sábado, 19 de fevereiro de 2022

CRISPR-Cas9 gerando mudanças hereditárias

Gilson Lima
Divulgando:
A CRISPR-Cas9, a famosa "tesoura genética" que ganhou o Prêmio Nobel de 2020, foi anunciada como uma nova ferramenta para a cura de doenças.

Logo depois, contudo, começaram a surgir indícios de que a edição genética não era tão precisa quanto se acreditava, levantando preocupações quanto à confiabilidade de qualquer tratamento baseado na técnica.

Na área da saúde, a edição do genoma abre espaço para a cura de inúmeras doenças genéticas, desde que o DNA seja modificado corretamente e não sofra alterações inesperadas. Até o momento, essas mutações indesejadas foram estudadas em células, mas o conhecimento das consequências em organismos vivos permanece limitado.

Quando a equipe sueca estudou o genoma de mais de 1.000 peixes-zebra de duas gerações, eles identificaram mutações inesperadas de vários tipos.

Para começar, o uso simples da técnica CRISPR-Cas9 gerou, em alguns casos, alterações em áreas do DNA maiores do que as previstas, enquanto em outros casos as mutações ocorreram no local errado do genoma. E as mutações imprevistas foram encontradas não apenas na primeira geração, mas também nos descendentes dos indivíduos objeto da manipulação genética.

Saber que essas mutações inesperadas são hereditárias é importante, uma vez que elas podem ter consequências a longo prazo para as gerações futuras. Mas isso só pode acontecer se você alterar o genoma de embriões ou células germinativas.

Cautela e validação

Na área da saúde, estão sendo desenvolvidos métodos adaptados para corrigir genes em um determinado tecido ou tipo de célula. Embora esses tratamentos não representem riscos para as gerações futuras, é aconselhável cautela.

A CRISPR-Cas9 pode ser uma ferramenta incrivelmente valiosa na área da saúde. Mas precisamos minimizar o risco de efeitos indesejados, e podemos fazer isso validando cuidadosamente as células modificadas com as mais recentes tecnologias de sequenciamento de DNA.

Checagem com artigo científico:

Artigo: CRISPR-Cas9 induces large structural variants at on-target and off-target sites in vivo that segregate across generations
Autores: Ida Hoijer, Anastasia Emmanouilidou, Rebecka Ostlund, Robin van Schendel, Selma Bozorgpana, Marcel Tijsterman, Lars Feuk, Ulf Gyllensten, Marcel den Hoed, Adam Ameur
Publicação: Nature Communications
Vol.: 13, Article number: 627
DOI: 10.1038/s41467-022-28244-5

 Gilson Lima. É cientista. Aposentou-se depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade. Hoje atua na ciência como atividade voluntária. Criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa na evolução cérebro, máquinas, corpos e sociedade. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas de ciência de ponta, tecnologia e protocolos de neuroreabilitação em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus.

Tem formação original humanística e foi voltando seus estudos e pesquisas desde o início dos anos 90 para a abordagem da complexidade nas metodologias informacionais, depois na nanotecnologia e nos últimos 15 anos de carreira focou na neuroaprendizagem e reabilitação envolvendo a simbiogênese e interfaces colaborativas entre cérebro, corpos e displays.

Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.

Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com

Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas e shows vídeos podem ser acessadas no canal do youtube. https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra

Nenhum comentário: