domingo, 4 de outubro de 2020

ESTAMOS ERRADOS: a chave do problema da COVID-19 é o sistema imune

Gilson Lima 1

Gostaria de compartilhar com vocês uma questão que julgo ser chave para o enfrentamento da pandemia. Pediria mais especificamente a ajuda no debate com os bioquímicos, microbiologistas e especialistas em sistema imune humano e, se possível, o contato com os cientistas das principais bancadas de enfrentamento ao SAR-COV-2.


Isso aconteceu depois de alguns meses pesquisando sobre artigos científicos envolvendo a família dos corona vírus que conhecemos mais detidamente a partir de 2002 (estudos chineses). 

Verificando estudos sobre óbitos e situações de agravamento dos simtomas da COVID-19 me inclinei fortemente a considerar que nossos esforços – desse mutirão científico planetário jamais visto nessa em escala - estão concentrados  no vírus e fora do centro de atividade principal da doença.

Estar focado no vírus –  é bom – vacinas , etc., mas não creio que o vírus deva ser o centro de atividade de nossos esforços mais imediatos respostas aos casos graves e os óbitos.

 O centro de Atividade da COVID-19 não é o vírus. O segredo da derrota da doença está em nós mesmos. A Chave é o sistema imune. O que está matando os humanos hoje é nosso próprio sistema imunológico, não tanto o vírus em si

O vírus produz um determinado quadro, que impõe, para alguns de nós, um sttess ao sistema imunológico um stress.  Uma super reação desorganizada. O sistema imunológico, ao super reagir, está causando as mortes.

Isso não pareceria uma grande novidade se lêssemos com outros olhos muitas das pesquisas realizadas. Está presente de modo fragmentado em muitas delas. Falta é ligar o problema como centro da atividade. O que não se encontra presente é esse olhar de que o centro do problema vital pode estar no nosso sistema imunológico. 

Não se sabe ainda por certo o porquê a passagem  em alguns casos dos sintomas leves para os graves e que podem gerar até óbitos. Sabe-se que morremos por uma reação exagerada de nossas defesas que pode acontecer em algumas pessoas.

Para entender como os indivíduos adquirem imunidade a um agente viral é preciso compreender o processo de resposta imune aos patógenos. A partir de estratégias de reconhecimento, o organismo identifica tais agentes por estruturas que são compartilhadas por vários deles, conhecidos por padrões moleculares associados aos patógenos, PMAPs (no inglês PAMPs: Pathogens-Associated Molecular Pattern), e, por conseguinte deflagra respostas a fim de conter aquele contato inoportuno, o qual pode quebrar seu equilíbrio (homeostase). Assim, diz-se que o sistema imune foi ativado.

A primeira estratégia de resposta aos agentes infecciosos é a imunidade inata. Como se trata de um vírus novo, nosso sistema imunológico não tem memória para combate-lo vai depender totalmente de nosso sistema inato que é composto por barreiras físicas corporais, substâncias químicas com ação inibitória e células especializadas capazes de identificar e neutralizar potenciais agentes de infecções, de forma generalizada e não específico.

Uma questão que parece certa é que explica as oscilações de contágio é a quantidade de vírus com a qual o nosso organismo tem contato: a carga viral. Quando menor a quantidade, mais fácil será se livrar dele no início. A insistência de entrada do vírus, gerando cada vez uma maior quantidade deles – permite que ele ultrapasse a fronteira inicial. 

A nossa resposta inata (primeira linha de defesa do organismo) já atacaria o vírus facilmente.  Quando recebemos uma alta carga viral, o que acontece principalmente para os profissionais de saúde, já seria mais difícil de conter.

A genética

Uma outra questão importante é o DNA que difere normalmente de indivíduo para indivíduo. Se seu código genético for "premiado" com uma alteração que facilite a entrada dos vírus nas células, as chances de desenvolver um quadro grave da covid-19 seria bem maior.

Estudando detalhadamente o porquê de jovens saudáveis morrerem, verificaram-se muitas novidades. Uma delas é que o gene e imunidade podem ajudar a explicar que o vírus pode estar matando as pessoas muito mais pela reação do nosso próprio sistema imunológico do que pela sua letalidade.

Viu-se em algumas pesquisas que as alterações no metabolismo causadas pelas doenças indicadas como grupo de risco verificou-se o desencadeamento de uma série de eventos bioquímicos que levam a um aumento na expressão do gene ACE-2, responsável por codificar uma proteína à qual o vírus se conecta para infectar as células. O gene ACE-2, funciona como um receptor molecular tem sido a porta de entrada do vírus que também indica uma explicação de por que ocorrem casos graves.

Quando o vírus é internalizado na célula — o que pode ocorrer com maior facilidade para quem tem a alteração no gene — consegue se reproduzir rapidamente e infectar outras células.

Isso explica muita coisa. Quando várias células já estão infectadas, nosso próprio sistema imunológico, que serve para  nos proteger contra vírus e bactérias, pode oferecer risco. O novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode infectar algumas das células de defesa e fazer com que elas entrem uma luta desproporcional no organismo. Confusos com a infecção do vírus, neutrófilos e linfócitos T citotóxicos, importantes células de defesa, podem entrar em atividade exaltada, combatendo tanto o inimigo quanto outras células saudáveis — prejudicando a defesa e causando danos a tecidos saudáveis.

Segundo alguns estudos essa análise pode ser detectada verificando um conjunto de apenas 13 genes envolvidos na imunidade à interferon, uma proteína produzida por leucócitos e fibroblastos para impedir a replicação de vírus. Com a presença da infecção viral no organismo, a proteína alerta o sistema imunológico, que combate a doença.

Isso pode mudar tudo, inclusive o esforço de combate ao vírus pelas vacinas. A boa notícia é que bloquear a atuação destrutiva do sistema imunológico pode ser mais fácil, mais rápido e bem mais barato.

Bloquear a entrada do vírus e mantê-lo encapsulado apenas na circulação sanguínea, permitirá que o sistema imunológico consiga reconhecê-lo e combatê-lo tranquilamente, sem desencadear o estresse e uma reação exagerada do sistema imunológico . Essa seria a chave do enfrentamento para evitarmos os casos graves enquanto lutamos para encontrar uma vacina adequada.


1. Gilson Lima. É cientista aposentado depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade. Criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa na evolução cérebro, máquinas, corpos e sociedade. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas de ciência de ponta, tecnologia e protocolos de neuroreabilitação em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus.

Tem formação original humanística e foi voltando seus estudos e pesquisas desde o início dos anos 90 para a abordagem da complexidade nas metodologias informacionais, depois na nanotecnologia e nos últimos 15 anos de carreira focou na neuroaprendizagem e reabilitação envolvendo a simbiogênese e interfaces colaborativas entre cérebro, corpos e displays.

Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.

Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com

Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas e shows vídeos podem ser acessadas no canal do youtube. https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra

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