ADVERTÊNCIA
1. Por se tratar de um
protocolo me preocupei mais com a narrativa do trabalho do que com as citações
de obras e autores dos quais de um ou outro modo me inspiraram. De outro lado,
sempre que pude e me ocorreu a lembrança de sua influência tentei citá-los,
entretanto, certamente poderá ser encontrado aqui acolá alguma passagem de que
fiquei devendo a alguma obra ou ator e que não foi citada;
2. Por se tratar também de um
protocolo não foi especificado o item bibliografia no final do trabalho,
entretanto, as citações seguem as regras científicas e as obras utilizadas
podem ser devidamente encontradas nas notas de rodapé.
3. É importante alertar que
falta a este trabalho uma boa revisão final, pois se trata de um rascunho.
FICHA TÉCNICA
Produção: South Side Amusement Company
Estúdio:
Warner Bros – A Time Warner Entertainment Company.
Um filme de: Robert Zemeckis
Principais
atores: Jodie Foster no papel da doutora Ellie Arroway. Matthew McConaughey no
papel do teólogo Palmer Joss.
Roteiro: James V. Hart e Michael Goldenberg
Música: Alan Silvestri
Editado por: Arthur Schmidt
Desenhista de Produção: Edward Verreaux
Diretor de fotografia: Don Burgess
Co-produtores: Carl Sagan e Ann Druyan
Produção Executiva: Joan Bradschaw e Lynda Obst
Baseado na história de: Carl Sagan e Ann Druyan
Baseado no Romance de Carl Sagan
Produzido por Robert Zemeckis e Steve Starrey
Dirigido
por: Robert Zemeckis
1 – A VOCAÇÃO CINETÍFICA EM BUSCA DE MUNDOS
ALÉM DO ESPAÇO TEMPO.
“Quero
saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado nesse ou naquele
fenômeno. Quero saber Seus pensamentos, o resto são detalhes”.
Albert Einstein
1.1 - O cientista em formação uma comparação com
carpas e laguinho.
Ellie
Arroway era uma garota muito curiosa. Como tendo uma característica muito comum
aos cientistas: a persistência e obstinação . O filme mostra ela acionando um
rádio depois de múltiplas tentativas visando estabelecer contatos o mais
distante possível – uma espécie de competição que ela e seu pai faziam. Isso
demonstra que o ambiente é fundamental para a formação do cientistas, os
estímulos das pessoas mais queridas, no caso o pai dela, acesso a equipamentos,
bibliotecas e discussões intelectuais, etc. Após muitas insistências a pequena
Eliie consegue conectar com alguém a quase 2.000 quilômetros de distância. Seu
pai a incentiva, e ao tentar de novo fracassa e diz: “vamos precisar de uma
antena maior”.
Em
seguida, o filme mostra a crescida Dra Arroway (Judie Foster) diante de um
projeto SETI (que procura vida inteligente extra-terrestre) em alguns poderosos
radioscópios suportados por computação.
Vejamos uma comparação, agora com um físico Michio Kaku, que em sua obra “Hiperespaço”[1] nos conta dois episódios da sua infância que enriqueceu enormemente sua compreensão do mundo e o colocou a caminho do que faria dele mais tarde um físico teórico.
Lembra ele de que seus pais o levavam às vezes para visitar o famoso Jardim do Chá japonês em San Francisco. Uma das suas lembranças mais felizes da infância é a de ficar agachado junto ao laguinho, mesmerizado[2] pelas carpas de colorido brilhante que nadavam lentamente por sob os nenúfares[3].
Naqueles momentos tranqüilos, sentia-se livre para deixar sua imaginação
vagar; podia se fazer até mesmo perguntas bobas que só poderiam ocorrer a uma
criança, como, de que modo as carpas naquele laguinho viam o mundo à sua volta?
E ele pensava, que mundo estranho deve ser o delas!
Vivendo suas vidas inteiras naquele tanque raso, as carpas deviam acreditar
que seu “universo” consistia em água turva e nenúfares. Passando a maior parte
de seu tempo à procura de alimento no fundo do tanque, elas mal deviam ter
noção de que poderia existir um mundo estranho acima da superfície. A natureza
do nosso mundo estava acima da sua compreensão. Eu ficava intrigado por poder
me postar a apenas poucos centímetros das carpas, e estar contudo separado
delas por um imenso abismo. As carpas e eu vivíamos nossas vidas em dois
universos distintos, sem nunca penetrarmos o mundo um do outro, e no entanto
separados apenas pela mais fina das barreiras, a superfície da água.
Certa vez ele disse que imaginou que podia haver carpas “cientistas”
vivendo entre os peixes. Provavelmente, pensou, elas zombariam de qualquer
peixe que sugerisse a possível existência de um mundo paralelo logo acima dos
nenúfares. Para uma carpa “cientista”, as únicas coisas reais eram as que o
peixe podia ver ou tocar. O tanque era tudo. Um mundo invisível além do tanque
não fazia nenhum sentido científico.
Uma vez uma tempestade o pegou. Ele observou que a superfície do tanque foi
bombardeada por milhares de minúsculas gotas de chuva. Ela se tornou
turbulenta, e ondas passaram a empurrar os nenúfares em todas as direções.
Abrigando-se contra o vento e a chuva, pensei como tudo aquilo seria visto
pelas carpas. Para elas, os nenúfares pareceriam estar se movendo de um lado
para outro por si mesmos, sem que nada os empurrasse. Como a água dentro da
qual viviam deveria parecer invisível, tal como o ar e o espaço à nossa volta,
elas deveriam ficar por entender como os nenúfares podiam se mover de um lado
para outro por si mesmos.
Seus “cientistas”, ele imaginou, iriam urdir um engenhoso invento chamado
“força” para ocultar sua ignorância. Incapazes de compreender que podia haver
ondas na superfície invisível, iriam concluir que os nenúfares eram capazes de
se mover sem ser tocados porque uma entidade invisível e misteriosa chamada
força agia entre eles. Poderiam dar a essa ilusão nomes impressionantes,
pomposos (tal como ação-a-distância, ou a capacidade que têm os nenúfares de se
mover sem que nada os toque).
Uma vez ele imaginou o que aconteceria se ele esticasse o braço e tirasse
uma das carpas “cientistas” de dentro do tanque. Antes que ele a jogasse de
novo na água, ela poderia se debater furiosamente enquanto eu a examinasse.
Pensou como isso apareceria aos olhos do resto das carpas. Para elas, seria um
evento verdadeiramente desnorteante. Iriam notar em primeiro lugar que um de
seus “cientistas” desaparecera de seu universo. Simplesmente desaparecera, sem
deixar um vestígio. Onde quer que buscassem não haveria um sinal da carpa
desaparecida em seu universo. Depois, segundos mais tarde, quando ele a jogasse
de volta no tanque, o “cientista” iria ressurgir abruptamente do nada. Para as
outras carpas, pareceria que um milagre acontecera.
Depois de se recobrar do pânico, o “cientista” iria contar uma história
verdadeiramente assombrosa para as outras carpas:
“Sem mais em menos fui erguido de alguma
maneira para fora do universo (o tanque) e lançado num outro mundo misterioso,
com luzes cegantes e objetos estranhamente bem delineados que eu nunca vira
antes. O mais estranho de tudo era a criatura que me aprisionou e que não tinha
a menor semelhança com um peixe. Fiquei chocado ao ver que ela não tinha nem
sombra de barbatanas, mas, apesar disso, era capaz de se mover. Assim, me
ocorreu então que as leis da natureza com as quais eu estava familiarizado não
se aplicavam naquele mundo. Depois, de maneira igualmente repentina, a caroá
“cientista” viu-se lançado de volta no nosso universo.” [ Evidentemente, esta
história de uma viagem além do universo pareceria tão fantástica que a maioria
das carpas a rejeitaria como pura lorota ]. (KAKU: 2000, 22-23).
Segundo
Kaku, freqüentemente ele pensa que somos como as carpas que nadam satisfeitas
naquele tanque. Vivemos nossas vidas inteiras em nosso próprio “tanque”, certos
de que nosso universo consiste apenas naquelas coisas que podemos ver ou tocar.
Como o das carpas, nosso universo consiste unicamente no conhecido e no
visível. Presunçosamente, recusamo-nos a admitir que, ao lado do nosso
universo, possam existir universos ou dimensões paralelos, simplesmente fora de
nosso alcance. Se nossos cientistas inventam conceitos como os de forças, é
apenas porque não são capazes de visualizar as vibrações invisíveis que enchem
o espaço vazio à nossa volta. Alguns cientistas sorriem zombeteiramente à
menção de um maior número de dimensões porque elas não podem ser
convenientemente medidas em laboratório.
Conta-nos Kaku que essa história o fascinou para sempre, tornando-o um
aficionado pela possibilidade de existência de outras dimensões. Quando jovem,
devorou histórias de aventura de heróis
que viajavam no tempo, que penetravam em outras dimensões e exploravam
universos paralelos invisíveis, onde as leis comuns da física estavam
convenientemente suspensas. Ele cresceu cismando com os navios que se perdiam e
sumiam no Triângulo das Bermudas e que ficou maravilhado com a trilogia Fundação
de Isaac Asimov, em que a descoberta da viagem hiperespacial dava lugar ao
surgimento de um Império Galáctico.
Esse exemplo da Carpa Cientista tentando explicar o que ela vê que os
outros não enxergam pode muito bem nos lembrar dos vários diálogos da Dra.
Arroway tentando defender seu projeto diante de outros personagens no filme.
Por exemplo, Quando chega no observatório um tal de Dr. Drumlin, que nesse
momento, tinha sido designado pelos financiadores do projeto SETI para uma avaliação de sua continuidade. O grande
fiscal Dr. Drumlin (que mais tarde será o cessor presidencial de ciência e
tecnologia da Casa Branca) vai recomendar o fechamento do projeto pela sua
inaplicabilidade diante de um grupo de cientistas entre outros do cego Kent –
todos eles - coordenados pela Dra. Arroway que insiste que apesar da não
aplicabilidade de seus experimentos é fundamental que continuem a executar suas
atividades. Também temos o teólogo Palmer Joss que questionada a tentativa da
ciência a transformar a tecnologia em “ente” superior frente a verdade humana –
contrapondo a verdade científica à verdade humana. A Dra. Arroway não tem
elementos empíricos para fundamentar sua “crença” na necessidade de suas
pesquisas, mas indica que num cosmos de 400 bilhões de estrelas, um milhão de
planetas porque só existiria vida aqui na Terra? Joss o teólogo (que mais tarde
será o assessor espiritual do Presidente na Casa Branca), concorda com ele
nesse ponto e diz que seria um tremendo desperdício de espaço. Existe um
diálogo entre a Dra. Arroway e o Joss onde já íntimos após ouvir da Dra.
Arroway o relato da morte de seu pai, que teve um ataque cardíaco fulminante
ele diz: “ As vezes temos apenas que aceitar a vontade de Deus” (mortes, coisas
que acontecem). Ela contrapõe rapidamente: “Deveríamos ter remédio no andar de
baixo”( Uma menção a que quando do momento do ataque que seu pai sofreu ela
teve que subir no andar de cima procurando o seu remédio e caso tivesse chegado
mais rápido poderia ter salvo sua vida).
Esse me parece um diálogo fundamental. Lembrei-me da velha metáfora de um
mestre do pensamento estratégico, de que o futuro não é só destino ou sorte pois:
“Muitos acreditam que as coisas do mundo
são de tal maneira dirigidas pela sorte e por Deus, que os homens não podem com
sua prudência corrigi-las...Essa opinião tem sido mais aceita em nossos tempos
(...)Pensando nisso, eu, algumas vezes, e em certos
casos, tenho-me inclinado a aceitar tal
opinião. Não obstante....” [um aceite quase
certo movido por uma necessidade estratégica] [continua ele] “...comparo-a a um
rio desastroso que, quando se enfurece, inunda as planícies, destrói as árvores
e edifícios, carrega terra de um ponto ao outro, e diante do qual todos fogem e
a cujo ímpeto cedem, sem poder coisa alguma intentar para contê-lo. Mas, apesar
desta sua natureza, não é impossível aos homens, quando esse rio estiver em
calma, tomar medidas preventivas, construindo barragens e diques, de maneira
que, avolumando-se ele depois, ou correrá por um canal ou o seu ímpeto não será
tão violento nem tão danoso.”.(MAQUIAVEL, 1984, p.143)
Maquiavel indica-nos, em 1512, com um exemplo muito
simples, mas muito perspicaz, a importância da virtude do pensamento por
simulação capaz de antecipar no presente o futuro e a relação desse pensamento
com a sorte e o destino.Maquiavel antecipando a modernidade nos indica, por meio
metafórico, a necessidade de encolhermos o governo de Deus sobre o reino da
vida (o conhecido mistério, o destino, traduzido também no refrão popular:
“Deus quis”). Esse processo foi levado a cabo com intensidade, mais tarde, pelo
iluminismo, porém, nenhum dos intelectuais e cientistas do iluminismo poderiam
imaginar a tamanha pretensão humana que adviria posteriormente a fim de reduzir
o governo de Deus. Após muitos anos, dominamos o governo divino da natureza em
fornecer alimentos. Com a agricultura, criamos múltiplas técnicas e novos
processos de controle diante da produtividade das colheitas, alteramos a
natureza genética de grãos e plantas e conquistamos um maior domínio sobre
previsões climáticas. Hoje, estamos a emergir em aceleração sobre o governo
divino da idéia de vida e de morte com a conquista da informação
genética. Reprodução assistida, clonagens, terapia genética com reprogramação
genética em vida, evolução pós-biológica, alargamento da vida, autonomia da
vida diante da matéria/corpo, corpo obsoleto, morte do corpo versus manutenção
da vida em outros suportes materiais e ou corporais etc.
O mais interessante é que quando a futura Dra. Arroway quando não estava
diante de sua obstinação investigativa, demonstrava curiosamente situações onde
o pensamento mágico invadia suas atitudes, como a de tentar falar com seu pai
já falecido pelo rádio amador.
Enfim o projeto foi fechado baseado no argumento do Dr. Drumlin de que
existem duas possibilidades: 1) Pode existir vida extraterrestre mais elas estão
longe demais para estabelecer comunicação; 2) Não há nada no universo alem de
gases venenosos[4].
O melhor que ela tem a fazer para sua carreira é mudar de rumo nas suas
pesquisas. A obstinada Dra. Arroway, afirma não estar interessada na sua
carreira, mas na possibilidade de um acontecimento mais importante realizado
até hoje pela civilização contatar com vidas inteligentes extra-terrestres.
A obstinada Dra. Arroway vai atrás de financiamento privado para suas
investigações e diante de uma defesa apaixonada diante da importância d e irmos
além de nossas limitadas
percepções sensoriais do mundo à nossa volta que nos envolve com um resultado
distorcido. Apela para que eles (os financiadores arrisquem e possam ajudar
a expandir nossa percepção do mundo, permitindo
explorarmos mundos invisíveis e fascinantes. Isso me lembrou da chamada que
Alfred North Whiteheard disse em 1925 para enfrentarmos o bom senso, pois quem
sabe assim poderemos descobrir: Qual será o absurdo de hoje que será a
verdade de amanhã?
Dra. Arroway consegue o financiamento de seu projeto e aparece no filme
quatro anos depois numa base em Novo México composta de potentes 27
radioscópios.
2 – O CONTATO:
rápida descrição, principais cenas e personagens e alguns comentários.
Emerge nas antenas de radiostelescópios do projeto coordenado pela Dra. Ellie Arroway comunicação de sinais inteligentes, originários da Constelação de Veja. Esses sinais necessitaram viajar 26 anos na velocidade da luz. Não custa lembrar de que a velocidade da luz é de 300.000 quilômetros por segundo.
Ninguém está mais preparado para o evento do que a equipe da obstinada Dra. Arroway. Imediatamente através de cálculos mudanças de eixos dos aparelhos radioscópicos, procedimentos de captura diversos suportados por computadores, permitem o armazenamento dos os sinais sonoros e de imagens indicando claramente e precisamente a origem da sua emissão. Isso demonstra que mesmo uma pesquisa de base – aparentemente inaplicável – é fundamental para preparar e dotar de futura aplicabilidade eventos até então tão teóricos quanto distantes.
Os sinais recebidos são
compostos de uma devolução das primeiras imagens televisivas emitidas com
precisão para uma freqüência ampliada – que curiosamente mostram Adolf Hitler
abrindo as Olimpíadas pouco antes da metade do Século XX. Também a mensagem
possui um anexo que precisa ser descodificado.
Entram em cena novos atores:
forças armadas e órgãos de segurança militar, imprensa, assessores políticos
representando a Casa Branca cuja preocupação principal é a capitalização do
evento), seitas de fanáticos fundamentalistas, grupos esotéricos diversos, etc.
Uma multidão acampada próximo ao observatório forma uma heterogênea fauna desde
religiosos a comerciantes vendendo seguros contra raptos realizados por OVNI’s.
O discurso dos agentes de segurança sobre o documento anexo a ser decodificado, que trata de informação relevante para a segurança é deve ser sigiloso. A estratégia dos agentes de segurança é a militarização do evento. O discurso dos agentes da Casa Branca é de que o governo assume a partir de agora o comando das operações sob a coordenação do antigo fiscal e agora assessor da Casa Branca Dr. Drumlin.
O discurso dos agentes de segurança sobre o documento anexo a ser decodificado, que trata de informação relevante para a segurança é deve ser sigiloso. A estratégia dos agentes de segurança é a militarização do evento. O discurso dos agentes da Casa Branca é de que o governo assume a partir de agora o comando das operações sob a coordenação do antigo fiscal e agora assessor da Casa Branca Dr. Drumlin.
A Dra. Arroway reage,
afirmando ser o Observatório um projeto Civil e não militar ou estatal.,
entretanto, a decodificação fica sob supervisão militar onde a nova descoberta
deve ser seguida de sigilo absoluto. Com a ajuda de um bilionário exótico e
adoentado que a anos tem acompanhado a carreira da Dra. Arroway. O anexo de 63
mil páginas é decodificado. Trata-se da indicação de procedimentos precisos
para construir uma máquina para viajar no cosmo através do tempo
O evento científico,
contraditoriamente indica – segundo os noticiários – um aumento da freqüência
do culto religioso. O filme tenta demonstrar inúmeras vezes através de diálogos
e cenas em seu roteiro o quanto é complexo a interferência entre ciência e fé.
Como o diálogo entre o representante da base conservadora do governo que afirma
não ser a ciência o nosso Deus e que eles não apóiam a construção da máquina. O
agora assessor espiritual da Casa Branca, o teólogo Palmer Joss, concorda com o
parlamentar conservador em que Deus não é a ciência, mas isso não nos impede de
uma aproximação e da busca e construção de interesses comuns. Logo em seguida
veremos um diálogo entre a Dra. Arroway e o teólogo Joss. Ele diz:
- As pessoas procuram
significado e é o que a ciência não pode dar.
A Dra. Arroway contradiz:
-
Vocês pensam nos cientistas como se tivéssemos matado Deus, mas não
poderia ser entendido apenas como se ele tivesse nos revelado de que ele não
existia?
A máquina permite apenas um
ocupante, o que coloca a questão de quem é que vai representar toda a
civilização terrestre? O projeto assume uma perspectiva internacional
envolvendo vários países, sendo que mais de um terço dos construtores são
cientistas e técnicos americanos. Inaugura-se um processo de tomada de decisão
para a escolha do ocupante da máquina, cria-se um fórum internacional com
cientistas, teólogos, políticos, militares e intelectuais. A questão como se pode escolher um ser humano para representar toda a civilização terrestre?
Aqui se coloca uma questão
do dilema entre a descoberta e o destino dessas mesmas descobertas pelos
próprios cientistas. Uma relação que pode ser descrita assim:
Dra. Arroway propõe que tem que ser um cientista capaz de ser fluente na decodificação, etc; - em síntese, ela propõem um perfil que seria preenchido efetivamente por ela.
Dra. Arroway propõe que tem que ser um cientista capaz de ser fluente na decodificação, etc; - em síntese, ela propõem um perfil que seria preenchido efetivamente por ela.
O teólogo, agora apaixonado
pela Dra. Arroway questiona por que ela está disposta a riscos para viajar. Ele
diz que quando ela voltar, se voltar, ela estará 4 anos mais velha e teria-se
passado 50 anos aqui na Terra. Existe ainda o risco da própria vida, por que
ela estaria disposta a arriscar sua própria existência? A Dra. Arroway dia que
sempre procurou por essa oportunidade sua vida toda e que é essa a razão maior
de sua existência, ou seja, a possibilidade do maior evento da história da
civilização, o estabelecimento de contato com outras civilizações inteligentes
no cosmos.
O teólogo diz que na seleção
perguntará a ela – como uma das candidatas favoritas a viajar na máquina
cósmica do tempo qual seria a primeira pergunta que ela faria a eles. A Dra. Arroway
diz: Perguntaria como eles superaram a adolescência tecnológica sem se
destruírem. O teólogo pergunta: Você acredita em Deus? Não acha que um
representante deve ter a nossa crença mais importante de 95% da população?
É por causa dessa questão
que a Dra. Arroway não será escolhida pela junta. Não por ser uma ou a
cientista mais preparada para o evento, mas por ela não ter a crença de 95% da
população da Terra. O teólogo confessa para ela que não votou nela, pois não poderia deixar que alguém que
não acreditasse na crença da ampla maioria do planeta nos pudesse representar.
O escolhido foi o antigo supervisor e atual assessor da Casa Branca para a
ciência e tecnologia movido por um discurso que enfatiza o patriotismo e a
religiosidade.
Num diálogo próximo do
lançamento o representante escolhido, o Dr. Drumlin, diz para a Dra. Arroway:
- Você pode esta achando
tudo isso muito injusto e eu acho que é, mas o mundo não é dos idealistas e
sinceros infelizmente;
A Dra. Arroway responde:
- Engraçado, sempre achei
que éramos nós que fazíamos o mundo.
Esse diálogo é muito
interessante é o pragmatismo que sempre está a postos para enfrentar as visões
mais “sinceras” e imediatamente não interessada do conhecimento é ironizado de
modo muito perspicaz pela Dra. Arroway.
A máquina construída e o
viajante representante dos seres terrenos é morto numa explosão suicida
realizada por um fanático fundamentalista religioso que como intruso burlou a
segurança e se infiltrou na zona de lançamento.
Depois da explosão a Dra. Arroway
recebe uma transmissão diretamente da estação espacial Mir feita pelo seu
protetor milionário (o mesmo que tinha lhe ajudado antes) que juntamente com os
Russos e japoneses tinha construído uma máquina reserva e a convida para
viajar.
Ela se dirige ao local (uma
ilha que fazia parte de seu imaginário infantil) onde ela é orientada para
iniciar a viajem. Antes do lançamento o teólogo Palmer Joss vai visitá-la e
confessa que não votou nela na verdade foi por que não queria perde-la.
A Dra. Arroway entra na
máquina que é ligada. Aparece um campo magnético e logo a seguir ela cai num buraco
de minhoca, ou seja, túneis que ligam e transportam entre diferentes
dimensões. Ela para na viajem em um sistema quaternário habitado, pega logo a
seguir outro túnel muito mais violento, ela se levanta, a cadeira onde ela
estava sentada se depreende. Olha pela janela e diz que não tem palavras para
descrever o que vê, despede-se do discurso do duro discurso de cientista e se
contamina de emoções dizendo que tudo é muito lindo, é poesia. Desce da máquina
e descobre pelo toque de suas mãos que todo o ambiente que ela vê está inserido
por uma numa espécie de bolha plástica. Aparece uma figura que está na forma de
seu pai. Depois de um rápido diálogo onde o extra-terrestre diz que veio na
forma de seu pai para facilitar o contato com ela ele diz que os seres
terrestres são uma espécie muito interessante. São capazes de ter sonhos lindos
e fascinantes ao mesmo tempo de ter pesadelos terríveis. Também o
extra-terrestre lhe revela que ninguém sabe quem ou qual civilização construiu
a tunelagem dimensional, na qual ela viajou. Eles apenas a usam e que
provavelmente a civilização que a construiu partiu e a deixou ali para ser
usada.
Ela inicia o retorno,
enquanto que aqui na terra fisicamente ela não tinha ido a lugar algum até
porque a velocidade que ela se submeteu é a maior do que a velocidade da luz,
uma velocidade comprável ou superior a velocidade do pensamento.
Aqui na Terra no entanto, se
passaram apenas quatro minutos e tudo que se tem registrado é um defeito que
impediu que a máquina se deslocasse no tempo,
ou seja, não se imaginava quem se deslocaria não seria a máquina física.
Entretanto para a Dra. Arroway passaram 18 horas de experiência proporcionada
pela tunelagem dimensional.
Nada existia, entretanto,
para a Dra. Arroway empiricamente provar a viagem e o contato por ela
realizado. É criado um tribunal e um inquérito para dar uma posição e emitir um
juízo oficial sobre tudo o que aconteceu. Ironicamente a descrédita Dra.
Arroway é indagada no tribunal se ela quer que eles apenas tenham fé de tudo o
que ela diz ocorreu. Ela afirma que infelizmente passou por uma experiência
maravilhosa, na qual ela não tem como provar, mas que podem acreditar no
sentimento que ela expressa de uma consciência de sermos tão pequenos e tão
insignificantes, mas de que não estamos sozinhos. Isso é maravilhoso e tão belo
e emocionada ela diz que sente muito de não poder compartilhar essa sensação
com eles. Lembremos da carpa cientista e de que nesse particular ela se
aproxima muito do discurso teológico. Na saída do tribunal a Dra. Arroway está
acompanhada do teólogo Palmer Joss e uma jornalista indaga o assessor
espiritual da Casa Branca se ele acredita nela. Ele diz:
-
Como homem de fé não segue a mesma linha de doutrina da Dra Arroway,
mas como ela persegue a verdade. Eu acredito na doutora.
Aqui certamente fica patente
a busca do autor do filme ou do próprio romance de Sagan da defesa de uma
conciliação e ou de um convívio cooperativo entre fé e ciência.
Enfim, no final, uma cena
aparece revelando que existiam provas de que a Dra. Arroway tinha gravado na
máquina estática 18 horas e não 4 minutos, ainda que a gravação não revelasse
nada. Assim termina o filme: o governo tendo provas capaz de favorecer a versão
da Dra. Arroway e os agentes de segurança guardando em sigilo tais evidência e
a Dra. Arroway agora em seu observatório coberto de grandes antenas de
radiotelescópios, dialogando com as crianças sobre o quanto seria um
desperdício essa imensidão cósmica ser habitada apenas por nós aqui na Terra.
3 – A ABORDAGEM CIENTÍFICA DO FILME: o que Carl
Sagan pretendeu popularizar?
“O problema é o seguinte: a física moderna repousa em dois pilares.Um é a
relatividade geral de Albert Einstein, que fornece a estrutura teórica para a
compreensão do universo nas maiores escalas: estrelas, galáxias, aglomerados de
galáxias, até além da imensa extensão total do cosmos. O outro é a mecânica
quântica, que fornece a estrutura teórica para a compreensão do universo nas
menores escalas: moléculas, átomos, descendo até as partículas subatômicas,
como elétrons e quarks. Depois de anos de pesquisa, os cientistas já
confirmaram experimentalmente, e com precisão quase inimaginável, praticamente
todas as previsões feitas por essas duas teorias. Mas esses mesmos instrumentos
levam de forma inexorável a uma outra conclusão perturbadora: tal como
atualmente formuladas, a relatividade geral e a mecânica quântica não podem
estar certas ao mesmo tempo. As duas teorias que propiciaram o fabuloso
progresso da física nos últimos cem anos – são mutuamente incompatíveis”. (
GRENE, Brian. O Universo Elegante: supercordas, dimensões ocultas e a
busca da teoria definitiva. São Paulo: Cia de Letras, 2001).
Quando Einstein morreu ele estava obstinadamente se dedicando a uma teoria
que poderias unificar a cisão do micro e do macro cosmos, uma teoria
definitiva. Entretanto, ele morrera com seus textos inacabados ainda pousados
sobre sua escrivaninha antes de poder completar sua descoberta mais
impressionante.
A física continuou seu caminho por todos esses anos dividida, quem estudava
o micro não interferia no macro e vice e versa. Entretanto, de uns anos para cá
o esforço em busca de uma teoria unificada, cujo perspectiva teórica mais
reconhecida é a teoria das super cordas,[5]
está em ampla efervescência no mundo inteiro. O filme direta e indiretamente
trata desta questão que Carl Sagan, esse grande popularizador da ciência, nos
quis brindar com seu livro que foi a base do roteiro desse filme.
3.1 - A busca
da unificação
Einstein disse certa vez: “A natureza nos mostra apenas o rabo do leão. Mas
não tenho dúvida de que o leão pertence a ela ainda que não possamos pô-lo à
mostra imediatamente por causa de seu enorme tamanho”[6].
Se Einstein estava certo, então talvez essas forças capazes de unificar todos os eventos cósmicos sejam o “rabo do leão” e o próprio leão esteja no espaço-tempo multidimensional. Essa idéia alimentou a esperança de que as leis físicas do universo, cujas conseqüências enchem paredes inteiras de bibliotecas com livros densamente apinhados de tabelas e gráficos, possam um dia ser explicadas por uma única equação.
Se Einstein estava certo, então talvez essas forças capazes de unificar todos os eventos cósmicos sejam o “rabo do leão” e o próprio leão esteja no espaço-tempo multidimensional. Essa idéia alimentou a esperança de que as leis físicas do universo, cujas conseqüências enchem paredes inteiras de bibliotecas com livros densamente apinhados de tabelas e gráficos, possam um dia ser explicadas por uma única equação.
Essencial para essa perspectiva revolucionária do universo é a compreensão
de que uma geometria com dimensões múltiplas pode ser a fonte última de unidade
no universo. Em palavras simples, a matéria no universo e as forças que o
mantêm coeso, que se manifestam numa variedade desconcertante, infinita, de
formas complexas, podem não passar de diferentes vibrações do hiperespaço. Esta
idéia, contudo, se choca com o modo de pensar tradicional dos cientistas
modernos, que concebem o espaço e o tempo como um palco passivo em que as
estrelas e os átomos são os protagonistas. Para os cientistas modernos, o
universo visível da matéria parece infinitamente mais rico e mais diverso que a
arena vazia, imóvel, do universo invisível do espaço-tempo. Quase todo o
intenso esforço científico desenvolvido em física das partículas e o maciço financiamento
governamental nessa área foram historicamente aplicados à catalogação de
propriedades de partículas subatômicas, como os “quarks” e os “glúons”, e não à
compreensão da natureza da geometria. Agora, os cientistas estão se dando conta
de que os conceitos “inúteis” de espaço e tempo podem ser a fonte suprema de
beleza e simplicidade na natureza.
A primeira teoria de maior número de dimensões foi chamada teoria
Kaluza-Klein[7],
em homenagem a dois cientistas que propuseram uma nova teoria da gravidade em
que a luz podia ser explicada como vibrações na quinta dimensão. Quando
ampliada ao espaço N-dimensional (onde N pode representar qualquer
número inteiro), as desengonçadas teorias das partículas subatômicas adquirem
uma simetria espetacular, surpreendente. A velha teoria Kaluza-Klein, no
entanto, não era capaz de determinar o valor correto de N e havia
problemas técnicos na descrição de todas as partículas subatômicas. Uma versão
mais avançada dessa teoria, chamada teoria da supergravidade, também
apresentava problemas. O recente interesse pela teoria foi despertado em 1984
pelos físicos Michael Green e John Schwarz, que provaram a coerência da versão
mais avançada da teoria Kaluza-Klein, chamada teoria das supercordas[8].
que postula que toda matéria consiste em minúsculas cordas vibráteis.
Surpreendentemente, a teoria das supercordas prevê um número preciso de
dimensões para o espaço-tempo: dez.[9]
A vantagem do espaço de dez dimensões é nos dar “espaço suficiente” onde
acomodar todas as quatro forças fundamentais[10].
Ademais, temos um quadro físico simples em que explicar a desconcertante
miscelânea de partículas subatômicas produzidas por nossos potentes
aceleradores. Nos últimos 30 anos, centenas de partículas subatômicas presentes
em meio aos destroços criados pela colisão de prótons e elétrons com átomos
foram cuidadosamente catalogadas e estudadas por físicos. Como entomologistas
que vão pacientemente dando nomes a uma vasta coleção de insetos, os físicos
ficaram por vezes assoberbados pela diversidade e complexidade dessas
partículas subatômicas. Hoje, esse desnorteante conjunto de partículas
subatômicas pode ser explicado como meras vibrações da teoria do hiperespaço.
3.1.1 - viagem através do espaço e tempo: os buracos de minhoca.
Antes de abordamos a questão das viagens no espaço e no tempo é preciso
lembrar de que um dos grandes debates do século XIX girara em torno do modo
como a luz se propaga através de um vácuo[11].
Além disso, experimentos mostraram conclusivamente que a luz é uma onda. Mas,
se a luz é uma onda, ela exigiria que algo estivesse “ondulando”. Ondas de som
requerem ar, ondas de água requerem água, mas como não há nada para ondular num
vácuo, temos um paradoxo. Como pode a luz ser uma onda se não há nada para
ondular? Assim, os físicos invocaram uma substância chamada éter, que
encheria o vácuo e atuaria como o meio para a luz. No entanto, experimentos
mostraram conclusivamente que o “éter” não existe.[12]
Enfim, a teoria do hiperespaço reabriu também a questão da possibilidade do
uso do hiperespaço para viagens através do espaço e tempo. Para entender essa
idéia, Kaku nos solicita para imaginarmos uma corrida de minúsculos
platelmintos que vivem na superfície de uma grande maçã. É óbvio
para esses vermes que seu mundo, que eles chamam de Maçãlândia, é plano e
bidimensional, como eles próprios. No entanto, um verme, chamado Colombo, é
obcecado com a idéia de que Maçãlândia é de alguma maneira finita e curva em
algo que ele chama de a terceira dimensão. Chega até a inventar duas palavras
novas, para cima e para baixo, para descrever o movimento nessa
terceira dimensão invisível. Seus amigos, porém, o chamam de idiota por
acreditar que Maçãlândia poderia ser curva em alguma dimensão invisível que
ninguém podia ver ou sentir. Um dia, Colombo inicia uma longa e árdua viagem e
desaparece no horizonte. Ele acaba por retomar ao seu ponto de partida,
provando que o mundo é na verdade curvo na invisível terceira dimensão. Embora
exausto de suas jornadas, Colombo descobre que há ainda uma outra maneira de
viajar entre dois pontos distantes da maçã. Escavando a maçã, ele consegue
abrir um túnel, criando um conveniente atalho para terras distantes. Esses
túneis, que reduzem consideravelmente o tempo e o desconforto de uma longa.
viagem, são por ele chamados de buracos de minhoca. Eles demonstram que
o caminho mais curto entre dois pontos não é necessariamente uma linha reta,
como lhe fora ensinado, mas um buraco de minhoca. (KAKU: 2000: 36).
Um estranho efeito descoberto por Colombo é que, quando entra num desses
túneis e sai pela outra extremidade, ele se encontra de volta ao passado. Ao
que parece, esses buracos de minhoca ligam parte da maçã em que o tempo avança
em marchas diferentes. Alguns dos vermes chegam a afirmar que com esses buracos
de minhoca seria viável construir uma máquina do tempo que possam conter esses
buracos ou túneis.
Mais tarde. Colombo faz uma descoberta ainda mais importante —sua Maçãlândia não é de fato o único mundo no universo.
Não passa de uma maçã num grande pomar de maçãs. Sua maçã, ele descobre,
coexiste com centenas de outras, algumas com vermes como eles próprios, outras
sem. Sob determinadas e raras circunstâncias, ele conjetura, pode ser possível
até viajar entre diferentes maçãs no pomar (id, ib)
Nós, os seres humanos nos diz KAKU, somos como os platelmintos. O senso
comum nos diz que nosso mundo, como a maçã deles, é plano e tridimensional. Não
importa onde cheguemos com nossas espaçonaves, o universo parece plano. No
entanto, o fato de que nosso universo, como Maçãlândia, é curvo numa dimensão
invisível além de nossa compreensão espacial foi experimentalmente comprovado
por vários experimentos rigorosos. Esses experimentos, realizados com a
trajetória de feixes de luz, mostram que a luz das estrelas é curvada ao se
mover através do universo.
3.1.2 - Universos multiplamente conectados
Quando acordamos de manhã e abrimos a janela para deixar entrar algum ar
fresco, esperamos ver o jardim da frente. Não esperamos deparar com as
altíssimas pirâmides do Egito. Da mesma maneira, quando abrimos a porta da
frente, esperamos ver os carros na rua, não as crateras e vulcões extintos de
uma descampada paisagem lunar. Sem sequer pensar a respeito, supomos que
podemos abrir janelas ou portas tranqüilamente sem entrar em pânico. Nosso mundo,
felizmente, não é um filme hollywoodiano. Agimos com base numa idéia
preconcebida profundamente arraigada (que se prova invariavelmente correta) de
que nosso mundo é conectado de maneira simples, de que nossas janelas e
portas não são acessos para buracos de minhoca que ligam nossa casa a um
universo distante[13].
Desde a época de Georg Bernhard Riemann, matemáticos vêm estudando as
propriedades de espaços multiplamente conectados em que
diferentes regiões do espaço e tempo são emendadas. E físicos, que outrora
pensavam que isso era um mero exercício intelectual, estão agora estudando
seriamente mundos multiplamente conectados como um modelo prático do nosso
universo. Esses modelos são o análogo científico do espelho de Alice. Quando o
Coelho Branco de Lewis Carroll despenca pelo buraco de coelho para entrar no
País das Maravilhas, ele na verdade cai em um buraco de minhoca. (KAKU:
2000: 38).
Com uma
folha de papel e uma tesoura, é possível visualizar os buracos de minhoca. Pegue uma folha de papel, corte dois buracos nela e depois religue os
dois buracos com um tubo comprido. Contanto que você evite pisar no buraco de
minhoca, nosso mundo parece perfeitamente normal. As leis usuais da geometria
ensinadas na escola são obedecidas. No entanto, se você cair no buraco de
minhoca, será instantaneamente transportado para uma região diferente do espaço
e tempo. Só retraçando seus passos e caindo de novo no buraco de minhoca você
conseguirá retornar ao seu mundo familiar.
3.1.3 -Viagem
no tempo e universos bebes
Embora os buracos de minhoca forneçam uma fascinante área de pesquisa,
talvez a questão mais intrigante a emergir dessa discussão do hiperespaço seja
a da viagem no tempo. No filme De volta para o futuro, Michael J. Fox
viaja para trás no tempo e encontra seus pais como adolescentes, antes de se
casarem. Lamentavelmente, a mãe de Michael se apaixona por ele e despreza o
pai, suscitando a espinhosa questão de como ele vai nascer se seus pais jamais
se casarem e tiverem filhos.
Tradicionalmente, os cientistas tiveram em baixa conta quem quer que
levantasse a questão da viagem no tempo. A causalidade (a noção de que todo
efeito é precedido, não seguido, por uma causa) mora num relicário
profundamente encravado nos fundamentos da ciência moderna. No entanto, na
física dos buracos de minhoca, efeitos “acausais” se manifestam repetidamente.
De fato, temos de adotar sólidos pressupostos para impedir que uma viagem no
tempo aconteça. O principal problema é que os buracos de minhoca podem conectar
não só dois pontos distantes no espaço como também o futuro com o passado.
Em 1988, o físico Kip Thorne, do California Institute of Technology, e seus
colaboradores fizeram a assombrosa (e arriscada) afirmação de que, na verdade,
a viagem no tempo é não somente possível como provável sob certas condições.
Eles publicaram sua asserção não numa revista obscura e pouco importante, mas
na prestigiosa Physical Review Letters. Isso marcou a primeira vez em
que físicos renomados, e não excêntricos, vieram fazer uma afirmação cientificamente
fundamentada sobre a mudança do curso do próprio tempo. Sua declaração teve por
base a observação simples de que um buraco de minhoca conecta duas regiões que
existem em diferentes períodos de tempo. Assim, o buraco de minhoca pode ligar
o presente ao passado. Uma vez que a viagem através do buraco de minhoca é
quase instantânea, seria possível usar o buraco de minhoca para recuar no
tempo. No entanto, em contraste com a máquina descrita por H. G. Wells em A
máquina do tempo, que era capaz de arremessar o protagonista a centenas de
milhares de anos rumo ao futuro distante da Inglaterra mediante o simples girar
de um botão, um buraco de minhoca só poderia ser criado com o uso de vastas
quantidades de energia, muito superiores ao que é tecnicamente possível hoje
dominarmos e muito provavelmente também até nos próximos séculos.
Outra conseqüência esquisita da física do buraco de minhoca é a criação de
“universos bebês” em laboratório. Somos incapazes, é claro, de recriar o Big
Bang e assistir ao nascimento de nosso universo. Contudo, Alan Guth, do
Massachusetts Institute of Technology, que deu importantes contribuições à
cosmologia, chocou muitos físicos alguns anos atrás ao afirmar que a física dos
buracos de minhoca pode tomar possível a criação de nosso próprio universo bebê
em laboratório. Concentrando intenso calor e energia numa câmara, pode-se
promover finalmente a abertura de um buraco de minhoca que serviria como um
cordão umbilical ligando nosso universo a outro, muito menor. Se possível, isso
daria a um cientista uma visão sem precedentes de um
universo tal como criado em laboratório. (KAKU: 2000: 39).
4 – SOBRE ALGUNS PROJETOS CIENTÍFICOS EXISTENTES DE COMUNICAÇÃO CÓSMICA
Fora do sistema solar a vida pode ser
procurada em outros sistemas planetários[14].
Uma tentativa de contato foi concretizada com o envio na década de 1970 de uma
placa colocada a bordo da nave espacial Pioneer 10 que, depois de explorar o
sistema solar, ingressou no meio interplanetário ainda funcionando.
Uma viagem espacial para uma estrela a 150 anos-luz, a uma velocidade hoje factível de 50 km/s, demoraria 1 milhão de anos. Enquanto as viagens interplanetárias são proibitivas pela baixa velocidade das naves espaciais e conseqüentemente da enormidade de tempo demandado, uma possibilidade prática e barata é a captação passiva de sinais eletromagnéticos.
Para termos uma idéia dessa
dificuldade, basta pensarmos que a radiação cósmica viaja na velocidade da luz. A
estrela mais próxima de nós (excluindo o sol) é a Centauri. Apesar do adjetivo próxima, ele se encontra a quatro anos
luz, ou seja, precisaríamos percorrer durante quatro anos, sob a velocidade constante da luz, para chegarmos
até ela. Não esqueçamos que a velocidade da luz é a maior velocidade conhecida
pelo homem.
Um ano luz
equivale a cerca de dez trilhões de quilômetros ou correspondente a trinta
bilhões de quilômetros percorridos por um dia pela luz ou por qualquer outra radiação, uma velocidade
respeitável sem dúvida nenhuma[15].
No
entanto, em 1974 a antena de 300 m de Arecibo, Porto Rico, transmitiu durante 169 segundos uma mensagem em código binário na
direção do aglomerado globular MI 3, em Hércules, a 25 mil anos-luz. A
transmissão em forma de pulsos foi feita em duas freqüências próximas de 2.380
MHz, com intensidade 10 milhões de vezes maior que a do Sol na mesma
freqüência. A mensagem continha os números até 10, números atômicos, a fórmula
do DNA, a população da Terra, dados do sistema solar e do radiotelescópio. Mas
o nosso globo, à medida que gira, irradia para todas as direções do céu ondas
de rádio em FM e de televisão já há cerca de 60 anos. Para Matsuura, isso
possibilita que, existindo civilizações inteligentes a menos de 60 anos-luz da
Terra, sua população poderia, em princípio, detectar essa radiação e inferir
sua natureza artificial[16]. Depois de centenas de
milhares de anos, ela terá percorrido algumas dezenas de anos-luz.
Entretanto,
esforços com artefatos espaciais não tripulados continuaram paralelamente visando
a comunicação cósmica inteligente. As naves Voyager 1 e 2, lançadas em 1978,
depois de explorarem o sistema solar, levaram para o meio interplanetário um
disco fonográfico com vários sons naturais da Terra, saudações em várias
línguas, trechos de músicas, além de imagens de pessoas, plantas, animais e
paisagens.
Figura Abaixo. Capa metálica ilustrada que protege um disco fonográfico com sons da Terra
transportado pela Voyager 1. (Matsuura,1997, p. 116).
5 - FINALIZAÇÃO
Com esse protocolo
pretendemos em primeiro lugar explicitar as cenas que julgamos mais
relevantes destacando os principais autores revelando sempre o lugar de seus
discursos e sempre que possível expressando alguns comentários no interior da
narrativa descritiva.
Em segundo lugar pretendemos descrever
sinteticamente as questões científicas que estão colocadas na trama do filme Contato,
baseado no romance do saudoso publicista e divulgador da ciência Carl Sagan,
trata sobretudo, sobre a teoria da unificação e a viagem no tempo através da
tunelagem dimensional.
Autor: Gilson Lima. Cientista. Músico. Professsor. Escritor e .... muito arteiro!
E-mail: gilima@gmail.com
[1] KAKU,
Michio. “Hiperespaço: uma odisséia científica através de universos
paralelos, empenamentos do tempo e a décima dimensão”. Rio de Janeiro:
Rocco, 2000.
[2]
Relativo a mesmerismo. Teoria segundo a qual todo o ser vivo seria dotado de um
fluído magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos de sua ou de outras
espécies, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas,
inclusive com fins terapêuticos.
[3]
Plural de nenúfar. Designação comum a diversas plantas da família ninfeáceas,
ou seja, grandes ervas aquáticas providas de belíssimas e amplas flores. No
Brasil uma espécime muito conhecida é a vitória-regia.
[4] O vasto espaço entre as estrelas de uma galáxia não é
vazio, mas contém gás e poeira. Uma das entidades do meio interestelar são as nuvens moleculares. Conforme Matsuura,
os elementos químicos mais abundantes no meio interestelar são, nessa ordem:
hidrogênio, hélio, oxigênio, carbono, nitrogênio, neônio etc. Essa composição é
semelhante à das estrelas. Desconsiderando-se os gases raros, a composição
química do corpo humano e dos organismos vivos assemelha-se à composição
química interestelar, enquanto difere radicalmente da composição química da
crosta terrestre, onde os elementos mais abundantes são pesados (oxigênio,
silício, alumínio e ferro). Esse fato torna a crosta terrestre um ambiente
menos provável para a síntese das biomoléculas. (Ver MATSUURA, Oscar T. in: O que é vida? In: Para entender a biologia do século XXI – organizadores
- Charbel Nino El-Hani & Antônio Augusto Passos Videira. Rio de Janeiro:
Relume Dumará, 2000.
[5]TEORIA A PROCURA DE UMA PROVA: O
universo de dez dimensões. As três dimensões conhecidas do homem são apenas uma
fração do total que existe no Universo - dez, das quais nove espaciais e uma
temporal. Toda essa abundância existe com certeza, senão no Universo, ao menos
na teoria das supercordas, formulada, entre outros, pelos físicos John
Schwartz, americano, e Michael Green, inglês. Cordas, naturalmente, é força de
expressão. Trata-se de fios inacreditavelmente extensos, finos e pesados nos
quais se teria cristalizado, logo depois da formação do Universo, parte da
energia liberada na Grande Explosão.
A
noção de supercordas é uma conseqüência da teoria sobre a unificação das forças
básicas do Universo, o que englobaria a gravitação. As dez dimensões, no caso,
são artifícios matemáticos que permitiriam essa unificação. Para que o Universo
viesse a ser o que é, concebe-se que seis daquelas dimensões se compactaram
durante o processo do Big Bang. Em contrapartida, as outras quatro -
comprimento, altura, largura e o tempo - se expandiram. Segundo Schwartz e
Green, ainda deve existir algum resíduo cósmico daquela compactação fantástica.
Mas onde estariam as seis dimensões ocultas? Em tudo, respondem os
pesquisadores, ocupando porém um espaço imperceptível, algo como a expressão
10-33, ou seja, o número 1 antecedido de 33 zeros.
[6]
Citado em: PAIS, Abraham. Subtle Is the Lord: The Science and the Life of Albert Einstein. Oxford University Press, 1982, 235.
[7] A velha teoria
Kaluza-Klein, contudo, encerrava muitos problemas técnicos difíceis que a
tomaram inútil por mais de meio século. Tudo isto, porém, se modificou na
última década. Como o texto mostra, versões mais avançadas da teoria, como a
teoria da supergravidade e especialmente a teoria das supercordas,
finalmente eliminaram as incoerências que nela existiam. De maneira bastante
abrupta, a teoria de maior número de dimensões está sendo agora defendida em
laboratórios de pesquisa do mundo todo. Muitos dos mais destacados físicos do
mundo acreditam agora que poderiam existir dimensões além das quatro habituais
de espaço e tempo. Essa idéia, de fato, tornou-se o ponto focal de intensa
investigação científica. Na verdade, muitos físicos teóricos acreditam agora
que um maior número de dimensões pode ser o passo decisivo na criação de uma
teoria abrangente que una as leis da natureza — a teoria do hiperespaço.
Se isto se
provar correto, futuros historiadores da ciência poderão sem dúvida registrar
que uma das grandes revoluções conceituais da ciência no século passado foi a
compreensão de que o hiperespaço pode ser a chave que permitirá desvendar os
segredos mais profundos da natureza e da própria criação.
Esse conceito seminal desencadeou uma avalancha de pesquisas
científicas. Vários milhares de artigos da autoria de físicos teóricos que
trabalham nos mais importantes laboratórios de pesquisa no mundo todo foram
dedicados à exploração das propriedades do hiperespaço. As páginas de Nuclear
Physics e Physics Letters, das principais revistas científicas da
área, foram inundadas com artigos analisando a teoria. Mais de duzentas
conferências internacionais de física foram promovidas para explorar as
conseqüências de um maior número de dimensões.
Lamentavelmente, ainda estamos longe de verificar
experimentalmente que nosso universo existe em dimensões múltiplas. No entanto,
essa teoria já está a esta altura firmemente estabelecida como um ramo legítimo
da física teórica contemporânea. Fazendo um paralelo com o filme Contato,
podemos nos lembrar de Steven
Weinberg, contemplado com o prêmio Nobel de Física em 1979, sintetizou essa
revolução conceitual ao comentar recentemente que a física teórica parece estar
se tornando cada vez mais parecida com a ficção científica.
[8] Ver o já
citado livro de GRENE, Brian. O Universo legante: supercordas, dimensões
ocultas e a busca da teoria definitiva. São Paulo: Companhia de Letras, 2001.
[9] Não podemos ver essas dimensões
adicionais porque elas se “enroscaram” numa bola tão minúscula que não podem
mais ser detectadas. Segundo a teoria Kaluza-Klein: o tamanho dessas dimensões
enroscadas é chamado o comprimento de Planck ( escala fundamental de
comprimento que tipifica qualquer teoria
quântica da gravidade), que é 100 bilhões de bilhões de vezes
menor que o pr6ton, pequeno demais para ser investigado mesmo pelo maior
acelerador de partículas existente. Físicos da alta energia haviam alimentado a
esperança de que o Superconducting Supercollidcr (SSC) (que foi cancelado pelo
Congresso em outubro de 1993) teria sido capaz de revelar alguns relances
indiretos do hiperespaço.
[10]
As quatro forças fundamentais são respectivamente: 1) A força
eletromagnética a mesma que ilumina nossas cidades, enche o ar com a música
de nossos rádios e aparelhos de som, nos distrai com a televisão, reduz o
trabalho doméstico com os aparelhos elétricos, aquece nossa comida com
micro-ondas, rasteia aviões e radares, eletrifica as usinas nucleares e, mais
recentemente, permite o uso dos computadores eletrônicos na escola, nos
escritórios, nas forças armadas, na medicina e nas comunicações em geral
utilizando até lazers em CDs, caixas eletrônicos de bancos, etc. 2) A força
nuclear forte que nos fornece a energia produzida pelas estrelas. Se a
força nuclear forte desaparecesse o Sol escureceria e se extinguia a toda a
vida na Terra; 3) A força nuclear fraca é a que governa certas formas de
desintegração da vida radioativa. Como ps materiais radioativos emitem calor
quando se desintegram e se rompem, a força nuclear fraca contribui para aquecer
a rocha radioativa profundamente entranhada no interior da Terra presentes por
exemplos nas erupções vulcânicas. A força de desintegração radioativa também
pode ser mortais subprodutos da produção de armas nucleares e usinas elétricas
nucleares como nos demonstra - entre tantos outros - o conhecido exemplo de
Chernobyl 4) A força gravitacional é a que mantêm a Terra e os planetas
em suas órbitas e aglutina a galáxia. Sem a força gravitacional da Terra seriamos
todos arremessados no espaço pela rotação da Terá. Sem a força gravitacional
todos os planetas, inclusive a Terra, seriam arremessados do sistema solar para
os confins das profundezas do espaço. De fato, sem a força gravitacional, o
próprio Sol explodiria.
[11] A luz emanada das estrelas, de fato, pode se propagar sem
esforço por trilhões e trilhões de quilômetros através do vácuo do espaço
cósmico numa velocidade de 300.000 quilômetros por segundo.
[12] Surpreendentemente. até hoje os físicos
ainda não têm uma verdadeira resposta para esse enigma, mas ao longo das
décadas simplesmente nos acostumamos com a idéia de que a luz pode se propagar
através de um vácuo, ainda que não haja nada para ondular.
[13] No espaço comum, um laço de corda pode
sempre ser reduzido a um ponto. Quando isso é possível, o espaço é dito
simplesmente conectado. No entanto, se o laço for posto em torno da entrada do
buraco de minhoca, ele não pode ser reduzido a um ponto. O laço, na verdade,
entra no buraco de minhoca. Esses espaços, onde os laços não são contráteis,
são chamados multiplamente conectados. Embora a curvatura do nosso
universo numa dimensão invisível tenha sido experimentalmente medida, a
existência de buracos de minhoca e a possível natureza multiplamente conectada
de nosso universo continuam sendo tópicos de controvérsia científica. (KAKU:
2000: 37-38).
[14]
MATSUURA, MATSUURA, Oscar T. A busca por novos sistemas
planetários. In: Ciência Hoje: São
Paulo: Revista Ciência Hoje, l998.
[15] Ver
CHAISSON, Eric, 1984.
[16] A sugestão de recepção de sinais
inteligentes foi feita pelos astrônomos Giuseppe Cocconi e Philip Morrison num
artigo histórico publicado na revista Nature
em 1959. Para esses autores, o melhor canal de comunicação interestelar
seria a freqüência da linha do hidrogênio neutro: 1.420 MHz, já que o
hidrogênio é o elemento mais abundante no Universo. Uma eventual sociedade
tecnológica extraterrestre teria esse conhecimento básico e teria desenvolvido
receptores para essa freqüência nos primeiros desenvolvimentos de sua radioastronomia.
Essa freqüência é boa também para ser recebida na Terra, pois encontra-se numa
janela do espectro das ondas de rádio em que a interferência devida à emissão
da galáxia e dos componentes moleculares da atmosfera da Terra é mínima. A
sugestão é boa, pois as ondas de rádio não sofrem atenuação pelas nuvens de
poeira interestelar, como a luz visível. Outra boa freqüência para a busca de
inteligência extraterrestre é a do radical oxidrila, em 1.660 MHz. Oxidrila e
hidrogênio neutro são os produtos da dissociação da água. Essas duas
freqüências consagraram a denominação “buraco da água” no espectro das ondas de
rádio para a pesquisa de vida inteligente extraterrestre. (MATSUURA, Oscar T. Vida Extraterrestre. In: El-Hani e Videira (orgs.) O que é Vida? Para entender a biologia
do século XXI. Rio de
Janeiro : Relume Dumará, 2000, 2000, p. 290).