Se não sabem como será o processo de vacinação no Brasil perguntem ao Ministro assim que tivermos um.
Gilson Lima
19/08/2020
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Das vacinas para a COVID-19
3. Desafios para a imunização global
4. Vacinar em escala no Brasil
5. Palavras Finais
Epígrafes do texto:
Existem mais vírus do que estrelas no universo.
São cerca de dez nonilhões de vírus (10 elevado a 31) em nosso planeta. No entanto, de todos essa imensidão de
vírus, a imensa maioria não está preparada para infectar os
humanos.
As pesquisas estão evoluindo a uma velocidade nunca antes vista. Até agora a vacina mais rápida a ser fabricada no mundo foi a da caxumba, e ainda assim ela levou quatro anos na década de 1960.
Das 141 candidatas a vacinas para a COVID-19 mapeadas na OMS que vem sendo investigadas hoje no mundo, 16 já estão na fase de testes clínicos em humanos. A que se encontra mais avançada e com monitoração prudente pelos cientistas é a de Oxford, em fase 3, que inclusive já está sendo testada no Brasil.
A primeira vacina a ser concluída não necessariamente
será a melhor. A vacina de Oxford, impediu que os animais
ficassem doentes, mas o vírus ainda foi encontrado na mucosa nasal deles, o que
pode indicar que eles ainda tinham a capacidade de transmitir a doença. Não temos como saber
se os humanos vacinados poderão continuar transmitir o vírus. É uma coisa grave
em termos de saúde pública, porque as pessoas que não estiverem vacinadas
estarão sob ameaças.
Mas vamos partir do pressuposto que realmente a vacina de Oxford
protege só contra a doença e não eliminou o vírus, pode ser que as pessoas,
apesar de não ficarem mais doentes, continuem transmitindo. Isso não significa
que teremos que colocar a vacina no lixo.
Nem todas as vacinas nos dão imunidade para toda a vida. A da gripe, a da malária são exemplos de doença para a qual não
desenvolvemos imunidade permanente.
Então das mais de 141 vacinas que estão sendo investigadas no mundo para a COVID-19; há as com modelos tradicionais,
com o vírus, e as com base genética.
As vacinas genéticas
são mais recentes e sofisticadas e ainda cercadas de polêmicas. Até o momento,
apenas vacinas genéticas veterinárias foram
aprovadas para o uso na clínica. Cada minúscula mudança
em nosso genoma pode gerar imensos efeitos e fazer uma grande diferença.
Vacinas genéticas para
a COVI-19 são projetadas para se transformar em organismos geneticamente
modificados (GMOs). É o que a Fundação de casal
bilionário Bill e Melinda Gates estão ajudando financiar. Agora é uma idiotice acreditar nas notícias falsas das redes sociais de
que Bill Gates não tem um plano de implantar microchips
nas pessoas para dominar o mundo.
Quatro dessas vacinas utilizam a estirpe MRC-5 e culturas originadas
a partir de fetos. As células são usadas para fabricar adenovírus atenuados,
que servem para transportar parte do genoma do coronavírus para dentro do
organismo. Porém, informações falsas e sensacionalistas estão sendo espalhadas nas redes
sociais de que células MRC-5 de fetos abortados que é mentira.
Não conseguiremos também vencer a pandemia, imunizar o planeta do corona
vírus sem os grandes laboratórios farmacêuticos. Os discursos ideológicos que
desconsideram isso são cercados de utopias, ingenuidade ou más intenções.
Ainda não chegamos a
uma etapa civilizatória no planeta que permita uma orquestração global com
critérios minimamente evoluídos que permita proteger os mais fracos e, também
os operadores da saúde, que são vitais para uma imunização de escala global. O
que temos visto é o contrário disso.
Uma coisa é ter a vacina outra é ela ser aplicada em cada um de nós.
O
que os governos deveriam saber é que quem ganha uma corrida de vacina não é
quem chega primeiro, é quem chega em melhores condições. Isso significa:
proteger da doença, eliminar o vírus, ter uma cobertura muito grande na
população e desenvolver uma boa memória imunológica.
No país, depois da queda do Ministro de Saúde Luiz Henrique Mandetta, somada a abordagem suicida e beirando a irresponsabilidade do atual governo federal, não tivemos sequer uma coordenação nacional de enfrentamento da pandemia.
No Brasil, não fazemos testagem o suficiente, não fazemos rastreamento de contatos nem monitoramento, não temos uma boa comunicação com a população nem transparência dos dados, e temos um governo federal preocupado em mostrar que não está acontecendo nada e que a COVID-19 não é nada sério.
Como será então o processo de vacinação? Vai se
fazer uma campanha nacional?
Num primeiro momento, mesmo que
tudo isso dê certo, não vamos ter 210 milhões de doses de vacina. Como se
define quem recebe primeiro? Seriam os grupos de risco, para diminuirmos as
mortes? Os operadores da saúde? A população economicamente ativa, para poder
voltar a trabalhar? As crianças, para poderem voltar tranquilas para as escolas?
Como se envolverá a rede de atenção básica? O
que temos visto é que a atenção básica está totalmente esquecida na resposta
dessa epidemia. Nossos agentes comunitários de saúde, que poderiam estar
atuando no campo – sendo os ‘detetives
covid’ como são chamados em outros países –, fazendo rastreamento de
contato, podem ajudar na campanha de vacinação. Eles deveriam estar sendo
treinados, recebendo equipamentos. Hoje eles não podem sequer trabalhar
minimamente de modo seguro na pandemia.
O programa de imunização no Brasil ainda é de fato um modelo internacional. O
Brasil não só expandiu a cobertura vacinal, mas proveu vacinas sem custo para a
população. Saiu de um cenário em que dependia de importar vacina para um
cenário em que produzia mais de 87% da demanda nacional e ainda exportava. Isso
é uma grande conquista e só foi feito graças ao SUS.
O SUS tem muita coisa
muito inovadora que às vezes as pessoas se esquecem ou nem sabem. Claro
que o SUS não está funcionando como deveria, mas é porque também não está sendo
financiado como deveria. Temos que enfrentar isso quando chegar o momento de
produzir e distribuir a vacina em escala.
A
outra coisa é o modo de como seremos vacinados. Às vezes injetando a vacina no
músculo, ela não produz bastante anticorpo que defenda a mucosa nasal e oral,
por isso talvez seja necessário que precisamos de vacinas que possam ser dadas
pela boca ou pelo nariz.
Existirá algumas cidades as pessoas que acharão que com a conquista da vacina tudo pode voltar ao normal e que liberou geral. As consequências podem ser catastróficas e se isso vingar poderemos ficar indo de lockdown em lockdown.
1. Introdução
Como ja foi dito acima. Existem mais vírus do que estrelas no universo.
São cerca de dez nonilhões de vírus (10 elevado a 31) em nosso planeta — o
suficiente para atribuir um a cada estrela do universo 100 milhões de vezes. O número total estimado de vírus é tão incrivelmente grande que,
se todos os vírus da Terra fossem coletados juntos, eles cobririam uma área de
100 milhões de anos-luz.
Então de todos essa imensidão de vírus, a imensa maioria não está preparada para infectar os humanos. A maioria das novas doenças infecciosas atinge a população humana da mesma forma que a COVID-19: como uma zoonose, ou uma doença que infecta pessoas por meio de um animal. Zoonose,é o pulo da mutação do vírus para os humanos com uma doença que infecta pessoas por meio de um animal.
As chamadas de zoonoses, as doenças zoonóticas são os vários tipos de doenças que passam dos animais para os humanos. Quase 16 por cento de todas as mortes em todo o mundo podem ser atribuídas a doenças infecciosas, e as zoonoses são responsáveis por 60 por cento das doenças infecciosas conhecidas e 75 por cento das doenças infecciosas emergentes.
Embora não se saiba exatamente quantos tipos de vírus existem, aproximadamente 320.000 tipos de vírus infectam apenas os mamíferos. Acredita-se que somente os mamíferos e as aves hospedem cerca de 1,7 milhão de vírus não descobertos — um número que incentivou cientistas de todo o mundo a pesquisar a vida selvagem da Terra em busca da causa da próxima pandemia que poderia atingir nossa espécie. Quanto mais fatores de troca de hospedeiro forem identificados pelos pesquisadores, mais oportunidades eles terão para intervir. Em algum momento, com informações suficientes, poderemos até mesmo impedir surtos.
Embora não se saiba exatamente quantos tipos de vírus
existem, aproximadamente 320.000 tipos de vírus infectam apenas os mamíferos. Acredita-se que somente os mamíferos e as aves
hospedem cerca de 1,7 milhão de vírus não descobertos — um número que
incentivou cientistas de todo o mundo a pesquisar a vida selvagem da Terra
em busca da causa da próxima pandemia que poderia atingir nossa espécie. Quanto mais fatores de
troca de hospedeiro forem identificados pelos pesquisadores, mais oportunidades
eles terão para intervir. Em algum momento, com informações suficientes,
poderemos até mesmo impedir surtos.
Os vírus podem ser encontrados em todos os
ambientes do mundo natural: em ebulição na água do mar, flutuando
pela atmosfera e à espreita em minúsculos grãos de areia. Geralmente
considerados seres não vivos, esses patógenos só conseguem se replicar com
a ajuda de um hospedeiro e são capazes de sequestrar organismos de todos os
ramos da árvore da vida — incluindo uma infinidade de células humanas.
Você
não pode vê-los ou senti-los, mas milhões de vírus aerotransportados estão
flutuando ao seu redor a cada dia, e outros bilhões de viajantes microbianos
estão descendo em todos os lugares da Terra, após viajarem com correntes de ar
ao redor do mundo.
Na
altura de aproximadamente 8.200 a 9.840 pés (2.500 a 3.000 metros) acima do
nível do mar, os vírus pegam carona nas correntes de ar e nas partículas de solo
ou vapor do mar, e viajam muito mais longe do que seria possível em altitudes
mais baixas. É um dilúvio de micróbios no ar, descobrindo que um único
metro quadrado da superfície do planeta poderia ser inundado com centenas de milhões
de vírus - e dezenas de milhões de bactérias - em um único dia.
Bilhões de
vírus estão caindo na Terra agora, mas não é por isso que você está com gripe. Então, essa "chuva" de vírus não tem nada a ver com a temporada de gripe. Os vírus - agrupamentos de
material genético em um envelope de proteína que não podem se reproduzir por si próprios - existem há pelo menos 300 milhões de anos e são abundantes na Terra (assim
como em seu corpo, como parte de seu microbioma).
Os
vírus são umas das estruturas mais simples que existem. Mesmo assim, possuem
mecanismos complexos para replicação e manutenção na natureza. Todos os vírus
têm um invólucro de proteína, onde, dentro, encontra-se o ácido nucléico
(formado por DNA ou RNA). Alguns vírus tem uma invólucro extra que funciona
como a parede de uma célula, chamada membrana bilipídica, formada por lipídios e, eventualmente,
algumas proteínas.
O novo coronavírus possui esse
tipo de envelope viral, que é adquirido quando deixa a célula no processo de
replicação. Ele penetra na célula e partir daí, é como se todo a estrutura da célula fosse
“sequestrada” para produzir mais vírus. Uma vez formados, eles estouram
as paredes da célula hospedeira e seguem seu caminho para infectar novas
células do mesmo organismo – ou se espalhar para outros organismos.
O
vírus precisa encontrar uma célula que possua características que permitam sua
multiplicação genética e possam produzir suas proteínas. Essas células devem
agir de forma passiva ao vírus, não reagindo agressivamente ao seu contato. É
uma estratégia evolutiva do próprio vírus. O novo coronavírus evoluiu e
acabou adaptando-se para infectar as células do trato
respiratório. Provavelmente, ao longo da evolução, ele testou quais
células eram melhores para que pudesse se multiplicar. Quando encontrou essa
célula, havia uma capacidade evolutiva e, a partir daí, ele seguiu esse caminho.
Os
vírus possuem algumas proteínas em sua superfície que reconhecem as proteínas
das células hospedeiras. No caso do novo coronavírus, a proteína do vírus,
denominada Spike ou, simplesmente, S, reconhece uma proteína chamada Enzima
Conversora de Angiotensina do tipo 2 (ACE-2), presente nas células do trato
respiratório, que serve como um receptor para o vírus. Por meio desse receptor,
ele invade a célula e injeta seu ácido nucleico (RNA). Ao final do processo de
replicação, ácidos nucleicos e proteínas são juntadas dentro da célula,
formando novas partículas virais, que acabam saindo dessa célula e repetindo o
processo inicial. Diretamente ou indiretamente, essa célula vai morrer.
A
superfície do vírus é coberta de estruturas que lembram espinhos de proteína e
ajudam o parasita a ligar-se às células do hospedeiro. Se o espinho não
“combinar” com os receptores das células, ele não consegue penetrar na célula e
reproduzir-se, e a infecção é mal sucedida. Era o que acontecia com os humanos
em relação ao coronavírus até então. Mas as mutações mudaram as proteínas dos
espinhos, que acabaram tornando-se compatíveis com as nossas células. A
partir desse momento, ela deixa de trabalhar para sua sobrevivência e passa a
multiplicar as fitas de RNA e produzir as proteínas virais.
Além
da proteína S, o SAR-COV19 possui as proteínas E, M e N. A proteína E está
presente no envelope viral, atuando na montagem do vírus. Já a proteína M,
inserida na bicamada lipídica, exerce função estrutural e participa, também, da
replicação viral. Por fim, a proteína N funciona como uma capa, envolvendo o
RNA; ela está localizada no nucleocapsídeo.
Já
no organismo, o novo coronavírus entra em contato com células do trato
respiratório superior. Esse contato causa, inicialmente, uma infecção nas vias
aéreas superiores, o que, normalmente, causa febre, dor de garganta e tosse.
Esses sintomas são reflexos do sistema imunológico na tentativa de combater a
infecção.
Após
o contato com o trato respiratório superior, o novo coronavírus pode acabar
progredindo para o trato respiratório inferior, causando mais problemas. Isso
acontece, normalmente, depois de três a cinco dias, quando pode surgir falta de
ar. Esse é um sinal de que o vírus está multiplicando nos pulmões e causando
danos teciduais. A falta de ar é um sinal de gravidade da
doença. Por isso, esse é o momento em que as autoridades de saúde recomendam a
procura de atendimento hospitalar.
Alguns
estudos internacionais também relatam o encontro do novo coronavírus no sangue.
Isso pode significar que ele conseguiu escapar do pulmão e está indo ao
encontro de outros órgãos. Essa migração não é muito comum, mas é possível:
células com o receptor ACE-2 podem ser encontradas em outros locais, como no
coração, por exemplo.
É importante se
ter claro que doenças causadas por coronavírus são antigas e bem conhecidas -
principalmente pelos cientistas - e o SAR-Cov-2 é apenas um membro da família dos coronavírus. Uma característica em comum de todos eles é que
causam doenças respiratórias, desde casos brandos e leves até complicações mais
severas. Os Coronavírus pertencem a um grupo taxonômico de vírus de RNA que
infectam uma ampla variedade de animais domésticos e selvagens, bem como
humanos, possuindo uma notável capacidade de transporte interespécies. Então
estes vírus possuem um material genômica de RNA fita simples sentido positivo,
ou seja, serve diretamente para síntese proteica, assim ocorre uma maior velocidade
na geração de novas cópias de vírus na célula infectada.
São envolvidos por uma capa de gordura
e proteína, e seu tamanho é de aproximadamente cem nanômetros. Além também da
presença de várias proteínas em sua superfície, dentre elas está a Proteína
Spike, ou Proteína S, que é uma espícula glicoproteica que se liga fortemente à
enzima ECA2, presente em nossas células, o que torna sua infecção mais fácil.
E é essa proteína característica que
faz com que os coronavírus sejam nomeados assim: sua conformação ao redor dos
vírus lembra ligeiramente uma coroa.
Muitas pessoas já se infectaram por um
ou outro coronavírus ao longo de sua vida, há vários que causam apenas uma
gripe, como é o caso do coronavírus LM63.
Por outro lado, alguns primos destes
causaram, no passado, sérios danos para a saúde pública. Em 2002, um
coronavírus saltou do morcego e infectou pangolim, que por sua vez, infectaram
nós humanos, provocando uma Síndrome Respiratória Aguda Grave, e foi daí que
recebeu o seu nome: o famigerado SARS-CoV-2.
Os primeiros relatos deste vírus foram
na China, por conta da cultura do consumo de animais silvestres. Se disseminou
rapidamente para doze países na América do Norte,
América do Sul, Europa e Ásia. Tivemos até alguns casos de SARS aqui em
território brasileiro. Infectou mais de oito mil pessoas e causou cerca de
oitocentas mortes, até ser controlada no ano de 2003. Desde então, não tivemos
relato de nenhum caso de SARS mundialmente.
Após um tempo, em 2012, foi-se isolado um outro novo coronavírus. Só
que dessa vez, surgiu na Arábia Saudita, e posteriormente transmitiu-se para
outros países do Oriente Médio, Europa e África.
Foi então nomeada como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio, a
MERS. E o seu coronavírus: MERS-CoV. A sua via de transmissão foi definida
desta maneira: morcegos-camelos-humanos. Todos os casos fora da Península
Arábica tinham histórico de viagem ou contato recente com algum viajante
procedente de países do Oriente Médio.
No entanto a coronavírus da atual pandemia
(SARS-COV-2) trouxe muitos desafios científicos, clínicos e sociais, além de
provocar uma doença sistêmica - a COVID-19 - tem demonstrado singularidades e
dificuldades de respostas nos enfrentamentos tanto pelos médicos como também
tem dado muitas rasteiras nos cientistas. Análises
filogenéticas de 103 cepas de SARS-CoV2 isoladas da China, foram identificados
dois tipos diferentes do vírus, sendo designados como tipo L (representando 70%
das cepas) e tipo S (representando 30%). O tipo L predominou nos primeiros dias
da epidemia na China, mas representou uma proporção menor de cepas fora de
Wuhan na China onde surgiu e saltou esse vírus para os humanos.
Pesquisas recentes lançaram dúvidas sobre como se dá
a resposta imunológica dos pacientes infectados. Anticorpos são essenciais no combate
às infecções. No entanto, um corpo ter
anticorpos – já sabemos - não é suficiente para que se esteja protegido. Também
mesmo com anticorpos que não ataquem seu sistema nervoso não significa que você
não seja um transmissor da doença para outros semelhantes e os próximos seus.
Para encontrar a resposta imune, devemos observar o que acontece
dentro de nosso corpo. Quando falamos em imunidade, queremos dizer ser capaz de
gerar uma resposta imunológica que nos proteja. E essa resposta pode ou não ser
duradoura. O tipo de glóbulos brancos (as células que defendem nosso corpo)
responsáveis por isso são os linfócitos. Eles têm a capacidade de reconhecer um
germe de uma maneira muito
específica e, potencialmente, lembrar-se dele. Só com o tempo seremos capazes
de saber se ainda estamos protegidos vários meses depois contra o covid-19.
Os linfócitos podem reconhecer uma infecção específica antes dela se
desenvolver em nosso corpo. Alguns deles produzem anticorpos que podem
permanecer em nosso organismo por um longo período de tempo. Assim, se nos
reinfectarmos ou tomarmos uma vacina, esses anticorpos podem eliminar a
infecção de imediato, antes de desenvolvermos os sintomas, por isso temos
imunidade.
Isso é muito, muito importante, porque há uma fase em que você tem o
que é chamado de 'imunidade protetora' - esta parte da resposta imunológica
pode ajudar a matar o agente invasor - e então as células de memória (ou
células T) lembram o que aconteceu e eles sabem como combatê-lo no futuro. Há
evidências de que, durante a epidemia de gripe espanhola (1918-1920), as
células de memória de algumas pessoas foram capazes de produzir anticorpos até
50 ou 60 anos depois.
No entanto, à medida que envelhecemos, a capacidade dessas células de
se lembrar desses germes também pode diminuir porque nosso sistema imunológico
se torna menos eficaz. Quando isso acontece, nosso corpo não reconhece mais o
patógeno e, portanto, não sabe como combatê-lo.
Nosso
sistema imunológico possui duas linhas de defesa: a resposta imune inata e a
resposta imune adaptativa. A resposta imune inata é a primeira linha de
defesa do organismo. Ela age em poucas horas, quando o organismo percebe que há
algo de errado acontecendo. Esse tipo de resposta não é específico para cada
tipo de agressão: são substâncias químicas e células que tentam matar
indiscriminadamente qualquer agente infeccioso que penetre o organismo, como
bactérias, fungos, protistas e, como nesse caso, vírus. Causador da Covid-19, o
novo coronavírus consegue transpor a resposta imune inata, causando a doença.
Em
seguida, entra em ação a resposta imune adaptativa, mecanismos de defesa
específicos que trabalham na produção de anticorpos. Entretanto, ela demora um
pouco para, efetivamente, proteger o nosso organismo. Os anticorpos são
formados a partir de antígenos que estão presentes nos envoltórios dos
micro-organismos e só combatem esse antígeno específico. Esses anticorpos,
normalmente, são memorizados pelo sistema imunológico, que age mais rapidamente
quando entra em contato com um antígeno já conhecido. No caso do novo
coronavírus, por ser um vírus novo, nosso organismo não possui nenhum mecanismo
de defesa residual contra ele, ou seja, não reconhece o seu antígeno e precisa
produzir anticorpos específicos contra ele, o que faz com que o tempo de
resposta seja ainda maior.
O
sistema imunológico tem mecanismos incomuns entre todos os seres humanos, mas A
reação do organismo à doença é muito individual.. As pessoas que conseguem
superar a doença, provavelmente, possuem um sistema imune mais bem preparado ou
com maior facilidade para o combate para debelar essa infecção. Tudo depende de
como o organismo vai reagir à doença enquanto forma sua resposta imune
adaptativa, ou seja, produz seus anticorpos contra o vírus.
O processo de combate dos anticorpos é muito complexo, é como se fosse
uma corrida armamentista constante entre nosso sistema imunológico e os agentes
invasores. Nem tudo tem a ver com a forma como o seu sistema imunológico
evolui: As infecções também evoluem. Muitas deles desenvolveram estratégias
para se esconder de nosso sistema imunológico e podem fazer isso de várias
maneiras: escondendo-se dentro de nossas células; 'roubando' proteínas humanas
para se assemelhar a elas; transformando-se com fragmentos de nossa informação.
Elas têm muitas estratégias. E quando elas usam essas táticas, nosso sistema
imunológico tem mais dificuldade para combater a infecção que causam.
Para uma imunização geral vamos precisar identificar o quão mutável é
o coronavírus e com que facilidade ele pode alterar seu material genético? Isso
vai ser a chave para entendê-lo. Existem certos patógenos que, ou não
descobrimos qual é a melhor forma de desenvolver imunidade protetora contra
eles, ou simplesmente não somos capaz de fazê-lo.
A malária é um exemplo de doença para a qual não desenvolvemos imunidade
permanente. É comum uma pessoa estar bem protegida contra a malária, mas se ela
for para outro lugar e voltar anos depois, pode perder aquela imunidade,
ficando tão vulnerável à doença como se nunca tivesse sido exposta a ela. Isso
ocorre porque o patógeno sofreu mutação, mas também devido ao fato de que essa
doença em particular requer uma resposta imunológica muito complexa, com muitas
fases em nosso corpo para que a luta seja eficaz.
Para tornar tudo mais complicado, os vírus também cometem "erros".
Os vírus têm material genético (RNA ou DNA) que se replica em nosso corpo para
causar infecção. Ao fazer isso, cometem erros, em maior ou menor grau. E esses
erros podem alterar a estrutura do vírus. Alguns vírus cometem muitos erros ao
replicar seu genoma e isso complica nossa reação a eles porque se transformam.
Alguns vírus, como o da influeza (gripe), têm um mecanismo muito
sofisticado de mutação. Eles podem alterar aleatoriamente suas informações
genéticas. Isso é um problema para o nosso sistema imunológico porque se, por
exemplo, no ano passado você desenvolveu uma resposta imunológica a uma
determinada forma do vírus, e ela sofre mutações, essa resposta passa a não ser
mais adequada para aquele tipo de vírus. Por isso, é necessária uma nova vacina
a cada ano. Os vírus que podem alterar facilmente seu material genético - como
a gripe ou o HIV - se tornaram um desafio para o desenvolvimento de vacinas no
passado.
O que sabemos até agora sobre o novo coronavírus é que ele não comete
muitos erros ao se replicar. Isso, sem dúvida, é positivo para nós porque,
historicamente, nesse cenário temos conseguido desenvolver boas vacinas. Mas
ainda não podemos dizer isso com toda a certeza com que facilidade ele pode
mudar seu material genético. Isso vai ser fundamental sabermos e não se obtém
isso a curto prazo. É isso nos permitirá descobrir se somos ou não capazes de
desenvolver uma resposta imunológica de longo prazo.
O SARS-CoV-2 parece se comportar de maneira semelhante a todo tipo de vírus que leva a SARS, o que
é bom porque há evidências de que temos imunidade se formos expostos a esse
vírus, mas ainda não sabemos ao certo. No entanto, isso não significa que temos
imunidade de longo prazo contra COVID-19. Ainda não sabemos se nossa reação
imunológica ao novo coronavírus é permanente. Esperamos que sim, mas ainda não
sabemos. Só com mais tempo seremos capazes de saber se ainda estamos protegidos
vários meses depois.
O que sabemos de fato, é que nossos corpos respondem ao novo
coronavírus fabricando três tipos de anticorpos - AGM (o mais genérico); AGG
(melhor e mais poderoso); e AGA (o mais importante) - cujos níveis vão
diminuindo gradativamente. E não deve ser surpresa que os níveis de anticorpos
caiam. Na verdade, se isso não acontecesse, seria perigoso. Todas as respostas
imunológicas 'normais' têm essa curva de tendência: produzimos muitos
anticorpos entre semanas e um mês após a infecção e, então, esses níveis caem
após dois a três meses. Mas essa queda não significa que deixemos de ter
anticorpos em nosso corpo, mas em um patamar estável que pode até nos dar
imunidade permanente.
Não podemos estar interessados (nem precisamos) que o corpo continue a
gerar anticorpos porque isso poderia ter um efeito inflamatório, muito
prejudicial ao nosso organismo. Na verdade, em alguns pacientes com covid-19 a
reação imunológica é exagerada, e é por isso que eles ficam muito doentes.
De
forma geral, os doentes crônicos têm uma predisposição maior a agravar as
infecções respiratórias virais, logo, não é uma exclusividade do novo
coronavírus. Tanto é que os portadores dessas comorbidades, bem como os idosos,
que também estão no grupo de risco da Covid-19, estão entre os contemplados na
vacinação contra a gripe, por exemplo, que combate os vírus influenza H1N1 e
H3N2.
Dados
preliminares de alguns estudos também mostram que hipertensos, diabéticos e alguns
cardiopatas possuem uma expressão maior do receptor ACE-2, o que facilitaria a
entrada desse novo vírus nas células das pessoas.
Já
entre os idosos, a infecção é mais suscetível graças a características do
sistema imunológico, que se tornam mais deficientes e com dificuldades de
respostas com o passar da idade – o fenômeno chamado senescência imune. Essas
pessoas também possuem pulmões e mucosas mais frágeis, o que os tornam mais
vulneráveis a doenças virais.
Como
explicado anteriormente, tudo depende do sistema imunológico do indivíduo
infectado. Por isso, não dá para entender exatamente o motivo do porque, em
alguns casos, uma pessoa saudável morra e outra, com a saúde mais debilitada, sejam
curadas da mesma doença. Aqueles que conseguem debelar a infecção com mais
facilidade ou sem grandes problemas provavelmente possuem um sistema imune que,
de alguma forma, está mais bem preparado do que o das que vão a óbito.
Quanto
aos grupos de risco, é possível tentar explicar por que há mais casos
fatais. Estudos mostram que o novo coronavírus tem um desenvolvimento
para agravamento muito rápido. A média de dias, em casos
graves, para o enfermo procurar o hospital é de cinco dias. Entretanto, no
sétimo dia essas pessoas costumam precisar ser submetidas a uma unidade de
terapia intensiva (UTI), ou seja, apenas dois dias após a hospitalização. Esse
curto tempo impossibilita o organismo de conseguir uma resposta eficiente.
Nos
idosos, por exemplo, a senescência imune faz com que esses pacientes precisem
de quatro a sete dias para começar a produzir anticorpos, sendo que o pico de
produção acontece por volta do 15º dia após o contato inicial com o
micro-organismo. Nesse caso, se o novo coronavírus está provocando internações
na UTI em sete dias, não há tempo hábil para que o organismo responda de forma
adequada.
Já
entre os portadores de doenças crônicas, se comprovado o fato de possuírem
maior número de células com receptores ACE-2, isso pode responder a questão.
Nesse caso, a carga viral no paciente seria muito alta e o vírus reproduziria
mais rapidamente, levando a quadros mais graves.
Ainda
não existem remédios comprovadamente indicados para o tratamento da Covid-19,
nem mesmo um antiviral que o mitigue. O que se indica é utilizar medicamentos
para amenizar os seus sintomas. Antitérmicos e
analgésicos podem ser utilizados para o combate de febres e dores, por exemplo.
Esses
remédios não são antivirais, portanto não possuem a capacidade de eliminar um
vírus. Ainda assim, qualquer que seja o antiviral, este não será capaz de
combater o novo coronavírus. Os medicamentos antivirais combatem vírus
específicos, pois atuam para a mitigação dos processos de replicação desses micro-organismos.
Cada antiviral funciona de forma diferente, atuando contra vírus diferentes:
eles podem inibir desde a entrada do vírus até a síntese de proteínas, a
replicação do ácido nucleico ou a saída do vírus da célula hospedeira.
Existe
a possibilidade de algum medicamento já existente conseguir diminuir a
replicação do novo coronavírus. Essa estratégia está sendo utilizada por
diversos pesquisadores, pois seria uma forma mais rápida de combater o vírus.
Porém, até o momento, nenhum medicamento se mostrou comprovadamente
eficaz. Para que um medicamento possa ser liberado para o tratamento de
doentes são necessários estudos clínicos que comprovem a eficácia e,
principalmente, a segurança da droga.
Dois
medicamentos específicos para o tratamento da Covid-19 foram descobertos e
estão sendo testados por pesquisadores chineses. De acordo com a publicação na
revista Science, os fármacos impedem que o vírus se multiplique dentro do corpo
humano, bloqueando a enzima protease, que possibilita a multiplicação viral. A
Alemanha e a Holanda também já apresentaram pesquisas sobre remédios
específicos contra a doença. O medicamento alemão atua contra mesma enzima que
os remédios chineses, enquanto o holandês incapacita a proteína S.
Além
disso, estão sendo realizados testes com medicamentos indicados para outras
doenças para verificar se eles podem ser utilizados para o tratamento da
Covid-19. Esses estudos são ainda iniciais, exploratórios, e não validam
cientificamente a eficácia do medicamento para o tratamento da doença causada
pelo novo coronavírus.
Alguns
desses remédios, já estão sendo testadas em humanos, em estudos clínicos. Somente
quando finalizados esses estudos, poderão ser indicados com maior segurança –
ou descartados, dependendo do resultado – o uso dessas drogas.
Como
as células não infectadas só produzem RNA com base em um molde
de DNA , os vírus baseados em RNA precisam de
mecanismos moleculares distintos que essas células não possuem. Esses mecanismos
fornecem medicamentos com alvos para ataques antivirais. Muitos
medicamentos contra o hiv visam o sistema
que faz cópias de DNA de modelos de RNA . Remdesivir
(Veklury), uma droga que bloqueia o mecanismo que os vírus de RNA mais simples usam para recriar seus genomas de RNA ,
foi originalmente desenvolvido para tratar a hepatite C (grupo quatro) e
posteriormente testado contra o vírus Ebola. Agora está sendo usado
contra sars - cov -2, o vírus covid-19.
Os
remédios que estão sendo testados para o tratamento da Covid-19 foram
anteriormente estudados para populações específicas, portadoras das
comorbidades para as quais são indicados originalmente. Portanto, não é
possível afirmar sem a realização de testes se estes medicamentos podem causar
efeitos colaterais, principalmente aos grupos de risco da nova doença.
É
uma balança muito delicada entre o quão bem o remédio faz e o quão mal ele pode
fazer. A cloroquina e a hidroxicloroquina, por exemplo, podem
causar alguns problemas cardíacos e, portanto, não devem ser indicadas para
cardiopatas. Existem restrições e cuidados a se tomar. Na verdade, apenas o que
vai poder responder isso são os grandes estudos clínicos, com milhares de
pessoas, onde poderão ser percebidas consequências adversas e a porcentagem de
um efeito ou de outro, positivo ou negativo. Esses estudos já estão sendo
feitos há algumas semanas; a partir deles, poderão ser definidos com maior
segurança o uso ou não desses medicamentos.
As vacinas são importantes porque replicam uma infecção de forma mais
branda para dar ao sistema imunológico as informações de que ele precisa para
construir uma imunidade protetora de longo prazo.
Para uma luta eficaz contra o coronavírus precisa que muitos sejam vacinados para proteger
aqueles que não podem ser vacinados, ou pessoas mais velhas, para quem seu
efeito poderia ser menor. As vacinas são uma das drogas mais seguras que
existem. Graças a elas erradicamos infecções como a varíola e praticamente
também a poliomielite (poliomielite).
Quando tivermos uma vacina eficaz contra o coronavírus, mesmo que seu
efeito seja temporário, como a gripe sazonal, será necessário que o maior
número possível de pessoas sejam vacinadas para poder combater a infecção e
prevenir mais mortes e doenças graves.
2. Das vacinas para a COVID-19
Com mais de 9,6 milhões de infectados em todo o mundo
e quase meio milhão de mortos até agora, a pandemia da COVID-19, que teve
início no fim do ano passado, não dá sinais de que esteja arrefecendo, e a
esperança de que uma vacina possa parar o coronavírus cresce
a cada dia.
Não podemos esquecer que esse mutirão pela vida é
também uma corrida pelo ouro, dos grandes laboratórios que sempre pressionaram
para acelerar os processos de pesquisa, ensaios clínicos e a produção em
escala.
Das 141 candidatas a vacinas mapeadas na OMS que vem
sendo investigadas hoje no mundo, 16 já estão na fase de testes clínicos em
humanos. A que se encontra mais avançada e com monitoração prudente pelos
cientistas é a de Oxford, em fase 3, que inclusive já está sendo testada
no Brasil.
Toda semana há notícias de avanços, de que alguma
vacina já chegou à fase de testes com humanos. São impressionante os dados
desse mutirão científico em busca da vacina.
Desde que começou a pandemia, quase 30 mil artigos
científicos foram publicados e um número enorme de vacinas (mais de uma
centena) começaram a ser testadas. E algumas chegaram extremamente rápido, como
nunca se viu, às fases clínicas. Isso é louvável, mas perigoso numa perspectiva
de longo prazo. Como cientistas, temos de ter muita cautela e ser muito
críticos.
Não é uma corrida para ver quem vai chegar primeiro.
Pode parecer estranho que ter tanta gente fazendo a mesma coisa. Isso é sem
precedentes na história, mas é extremamente necessário ter vários grupos
trabalhando nas suas respectivas estratégias vacinais. Mas isso é muito
importante. Quem chegar primeiro vai dar um fôlego para que as outras continuem.
Esse texto quer apresentar o que significam os
avanços das pesquisas e quais ainda são os desafios para ter um produto pronto
e para ele conseguir imunizar a maior parte da população.
As pesquisas estão evoluindo a uma velocidade nunca
antes vista. Até agora a vacina mais
rápida a ser fabricada no mundo foi a da caxumba, e ainda assim ela levou
quatro anos na década de 1960. Mas ainda há algumas incertezas sobre como
funciona a doença e sua relação com o sistema imunológico que podem
ter impacto na produção de uma vacina. Por exemplo, sempre se entendeu que se
uma pessoa ficou imune quando ela produz anticorpos ao patógeno, mas na
COVID-19 notou-se que em pacientes assintomáticos existia uma queda
nos níveis desses anticorpos, que ficaram praticamente indetectáveis. Nesse
sentido, esses pacientes que não possuem os sintomas da doença não significa
necessariamente que seja por causa de seu sistema imunológico possuir uma maior
eficiência para o vírus. Também há gargalos logísticos para conseguir vacinar
todo mundo. Quase oito bilhões de pessoas exigem uma sofisticada engenharia
para a quantidade de insumos necessários, fornecimentos de produtos diversos,
montagem de linha de produção e distribuição que não é facilmente possível em
tão pouco tempo.
A
primeira vacina a ser concluída não necessariamente será a melhor. Será apenas a primeira. Nós não sabemos se as
vacinas que estão mais avançadas terão isso, porque as premissas científicas
(de como funciona o coronavírus) ainda não são conhecidas. A de Oxford, por
exemplo, que está mais avançada de modo razoavelmente mais seguro, tem de mais
preocupante que, embora todos aqui estejam torcendo para que ela dê certo e
diminua essa pressão social que estamos sofrendo, nos testes em macacos,
mostrou uma limitações importantes.
A vacina de Oxford, impediu que os animais ficassem
doentes, mas o vírus ainda foi encontrado na mucosa nasal deles, o que pode
indicar que eles ainda tinham a capacidade de transmitir a doença. No
experimento em macacos, ela mostrou que protegia da pneumonia, mas não
eliminava o vírus circulante nas mucosas. Ou seja, ela não esterilizou o vírus,
só impediu que os animais ficassem doentes. O problema é que ninguém viu se
esse vírus estava realmente ativo e, novamente, não ter a doença não significa
que se evite seu contágio. Isso muito provavelmente vai ocorrer em humanos ou
não. Isso será checado nos testes de fase 3. De qualquer modo isso pode fazer
com que seja necessário mudar os processos, adiando um pouco mais a chegada da
tão esperada vacina.
Como se dá esse processo nos macacos? Ao inocular os
animais, coloca-se uma grande quantidade de vírus no nariz deles. Os testes
consistem em vacinar os animais e, depois de algum tempo, desafiá-los com o
vírus para ver se eles estão protegidos. Em pessoas a gente não faz isso, por
motivos óbvios, em animais se inocula diretamente o vírus no nariz deles. Faz-se
isso em uma grande quantidade que não corresponde ao que acontece na natureza,
e isso pode ter afetado o resultado.
Mesmo que o vírus do macaco vacinado não continue
sendo transmitindo a doença, não temos como saber se os humanos vacinados
poderão continuar transmitir o vírus. É uma coisa grave em termos de saúde
pública, porque as pessoas que não estiverem vacinadas estarão sob ameaças.
Mas vamos partir do pressuposto que realmente a
vacina de Oxford protege só contra a doença e não eliminou o vírus, pode ser
que as pessoas, apesar de não ficarem mais doentes, continuem transmitindo. Isso
não significa que teremos que colocar a vacina no lixo. Se ela for segura e
impedir que as pessoas tenham a forma grave da doença, temos que usar e
aproveitar para continuar pesquisando outras vacinas. Por isso, como já
dissemos a primeira vacina não precisa necessariamente ser a melhor, mas
ajudará certamente.
Estamos todos sofrendo vários problemas físicos
e mentais com essa pandemia, nossa ansiedade é grande. Porém, os estudos
da vacina de Oxford têm de ser muito bem feitos. Esse estudo está sendo feito
em Oxford, também está sendo feito no Brasil e os Estados Unidos vão duplicar o
número desses indivíduos e incluir as populações de risco. Tudo isso está em
andamento. A vacina
produzida pela empresa chinesa Sinovac, que também está sendo testada no país,
é produzida a partir de uma cultura de células de rim de macaco.
Esse processo de aceleração está acontecendo porque
os pesquisadores, como já dissemos, estão trabalhando com um primo do SARS-COV-2,
que é o SARS-COV-1 que como sabem ao SARS que acometeu uma parte do mundo no
começo dos anos 2000.
Em 2007, o mundo criou uma coalizão para se preparar
para essa pandemia que se chama CEPI – coalizão para emergências,
preparação e inovação –, que tem todos os Estados europeus contribuindo, mais
o Wellcome Trust (uma instituição filantrópica de apoio à de pesquisa
com sede em Londres, no Reino Unido criada em 1936, no legado do magnata
farmacêutico Sir Henry Wellcome, com o objetivo de financiar pesquisas para
melhorar a saúde humana e animal). Também o casal bilionário Bill e
Melinda Gates. Tudo isso para que o mundo se preparasse para ter uma resposta
muito rápida porque a se sabia que viria uma pandemia viria, Só não se sabia
quando.
As vacinas que estão aí têm basicamente duas ideias
por trás. Uma é multiplicar bastante o vírus, inativá-lo e usá-lo como vacina.
Outra é oferecer ao sistema imune uma proteína específica (do coronavírus), que
é a proteína da espícula. A proteína da espícula (S) que
- como já dissemos - é uma glicoproteína de membrana do tipo que é primariamente responsável pela entrada do vírus em
células susceptíveis por meio da interação inicial com receptores celulares
específicos e subsequente mediação da fusão vírus-célula. Acredita-se que ela vai desencadear a produção de
anticorpos que sejam neutralizantes.
Essas são as duas propostas científicas. E essa
oferta da proteína da espícula pode ser de várias formas, ou a própria
proteína, ou DNA, ou RNA dentro do vírus. Se uma estratégia ou outra der certo,
acredito que nós teremos muitas vacinas no mundo, porque é uma questão do
vetor. Se errarmos na premissa científica, aí talvez a coisa fique complicada.
Um jeito que a gente sabia fazer vacina era cultivar
o vírus, atenuá-lo ou inativá-lo. Para isso precisa ter laboratório de
segurança, porque é um vírus respiratório, contagioso, então precisa de toda
uma estrutura, que a gente tem – inclusive - no Brasil. As vacinas que vão
lidar com a proteína, tem maneiras de fazer isso. Ou se usa vacinas genéticas,
que vão usar o DNA ou RNA do vírus alvo, o SARS-COV-2, ou vai trabalhar direto
com a proteína. A logística disso é muito diferente e nesse caso não precisa de
um laboratório de segurança. Trabalha-se com plataformas que vão carregar uma
sequência genética do vírus.
A vacina de Oxford, por exemplo, usou um adenovírus
de chimpanzé, que não vai causar nenhum mal para os cientistas que a manipulam.
Usa-se o vírus como uma plataforma, um vetor onde se coloca a sequência
genética do SARS-COV-2 que codifica a proteína da espícula, que é a proteína
que a que vai dar a melhor resposta imune. Ao injetar a vacina nas nossas
células, elas vão produzir a proteína do vírus, vão apresentar isso para o
nosso sistema imune, que vai identificar que o vírus está presente e ele monta
uma resposta imune. Mas o vírus nunca esteve lá. Só está lá a proteína, que
nossas células fizeram.
Outra forma é fazer uma vacina de DNA, onde jogo
direto a sequência de DNA do vírus dentro da célula. Pode-se fazer isso com uma
molécula de RNA, que é o mesmo raciocínio. O RNA codifica a proteína. A
vantagem dessas técnicas mais modernas é não ter de trabalhar com o vírus. Elas
são mais rápidas, mais versáteis. E tem uma grande vantagem dessas vacinas de
DNA, RNA, e as de vetor, como a de Oxford, é ter uma plataforma pronta, em que
é possível só trocar de sequência genética de vírus. Conseguindo isso ficamos
bem preparados para uma próxima doença. Se vier um outro vírus, é só trocar a
sequência genética e a vacina está pronta.
