais da saúde também são muitos e heterogêneos e não apenas constituido de médicos - que são importantes, mas são apenas uma possibilidade dessa malha de saberes.
No entanto, muito das práticas de saúde – até mesmo de prescrição básica de remédios - são proibidas, até mesmo para farmacêuticos, quimicos e bioquimicos formados em Universidades com cursos aprovados pelo Ministério da Educação.
São tantos os profissionais da saúde. Vejamos alguns: enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, educadores físicos, assistentes sociais, educadores em geral, sociólogos clínicos e de saúde,..... a lista não para.
Muitos saberes também de suporte como: operadores de máquinas, analistas de dados e de imagens, coletadores de sangue, vacinadores, analistas de genomas, tecnólogos desenvolvedores de aplicações, protocolistas,... a lista também não para .... São tantas as práticas em favor da saúde que é um absurdo monopolizar e proteger como práticas médicas saberes que não são dotados de alta complexidade invasiva – incluindo: terapias e atividades clínicas, prescrição de fármacos,.... e essa lista também é grande.
Viva os médicos, pois a maioria deles são batalhadores em defesa da vida e abaixo ao corporativismo egocêntrico (consciente ou não) a favor da doença e da morte. O Brasil é grande e nossa carência em saúde é imensa.
Que venham os médicos nos rincões dos lares e da periferia marginalizada. Eles serão, certamente, sempre bem recebidos.

GILSON LIMA. Cientista em reabilitação, Doutor em Sociologia e pesquisador da interface: cérebro, corpo e máquina e professor.
"O que em mim sente está pensando". 
BLOG http://glolima.blogspot.com/
Skype: gilsonlima_poa

Tweets: http://twitter.com/#!/glolima
Curriculum Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4797676U0

terça-feira, 16 de julho de 2013

ANA PAULA. Ontem tive o prazer de conhecer a maravilhosa menina dos olhos carta que escreveu com os olhos e a ajuda da mãe contando sua história de drama e de superação. É emocionante.

GILSON LIMA. Cientista em reabilitação, pesquisador da interface: cérebro, corpo e máquina e professor. "O que em mim sente está pensando".
E-mail: gilima@gmail.com

Segue a carta que ela escreveu e colocou em seu Blog.

Meu nome é Ana Paula Soares de Almeida. Tenho 21 anos. Escrevo esta carta para contar um pouco da minha história…


Hoje faz 8 meses e meio que estou sem conseguir falar e movimentar pernas e braços, sendo totalmente dependente para me comunicar, mexer, deslocar, alimentar, vestir, calçar, higienizar… Uso sonda nasal para a alimentação e para a administração dos medicamentos, mas já consigo comer e beber algumas coisas pela boca. Comunico-me através do alfabeto ESARIN, que é um quadro que minha fonoaudióloga montou com as letras organizadas na ordem de uso mais frequente na nossa língua. Eu olho para a letra, alguém a aponta, eu confirmo com uma piscada ou com o movimento afirmativo de cabeça e assim vou seguindo até formar a palavra ou a frase que quero dizer. É desta forma, com a ajuda da minha mãe, que estou escrevendo esta carta. Já tenho controle cefálico (de cabeça) e um fraco controle do tronco e movimento levemente os ombros e alguns dedos das mãos. Compreendo, sinto e lembro tudo. Minha vida se resume a um quarto, da cama para a cadeira de rodas e vice-versa. Passo meu tempo assistindo à televisão, lendo, recebendo visitas e fazendo os tratamentos e os exercícios que minhas terapeutas indicam. Faço tratamento fisioterápico, fonoaudiológico e psicológico em casa e semanalmente vou ao Centro de Reabilitação de Giruá, uma cidade que dista cerca de 50 km da minha cidade, Três de Maio, também para estes mesmos tratamentos, além de acompanhamento nutricional e terapêutico ocupacional. Realizo, ainda, acompanhamento neurológico regular. Alguns destes tratamentos são gratuitos, ou seja, fornecidos via Secretaria de Saúde, e outros são particulares, custeados pela minha família, com auxílio de doações que recebemos por meio de rifas ou outras formas de arrecadação promovidas por amigos, comunidades, clubes de serviço, empresas…

Tudo isso começou com uma dor de cabeça muito forte e acompanhada de tontura e náusea. Entre a noite do dia 31 de agosto de 2012 e o final da tarde do dia primeiro de setembro, fui 3 vezes ao plantão do hospital. Meus pais contam que eu mal conseguia caminhar, eles praticamente me carregavam, eu estava com dificuldade de coordenação motora, minha fala não era conclusiva, eu ria muito e sem motivo e até perdi o controle de esfíncteres. Nas 3 vezes fui atendida por médicos diferentes, que sabiam, obviamente, que eu já havia estado ali. Era medicada e mandada de volta para casa. Diagnosticavam-me, entre outras coisas, com crise de ansiedade, labirintite e mal estar decorrente de algum alimento que pudesse não ter me feito bem. Na terceira vez, antes de sair do hospital, convulsionei e fui parar na UTI. Fiquei dois dias em coma, fui entubada e fiz traqueostomia. Foram 35 dias na UTI e mais 14 em leito comum. Passei muito mal, mas, ao contrário do que muitos pensavam e até diziam, talvez imaginando que eu não entendesse, melhorei e pude vir para casa. Meu provável diagnóstico é Romboencefalite Criptogênica. Segundo os médicos que já me avaliaram é uma doença bastante rara e pouco conhecida. Como eu gostaria de ter um diagnóstico mais preciso, uma certeza… Existe algum tratamento diferente para eu me recuperar? Onde? Quando? Como? Pra mim é bem difícil estar passando por isso. Há dias em que estou até bem, só que em outros eu choro muito.

