terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um só neurônio pode influenciar comportamento, diz estudo

1 de dezembro, 2007 - 11h01 GMT (09h01 Brasília) Carolina Glycerio De São Paulo. 

Um só neurônio pode influenciar comportamento, diz estudo O estímulo de apenas um neurônio pode desencadear reações nervosas e afetar o comportamento, apontam estudos feitos em ratos e publicados na revista científica Nature.

 A conclusão contraria a noção de que muitos neurônios, um número na casa dos milhares, são necessários para detonar uma resposta em funções cerebrais como o aprendizado e a memória. "Já se suspeitava, mas não tínhamos a comprovação, de que um único neurônio pode permitir o desempenho de funções cerebrais", afirma o neurocientista Clóvis Orlando, professor da Universidade Federal Fluminense.

Segundo o cientista, que pesquisa células tumorais, os resultados abrem caminho para uma visão diferente do cérebro que os cientistas que já vêm desenvolvendo, que passa pelo fim dessa noção de que o número de neurônios é limitado. Orlando destaca, no entanto, que isoladamente um neurônio não desempenha função alguma. Ele precisa se juntar com a glia, célula de sustentação cerebral que fornece oxigênio e nutrientes, para daí receber o estímulo e desencadear a sinapse. "O que o estudo sugere é que a comunicação neurônio-glia pode, através da formação de sinapses, determinar a fisiologia da aprendizado, da memória." Bigodes O primeiro estudo citado na Nature consistiu em estimular neurônios na parte do cérebro dos ratos ligada à sensibilidade dos bigodes - que os ajudam a se orientar em ambientes de visão limitada. Essa região é composta de cerca de dois milhões de neurônios e cada bigode transmite sinais para um grupo de células. Segundo os pesquisadores, liderados pelo neurobiólogo Karel Svoboda, do Instituto Médico Howard Hughes, em Nova York, a observação dos animais mostrou que o estímulo de poucos neurônios é suficiente para influenciar fatores que serão determinantes na fisiologia do aprendizado. Uma outra equipe de pesquisadores, liderada por Michael Brecht, do Centro Médico Erasmus, na Holanda, e Arthur Houweling, da Universidade de Humboldt, de Berlim, tentou isolar o papel individual dos neurônios com experimentos que analisaram a influência de cada um deles na capacidade tátil dos animais. As duas equipes utilizaram técnicas que lhes permitiram estimular feixes específicos de neurônios. Svoboda e seus colegas criaram ratos transgênicos que respondiam ao estímulo da luz. Recompensando os animais com água, os pesquisadores conseguiram respostas que envolviam apenas 60 neurônios. O outro grupo instalou eletrodos projetados para ativar neurônios individuais dentro do córtex cerebral dos ratos. Eles então treinaram os ratos a "apagar" a luz quando sentissem o estímulo.

 Em média, os animais responderam ao estímulo de um único neurônio em 5% do tempo. Mas no caso de alguns neurônios específicos, a resposta ocorria em 50% do tempo. Já Svoboda e Brecht dizem que seus estudos não encerram o processo de conexões neuronais. Segundo Svoboda, os experimentos mostram que animais podem coletar dados muito espaçados, mas não comprovam que essa coleta é espaçada o tempo todo. Segundo os dois pesquisadores, para avançar nas conclusões, seria preciso usar técnicas muito sensíveis de monitoramento da atividade neural. "Isso ainda não foi feito de forma satisfatória. Há questões técnicas a ser superadas, mas muita gente está trabalhando nisso." 

 

 

Meu comentário: Como sociólogo não acredito no individualismo nem no comportamento macro visível, imagine molecular. Essa notícia é contra todas as novidades que estão sendo descobertas. A noção da unidade neuronal do sistema nervoso (como processo discreto, dando mais importância ao neurônio que o assembler - a rede ou redes pequenas, médias, longas até as mais complexas) é o que se pensava Cajal com sua descoberta no final do Século XIX.

Já vi simulações complexas com "bigodes" de camundongos em Natal - Rio Grande do Norte no Instituto de Neurociências do Nicolellis quando estive lá recentemente em novembro de 2008). É algo espantoso em termos de redes e complexidades de conexões. Imagine um rato fugindo de um gato e calculando sua fuga junto o um distante buraco da parede (tudo isso é feito em milissegundos pelos bigodes. Tire apenas um deles que o rato vai se estoporar pela parede e nem preciso de verba do CNPQ para isso.

Nenhum comentário: