Gilson Lima
A Capa do primeiro CD que gravei KOWALSKY 1.0 é ilustrativa
Vejam
O desenho é na avenida paulista de São Paulo. Um
cavalo puxando um carro passa na frente do símbolo da riqueza no Brasil: o
prédio da FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SÃO PAULO - FIESP. Vocês sabem que um cavalo pode alcançar no máximo 25 quilômetros
por hora. Que é a velocidade média, a quase todo momento nessa avenida. Sabem
que um terço de todo o território da cidade de São Paulo é para o automóvel.
Sem contar as garagens dentro dos lotes dos edifícios e das casas.
Vejam também que no desenho, o cavalo tem um equipamento
na parte de traseira que é para o cocô que depois pode ser recolhido. O céu também está impo
sem a poluição do gás carbono dos veículos, pássaros voam pela cidade limpa.
No final deste texto, tem um link para a música do macacão.
Nas grandes cidades do
mundo, o automóvel particular já deveria ser uma máquina obsoleta. Polui, faz
barulho e, pior de tudo, não anda além da velocidade máxima de um cavalo. Ou,
antes, anda muito devagar.
Para ter uma prova disso,
basta observar qualquer grande avenida de São Paulo ou do Rio em qualquer hora
do dia, não só na ironicamente chamada "hora do rush". Não é certo
dizer que o trânsito é intenso nessa hora, pois não existe trânsito algum:
ninguém se mexe.
É para evitar isso – e
para garantir um mínimo de qualidade do ar – que as nações civilizadas buscam
de todas as maneiras diminuir o número de automóveis em circulação nos centros
urbanos.
Em cidades da Alemanha,
empresários vão trabalhar de metrô. Na Holanda e na Suécia, até ministros de
Estado usam o transporte coletivo. Já o brasileiro, para ir à padaria da
esquina, vai de carro.
Em algumas cidades, cada
carro particular só sai à rua dia sim, dia não (num dia os de chapa ímpar, no
outro os pares). Em outros locais, há pistas exclusivas para os carros com mais
de dois ocupantes. Certas cidades simplesmente proíbem o tráfego de veículos em
amplas áreas de seu perímetro. Etc. etc. etc.
É evidente que esse tipo
de política restritiva é acompanhada de investimentos maciços no transporte
coletivo (metrô, ônibus, trens, bondes) e em campanhas de opinião pública que
mostram as vantagens daquele sobre a condução individual.
Uma cidade com 15 milhões de
habitantes em sua área metropolitana, conta com ridículas duas linhas e meia de
metrô, contra dez ou 12 em média em cidades europeias bem menores (Paris,
Berlim, Londres).
No Brasil, país que se
mostra tão afoito para entrar na "modernidade", ocorre exatamente o
contrário. O transporte coletivo é literalmente sucateado, e só se fala em
produzir mais carros, importar mais carros, acabar com o ágio dos carros,
baixar o imposto dos carros. Em suma: atulhar mais ainda nossas já inabitáveis
ruas.
O mais impressionante – e
assustador– nessa história é que há uma espécie de aliança nacional em defesa
dessa política suicida. Governo e oposição, empresários e metalúrgicos,
importadores e usuários: todos unidos em defesa do automóvel, todos caminhando
sorridentes e de mãos dadas para o inferno de gases poluentes e ferro-velho em
que nossas cidades estão se transformando.
No Brasil a classe média é
o horizonte mental do pobre, e o rico é apenas um sujeito de classe média com
um pouco mais de dinheiro.
E o classe média
brasileiro é, antes de tudo, um idiota motorizado. Seu paradigma é o idiota de
classe média paulistano, que como apêndices do automóvel tem ainda um telefone
celular no ouvido, agora também depois de uma onda de faroeste recente, muitos com um
revólver no porta-luvas e um adesivo com mensagem estúpida em inglês de "índio" no vidro traseiro.
LINK PARA A MÚSICA MACACÃO.
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