Sempre fui falante, comunicativa, determinada e, segundo os que me conhecem, prestativa. Já superei outros problemas de saúde, dentre os quais meningite viral aos 3 meses, fratura de braço aos 11 anos e gripe A aos 17. E este também quero superar. Sou Companheira Leo (Leo Clube) desde 2009 e adoro este clube de serviço. Gosto de ler, de escrever (pretendo escrever um livro para contar minha história em detalhes), de assistir filmes, de internet e da cor verde. Hahaha (risos)! Tenho um blog em que estou contando minha história, que se chama A Vida Numa Cadeira. Cursei um semestre de Sistemas de Informação na faculdade aqui da minha cidade. Fiz a prova do ENEM e, com ela, consegui vaga para a graduação em Comércio Exterior, porém não pude iniciar as aulas por causa da doença. Trabalhei em um mercado no setor de frios e ultimamente era atendente em uma empresa do ramo de computadores.

Meus pais se chamam Marli e Aldair. Tenho dois irmãos: Maikel, de 27 anos, e Cristian, de 24. O Cristian mora com a companheira e o filhinho deles, que nasceu em março deste ano. É meu afilhado. Meu irmão Maikel é especial. Ele tem uma lesão cerebral congênita chamada paralisia cerebral ou encefalopatia estática. Por esta razão, ele apresenta epilepsia, deficiência intelectual, comprometimentos motores, distúrbios de fala e alterações comportamentais, exigindo supervisão constante. Ele já iniciou seus tratamentos logo após o nascimento e desde os 8 anos, aproximadamente, frequenta a APAE. Minha mãe já enfrentou grandes dificuldades para suprir as necessidades do Maikel. Ela chegou a vender suas próprias roupas para pagar consultas e medicamentos. Quando ele tinha quase 3 anos de idade, minha mãe e meu pai começaram seu relacionamento. A história dos meus pais está fortemente ligada a alimentos. Explicando… Eles inicialmente foram proprietários de uma churrascaria, que infelizmente faliu. Da venda da churrascaria sobraram em torno de R$ 100,00, que foram investidos na compra de mercadorias para a produção de pizzas, por sugestão de uma amiga da família. Minha mãe sempre foi boa na cozinha e meu pai nas vendas. Ela chegou até a ser professora de cursos profissionalizantes de culinária do SENAC. E eu, sua assistente. O cardápio de pratos congelados foi ampliado aos poucos, até ser substituído unicamente pela produção de salgadinhos. Mas foi em 2003 que os salgados deram lugar aos doces. E esta é até hoje a fonte de renda da minha família. Os doces da minha mãe são maravilhosos! Meu pai auxilia na compra dos ingredientes e materiais, na embalagem e na distribuição dos doces. Eu atuava na embalagem e na degustação. Hahaha (risos)! Com a minha doença, a produção precisou diminuir muito, pois meus pais dispensam a maior parte do tempo aos cuidados comigo e, claro, ao Maikel, à casa e a todas as demais necessidades comuns que já existiam anteriormente. Eles fazem isso com muito amor e carinho. São maravilhosos e guerreiros. Já passaram por vários momentos complicados. Já tiveram um Natal com R$ 3,00 na carteira, já moraram por 6 meses em um quarto comigo e meus irmãos, já nos fizeram uma “festa” de dia das crianças com uma lata de leite condensado, já superaram um infarto do meu pai…

Nós moramos no 2º andar de um prédio inacabado. Este prédio começou a ser construído pela minha avó paterna, dona Marina, já falecida, e apresenta pendências de inventário. Ela tinha a intenção de que no 1º andar funcionasse a churrascaria e no 2º houvesse dois apartamentos. Meus pais, com muito esforço, finalizaram um dos apartamentos para se tornar o nosso lar. O acesso ao apartamento é bem difícil. É feito por uma estreita calçada lateral de tijolos e sem cobertura ou por dentro do 1º andar, onde há pedras soltas no chão. Em seguida há uma escada, também sem cobertura, bem inclinada e mal construída, com 17 degraus de alturas e larguras diferentes. Com a cadeira de rodas é um sacrifício! Meus pais sempre precisam pedir ajuda a algum vizinho, amigo ou mesmo funcionário do mercado em frente ao prédio quando precisam sair comigo.

Esta é basicamente a minha vida no momento. Escrevo para divulgar a história no intuito de buscar ajuda, seja em relação a novidades no tratamento ou a qualquer outro aspecto que possa facilitar a nossa rotina. Gostaria que meus pais pudessem voltar a trabalhar e que eu recuperasse minhas habilidades perdidas.

Sou grata desde já pela atenção.

 Ana Paula Soares de Almeida

Três de Maio/RS, 16 de maio de 2013.