terça-feira, 14 de abril de 2020

A PANDEMIA DA CLOROQUINA & HIDROXICLOROQUINA, MEDICAÇÕES DE PRATELEIRAS E NOVAS TERAPIAS: o que sabemos sobre até 11 de abril de 2020 para a COVID-19



Gilson Lima.

O desrespeito e desconsideração com a vida e aos profissionais de saúde nessa pandemia tem sido entristecedor. Desconsideram a fadiga cognitiva das equipes médicas e inundam as redes com um amontoado de informações inúteis; a falsa esperança; o uso político; o marketing clínico baseado em fantasia. É muito triste esse tipo de gentalha que faz um estrago tão grande quando o vírus. (Gilson Lima).

As chances são de que nós (como espécie) estaremos combatendo esta epidemia sem nenhuma arma farmacológica particularmente surpreendente até o final desse primeiro surto pandêmico do SARS-Cov-2.
Eventualmente, teremos algumas experimentais, mas eu aconselho as pessoas, especialistas  e políticos a não ficarem empolgados com as perspectivas de que novas terapias venham subindo a colina para nos ajudar. As chances de isso acontecer a tempo de fazer qualquer coisa sobre o surto atual são muito pequenas. Iremos por meses, anos, com as opções terapêuticas que temos agora. Olhe ao seu redor: o que temos hoje é com o que temos que trabalhar. (Derek Lowe).

 
Certa feita um velho encontrou um vírus na estrada e perguntou: para onde você está indo? O vírus respondeu que estaria indo matar 10.000 pessoas em uma certa cidade. Dias depois, o velho encontrou novamente o vírus e perguntou: porque você matou 100.000? O vírus respondeu: eu matei apenas 10.000, o resto morreu de medo.

De imediato quero esclarecer que esse material não é original é uma extração de uma revisão de vários artigos de fontes científicas confiáveis (considerando o quadro atípico que estamos vivendo). Dentro do possível, coloquei os links para que possam navegar nas fontes diretas citadas pelos posts e materiais que descrevi e analisei.
Como sabemos a mortalidade do coronavírus (dentre indivíduos que chegam ao diagnóstico) é de 2-3%. Observem que esta é uma mortalidade menor que sepse ou infarto do miocárdio e nunca um sistema moderno de saúde foi tão estressado por uma epidemia. O que coloca esse vírus num lugar singular e é sobre o enfrentamento com esse vírus,  o SAR-Cov-2,  que focaremos aqui.
  
O que sabemos até agora sobre a hidroxicloroquina? 

Vou fazer um apanhado de vários artigos científicos que analisei. Extraindo deles o que me parece essencial para entender também a insanidade da panaceia e jogos de interesses comerciais e políticos que foi disparados nas redes sociais sobre usar ou não hidroxicloroquina.

Já no início desta epidemia, a comunidade médica criticava profissionais que tentavam vender suas terapias ortomoleculares ou coisas do gênero que se proliferou tão rápido quando o vírus, mas ninguém tinha a dimensão do nível de ensandecidas que estávamos cercados até mesmo de importantes lideranças políticas.
Existem onze medicamentos de prateleira que circulam nas terapias intensivas com ensaios clínicos e testes sendo realizados no mundo para a COVID-19.[1] (mais adiante mostro uma tabela detalhada desses medicamentos). Porém, é estranho porque somente a cloroquina e a hidroxicloroquina se transformaram nessa “pandemia da solução” em toda as redes sociais.

Se podemos marcar um momento em que essa loucura e o pandemônio explodiu envolvendo esse medicamento, foi no dia 20 de março de 2020 quando uma pesquisa francesa publicada no Science Direct e sua "descoberta mágica" caiu na rede como um enorme peixe e fluiu mais rápido que o vírus pelo mundo. Não levou muito tempo para sabermos que o peixão  era uma pequena sardinha, mas a febre de interesses políticos e financeiros incendiou a ignorância movida pelo combustível so medo,  e essa febre, teima em não baixar.
Essa pesquisa francesa mostrou que o tratamento com hidroxicloroquina estaria significativamente associado à redução / desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela azitromicina.

“... hydroxychloroquine treatment is significantly associated with viral load reduction/disappearance in COVID-19 patients”.

Causou um pandemônio. Ao longo desse dia foram incontáveis mensagens apontando o estudo francês, culminando no anúncio falso do presidente Trump de que o FDA houvera aprovado em temp récord a hidroxicloroquina para o tratamento do COVID-19.
Na verdade o que o maluco do Trump disse nem foi isso:

"We have to remove every barrier or a lot of barriers that were unnecessary and they've done that to get the rapid deployment of safe, effective treatments"  (Temos que remover todas as barreiras ou muitas barreiras desnecessárias e elas fizeram isso para obter a rápida implantação de tratamentos seguros e eficazes)

Trump acha que o rigor científico do FDA seria uma barreira desnecessária. Nesse exercício raro de sabedoria, Trump – como sabemos - não está sozinho. Muitos argumentam que em momentos de crise devemos reduzir este rigor. 
Replicou notícias nas redes e, no entanto, esta discussão perdeu totalmente o sentido envolvendo o ecossistema clínico em hospitais de referência para incluírem este tratamento como opção em seus protocolos.

Quando a calmaria voltou vimos que a tal pesquisa envolvia apenas seis pacientes que eram assintomáticos, vinte e dois que apresentavam sintomas de infecção do trato respiratório superior e oito apresentavam sintomas de infecção do trato respiratório inferior.
Apenas vinte casos foram tratados neste estudo e mostraram uma redução significativa do transporte viral após a comparação com os controles e uma duração e média de transporte muito menor do que a relatada na literatura por pacientes não tratados. A azitromicina adicionada à hidroxicloroquina foi significativamente a mais eficiente na eliminação do vírus.
A efetividade da hidroxicloroquina está - como já sabemos -  na limitação da replicação do SARS-CoV-2 (virus causador da COVID-19) em vitro. Porem, o artigo mostrava um resultado promissor. Recomendando revisar a função da hidroxicloroquina nestes casos virais.

O estudo terminava com uma CONCLUSÃO bombástica.

Apesar de seu pequeno tamanho amostral, nossa pesquisa demonstrou que o tratamento com hidroxicloroquina está significativamente associado à redução / desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela azitromicina.

Agora este artigo é um aglomerado de vieses. Mas não são apenas vieses clássicos, há condutas que nem constam nos tradicionais checklists. Algo caricatural. 
Foram 26 pacientes que utilizaram hidroxicloroquina versus 16 pacientes controles. Um hospital de Marselha recrutou pacientes para o tratamento e outros centros de outras regiões recrutaram os controles. O desfecho foi substituto: a negativação virológica do swab nasal no sexto dia.

Primeiro viés. A randomização serviria para evitar o viés de confusão, o que não ocorreu.
O inusitado: pacientes de Marselha que recusavam o tratamento continuavam no estudo como grupo controle! Isso provoca grande heterogeneidade basal entre os grupos, pois pacientes que recusam são diferentes de pacientes que aceitam. Ao recusar um tratamento os pacientes não deveriam ser incluídos no estudo. Na verdade, em um ensaio clínico, potenciais voluntários não recusam tratamento. O que eles recusam é entrar no estudo.


Segundo vieses comprometedor, os pacientes que se encaixavam em critérios de exclusão (comorbidades, contraindicações à droga), eram incluídos no estudo como grupo controle. Pacientes mais graves, antes no grupo da droga, foram transferidos para o grupo controle.
O estudo também exclui do grupo tratamento pacientes que não completaram o tratamento, em uma grosseira violação do princípio da intenção de tratar. Inadequadamente denominaram isso de “loss of follow-up”, ou seja, quando ocorre perda de acompanhamento. O que significa que pacientes que estavam participando ativamente de um estudo clínico, em algum momento se perderam-se do acompanhamento do estudo.
No entanto, não houve perda de seguimento, os pacientes continuavam disponíveis para ser avaliados. Na verdade, esta é uma análise por protocolo, em que 6 dos 26 pacientes saíram do estudo: 3 porque foram para a UTI, 1 porque morreu, 1 porque teve náusea e outro teve alta hospitalar. Dos 6, 5 pacientes não continuaram o tratamento porque pioraram! E estes foram excluídos do grupo controle.
Terceiro viés ocorreu por desempenho promovido por diferenças nas condutas gerais entre os grupos. Estudo aberto, grupo tratamento em hospital diferente do grupo controle. Devemos procurar sinais: espontaneamente 6 pacientes do grupo tratamento receberam azitromicina. Não que azitromicina vá resolver nada, mas isto é um sinal indicativo de maior atenção ou indicação de cuidados adjuntos. 
Quarto viés foi o risco de erro aleatório. Este é claramente um estudo pequeno, o que aumenta sobremaneira a probabilidade do erro aleatório. O cálculo amostral traz a ilusão de 85% de "poder". No entanto, não apresenta a premissa de positividade do swab no grupo controle e estima uma inusitada eficácia de 50%. Algo bom demais para ser verdade para a maioria dos tratamentos, quanto mais para este de baixa probabilidade pré-teste. Portanto, aqui temos um estudo pequeno, com alto risco de erro aleatório. E para que um estudo pequeno consiga demonstrar “significância estatística”, esta precisa que ser tão grande que se torna “boa demais para ser verdade”.
Então, aqui estamos diante de um resultado laboratorial, o que conhecemos como desfecho substituto. Mesmo que considerássemos esse resultado confiável, ainda haveria uma grande incerteza do benefício clínico.
Por tudo isso, este é um estudo a ser descartado, por seu alto risco de viés e acaso. Em um pensamento científico bayesiano, este estudo não aumenta a probabilidade da hipótese ser verdadeira.
Na Suécia semana passada interromperam o uso do medicamento após relatos de suspeita de efeitos colaterais. Os doentes relataram cólicas, perda de visão periférica e enxaqueca após a prescrição do medicamento. Para uma em cada 100 pessoas, a cloroquina também pode causar arritmia cardíaca, que pode conduzir ao infarto. Foi relatado também que receitado para tomar dois medicamentos de manhã e dois à noite pacientes em vez de melhorar, começaram a apresentar sintomas mais fortes, como febre e dificuldade para respirar. Bem como, câimbras e aumento insuportável das dores de cabeça.
Os médicos entenderam que os defeitos colaterais eram mais graves do que pensavam: "Não descartavam efeitos colaterais graves especialmente no coração. É um medicamento de dosagem difícil".
A maioria dos pesquisadores suecos afirmam que o certo a fazer, agora, é testar o medicamento em ensaios clínicos para entender a segurança do protocolo. Um grande estudo está sendo feito pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. O medicamento também está sendo analisado pelo estudo Remap-Cap, esforço internacional com participação de pesquisadores de todo mundo. Itália e China também realizam testes. Um estudo europeu chamado Discovery analisa a cloroquina, entre outras terapias, com 3,2 mil pacientes hospitalizados com o vírus no Reino Unido, Espanha, Alemanha, França, Suécia e Luxemburgo. Há ainda a pesquisa Solidarity, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com cientistas de várias partes do planeta.

O que sabemos sobre os ensaios pré- clínicos com a hidroxicloroquina

Os efeitos antivirais de amplo espectro da cloroquina merecem atenção especial em um momento em que o mundo está ameaçado pela possibilidade de uma nova pandemia da COVID-19.
A Cloroquina é um medicamento antimalário e um dos medicamentos conhecidos na China que em vitro indicou ter alguma eficácia.
Alguns anos atrás haviam sido relatados ensaios com um possível antiviral - no caso a cloroquina -, sendo trabalhado para agir através de mais de um mecanismo, provavelmente tanto na entrada do vírus quanto intracelular.
Um artigo publicado já em 2004[2] descreveu os benefícios potencialmente terapêuticos da cloroquina antimalárica da quinolina em doenças virais, como HIV-1 / AIDS e síndrome respiratória aguda grave (SARS).
Desde então, a cloroquina / hidroxicloroquina foi adotada para tratar pacientes infectados pelo HIV-1 em ensaios clínicos, e novos estudos sobre sua atividade antiviral foram obtidos em estudos in vitro.
Na frente do HIV / AIDS, a cloroquina (250 mg duas vezes ao dia) foi administrada a pacientes infectados pelo HIV-1 com cargas virais basais acima de 50.000 cópias por ml, em combinação com lamivudina (150 mg duas vezes ao dia) e hidroxiureia (500 mg duas vezes ao dia) em um ensaio clínico em andamento na Índia[3].
A discrepância entre os dois estudos, além das diferenças no desenho e nos pacientes inscritos, provavelmente reflete as diferentes dosagens de cloroquina / hidroxicloroquina.
Essa parte não deve ser surpreendente - os modos reais de ação da cloroquina contra os parasitas da malária ainda não foram sequer completamente esclarecidos.
A cloroquina foi também testada em outras enfermidades como câncer e a cloroquina (usada em vários regimes de quimioterapia) não se teve o efeito que as pessoas pensavam.
No entanto, a cloroquina / hidroxicloroquina pode, portanto, ser uma opção valiosa a ser testada em combinações antirretrovirais de baixo custo, mas são necessários estudos prospectivos randomizados, em dupla ocultação, para avaliar a contribuição da cloroquina/ hidroxicloroquina como parte de um regime antirretroviral.
Existem vários ensaios em andamento nas instalações chinesas, alguns em combinação com outros agentes, como o remdesivir. Naturalmente, a cloroquina é considerada um recurso antimalárico há muitas décadas, mas possui várias responsabilidades de danos, incluindo convulsões, danos à audição, retinopatia e efeitos repentinos na glicose no sangue. Portanto, será importante estabelecer o quão eficaz é e quais doses serão necessárias. Assim como nos candidatos a vacinas, é possível causar mais danos ao tratamento apressado do que a própria doença, precisando ter claro que mesmo  tomando a hidroxicloroquina em curto prazo em baixas doses e mesmo depois de interromper a medicação será necessário monitorar e realizar exames de Neuro-Oftalmologia e Cardiovascular pelo resto da sua vida.

Relatos de fatos e pesquisas até 11 de abril de 2020 sobre os efeitos da hidroxicloroquina na COVID-19

Existem dados novos sobre a terapia com hidroxicloroquina, mas os números não esclareceram nada. O primeiro é um resumo do grupo da IHU de Marselha, do Dr. Didier Raoult. Apresenta 1061 pacientes tratados por pelo menos 3 dias com a combinação hidroxicloroquina / azitromicina, com seguimento de pelo menos 9 dias. Ele inclui a declaração "98% dos pacientes curados até agora" e diz também "Nenhuma toxicidade cardíaca foi observada" e também diz que os números de mortalidade foram melhorados nesses pacientes em comparação com outros que recebem tratamento padrão sem esse tratamento.
Também existe uma outra - versão com uma tabela de dados sobre esses mesmos pacientes (ainda não há manuscrito completo). O estudo não inclui nenhum tipo de grupo de controle, nem uma comparação com os outros pacientes mencionados no resumo.
Conclusões indicam que o tratamento a curto prazo com hidroxicloroquina é seguro, mas a adição de azitromicina pode induzir insuficiência cardíaca e mortalidade cardiovascular, potencialmente devido a efeitos sinérgicos no comprimento do intervalo QT. Sugere-se cuidados se essa combinação quando usada no gerenciamento de Covid-19.
Intervalo QT é o intervalo que se mede desde o início do complexo QRS até o final da onda T. Representa a duração da sístole elétrica ventricular (despolarização e repolarização ventricular). O intervalo QT inclui o intervalo QRS, o segmento ST e a onda T.

Numa grande colaboração multinacional apresentou-se dados obtidos de sistemas de saúde (dados de reclamações ou registros médicos eletrônicos) na Alemanha, Japão, Holanda, Espanha, Reino Unido e EUA. (1) comparando a segurança da hidroxicloroquina em pacientes com artrite reumatoide (AR)  - (956 versus pacientes (310.350 deles) em uso de outro medicamento comum para a AR, a sulfassalazina, (2). Comparou-se a segurança da combinação de hidroxicloroquina e azitromicina tomadas em conjunto (em 323.122 pacientes) versus a combinação de hidroxicloroquina e outro antibiótico comum, a amoxicilina (em 351.956 pacientes).  Nada demonstrou de preciso nessas grandes bases de dados.
A boa notícia é que a comparação hidroxicloroquina (HCQ)/sulfassalazina não mostra diferenças reais nos eventos adversos ao longo de um mês de tratamento. É importante observar que a sulfassalazina não é a medicação livre de efeitos colaterais em toda a farmacopeia, mas não foi associada (por exemplo) ao prolongamento do intervalo QT, que é uma das coisas com que se preocupa com a hidroxicloroquina. 
Concluiu-se que a monoterapia a curto prazo com HCQ parece ser segura, mas observa que a dosagem a longo prazo de HCQ está realmente ligada ao aumento da mortalidade cardiovascular.

O problema surge com a combinação de azitromicina (AZM). Como muitos antibióticos (embora não amoxicilina), o AZM está de fato ligado ao prolongamento do intervalo QT em alguns pacientes, que acontece quando é administrado juntamente com o HCQ. Sugerem:

“É preocupante identificar riscos significativos para usuários de combinação de HCQ + AZM, mesmo a curto prazo, conforme proposto para o tratamento com COVID19, com um risco aumentado de 15 a 20% de angina / dor no peito e insuficiência cardíaca e um risco duplo de doenças cardiovasculares. mortalidade no primeiro mês de tratamento”.

Isso não é nada bom. A pergunta é porque o grupo de pesquisa de Raoult não observou eventos cardíacos em seus estudos até agora, como eles conseguiram ter tanta sorte? 

Os autores do estudo amplo  afirmam novamente:

Enquanto o mundo aguarda os resultados de ensaios clínicos para a eficácia antiviral do HCQ no tratamento da infecção por SARS-Cov2, este estudo internacional em larga escala da rede de dados do mundo real nos permite considerar a segurança dos medicamentos mais populares em consideração. O HCQ parece ser razoavelmente seguro na análise direta e comparativa para uso a curto prazo, mas quando usado em combinação com AZM, essa terapia acarreta o dobro do risco de morte cardiovascular em pacientes com AR. Enquanto usamos a experiência coletiva de um milhão de pacientes para aumentar nossa confiança nas evidências relacionadas ao perfil de segurança, as evidências atuais sobre a eficácia do HCQ + AZI no tratamento da covid-19 são bastante limitadas e controversas.

É o que aponta também um resumo de um manuscrito em revisão no The New England Journal of Medicine (NEJM.org) que infelizmente flutuando no Twitter acelerando conclusões apressadas. Aparentemente, é um estudo realizado em Detroit com 63 pacientes consecutivos admitidos com infecção por coronavírus, sendo 32 designados para receber terapia com hidroxicloroquina e os demais para tratamento padrão. 
Portanto, este não é novamente um grande estudo e é bastante semelhante em tamanho ao estudo de Wuhan um ensaio clínico de hidroxicloroquina de Wuhan da Universidade de Zhejiang com 31 pacientes no grupo de tratamento e 31 no grupo de controle. A idade mediana foi de 44,7 anos, a proporção homem-mulher quase uniforme. Ambos os grupos receberam atendimento padrão (oxigenoterapia, medicamentos antivirais, antibióticos - presumivelmente contra suspeita de pneumonia bacteriana - e imunoglobulina, com ou sem corticosteroides). Além disso, o grupo de tratamento recebeu 5 dias de hidroxicloroquina, 200 mg duas vezes por dia. Todos foram diagnosticados com doença (relativamente) leve, mas todos tiveram pneumonia por tomografia computadorizada. Mais pacientes no grupo de tratamento apresentaram febre e tosse em comparação ao grupo controle. Após cinco dias de tratamento, o grupo de tratamento mostrou melhorias significativas em comparação aos controles na febre, tosse e pneumonia (por tomografia computadorizada). Este é realmente o primeiro estudo controlado a mostrar benefícios para a terapia com cloroquina ou hidroxicloroquina contra o coronavírus - pode parecer estranho dizer isso, mas todos os relatórios positivos que tivemos até agora são relatos anedóticos e estudos abertos sem grupos de controle. 
Esse não  foi  o caso do trabalho de revisão no NEJM. No resumo preciso do trabalho, o tratamento com HCQ foi realmente associado a piores resultados.
Temos também um outro novo estudo em pré impressão no Brasil da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus com uma equipe multinacional. Um estudo que – aparentemente – desconsiderou os ensaios clínicos in vitro de hidroxicloroquina (HCQ) como mais seguro e mais eficaz em doses mais baixas.
Esse estudo registrou 81 pacientes em um teste de alta dose de cloroquina (não como indicado para hidroxicloroquina, inicialmente) (600 mg duas vezes ao longo de dez dias, dose total 12g) ou baixa dose (450 mg duas vezes no primeiro dia, qd a partir de então nos próximos dias, dose total de 2,7 g). Todos os pacientes também receberam azitromicina e ceftriaxona (um antibiótico cefalosporina). Os pacientes com altas doses apresentaram prolongamento mais severo do intervalo QT e houve uma tendência a maior letalidade em comparação à baixa dose. A taxa geral de mortalidade em ambos estudos foi de 13,5% (até o momento), o que, segundo os autores, se sobrepõe claramente à taxa histórica de mortalidade de pacientes que não recebem cloroquina. Os autores realmente tiveram que parar de recrutar pacientes para altas doses do estudo devido aos eventos cardiovasculares, mas continuam a inscrever pessoas no grupo de baixas doses para analisar a mortalidade geral.
Em síntese, são vários relatos de efeitos cardíacos, incluindo cardiomiopatia e prolongamento do intervalo QT no uso da HCQ em pacientes da COVID-19. Foram também relatados casos pós-comercialização de cardiomiopatia fatal e com risco de vida com o uso de PLAQUENIL (uma marca comercial da Hidroxicloroquina). Os pacientes podem apresentar bloqueio atrioventricular, hipertensão pulmonar, síndrome do seio doente ou complicações cardíacas.

A hidroxicloroquina tem dado mostra de ser relativamente segura, para uso a curto prazo e na dosagem baixa para Covid-19 com 200mg no primeiro dia de iternação, uma vez por dia seguindo assim por mais quatro dias. No entanto, o estresse cardiovascular de ter o Covid 19 é uma preocupação real. Como já afirmei antes é preciso considerar que mesmo ao tomar apenas em curto prazo e mesmo depois de interromper a medicação é necessário realizar exames de Neuro-Optamologia e Cardiovascular pelo resto da sua vida.
Temos também relatos de casos na França.  Na França um Hospital depois de um mês utilizando HCQ em dose baixa por 4-5 dias também associou em mortes e a um aumento de problemas cardíacos e mostrou ainda maiores problemas com a dose alta. Uma questão que se afirma é que a maior diferença é que os estudos estão sendo usados na UTI após o avanço da doença.
Na França também encontramos relatos de outras áreas bem-sucedidas, eles iniciam o medicamento mais cedo, antes de causar danos nos pulmões para manter as pessoas afastadas do hospital com dose baixa e tendo bons resultados em manter as pessoas fora do hospital. Com curto prazo e em dose baixa reduz bastante a chance extremamente baixa de efeitos colaterais. O mecanismo HCQ interfere na replicação viral, mas deve ser administrado precocemente antes que a concentração viral seja muito alta e antes que ocorram danos ao tecido.
Verificamos também  pesquisas que usam grupos de controle que não são bem compatíveis na linha de base (sem correspondência), correm o risco de conclusões falsas. Digo isso também porque existem relatos diferentes também na França de quem tomou PLAQUENIL tiveram efeitos colaterais horríveis, mesmo tomando dose baixa e apenas em curto prazo e mesmo depois de interromper a medicação vão necessitar realizar exames de Neuro-Oftalmologia e Cardiovascular pelo resto da sua vida.
É necessário destacar também  a importância do zinco quando associada à HCQ. O aumento relativamente moderado de zinco tem também sido utilizado. O zinco e a vitamina D também já demonstraram eficácia na redução das doenças respiratórias virais, tanto em estudos clínicos quanto in vitro. A deficiência de ambos também resulta em comprometimento imunológico grave. Em um nível molecular, o zinco interfere nas proteases virais e na polimerase do coronavírus. A deficiência de vitamina D está correlacionada com o desenvolvimento da Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), pois estimula o sistema imunológico e reduz a inflamação. 
Mas todo o cuidado é pouco sobre a vitamina D por se tratar de substância lipossolúvel que se dissolvem nas gorduras (lipídios) e são armazenadas no fígado e no tecido adiposo e consumidas em demasia, elas podem se acumular e causar efeitos prejudiciais. A Vitamina D não é solúvel como são outras vitaminas como por exemplo  a vitamina C e as do complexo B que se dissolvem na água e são eliminadas na urina.
Por fim, como disse no início do texto circulou pela rede que os fabricantes de medicamentos prescritos já solicitaram - e receberam do FDA - aprovação especial sobre tratamento potencial da hidroxicloroquina para COVID-19 e o FDA aprovou sob o rótulo de condições raras. Mesmo tendo circulado informações de que condições raras implicam em uma aprovação especial reservada para medicamentos comprovadamente eficazes e prováveis de serem usados por menos uma pequena quantidade de pessoas por vez (menos de 250.000), essa notícia é falsa.
É importante esclarecer que o FDA não aprovou esses medicamentos para o tratamento dessa doença. Em seu último comunicado à imprensa, o FDA expressou que:

tem trabalhado em estreita colaboração com outras agências governamentais e centros acadêmicos que estão investigando o uso da droga cloroquina, já aprovada para o tratamento da malária, lúpus e artrite reumatoide, para determinar se pode ser usada no tratamento de pacientes com COVID-19 leve a moderadas para reduzir potencialmente a duração dos sintomas, bem como, a disseminação viral, o que pode ajudar a impedir a propagação da doença. Estudos estão em andamento para determinar a eficácia do uso de cloroquina no tratamento do COVID-19”.