O advento da biotecnologia moderna, em particular a disseminação das técnicas de manipulação genética, alterou de diferentes maneiras a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas, sejam elas de primeira, segunda ou terceira geração.
Na história as
vacinas de primeira geração representam aquelas que empregam na
sua composição o agente patogênico na sua constituição completa, mas submetido
a tratamentos que levam à inativação ou à atenuação dos micro-organismos. Nessa
categoria, também deve ser destacada a estratégia em que micro-organismos não
patogênicos derivados de outros hospedeiros são utilizados como antígenos para
vacinas voltadas para o controle de doenças causadas por patógenos
assemelhados. Essa abordagem é bem exemplificada pelas vacinas da varíola,
baseada em vírus vaccínia isolados de bovinos, e da vacina contra a tuberculose
que também emprega uma bactéria originalmente obtida em bovinos, o Mycobacterium
bovis (BCG). Nesse grupo, destacam-se também as vacinas voltadas para
a prevenção da coqueluche ou pertússis (vacinal celular), as vacinas contra
varíola, poliomielite, sarampo, rubéola, adenovírus, entre outras.
A segunda geração surgiu com a noção de que, em alguns patógenos,
a proteção vacinal pode ser obtida após a indução de anticorpos voltados para
um único alvo, como uma toxina, responsável pelos sintomas da doença, ou
açúcares de superfície que permitem ao sistema imune do hospedeiro neutralizar
e eliminar bactérias que de outra forma se propagariam rapidamente antes de
serem notadas por nossas principais linhas de defesa imunológica. Nesse grupo,
destacam-se vacinas acelulares que empregam toxoides (toxinas purificadas e
inativadas por tratamento químico), proteínas e polissacarídeos purificados,
como as antitetânica, antidiftérica, hepatite B e as vacinas voltadas para o
controle da meningite meningocócica e da pneumonia.
A terceira e mais recente geração de vacinas, são a gênicas ou vacinas de DNA que é parte de um
conceito inovador que a diferencia de uma forma radical das outras gerações
vacinais. Nessas vacinais, emprega-se a informação genética do patógeno
responsável pela codificação de proteínas que representem antígenos relevantes
para a proteção. Em geral chamadas de vacinas de DNA ou gênicas, as vacinas de
terceira geração foram descobertas de forma empírica no começo da década de
1990 em testes inicialmente voltados para a pesquisa de terapias genéticas em
que se introduzem no hospedeiro genes que substituirão a informação genética
defeituosa originalmente presente no indivíduo.
As perspectivas iniciais depositadas nas vacinas de DNA foram bem frustradas pela baixa imunogenicidade de diversas vacinas submetidas a testes clínicos, os resultados iniciais já indicavam que essas vacinas podem ser instrumentos excelentes para a ativação de respostas imunológicas citotóxicas e, consequentemente, controle de patógenos de replicação intracelular como os vírus, algumas bactérias e certos tipos de câncer.
O conceito vacinal surgiu da observação de que animais inoculados
com plasmídeos que transportam genes que são expressos em células tranfectadas,
ou seja, células em que o DNA injetado conseguiu penetrar as membranas
citoplasmática e nuclear e utilizar o maquinário enzimático necessário à
transcrição e tradução, produzem o antígeno, que irá desencadear uma série de
respostas imunológicas como anticorpos, fundamentais para garantir a proteção
contra patógenos que circulam na corrente sanguínea, células citotóxicas, com
potencial de identificar e destruir células infectadas mesmo na ausência de
patógenos circulantes, e memória, fundamental para um efeito profilático
duradouro.
Por meio de estratégias de clonagem gênica e mutagênese, podemos gerar
micro-organismos atenuados (vírus e bactérias) de forma precisa e com mais
segurança. Patógenos atenuados empregados nas vacinas de primeira geração podem
reverter ao estado nativo virulento. Como, em muitos casos, não se conhece a
natureza da alteração genética sofrida pelo micro-organismo durante a atenuação, mas a possibilidade de reversão à virulência, embora até pouco tempo improvável, é uma
realidade.
A biotecnologia revolucionou as vacinas de segunda geração. Em uma fase inicial, essas vacinas se restringiam à utilização de toxinas inativadas, como na vacina para tétano e difteria, e em um segundo momento, polissacarídeos purificados. A utilização de proteínas purificadas a partir de vírus ou bactérias se limitava a situações em que era possível cultivar e purificar antígenos específicos, como algumas toxinas, ou obtê-los a partir do soro de pacientes infectados, como no caso do vírus da hepatite B. Com o aprimoramento das técnicas de produção de proteínas recombinantes por meio de sistemas de expressão heteróloga, bactérias, leveduras, células de mamíferos e insetos são usados como fonte para os antígenos a serem incorporados nas formulações vacinais. De fato, a fronteira da vacinologia que hoje recebe mais investimentos e desperta interesses tanto pela segurança de uso como no retorno financeiro está calcada na geração de vacinas de subunidades que utilizam antígenos recombinantes: a vacina voltada para o controle da hepatite B e, mais recentemente, a vacina preventiva para infecções com vírus do papiloma humano (HPV) (Tabela 1).
As vacinas de DNA surgiram como resultado dos avanços biotecnológicos em DNA recombinante. A informação genética, responsável pela codificação de antígenos com aplicação vacinal, é clonada e propagada em linhagens de Escherichia coli, um habitante inofensivo de nossa microbiota intestinal. O procedimento de produção é relativamente simples e menos oneroso do que aquele envolvido na obtenção de proteínas recombinantes. Além disso, algumas características de modulação de resposta imune das vacinas de DNA tornaram-nas um instrumento valioso para o desenvolvimento de vacinas com características terapêuticas. Sem dúvida, mais do que uma vacina específica, as vacinas DNA representam uma forma alternativa de desenvolver imunoterapias viabilizadas graças à introdução das técnicas de DNA recombinante à pesquisa vacinal (Tabela1).
As técnicas atualmente disponíveis para manipulação genética permitem obter, com relativa facilidade, mutantes atenuados nos quais genes envolvidos com a patogenicidade ou metabolismo primário são inativados de forma a não comprometerem a viabilidade do organismo, mas torná-los incapazes de causar doença.
Porém, os custos elevados envolvidos nos testes clínicos e o uso consagrado de determinadas formulações, como os vírus da poliomielite, sarampo, febre amarela, a bactéria Mycobacterium tuberculosis, entre outros, diminuíram o interesse de indústrias e laboratórios em investir nessas novas formulações vacinais.
No entanto, das mais de 140 vacinas que estão sendo investigadas no mundo; há as com modelos tradicionais, com o vírus, e os com base genética.
Claro que as vacinas genéticas são mais recentes e sofisticadas e ainda cercadas de polêmicas.
Vacinas gênicas, como vimos, não são baseadas no próprio patógeno, como as vacinas atenuadas ou inativadas e sim, na informação genética do mesmo. Dessa forma, essa informação genética codifica uma ou mais proteínas do organismo patogênico, utilizando a maquinaria do próprio hospedeiro. Essas proteínas são denominadas antígenos e irão ativar o sistema imunológico do receptor da vacina, levando à produção de anticorpos, de células citotóxicas e de células de memória.
