quarta-feira, 31 de julho de 2013

GREVES POR MAIS MÉDICOS?

Quando se faz greve por que um Governo – seja qual for - está abrindo mais vagas para os médicos num país de imensas zonas carentes de atenção primária e básica, ou seja, quando está se propondo mais médicos para quem não tem quase nada em matéria de defesa da saúde é um corporativismo brasileiro doentio que mostra sua face mais egocêntrica.
Ainda bem que nem todos pensam assim e tão alinhados a seus sindicatos.
É importante lembrar que a medicina é um saber prático e de alta complexidade perital (de perito), sobretudo, quando estamos falando de procedimentos invasivos como os realizados em ambiente hospitalar pelos cirurgiões que penetram precisamente com suas ferramentas cortantes em diferentes partes de nosso corpo em favor da vida.

LEMBREMOS QUE: A peritagem cirúrgica de alta complexidade é a que deve ser realizada em ambiente hospitalar (la onde as bactérias benignas - a maioria - se enclausulam e as malignas em geral estão a espreita  mais do que em qualquer lugar). É nos hospitais onde a saúde está em cartarse de desespero. Os hospitais são apenas uma camada da complexidade do enfrentamento das doenças e em um grau elevado de complexidade. Estamos lá quando - em geral – já perdemos várias batalhas anteriores.
Muito do que carece a população brasileira é antes de tudo de conhecimento distribuido e democratizado com informação didática em atenção a atendimentos alternativos e preventivos em favor da saúde e não doença.
Com o avanço da indústria da saúde - inclusive- quase tudo da camada básica do saber perital -principalmente da diagnose clínica - será democratizado amplamente. Hoje procedimentos artesanais realizados por peritos serão transmutados rapidamente para aparelhos domésticos. A rede democrática de conhecimento está produzindo efeitos no mundo todo sobre saberes de média e baixa complexidade perital em defesa da saúde e prevenção da doença. Por isso estamos vivendo cada vez mais. Mais do que viveram nossos antepassados recentes, nossos bisavós, por exemplo.
No Brasil é interessante que quando se pensa em investir em MAIS SAÚDE se foca apenas no enfrentamento da doença (médicos, hospitais,..) e não no investimento em favor da saúde.
Outra coisa importante é lembrarmos que a saúde é cada vez mais realizada por uma gama heterogênea de saberes plurais que mesclam com o saber profissional.
Os profissionais da saúde também são muitos e heterogêneos e não apenas constituido de médicos - que são importantes, mas são apenas uma possibilidade dessa malha de saberes.
No entanto, muito das práticas de saúde – até mesmo de prescrição básica de remédios - são proibidas, até mesmo para farmacêuticos, quimicos e bioquimicos formados em Universidades com cursos aprovados pelo Ministério da Educação.
São tantos os profissionais da saúde. Vejamos alguns: enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, educadores físicos, assistentes sociais, educadores em geral, sociólogos clínicos e de saúde,..... a lista não para.
Muitos saberes também de suporte como: operadores de máquinas, analistas de dados e de imagens, coletadores de sangue, vacinadores, analistas de genomas, tecnólogos desenvolvedores de aplicações, protocolistas,... a lista também não para .... São tantas as práticas em favor da saúde que é um absurdo monopolizar e proteger como práticas médicas saberes que não são dotados de alta complexidade invasiva – incluindo: terapias e atividades clínicas, prescrição de fármacos,.... e essa lista também é grande.
Viva os médicos, pois a maioria deles são batalhadores em defesa da vida e abaixo ao corporativismo egocêntrico (consciente ou não) a favor da doença e da morte. O Brasil é grande e nossa carência em saúde é imensa.
Que venham os médicos nos rincões dos lares e da periferia marginalizada. Eles serão, certamente, sempre bem recebidos.

GILSON LIMA. Cientista em reabilitação, Doutor em Sociologia e pesquisador da interface: cérebro, corpo e máquina e professor.
"O que em mim sente está pensando". 
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