sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pessoas mais velhas lembram menos de eventos negativos, diz estudo

BBC Brasil. com. 17 de dezembro, 2008 - 19h47 GMT (17h47 Brasília) Notícias: Pessoas mais velhas lembram menos de eventos negativos, diz estudo! Uma pesquisa da Universidade de Alberta, no Canadá, em colaboração com a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, indica que pessoas mais velhas tendem a se lembrar menos de acontecimentos negativos, em comparação a pessoas mais jovens. "Idosos realmente usam seus cérebros de uma forma diferente das pessoas mais jovens quando se trata de armazenar memórias, principalmente se for uma memória negativa", afirmou o autor do estudo e professor-assistente de psiquiatria e neurociência da universidade canadense, Florin Dolcos. A pesquisa descobriu mudanças relacionadas à idade na atividade cerebral quando os participantes com média de 70 anos de idade observavam imagens padronizadas de eventos considerados neutros ou muito negativos. A pesquisa foi publicada na edição online da revista americana Psychological Science. Atividade cerebral A equipe de pesquisadores pediu que pessoas mais velhas e jovens classificassem o conteúdo emocional de fotos segundo uma escala de prazer que elas causavam. Enquanto isso, a atividade cerebral dos participantes era monitorada com um aparelho que faz imagens do cérebro usando ressonância magnética. Trinta minutos depois, e de forma inesperada, os pesquisadores pediam aos voluntários que se lembrassem das imagens que viram. Os participantes mais velhos se lembravam de menos imagens negativas do que os mais jovens. Exames dos cérebros dos participantes mostraram que, apesar de os dois grupos etários terem registrado níveis semelhantes de atividade nos centros emocionais do cérebro, eles eram diferentes na maneira como estes centros interagiam com o resto do cérebro. Os participantes mais velhos tinham interações reduzidas entre a amígdala, uma região do cérebro que detecta emoções, e o hipocampo, uma região do cérebro envolvida nos processos de aprendizado e memória, quando as imagens negativas eram mostradas. Pensamento x emoção Os exames também mostraram que os mais velhos tiveram interações elevadas entre a amígdala e o córtex frontal dorsolateral, uma região do cérebro envolvida nos processos mais complexos de pensamento - como o controle de emoções. Os participantes mais velhos usaram processos de pensamento, ao invés de processos emotivos, para guardar as memórias emocionais. Em um outro artigo publicado em 2008, a equipe de pesquisadores canadenses e americanos relatou que idosos saudáveis são capazes de controlar as emoções de uma forma melhor que os jovens, sendo menos afetados por eventos negativos. "O cérebro dos idosos funciona diferente do (cérebro) de indivíduos jovens", afirmou Florin Dolcos. "De alguma forma, eles treinaram o cérebro para que sejam menos afetados durante e depois de um evento negativo." Os pesquisadores avaliam que o estudo poderá melhorar a compreensão de problemas relativos à saúde mental como depressão e ansiedade. A pesquisa também poderá, segundo os especialistas, ajudar a melhorar a memória em adultos mais velhos, que têm problemas de memória, e auxiliar estudos relacionados ao mal de Alzheimer. 

  Meu Comentário: GILSON LIMA. Trinta minutos depois, e de forma inesperada, os pesquisadores pediam aos voluntários que se lembrassem das imagens que viram. Os participantes mais velhos se lembravam de menos imagens negativas do que os mais jovens. Interessante mas 30 minutos é muito pouco tempo para a memória de longo prazo. Por outras pesquisas também já se sabe mais ou menos isso. Uma longa pesquisa de vários anos feita com elefantes descobriu que a taxa de aprendizagem diminui com o tempo. A memória de aprendizagem de logo prazo (sobre tudo a declarativa) está muito envolvida com o prazer, mas no caso da aprendizado com angústia também (grava-se a angústia junto com a declaração armazenada). Por quê? Os velhos vão diminuindo a taxa de aprendizagem geral. Por isso que o Ritmo de nossa capacidade de aprender diminui com a idade. Por que os jovens são menos inexperientes. Aquilo que no senso comum se diz: já vi várias vezes esse filme. Sabemos que ensinar às crianças de modo que elas aprendem mais e melhor, que tipos de conteúdos precisam ser apresentados de uma forma gráfica ou de forma que elas possam experimentar, tocar, cheirar, ouvir. Quando soubermos isso tudo em detalhes, não poderemos mais deixá-las sentadas em frente a um professor que fala sem parar. Essa não é definitivamente a melhor maneira de ensinar crianças. Há diferenças também de tempo: alguns aprendem rápido, outros levam mais tempo. Mas o que deve nos preocupar é em entender como o ser humano usa suas habilidades de aprendizado. A idade é um fator vital para isso. Nossa capacidade de mudar nossas sinapses (pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e por onde passam os estímulos) tem que diminuir com a idade porque, de outra forma, você não ia aprenderia o que precisa para viver. Se nosso cérebro mudasse o tempo todo, você esqueceria de tudo o tempo todo. Precisamos manter aquele conhecimento que faz diferença para nossa vida. Quando você estuda livros sobre cérebro e idade, você percebe que a curva da capacidade de aprendizado é alta na infância, continua alta na juventude e, depois, declina quando pessoas desenvolvem a doença de Alzheimer. Mas não é assim. Temos uma grande capacidade de aprender na infância porque precisamos disso para crescer. Depois, continuamos aprendendo por toda a vida, mas de uma maneira diferente em cada etapa. Por exemplo, se você aprendeu o espanhol, conseguirá aprender o português sem mudar muitas sinapses. Já está lá dentro, você só precisará fazer algumas mudanças. Mas se seu espanhol não está lá, você terá trabalho para aprender o português. Isso que as crianças podem fazer mais rápido que os adultos. Mas ver isso sob esse prisma é novo. Saber que é bom aprender mais de devagar quando envelhecemos, mas que é bom ter muitas estruturas dentro para conseguir continuar aprendendo com facilidade é algo que a neurociência ensina e que não é possível saber disso com apenas testes psicológicos ou escalas. Você precisa saber como o cérebro funciona para saber disso. Quanto mais velhos mais lentos somos para aprender. Tem que ser assim, pois não queremos começar a construir tudo de novo. Queremos manter o conhecimento que temos e que adquirimos. Os melhores estudos e as melhores pesquisas demonstraram isso. Na pesquisa em mamíferos, mais particularmente, com elefantes verificou que em seu habitat natural eles viajam em grupos de 12 e guiados geralmente por elefantas mais velhas. Os elefantes emitem sons de contato e os mais velhos reconhecem apenas pelos sons, mesmo não visualizando um possível novo som se eles conhecem ou não o elefante ou os grupos que emitiram os sons. Se são novos elefantes que estão próximos, elas geralmente fazem um cerca onde os mais velhos ficam do lado de fora protegendo os mais novos. As suas trombas permitem cheirá-los e ver o que os novos vizinhos querem e analisar os riscos envolvidos no encontro. Esse estudo foi publicado pela Science em 2.000. Foram vinte anos de observação cujos sons foram gravados medidos e identificados. Os pesquisadores tocaram esses sons para os grupos de elefantes para ver como reagiam. Quantificaram os que formaram círculos e o sistema de defesa. Descobriram que quanto mais os elefantes conheciam os sons menos defesas eles produziam. Por que? Também descobriram que a precisão e a reação eficaz dos círculos de defesas eram heterogêneos. Mais precisas e organizadas num grupo e menos noutros. Depois de identificar as elefantes guias descobriram o porque: era a variável idade. Experiência. Quanto maior era a idade dos elefantes guias, mais precisos eram seus sistemas de defesa e menos riscos, menos estresse os seus grupos corriam. Ficou claro que a sabedoria dos elefantes mais velhos eram mais elevados e tornavam o grupo mais seguro e elevava a taxa de fertilidade do grupo. Na média os elefantes (fêmeas) mais jovens tinham mais filhotes nos grupos mais seguros. Os velhos têm importância para o grupo inteiro. Assim, como na maioria dos primatas, como no caso dos gorilas (quase extintos), os seres humanos já sabiam disso também. A presença de uma avó causa nascimento de mais bebês. A taxa de fertilidade aumenta com a presença de um adulto idoso em quase 100%. Lembrem-se que a vovó em casa é igual a mais fertilidade. A vó conhece, ajuda, relaxa e inibe o estresse aumentando a fertilidade. O fator da rapidez na aprendizagem não significa sabedoria, pode-se aprender mais rápido negativamente. De qualquer modo os fatores filogenéticos não são absolutos, também dependemos muito de nossa ontogenia e não apenas de nossa filogenia, dependemos muito de nossa história de vida. Outra complexidade dos humanos é que os humanos não são isomórficos. Abra um cérebro de uma minhoca e descobrirá como são todas as minhocas. Um ser humano é diferente do outro, diferente do seu irmão e até mesmo de seu irmão ou irmã gêmea. Um exemplo. Aprender instrumentos. É muito bom para desafiar o cérebro. Uma ampla pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstrou isso. Descobrimos que crianças que tocam instrumentos têm melhor desempenho em diversas áreas do que as que não tocam. Quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. A razão para isso pelo que sabemos até agora é: quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. Além disso, música é diversão. Elas aprendem "sim, eu consigo fazer isso e, quanto mais eu treinar, melhor serei". E uma vez que elas aprendem isso - que podem fazer bem algo - , serão capazes de aprender o que quiserem. Isso é algo que cada criança deve aprender, e a música é uma boa maneira de saber disso. Um tocador de gaita tem mais espaço no cérebro para a mão e para a boca do que usa, por exemplo, a boca apenas para falar e comer. Mais células representarão o tato nesses locais. Um violinista profissional, que toca o instrumento desde pequeno, tem cerca de 4 centímetros de espaço no cérebro apenas para a mão esquerda. Se hoje, adultos vamos começar a aprender a tocar violino poderemos chegar ao máximo a 0,5 centímetros, ou seja, ½ centímetro de espaço para a mão esquerda. É melhor começarmos mais cedo. O jovem está mais preparado para aprender mudanças, os mais velhos são mais lentos. O que é ótimo, caso contrário, teria que sempre aprender tudo sempre novamente, efeito do: de novo da criança de colo. Por isso o cérebro adulto aprende mais devagar. A taxa de rapidez da aprendizagem vai caindo com o tempo. Por que já aprendeu muito, é muito mais apto a fazer reajustes. O novo não é sempre novo para um adulto. A capacidade de rapidez de aprender diminui com o tempo e cai muito com a velhice. Cresce muito até aos 17 anos, se estabiliza e depois decresce muito a partir do final dos 40 anos. Na segunda década da vida, dos 12 aos 27 anos, a taxa de aprendizagem rápida já cai muito e as indicações das mudanças sinápticas são claras nesse sentido. Ela sobe um pouco dos 18 aos 21 anos e depois volta a cair. Quase tudo se volta para reconfigurar o que já se sabe e não mais para cair de cabeça toda hora com tudo que se apresenta pela frente. O maior modelador do ritmo e da velocidade da taxa de aprendizagem é a idade. Aprender é estimar um valor e uma ação com um parâmetro bem geral. Como um conceito bem geral que distingue isso dos outros conceitos. Fazemos isso o tempo todo. Os velhos adquirem um dicionário maior de parâmetros, muito do que fazem é reconfigurar seus velhos parâmetros em vez ficarem batendo a cabeça em criar novos. Quase sempre. Às vezes são surpreendidos. Algo que já sabia e quem não se configura como verdade. Precisam também bater a cabeça na formulação de um parâmetro ou um conceito novo. Por exemplo, uma espécie muito parecida ou quase idêntica de uma aranha venenosa que não é venenosa. Essas frutas vermelhas são comestíveis e não são venenosas? Essa aranha é venenosa ou não? Aprender é buscar valores que se transmutam em verdades. Uma tensão permanente da aprendizagem é a busca desses valores e a confrontação deles no mundo que acontecemos. Um jovem que nunca viu uma aranha venenosa qualquer, nem seu desenho, não saberá. Uma pessoa que já viu e sabe sobre o que ela pode fazer, já estudou, já demonstrou, ou experimentou sua picada tem conhecimento sobre isso e sabe o que ela pode fazer com outros humanos. A educação é sempre aprendizagem de valores qualitativos, quantitativos e demonstrativos, que são obtidos pela experimentação teórica e ou prática de um processo de aprendizado. A linguagem e a aprendizagem de um léxico é um desses parâmetros muito complexos. Aprender é um problema, aprender rápido é outro e dar saltos na aprendizagem é outro ainda. Aprendemos dando pequenos passos, um por um. A aprendizagem complexa é lenta de qualquer modo, mas é muito mais lenta com o avançar da idade. Refutar velhos valores e desaprender também é importante. Desaprender no âmbito do plexo neuronal é voltar por caminhos já trilhados não apenas trilhá-los, ir indo para trás e ao mesmo tempo refazendo-o como se estivesse cainhando para frente. Depois voltar a caminhar nele e ver como ficou. Se bate o que estamos valorando com o que estamos descobrindo. Reconfigurar é mais difícil que configurar. Reformar é mais difícil do que construir um prédio num terreno vazio. Começamos uma obra com passos grandes num terreno vazio. É tudo muito rápido. Depois vem o acabamento que é mais detalhado, os passos são menores e o processo é bem mais lento. Numa reconfiguração ou reforma temos que reconstruir o ambiente sem muita liberdade de ação. É mais lento. Derrubar uma parede é fácil, mas para isso precisamos saber se