segunda-feira, 20 de abril de 2020

OLHA! SEU MACACÃO É UM IDIOTA MOTORIZADO

Gilson Lima

A Capa do primeiro CD que gravei KOWALSKY 1.0 é ilustrativa
Vejam 

O desenho é na avenida paulista de São Paulo.  Um cavalo puxando um carro passa na frente do símbolo da riqueza no Brasil: o prédio da FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SÃO PAULO - FIESP. Vocês sabem que um cavalo pode alcançar no máximo 25 quilômetros por hora. Que é a velocidade média, a quase todo momento nessa avenida. Sabem que um terço de todo o território da cidade de São Paulo é para o automóvel. Sem contar as garagens dentro dos lotes dos edifícios e das casas.
Vejam também que no desenho, o cavalo tem um equipamento na parte de traseira que é para o cocô que depois pode ser recolhido. O céu também está impo sem a poluição do gás carbono dos veículos, pássaros voam pela cidade limpa. 
No final deste texto, tem um link para a música do macacão.



Nas grandes cidades do mundo, o automóvel particular já deveria ser uma máquina obsoleta. Polui, faz barulho e, pior de tudo, não anda além da velocidade máxima de um cavalo. Ou, antes, anda muito devagar.
Para ter uma prova disso, basta observar qualquer grande avenida de São Paulo ou do Rio em qualquer hora do dia, não só na ironicamente chamada "hora do rush". Não é certo dizer que o trânsito é intenso nessa hora, pois não existe trânsito algum: ninguém se mexe.
É para evitar isso – e para garantir um mínimo de qualidade do ar – que as nações civilizadas buscam de todas as maneiras diminuir o número de automóveis em circulação nos centros urbanos.
Em cidades da Alemanha, empresários vão trabalhar de metrô. Na Holanda e na Suécia, até ministros de Estado usam o transporte coletivo. Já o brasileiro, para ir à padaria da esquina, vai de carro.
Em algumas cidades, cada carro particular só sai à rua dia sim, dia não (num dia os de chapa ímpar, no outro os pares). Em outros locais, há pistas exclusivas para os carros com mais de dois ocupantes. Certas cidades simplesmente proíbem o tráfego de veículos em amplas áreas de seu perímetro. Etc. etc. etc.
É evidente que esse tipo de política restritiva é acompanhada de investimentos maciços no transporte coletivo (metrô, ônibus, trens, bondes) e em campanhas de opinião pública que mostram as vantagens daquele sobre a condução individual.
Uma cidade com 15 milhões de habitantes em sua área metropolitana, conta com ridículas duas linhas e meia de metrô, contra dez ou 12 em média em cidades europeias bem menores (Paris, Berlim, Londres).
No Brasil, país que se mostra tão afoito para entrar na "modernidade", ocorre exatamente o contrário. O transporte coletivo é literalmente sucateado, e só se fala em produzir mais carros, importar mais carros, acabar com o ágio dos carros, baixar o imposto dos carros. Em suma: atulhar mais ainda nossas já inabitáveis ruas.
O mais impressionante – e assustador– nessa história é que há uma espécie de aliança nacional em defesa dessa política suicida. Governo e oposição, empresários e metalúrgicos, importadores e usuários: todos unidos em defesa do automóvel, todos caminhando sorridentes e de mãos dadas para o inferno de gases poluentes e ferro-velho em que nossas cidades estão se transformando.
No Brasil a classe média é o horizonte mental do pobre, e o rico é apenas um sujeito de classe média com um pouco mais de dinheiro.
E o classe média brasileiro é, antes de tudo, um idiota motorizado. Seu paradigma é o idiota de classe média paulistano, que como apêndices do automóvel tem ainda um telefone celular no ouvido, agora também depois de uma onda de faroeste recente, muitos  com um revólver no porta-luvas e um adesivo com mensagem estúpida em inglês de "índio" no vidro traseiro.

LINK PARA A MÚSICA MACACÃO. 

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