Certamente notícias falsas e estímulos de interesses políticos ou comerciais da hidroxicloroquina tem reforçado seu uso em todo o mundo. 
Eu recomendaria cuidados e junto com esses cuidados na prescrição recomendaria também seguir o dinheiro para ver onde as coisas estão se resolvendo.

Para se ter uma ideia da quantidade de novos programas terapêuticos e de medicamentos de prateleira que estão na fila reaproveitados para serem aprovados em uso humano na COVID-119. Extraio do artigo da Nature Biotechology que entra em detalhes sobre eles.

Vejamos,:por fim seguu uma lista de  novos programas terapêuticos já conhecidos pela comunidade científica internacional .

MARÇO DE 2020
Development programs for new COVID-19 therapeutics

Company/group
Technology
Organization type
AbCellera Biologics; Eli Lilly
Antibody
Pharma/big biotech
AstraZeneca
Antibody
Pharma/big biotech
Takeda Pharmaceutical
Antibody
Pharma/big biotech
Vir Biotechnology; Biogen
Antibody
Pharma/big biotech; Biotech
Beroni Group; Tianjin University
Antibody
Biotech; Academic
Celltrion
Antibody
Biotech
Distributed Bio
Antibody
Biotech
Emergent BioSolutions
Antibody
Biotech
Eutilex
Antibody
Biotech
GC Pharma
Antibody
Biotech
GigaGen
Antibody
Biotech
Harbour BioMed; Mount Sinai
Antibody
Biotech; Academic
ImmunoPrecise Antibodies; EVQLV
Antibody
Biotech
Junshi Biosciences; Chinese Academy of Sciences
Antibody
Biotech; Academic
Kamada
Antibody
Biotech
Medicago; Laval University
Antibody
Biotech; Academic
Regeneron Pharmaceuticals
Antibody
Biotech
Twist Bioscience; Vanderbilt University Medical Center
Antibody
Biotech; Academic
Vanderbilt University Medical Center; Ology Bioservices
Antibody
Biotech; Academic
Vir Biotechnology; WuXi Biologics
Antibody
Biotech
Vir Biotechnology; Xencor
Antibody
Biotech
Vir Biotechnology; Generation Bio
Antibody; Gene therapy
Biotech
AlloVir; Baylor College of Medicine
Cell therapy
Biotech; Academic
Cidara Therapeutics
Fusion protein
Biotech
Sorrento Therapeutics
Fusion protein
Biotech
NanoViricides
Nanoparticle
Biotech
CEL-SCI Corporation; University of Georgia
Peptide
Biotech
Enanta Pharmaceuticals
Small molecule
Biotech
Insilico Medicine
Small molecule
Biotech
Sirnaomics
siRNA
Biotech
Vir Biotechnology; Alnylam Pharmaceuticals
siRNA
Biotech
RA Capital
Small molecule
Investor
Flanders Institute for Biotechnology (VIB); Ghent University
Antibody
Academic
National Institutes of Health (NIH)
Antibody
Academic

Abaixo o quadro das drogas reaproveitadas no desenvolvimento clínico da CIVID-19 (artigo da Nature Biotechnology)

QUADRO 1 DROGAS REAPROVEITADAS SELECIONADAS NO DESENVOLVIMENTO CLÍNICO PARA TRATAR COVID-19

Droga ou coquetel
Empresa originadora
Status e mecanismos
Ensaios clínicos (data de publicação do ensaio)
ASC09 / ritonavir, lopinavir / ritonavir, com ou sem umifenovir
Ascletis, AbbVie, Pharmstandard
O ASC09 é um inibidor experimental da protease do HIV-1; ritonavir e lopinavir / ritonavir são inibidores de protease aprovados para HIV / AIDS; o umifenovir é um inibidor de entrada aprovado contra a gripe
Pelo menos três tentativas (por exemplo, ChiCTR2000029603, 2/6/20)
ASC09 / oseltamivir, ritonavir / oseltamivir, oseltamivir
Ascletis, Gilead, AbbVie
Veja acima; o oseltamivir é um inibidor da sialidase aprovado para influenza
Um estudo (NCT04261270, 7/2/20)
Azvudine
Zhengzhou Granlen PharmaTech
Medicamento experimental inibidor da transcriptase reversa contra HIV-1 / AIDS
Uma tentativa (ChiCTR2000029853, 15/2/20)
Várias combinações de baloxavir marboxil / favipiravir e lopinavir / ritonavir
Shionogi, Toyama Chemical
O baloxavir marboxil é um inibidor da endonuclease dependente de Cap e o favipiravir é um inibidor da RNA polimerase dependente de RNA análogo à guanina, aprovado para influenza A e B; Veja acima
Duas tentativas (ChiCTR2000029544, 2/3/20; ChiCTR2000029548, 2/4/20)
Várias combinações de darunavir / cobicistate isoladamente ou com lopinavir / ritonavir e timosina α1
Janssen, Gilead
O darunavir e o cobicistate são, respectivamente, um inibidor da protease do HIV-1 e um inibidor da enzima do citocromo P450 (CYP) 3A, aprovado como uma combinação contra o HIV-1 / AIDS. A timosina α1 é um agente estimulador da resposta imune
Dois ensaios (NCT04252274, 5/5/20; ChiCTR2000029541, 2/3/20)
Remdesivir
Gilead
Pró-fármaco de fosforamidato de um análogo de adenina usado para surtos de vírus Ebola e Marburg (estrutura semelhante aos inibidores aprovados da transcriptase reversa do HIV)
Dois ensaios (NCT04252664, 2/5/20; NCT04257656, 6/6/20)
Cloroquina ou hidroxicloroquina
Shanghai Zhongxi Pharmaceutical, Shanghai Ziyuan Pharmaceutical, Wuhan Wuyao Pharmaceutical
Inibidor da fusão da acidificação endossômica
Pelo menos dez tentativas (por exemplo, ChiCTR2000029826, 2/2/20; NCT04261517, 14/2/20)
Metilprednisolona
Genérico
Corticosteróide sintético que se liga a receptores nucleares para amortecer citocinas pró-inflamatórias
Um estudo (NCT04263402, 10/2/20)
O interferão alfa-2b isolado ou em associação com lopinavir / ritonavir e ribavirina
Biogen, Merck
O interferão alfa-2b é uma citocina recombinante com propriedades antivirais; a ribavirina é um derivado da guanina; como acima
Dois ensaios (NCT04254874, 5/5/20; ChiCTR2000029308, 23/1/20)
Camrelizumabe e timosina
Incyte, Shanghai Hengrui Pharmaceutical
O camrelizumab é um anticorpo monoclonal humanizado (mAb) que tem como alvo PD-1
Dois ensaios (ChiCTR2000029806, 14/2/20; NCT04268537, 14/2/20)
Tocilizumab
Produtos farmacêuticos de Chugai, produtos farmacêuticos de Zhejiang Hisun, produtos farmacêuticos de Jiangsu Qyun
MAb humanizado visando a interleucina-6
Uma tentativa (ChiCTR2000029765, 13/2/20)
Nature Biotechnology 38 , 379-381 (2020). doi: 10.1038 / d41587-020-0003-1

Os ensaios clínicos com drogas de prateleira geram uma enorme vantagem de tempo perante a produção de novas drogas. É uma grande vantagem, mesmo que a própria droga não é exatamente um ajuste perfeito para a doença.
O que temos a destacar então?
Primeiro o composto considerado mais avançado provavelmente é remdesivir um medicamento antiviral que é um análogo de nucleotídeo, especificamente um análogo de adenosina, que se insere nas cadeias virais do RNA, causando seu término prematuro.
Esses ensaios estão em desenvolvimento há alguns anos como uma terapia com vírus RNA - foi originalmente desenvolvido para o Ebola e foi testado contra uma lista completa de vírus RNA de fita simples. Isso inclui os SARS e MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) que são Síndromes dos coronavírus relacionados, de modo que a ideia é fazer um ajuste óbvio para a Covid-19.
Outro destaque é composto é um pró-fármaco - a fosforamida (completamente cortada, deixando o composto 5-OH ativo GS-44-1524).  Seu mecanismo de ação é incorporar-se ao RNA viral, uma vez que é absorvido pela RNA polimerase e parece evitar a revisão. Isso causa problemas de terminação de RNA mais tarde, já que o nucleosídeo C alfa-nitrila não é exatamente o que o vírus está esperando em seu genoma naquele momento e, portanto, a replicação viral é inibida.
Existem cinco ensaios clínicos em andamento. Tabela da Biocenter sobre os ensaios clínicos que estão testando o Remdesvir.

Veja tabela abaixo
Remdesivir trials for COVID-19

Sponsor
Phase
No. of patients
Disease setting
Dose duration
Control
Primary endpoint
Location
Start date
Gilead
Ph III
600
Mild to moderate
5 or 10 days
Standard of care, open-label
Patients discharged by day 14
Multiple
March
Gilead
Ph III
400
Severe
5 or 10 days
No control, open-label
Normalization of fever and oxygen saturation for at least 24 hours
Multiple
March
China-Japan Friendship Hospital
Ph III
308
Mild to moderate
10 days
Placebo
Normalization of fever, respiratory rate, and oxygen saturation, and alleviation of cough for at least 72 hours
Hubei
Feb. 12
China-Japan Friendship Hospital
Ph III
453
Severe
10 days
Placebo
Time to clinical improvement, measured on 6-point scale from discharge to death
Hubei
Feb. 6
NIH
Ph II platform
394
Mild to severe
10 days
Placebo
Disease severity on 7-point scale from death to discharged with no limitation on activity
Nebraska
Feb. 21















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RESUMO SINTÉTICO 

 Um Núcleo de Informação Hospitalar (NIH) tem um estudo de fase II de projeto adaptativo que já começou em Nebraska, com doses a serem alteradas de acordo com as leituras bayesianas ao longo do caminho. Existem dois estudos de fase III em andamento no Hospital da Amizade China-Japão em Hubei, duplo-cegos (ensaio clínico em dupla ocultação) e controlados por placebo (já que o placebo no que diz respeito à terapia medicamentosa, o padrão atual de atendimento) e a própria Gilead está iniciando dois ensaios abertos, um sem braço de controle e outro com um braço de comparação de tratamento padrão (não cego). Eles podem ler primeiro, dependendo de quando decolam, mas serão apenas leituras aproximadas, devido ao projeto de teste rápido e solto. Os dois testes de Hubei e o NIH adicionarão algum rigor ao processo.

    Ha um inibidor de RNA polimerase (favipiravir) de Toyama, (imagem), que está sendo testado na China. É um pensamento - um agente de amplo espectro desse tipo seria o tipo de coisa a se tentar. Mas, infelizmente, pelo que posso ver, ele já se mostrou ineficaz em testes in vitro. O julgamento humano que está em andamento é honestamente o tipo de coisa que só aconteceria em circunstâncias como a atual: uma epidemia em desenvolvimento com um novo patógeno e nenhum padrão real de atendimento.Não se tem muita esperança para este estudo, mas, como não há mais nada no momento, provavelmente deve ser tentado.


Fig. Favipiravir

O uso de medicamentos conhecidos na China (emdesivir e a cloroquina) também indicaram serem eficazes in vitro. Essa questão já tratei acima e é surpreendente que mesmo as reais ações da cloroquina contra os parasitas da malária ainda não foram completamente esclarecidas e wue também muito do que as pessoas pensavam que sabiam de seus efeitos na Covid estavam errados.


Existem vários ensaios em andamento nas instalações chinesas, alguns em combinação com outros agentes, como o remdesivir. Naturalmente, a cloroquina, como já vimos, é considerada antimalárica há muitas décadas, mas possui várias responsabilidades dexefeitos colaterais , incluindo convulsões, danos à audição, retinopatia e efeitos repentinos na glicose no sangue. Portanto, será importante estabelecer o quão eficaz é e quais doses serão necessárias. Assim como nos candidatos a vacinas, é possível causar mais danos ao tratamento apressado do que a própria doença.

Existem vários outros medicamentos antivirais conhecidos sendo testados na China, mas também não tenho muita esperança. Os inibidores da neuraminidase, como o oseltamivir (mais conhecido como Tamiflu), foram testados contra a SARS e eram ineficazes; não há razão para esperar nada em relação ao Covid-19, embora esses medicamentos sejam um componente de alguns ensaios com coquetéis. 
As terapias com protease do HIV, como o darunavir, e a terapia combinada Kaletra estão em testes, mas isso também é um tiro no escuro desesperado, já que não há razão específica para pensar que eles terão essa inibição da protease contra o que esse novo vírus tem a oferecer (e de fato, esses agentes também não ajudaram muito contra a SARS). A combinação clássica de interferon / ribavirina parece ter tido alguma atividade contra SARS e MERS, e está em dois ensaios do que posso ver. De qualquer maneira, essa não é uma ideia terrível, mas também não é ótima: se sua doença viral tem interferon / ribavirina como terapia de linha de frente, geralmente significa que não há nada realmente bom disponível.


Também existem algumas outras idéias de inibidores de protease reaproveitados por aí, como visto em um artigo. Este artigo sugere que a protease TMPRSS2 é importante para a entrada viral no lado das células humanas do processo, uma via que foi observada para outros coronavírus. E ressalta que existe um inibidor aprovado (no Japão) para esta enzima (camostat), de modo que definitivamente valeria a pena um teste, provavelmente em combinação com o remdesivir.
É sobre isso para as pequenas moléculas existentes, pelo que posso ver. E os novos? Não prenda a respiração, é tudo o que posso dizer. Um programa de descoberta de drogas do zero contra um novo patógeno não é, como muitos leitores aqui sabem, um exercício trivial. Como detalha outro artigo da Bloomberg , muitos desses esforços foram realizados no passado (pequenas moléculas e vacinas) que quando conseguiam alguma coisa positiva para parar a epidemia, essa já havia passada. De fato, o remdesivir de Gilead já havia sido descartado como uma terapia potencial para o Ebola.
Duas outras grandes áreas-alvo são a entrada viral (que envolve as proteínas "spike" na superfície do vírus e a proteína ACE2 nas células humanas) e a replicação viral. Para o primeiro, vale a pena notar rapidamente que a ACE2 é tão diferente da proteína da ECA mais familiar que nenhum dos inibidores da ECA cardiovascular faz nada com isso. E o objetivo desses últimos mecanismos é como o remdesivir foi desenvolvido como um possível agente do Ebola, mas como você pode ver, isso também levou tempo. As telas fenotípicas também são perfeitamente razoáveis contra patógenos virais, mas você precisará dedicar tempo e esforço a esse teste antecipadamente, assim como em qualquer esforço fenotípico.
Um dos principais passos para qualquer rota é identificar um modelo animal. Embora os modelos animais de doenças infecciosas possam ser extremamente bem traduzidos para a terapia humana, isso não acontece por acaso: você precisa escolher o animal certo.
Os vírus em geral (e os coronavírus não são exceção) variam amplamente em seus efeitos em diferentes espécies, e não apenas nas lacunas de pássaros / répteis / humanos e similares. Não, você encontrará coisas nas quais até o conjunto habitual de pequenos mamíferos está agindo de forma diferente um do outro, com alguns deles nem mesmo ficando doentes. Esse vírus atual pode muito bem ter passado por algumas outras espécies de mamíferos antes de aterrissar em nós, mas você notará que os cães (para escolher uma) não parecem ter nenhum problema.
Tudo isso significa que qualquer novo objetivo de novas substâncias químicas contra o Covid-19 (ou qualquer novo patógeno) levará anos, e não há maneira de contornar isso.

Esta se realizando também um esforço (veja aqui) para começar a encontrar ocorrências de fragmentos para a protease viral. Isso coloca pequenas moléculas em uma distribuição muito bimodal: você tem os medicamentos existentes que podem ser reaproveitados e provavelmente estão disponíveis no momento.

TERAPIAS COMPLETAMENTE NOVAS.

No outro extremo, para terapias completamente novas, temos as perspectivas usuais de descoberta de medicamentos somente daqui a alguns anos e muito dinheiro já está senfovinvestido com baixa taxa de sucesso.
 A lacuna entre as medicações de prateleiras sme as novas terapias poderia, em teoria, ser preenchida por vacinas e terapias com anticorpos (se tudo der muito, muito bem), mas isso tem vários problemas quee precisaria ser tratados em um post separado.

Quando evidências empíricas são desnecessárias?