o teto não vai desabar. A maior lentidão do aprendizado nos adultos é um problema de interferência entre as tarefas. Uma tentativa de um segundo aprendizado simultâneo perturba o primeiro. As crianças têm em geral um número maior de sinapses em seu cérebro do que adultos. Parte do processo de aprendizado é justamente a eliminação das sinapses excedentes. As crianças aprendem mais rapidamente uma língua estrangeira e sem sotaque, mas alguns tipos de aprendizado como o motor, são ao menos idêntico entre adultos e crianças. Um parêntese. Aprender uma língua é muito mais fácil cedo onde os traçados neuronais estão sendo construídos. Aprender um instrumento musical também. Pesquisas recentes descobriram que aprender um instrumento faz muita diferença na aprendizagem de uma pessoa. Desde criança aprender a tocar um instrumento musical é um processo muito importante para a aprendizagem complexa. Nosso ritmo de aprendizagem diminui com a idade. A notícia diz também: "Os exames também mostraram que os mais velhos tiveram interações elevadas entre a amígdala e o córtex frontal dorsolateral, uma região do cérebro envolvida nos processos mais complexos de pensamento - como o controle de emoções. Os participantes mais velhos usaram processos de pensamento, ao invés de processos emotivos, para guardar as memórias emocionais". 


  Meu comentário: GILSON LIMA. Bem! Quando se trata de processos emocionais “negativos” as amígdalas tem um papel significativo. Amígdala. As amigdalas são duas massas de neurônios situadas a cada lado do tálamo próximas á parte terminal inferior do hipocampo. Quando estimulada eletricamente os animais respondem com agressão. Caso a amigdala seja removida os animais ficam muito mansos e não mais respondem a coisas que lhe teriam estimulado uma resposta agressiva anteriormente. Mas tem outras funções além da raiva: quando removidas os animais tornam-se indiferentes a outros estímulos que de outro modo lhes teriam causado medo ou mesmo a muitas respostas sexuais. Quando as emoções são prazeirosas e positivas é no NÚCLEO ACCUMBENS (NÚCLEO DA BASE) que isso acontece. No núcleo accumbens ocorre principalmente, a liberação do neurotransmissor dopamina. Esse núcleo está relacionado com a busca do prazer. Esse núcleo está conectado a uma região chamada de área tegmental ventral. É um local de convergência para estímulos procedentes da amigdala, hipocampo, área entorrinal, área cingulada anterior e parte do lobo temporal. Deste núcleo partem eferências para o septo, hipotálamo,área cingulada anterior e lobos frontais. Devido às suas conexões aferentes e eferentes o núcleo accumbens desempenha importante papel na regulação da emoção, motivação e cognição. Amigdala e núcleo accumbens! Recentemente se descobriu que o processamento das emoções negativas e positivas se dá em núcleos diferentes no cérebro. O mesmo local onde quem é viciado em cocaína, em chocolate ( fenilenina nos neurônios no sistema de recompensa,... é o local do qual se processa o reforço do prazer e da felicidade que deveria ser a grande preocupação para os educadores envolverem na aprendizagem de seus alunos. As emoções negativas se processam de modo muito intenso no núcleo da amígdala. As emoções positivas e o reforço do prazer no núcleo accumbens. As emoções positivas, porém, são pouco conhecidas até mesmo pelos cientistas da mente e podemos defini-las, mas ainda não é possível atribuir-lhes uma base neural segura. Uma abordagem reducionista da emoção acabou por entender os aspectos apenas negativos da emoção, não permitindo verificarmos nas atitudes e práticas o envolvimento positivo da emoção para a expansão do conhecimento e a predominância marcante das emoções entre um estado de mentitude sobre o outro nos processos de aprendizagem. A razão e emoção são aspectos genéricos de um mesmo contínuo e expressam as mais sofisticadas propriedades do cérebro humano. Como parte dessa continuação, podemos destacar, no extremo racional, operações como o pensamento lógico, o cálculo mental e a resolução de problemas; na ponta emocional o medo, a agressividade e o prazer. No meio, uma infinidade de possibilidades: o comportamento socialmente determinado (ajuste social), a apreciação e a criação artística, a tomada de decisões, o planejamento de ações futuras. Um contínuo infinito é o que chamamos de estados simbióticos de mentitude. Um componente químico importante para o reforço do prazer é a dopamina, tão estudado nos processos viciantes que envolvem drogas como: o crack e da cocaína, como no consumo exagerado de chocolate.

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