Como já dissemos no início desse texto, sabemos a mortalidade do coronavírus (dentre indivíduos que chegam ao diagnóstico) é de 2-3%. Observem que esta é uma mortalidade menor que sepse ou infarto do miocárdio. Sabemos que a força destrutiva desse vírus é sua capacidade de propagação atacando o sistema de saúde dos países. Em colapso dos sistemas a mortalidade sobe vertiginosamente por total falta de recursos, pessoas, equipamentos para dar suporte de recuperação a uma massa de infectados que invadem os sistemas de saúde.
Pela mortalidade, de 2 a 3% em condições normais de atendimento, a COVID-19 não representa uma condição em que se justifique a violação do ônus da prova científica. Se COVID-19 fosse o caso de dispensar evidências de tratamento individual, abandonaríamos evidências em muitas outras doenças agudas, cujos tratamentos são pautados na verdadeira demonstração de eficácia.
Portanto, aqueles que argumentam estarmos diante de uma situação em que se faz necessário a perda da integridade científica, na escolha de tratamentos individuais, estão confundindo as dimensões sistêmicas e individuais.
Evidências empíricas de um tratamento são desnecessárias quando leis da natureza garantem a eficácia, independente de uma eventual comprovação empírica. Estas são situações de “plausibilidade extrema”, exemplificadas pelo paradigma do paraquedas, quando a lei da gravidade assegura a eficácia. Ventilar um paciente com insuficiência respiratória extrema se encaixa nesta situação.

Uma variante da plausibilidade extrema são condições sem eficácia garantida da conduta, mas com prognostico negativo inexorável. Por exemplo, quando temos um quadro clínico de fatalidade garantida, em algumas situações, pode-se considerar a adoção de um tratamento empiricamente não comprovado. Uma ação de compaixão.
No entanto, esta conduta deve se restringir a tratamentos de efeito intermediário garantido. Mesmo que não saibamos se no final das contas ele reduz mortalidade, sabemos, porcexemplo,  que certo tratamento tem um efeito garantido nas trocas gasosas ou circulatória. Este efeito intermediário é uma condição básica para que um eventual efeito benéfico final se faça presente.
O caso do coronavírus não corresponde a condições de plausibilidade extrema. Primeiro não temos uma doença de fatalidade inexorável, pelo contrário. Segundo, hidroxicloroquina não tem um efeito intermediário garantido.
Outro fator que não sabemos é o caráter do benefício: é prevenção de morte, de complicações, rapidez de recuperação, controle de sintomas.  Estamos diante de uma pequena probabilidade de beneficiar e nem sabemos que tipo de benefício consolidado.

Essa discussão não corre em prol da proteção da ciência. Serve para protegermos nossa saúde, nossos irmãos doentes, nossa sociedade. 

O estrago da ignorância

Não vivemos em tempos de uma segurança moderadamente reduzida, o que temos é uma perceptível  segurança perceptível severamente afetada. A pandemia de coronavírus cedeu o protagonismo para  uma epidemia do medo.
A percepção da realidade é alterada por um viés de confirmação voltado para o pior cenário. Ao final do dia, o placar estatístico registra as piores notícias, os piores países, o número de doentes, o número de mortes, silenciando aqueles os que permanecem saudáveis, os que se curaram ou os países de menor impacto da doença. A interpretação do passado é enviesada.
Já a predição do futuro tem esquecido que um intervalo de confiança que contém os extremos do pessimismo e otimismo. A ciência da predição e tomada de decisão probabilística deu lugar a decisões baseadas em medo.
Mesmo em situações não indicadas, preferimos usar máscaras que escondem nossa expressão facial e nos ajudam a proteger contágio, mas perdemos a oportunidade de expressar um sorriso de esperança e otimismo.
Não precisamos de hidroxicloroquina. Precisamos de um remédio para a irracionalidade, pois esta tem impacto potencial mais escalável do que o coronavírus. 

A perda do bom senso pode ter um preço muito maior do que pensamos. Esse é valor da ciência, nos lembrar do incompreensível valor da incerteza e da ignorância.

Gilson Lima – gilima@gmail.com


ANEXO UMA TABELA QUE LISTA OS PROGRAMAS EM ANDAMENTO DE NOVA VACINA PARA A COVID-19

Development programs for new COVID-19  vaccines

Company/group
Technology
Organization type
Sanofi; BARDA
Protein-based
Pharma/big biotech
Pfizer; BioNTech
RNA vaccine
Pharma/big biotech
Translate Bio; Sanofi
RNA vaccine
Pharma/big biotech; Biotech
Johnson & Johnson; Beth Israel Deaconess Medical Center; BARDA
Viral vector
Pharma/big biotech; Academic
Heat Biologics; University of Miami
Cell-based
Biotech; Academic
Sorrento Therapeutics
Cell-based
Biotech
Anges; Osaka University; Takara Bio
DNA vaccine
Biotech; Academic
Applied DNA Sciences; Takis Biotech
DNA vaccine
Biotech
Cobra Biologics; Karolinska Institutet; Karolinska University Hospital; Public Health Authority (FoHM); IGEA; Adlego Biomedical; Giessen University
DNA vaccine
Biotech; Academic
Entos Pharmaceuticals
DNA vaccine
Biotech
Inovio Pharmaceuticals; Beijing Advaccine Biotechnology; Ology Bioservices
DNA vaccine
Biotech
Zydus Cadila
DNA vaccine; Live attenuated vaccine
Biotech
Codagenix; Serum Institute of India
Live attenuated vaccine
Biotech
Institut Pasteur; University of Pittsburgh; Themis Medicare; CEPI
Engineered live attenuated virus
Biotech; Academic
Tonix Pharmaceuticals; Southern Research Institute
Engineered live attenuated virus
Biotech; Academic
Sinopharm Group
Inactivated vaccine
Biotech
Shenzhen Kangtai Biological Products
Inactivated vaccine; Protein-based; Nucleic acid-based
Biotech
AJ Vaccines
Protein-based
Biotech
Akers Biosciences; Premas Biotech
Protein-based
Biotech
Dynavax; University of Queensland; CEPI
Protein-based
Biotech; Academic
ExpreS2ion Biotech Holding; AdaptVac; University of Tübingen; Leiden University Medical Center; University of Copenhagen; Wageningen University
Protein-based
Biotech; Academic
IMV
Protein-based
Biotech
Generex Biotechnology; EpiVax
Protein-based
Biotech
G+FLAS Life Sciences
Protein-based
Biotech
iBio; Beijing CC-Pharming
Protein-based
Biotech
iBio; Texas A&M University
Protein-based
Biotech; Academic
Medicago; Laval University
Protein-based
Biotech; Academic
Novavax; Emergent BioSolutions
Protein-based
Biotech
Sichuan Clover Biopharmaceuticals; Dynavax
Protein-based
Biotech
Sichuan University State Key Laboratory of Biotherapy; Zhejiang Teruisi Pharmaceutical; Chengdu National GLP Center; Sichuan Provincial People's Hospital; Chengdu Institute of Biological Products  (Sinopharm)
Protein-based
Biotech; Academic
Vaxil Bio
Protein-based
Biotech
Voltron Therapeutics; Hoth Therapeutics; Massachusetts General Hospital
Protein-based
Biotech; Academic
Arcturus Therapeutics; Duke-NUS Medical School
RNA vaccine
Biotech; Academic
BioNTech; Fosun Pharma
RNA vaccine
Biotech
CureVac
RNA vaccine
Biotech
eTheRNA immunotherapies; EpiVax; Nexelis; REPROCELL; University of Antwerp
RNA vaccine
Biotech; Academic
Moderna; National Institutes of Health (NIH)
RNA vaccine
Biotech; Academic
RNACure Biopharma; Fudan University; Shanghai JiaoTong University
RNA vaccine
Biotech; Academic
Stermirna Therapeutics; Tongji University
RNA vaccine
Biotech; Academic
Altimmune; University of Alabama
Viral vector
Biotech; Academic
CanSino Biologics
Viral vector
Biotech
GeoVax Labs; BravoVax
Viral vector
Biotech
Greffex
Viral vector
Biotech
ReiThera
Viral vector
Biotech
Sumagen
Viral vector
Biotech
University of Oxford; Vaccines Manufacturing and Innovation Centre (VMIC); Advent; Pall Life Sciences; Cobra Bioscience; Halix
Viral vector
Biotech; Academic
Vaxart; Emergent BioSolutions
Viral vector
Biotech
AIM Vaccine
Not disclosed
Biotech
Beijing Biological Products Institute (Sinopharm)
Not disclosed
Biotech
Beijing Sanroad Biological Products
Not disclosed
Biotech
Changchun Zhuoyi Biological
Not disclosed
Biotech
China National Biotech Group (Sinopharm)
Not disclosed
Biotech
Chongqing Zhifei Biological Products; Chinese Academy of Sciences
Not disclosed
Biotech; Academic
EpiVax; University of Georgia
Not disclosed
Biotech; Academic
GC Pharma
Not disclosed
Biotech
Hualan Biological Engineering
Not disclosed
Biotech
ImmunoPrecise Antibodies; EVQLV
Not disclosed
Biotech
Liaoning Chengda Biotechnology
Not disclosed
Biotech
Minhai Biotechnology 
Not disclosed
Biotech
Royal (Wuxi) Bio-pharmaceutical 
Not disclosed
Biotech
Shenzhen Kangtai Biological Products
Not disclosed
Biotech
Sinovac Biotech
Not disclosed
Biotech
Walvax Biotechnology
Not disclosed
Biotech
ZhongKe Biopharm 
Not disclosed
Biotech
Zhongyi Anke Biotechnology 
Not disclosed
Biotech
University of Hong Kong; CEPI
Engineered live attenuated virus
Academic
University of Saskatchewan
Protein-based
Academic
Imperial College London
RNA vaccine
Academic
MIGAL Galilee Research Institute
Vector-based
Academic
Institute of Medical Biology, Chinese Academy of Medical Sciences
Not disclosed
Academic

1
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NOTAS


[1] ASC09 / ritonavir, lopinavir / ritonavir, com ou sem umifenovir; ASC09 / oseltamivir, ritonavir / oseltamivir, oseltamivir; Azvudine; Várias combinações de baloxavir marboxil / favipiravir e lopinavir / ritonavir;
Várias combinações de darunavir / cobicistate isoladamente ou com lopinavir / ritonavir e timosina α1; Remdesivir; Metilprednisolona; O interferão alfa-2b isolado ou em associação com lopinavir / ritonavir e ribavirina; Camrelizumabe e timosina; Tocilizumab e, logicamente a Cloroquina ou hidroxicloroquina
[2] Savarino A; Boelaert JR; Cassone A; Majori G; Cauda R - Efeitos da cloroquina nas infecções virais: um medicamento antigo contra as doenças atuais?. Lancet Infect Dis. 2003; 3 :722-727.
[3] Joshi SR; Butala N; Patwardhan MR; Daver NG; Kelkar D. Opções anti-retrovirais de baixo custo: regime ARV à base de cloroquina combinado com hidroxiureia e lamivudina: uma nova terapia tripla econômica. J Assoc Phys India. 2004; 52 :597-598.

sábado, 11 de abril de 2020

UMA PROPOSTA DE MODELO MACRO REGIONAL PARA TOMADA DE DECISÕES PELO PODER PÚBLICO NA PANDEMIA


Gilson Lima

3
POR QUE DESSA GRITARIA TODA PELA SOLUÇÃO MÁGICA  DA MASSIFICAÇÃO DOS TESTES 
DA COVID-19



É óbvio que só um ensandecido não pensaria que a massificação de testes é importante e um fundamental recurso de tomada de decisão.

UMA PROPOSTA DE MODELO PARA TOMADA DE DECISÕES PELO PODER PÚBLICO NA PANDEMIA

  Quero apenas entender por  que essa gritaria de testagem em massa como se fosse a SOLUÇÃO dos nossos problemas da pandemia atual.


Somos um país sem cultura de massificação de testagens viróticas. Algumas coisas em animais para exportação e não muitas. Não temos laboratórios  para isso? Não temos. Temos insumos disponíveis  e gente preparada a curto prazo nessa guerra de agora para isso? Não temos. Temos dinheiro sobrando para isso em vez de comprar respiradores, por exemplo? Não temos.

Temos coisas muito mais importantes que podem ser feitas e ajudar enfrentar em curto prazo com tomada de decisões e salvar vidas. 

SARS-Cov-2 apesar de não ter um elevado poder de agressão fatal de imediato, ele replica com muita intensidade e estressa muito o sistema imune. Qualquer janela de oportunidade ele aproveita. Ao penetrar numa célula vai replicando lá dentro rapidamente até a célula explodir e liberar mais de 100.000 novos vírus para novos ataques
A grande maioria dos infectados tem um sistema imune que dá conta do recado, mas pela escala do contágio com assintomáticos e sintomáticos o índice de hospitalização com pacientes graves é altíssimo. 
É  um vírus atípico porque ataca e é mais fatal para a sociedade, o sistema de saúde do que para os humanos. Sem respiradores e recursos de intensivas o óbito é irreversível para pacientes gravíssimos.

PROPOSTA

Uma ESTRATÉGICA campanha de prevenção  de fortalecimento do Sistema Imune AJUDARIA BAIXAR O ÍNDICE DE INTERNAÇÃO.

1. Divulgar práticas de comportamento e alimentação que fortalecem o Sistema imune. 
2. Como já se sabe que o SARS-Cov é traiçoeiro. ele pode  diminuir a oxigenação do fluxo sangue sem visíveis sintomas da respiração. Isso baixa a imunidade e aos poucos vai debilitando o organismo. Se agirmos antes de atingir o fluxo visível da respiração isso ajudaria a impedir a  necessidade de Internação. 

O que precisa para isso:

1. Um  um oxímetro portátil. Atrelando ele junto ao dedo, por exemplo,  permite  indicar o percentual de oxigênio no fluxo sanguíneo. Se ele estiver menor do que 89% é uma indicação para agir.
O que fazer nesse caso. Fortalecer a oxigenação com aparelhos portáteis de suporte à respiração. Quem tem Asma faz isso. Alguns minutos duas a três vezes ao dia. Acompanhando com o oxímetro e monitorando  se o fluxo de oxigênio melhora ou não. Se ele não melhorar e ou cair, deve-se então procurar algum atendimento médico. A grande maioria melhora.
 

UMA PROPOSTA DE UM MODELO DE PRESCRIÇÃO E DE TOMADA DE DECISÃO:

Ps. Tem que ser Regional. Não apenas nos Estados. Mas por macro regiões dentro dos Estados.

1. Uso de recursos rápidos como o geomonitoramento EM TEMPO REAL dos celulares para controle e indicação dos vazamentos definidos pela política de isolamento a fim de  poder tomar medidas rápidas de contenção nas comportas de aproximação. 
Ter um termômetro com um indicador de percentual do isolamento urbano (creio que 60% é o máximo indicado e menos de 40% começa a ser crítico).

2. Construção rápida de indicador regional de número de  óbitos por 100.000 habitantes, e cruzar com o número de óbitos atuais. COMO? Cruzando o número atual de óbitos com os  dados genéricos ( se possível) dos últimos 5 anos de óbitos de SARS antes da COVID-19.  Medir os casos de internação e óbitos de SARS é chave. Temos os históricos gerais dos últimos 10 anos de internação e óbitos?
Quando puder e tiver - integrar junto com os dados históricos de óbitos com  de pneumonia comum (bacteriana/fungos) separada da asiática (SARS - virótica) independente se era influenza ou evolução de gripes comuns ou evolução de outras infeções e cânceres para pneumonia. 

                  Obs.  Creio que os dados históricos tem que ser bem minerados por geralmente não diferenciávamos muito e é tudo genérico. O que não é novidade. Nunca se deu importância para a qualidade do registro no Brasil. O que faz parte da nossa cultura. 

3. Construir um indicador de risco. Para isso  precisa-se cruzar os dados atuais e em tempo mais real possível dos óbitos COVID-19 com os dados históricos.
Até por amostragem da base atual com a histórica permite um possível ir acompanhando os óbitos, mesmo com os atrasos dos resultados dos testes e aiim ter uma posição bem precisa em tempo real para decisões.

4. Indicador da passagem do estágio grave para o estado gravíssimo até o limite do colapso do Sistema.  Cruzar o número de óbitos com o número de internação. Ajudaria criar uma ferramenta de predição da passagem do estado de internação grave para o gravíssimo que gera dependência de recursos intensivos (UTI). Isso permitiria chegarmos no indicador de colapso do Sistema da Região ou macro região. Envolve os dados do número de recursos do Sistema Regional (profissionais, leitos, respiradores, oxigênio, medicação, etc..), cruzados com o número de internação e óbitos e assim construiríamos um indicador com o percentual de enfrentamento por cada localidade do colapso do sistema ( cruzar também com o histórico).


ENTÃO. EM SÍNTESE:

 Medir maciçamente os assintomáticos. Isso tem custo. Tiraria recursos de produção de leitos. Respiradores, etc... Seria ótimo se fosse possível e temos coisas mais importantes a se preocupar diante dos carência dos recursos disponíveis. 
Poderíamos para compensar esse déficit fazer Survey regionais - de amostragens - tipo pesquisas eleitorais - tais como estão sendo feitas no Rio Grande do Sul.  Isso ajudaria complementar o cruzamento de dados para tomada de decisões também.

Ter modelos epidemiológicos sofisticados seria importante claro, mas tenho visto alguns professores e matemáticos querendo apenas e apressadamente validar, testar seus modelos matemáticos deterministas. Me dá um tempo.

    Numa guerra, quando estamos tomando um laço do inimigo é preciso inteligência para um giro rápido na estratégica com movimentos rápidos.


============================================ 
NOTA. Diferença entre pneumonia e SARS . Pneumonia é o nome dado a vários tipos de infecção nos pulmões. Ela pode ser causada por agentes como bactérias, fungos e vírus. A forma mais frequente de pneumonia é a bacteriana, também chamada de “pneumonia típica”. A versão da doença batizada de SARS (sigla em inglês para “síndrome respiratória aguda grave”) também ficou conhecida como pneumonia asiática, devido aos primeiros casos e focos da doença, desenvolvidos na Ásia, sobretudo na China. A principal diferença entre as duas pneumonias é o agente causador. Na típica, uma bactéria: o pneumococo (Diplococcus pneumoniae). Na asiática, diferentes vírus.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

SARS-Cov-2 O HOSPEDEIRO É A CURA?

Gilson Lima

PERGUNTA AOS BIÓLOGOS!

Por que um hospedeiro mamífero selvagem mordido por morcego que depositou o SARS-Cov-2 é assintomático nele quando chega nos humanos detona esse stress no nosso sistema imunológico?
Qual o segredo escondido de nós da rede biótica desse animal selvagem para neutralizar esse vírus?

Se acharmos esse segredo não seria possível replicá-lo? Por que se um vírus muta ou salta para nos destruir,  o segredo do hospedeiro não pode saltar para nos salvar?

A maior ameaça ao domínio do homem nesse planeta é o vírus 
(Joshua Lederverg, Pus Prêmio Nobel).

É certo que o vírus da COVID-19 veio dos morcegos e o pulo para o corpo humano foi quase certo um pit stop para evolutivo num mamífero chamado PANGOLIM. Um dos mamíferos mais traficados e comercializados na Ásia para consumo humano. 

Eu completaria Lederverd de que a força destrutiva e antibiótica de uma micro partícula tóxica que é um bilhão de vezes menor que nós está em nós mesmos, na nossa bárbara relação com o ambiente que acolheu a nossa rede biótica, esse planeta que acolheu a vida, essa energia desconhecida, que se depositou em evolução do Cosmos numa matéria, úmida, orgânica.

A pandemia do coronavírus é resultado do ser humano moderno não ter ainda evoluído suficiente para romper com sua ontogênese de predador junto ao ecossistema de toda a rede biótica do Planeta.

O Hantavírus que causa febre hemorrágica pula para dentro de nós de roedores. Lassa  o vírus que também provoca febre hemorrágica,  pula desses mesmos roedores. O vírus da febre amarela salta para nós de macacos. Os influenza das terríveis e devastadoras gripes que nos assola todos os anos pulam de pássaros selvagens para aves domésticas e depois para pessoas, às vezes após uma transformação em porcos. O sarampo uma das mais fortes hipóteses é dele ter saltado para nós a partir de ovelhas e cabras domesticadas. O HIV-1 entrou como um raio destruidor  em nosso caminho saltou de chimpanzés.  Uma grande fração de todos os novos vírus assustadores vêm pulando para nós de morcegos. Assim, há uma certa diversidade de origens, mas a força desses micro venenos antibióticos é uma só, nós mesmos.

O Corona é um desses cujo pulo se deu depois de uma picada de morcego.  Então a solução  é exterminar os morcegos? Claro que não predador, pelo contrário, mas em respeitarmos mais seu habitat.

As zoonoses nada mais são que um reflexo das intervenções do homem no meio ambiente. 

Agora! Se um morcego morde esse animal selvagem e o vírus pulou para nós por maus hábitos, pergunto aos biólogos e biólogas:

Por que um hospedeiro mamífero selvagem mordido por morcego que depositou o SARS-Cov-2 é assintomático nele quando chega nos humanos detona esse stress no nosso sistema imunológico?

Qual o segredo escondido de nós da rede biótica desse animal selvagem para neutralizar esse vírus?

Se acharmos esse segredo não seria possível replicá-lo? Por que se um vírus muta ou salta para nos destruir,  o segredo do hospedeiro não pode saltar para nos salvar?

Sim ele mutou. Ok. Então muitos dirão. O vírus manteve-se suficiente parado para ficar ativo no hospedeiro enquanto evoluída. Será

Não seria o contrário, o vírus não evoluída porque o hospedeiro tinha defesas que o bloqueavam e impedia sua força epidêmica até encontrar uma nova habitação favorável? Ou seja,  a rede biótica dos humanos sem as defesas que o impediam de afastar e, assim ficou livre para evoluir a sua sede de reprodução e destruição?

sábado, 21 de março de 2020

DESABAFO: ainda continuo a cansativa busca por uma evolução simbiogênica.

Gilson Lima
21/03/2020. Porto Alegre. Brasil
A arrogância humana tem muito que aprender e reconhecer a sua insignificância. Nós filmes de ficção quando alienígenas superiores invadiam e dominavam a terra eram derrotados por uma partícula tóxica, sem vida chamada de vírus.

Achamos que sabemos tudo da vida, mesmo nem sabendo o que é a vida. Essa energia orgânica que se assolou no Planeta tão misteriosa para a ciência simbiótica e tão maltratada pela tecnologia de uma civilização antibiótica.

Não é de hoje que chamo a atenção contra os deterministas tecnológicos que querem nos iludir que a evolução tem por base a tecnologia e não a ciência. Esses arrogantes assimbióticos que paralisaram a ciência quase um Século optando e confundindo-a como tecnologia. Mesmo nos dividindo numa falsa esquerda e direita - cada um a seu modo - optaram por uma civilização de cidades ocupando mais de sete bilhões de humanos apertados em 2% do território do Planeta.

Uma civilização com muita tecnologia industrial onde cuspimos 24 horas por dia fogo de fósseis se queimando e envenenando a vida no planeta com motores primários. Até os Incas já sabiam que energia de verdade vem da estrela e não da terra. Dizia para os ex-eunucos europeus com suas armas de pólvora: gente energia de verdade é estrelar.

Uma civilização predadora destruindo espécies complexas com fogo, ferro e muito plástico. Inundando praias e rios de porcarias e toneladas de merda literalmente.

PREDADORES destruindo ambientes favoráveis à vida e sempre em busca de atividades econômicas competitivas e tantas outras idiotices modernas tomadas com sapiência enlatada. Estamos presos numa rede social cheia de vento cada vez mais alimentada por ódio e governada por ignorantes.

Confundindo tecnologias com ciência a mais de um século. Toda a complexidade sumiu há décadas. Que saudades dos velhos cientistas do início do final do Século XIX e início do Século XX. É claro que existe muitos sábios e cientistas de verdade por aí, nem sempre nas academias que é a fabricadora em massa de tecnosaberes enlatados pelas grandes corporações tecnológicas, saberes embrulhados e embalados em pacotes esteticamente belos, erotizados na superfície, com seus poderosos títulos e, na sua maioria, fabricando coisas apenas úteis.

Restou para nós consumir técnicas miniaturizadas, rápidas e velozes em ampla escala produzida aos montões. Hoje se usa mais o dedo que o cérebro. É o começo da involução. O caminho as avessas da civilização simbiótica.

Acham-se inventores de inteligência, mesmo chamando-a de artificial e, mesmo assim, afirmando sua superioridade sobre a inteligência biológica. Há ainda os best sellers idiotas como os que programam a chegada do Homo Deus.

O planeta carece de uma civilização SIMBIÓTICA, pró biótica, pró vida. Quanto tempo perdemos estudando a morte, um esforço antibiótico. Esquecemos do que é mais importante aprender que e sobre a vida, sobre o bios, seus limites e sua potência.

Taí o COVID-19. O estrago que uma medíocre, simples e invisível partícula tóxica pode fazer a frágil célula humana.

E o mundo segue sendo governado por bestas, malucos, alguns ensandecidas e egocêntricos. Quase não se encontra mais líderes de verdade que apontam para a evolução da espécie. Eles existem, mas são joias raras no meio do limbo tóxico.

Eu sigo minha jornada em busca de simbióticos, que construam uma civilização simbiótica evoluída, para futuras gerações envoltas em uma nova era solar.

Está difícil encontrá-los no meio de tanta ignorância arrogante e cega pelo seu egocentrismo, mas eles estão aí.

Nessas horas fica mais fácil discernir o joio do trigo. Acabamos descobrindo que somos muito mais do que pensávamos que éramos. Ainda ha esperança na vida.


GILSON LIMA
“O que em mim sente está pensando”. Fernando Pessoa.
“O que em mim pensa está sentindo”. Gilson Lima