Quando essa vacina é administrada em uma pessoa, o DNA é reconhecido por suas células, que começam a produzir substâncias que seriam normalmente produzidas por bactérias, vírus, ou qualquer outro agente, fazendo com que o organismo hospedeiro reconheça e produza imunidade contra essas substâncias, criando assim uma memória imunológica. Assim, quando o indivíduo entrar em contato com esse patógeno, não desenvolverá a doença e, inclusive, poderá – a princípio estar protegido por toda a sua vida.
As vantagens das vacinas de DNA, em relação aos outros métodos mais clássicos, incluem: a rápida produção, a possibilidade de adaptação a patógenos emergentes, a alta estabilidade à temperatura ambiente (devido à grande estabilidade da molécula de DNA) e a ativação das respostas humoral e celular do hospedeiro.
Como principal desvantagem, temos a baixa imunogenicidade destas vacinas (ou seja, elas não estão sendo tão eficientes em ativar a resposta imunológica do hospedeiro) em testes com animais de grande porte e em humanos, diferente do que vem sendo observado nos testes com roedores. As vacinas de DNA possuem dificuldade em reconhecer, selecionar e correlacionar todas as partes do DNA do agente que se quer combater; possibilidade da indução de uma doença autoimune; integração do DNA no cromossomo do hospedeiro, causando mutações que poderiam levar ao aparecimento de um câncer; e indução de tolerância do hospedeiro às substâncias estimuladas pelo DNA. As vacinas de DNA podem ser administradas por diferentes vias, mas a injeção intramuscular é a forma mais utilizada.
Assim, ainda é necessário investir em estudos de adaptação de dose e em técnicas mais eficientes de administração destas vacinas. Temos outro problema. É que até hoje nenhuma vacina genética foi aprovada para uso humano. Com a vacina de DNA, até hoje há discussão em aberto sobre a potencial ativação de oncogenes (genes relacionados a tumores). Ela também exige a inoculação de um grande material, o que acaba sendo tóxico.
Até o momento, apenas vacinas veterinárias foram aprovadas para o uso na clínica, mas ainda há diversas em testes clínicos que, se comprovadas sua eficiência e segurança, poderão ser empregadas na imunização contra patógenos e até mesmo no tratamento da COVID-19.
As vacinas genicas que poderão ser utilizadas para combater a COVID-19, não são alheias a críticas severas. E esse processo de aceleração pode sim representar muito perigo para nosso futuro se o caminho dos testes não forem devidamente realizados.
É muito complicado pegar algo tão invasivo em nossa rede biótica, com tantas dúvidas e que nunca tenha sido utilizado em humanos e permitir seu uso em escala. Estão apressando muitos processos, pulando testes em animais e querendo aplicarem direto em humanos. Não há testes clínicos randomizados e controlados por placebos para nenhuma vacina gênica. Não se está utilizando protocolos científicos sólidos. Caso essas vacinas – não forem devidamente aprovadas – podem causar danos e efeitos colaterais severos como convulsões, paralisias, por terem sido aprovadas seus donos e proprietários não serão devidamente responsabilizados.
Cada um de nós tem informação de DNA suficiente para se estender por 10 bilhões de milhas se esticado. Isso significa 35 mil terabytes de dados ou 35 milhões de horas de vídeo de alta definição. Que informações são essas? Um plano para manter seu corpo vivo.
Como esse seu corpo funciona, como ele cresce, como ele se reproduz, inclusive, quando pensamos e quando usamos nossas memórias. Você pode inserir um gene no genoma, colocar algo extra nele, você pode tirar algo dele e deixar isso faltando. Você pode também translocar, ou seja, retirar parte de um genoma e colocar em outro lugar, ou ainda pode pegar um fragmento de genoma sintético ou de outro organismo e inserir no seu genoma, ou cortar parte de um genoma humano e inserir outro genoma ali. Isso é bastante comum e dominado por estudantes de graduação que atuam em laboratórios de biotecnologia.
Cada minúscula mudança em nosso genoma pode gerar imensos efeitos e fazer uma grande diferença. Quando você faz isso estará reescrevendo seu código genético. Ao inserir uma célula sintética ou geneticamente modificada no seu genoma geralmente você está consumindo um “produto” patenteado ou com propriedade de alguém que tem um custo. Quando patentes estão envolvidas alguém é dono de uma célula não natural, mas modificada intencionalmente por pesquisadores e cientistas. Tudo isso torna o processo industrial mais complexo e temos que estar atento e os organismos internacionais devem monitorar bem de perto todo o processo.
Por outro lado, não conseguiremos vencer a pandemia, imunizar o planeta do corona vírus sem os grandes laboratórios farmacêuticos. Os discursos ideológicos que desconsideram isso são cercados de utopias, ingenuidade ou más intenções.
Vacinas genéticas para a COVI-19 são projetadas para se transformar em organismos geneticamente modificados (GMOs). É o que a Fundação de casal bilionário Bill e Melinda Gates estão ajudando financiar. Agora é uma idiotice acreditar nas notícias falsas das redes sociais de que Bill Gates não tem um plano de implantar microchips nas pessoas para dominar o mundo. Sair por aí reproduzindo informações falsas e conspiratórias tem sido uma hábito, infelizmente muito utilizados por pessoas tomadas por uma energia do mal. E essa energia está se espalhando no planeta tanto quanto o corona vírus.
O futuro consolidará ainda mais as vacinas gênicas. Elas são muito
importantes para o enfrentamento das pandemias e da sobrevivência duradoura de
nossa espécie. Resistir de modo tão conservador a isso é o esmo que condenar o
aborto em situações de risco para uma mulher grávida por motivos de crenças
dogmáticas. Vivemos uma era de transição paradigmática na ciência e essa
insegurança gera todo um movimento obscurantista frente as conquista do
conhecimento complexo.
Algumas das pesquisas genicas da
vacina, utilizam a
estirpe MRC-5. Porém, informações falsas
e sensacionalistas estão sendo espalhadas nas redes sociais de que células MRC-5
de fetos abortados
que é mentira.
Quatro das vacinas envolvem culturas
originadas a partir de fetos, as células são usadas para fabricar adenovírus
atenuados, que servem para transportar parte do genoma do coronavírus para
dentro do organismo. Os adenovírus infectam as células do nosso corpo e as
fazem produzir proteínas do coronavírus, o que pesquisadores esperam ser capaz
de gerar uma resposta imunológica. Porém, a afirmação feita pela suposta
notícias de que as vacinas contra covid-19 têm células de fetos em sua
composição é falsa. As células são usadas para produzir os vírus. Depois, eles
são separados das células, e só são usados os vírus na vacina.
O desenvolvimento de vacinas realmente
pode envolver o uso de culturas de células obtidas de tumores ou de fetos
humanos que foram abortados. Essas
culturas são essenciais para esse tipo de trabalho, porque os pesquisadores
precisam de células às quais um vírus possa infectar e se reproduzir. Assim, é
possível obter exemplares suficientes para testar e produzir vacinas. As
vacinas normalmente usam cópias inativadas (mortas) ou atenuadas (alteradas
para não serem infecciosas) de um vírus, que, uma vez injetado no corpo, leva o
sistema imunológico a produzir anticorpos para combater a ameaça. Desta forma,
o organismo conseguirá combater um patógeno mais eficientemente quando for
realmente infectado, impedindo que uma pessoa fique doente.
As culturas de células são usadas para
isso desde meados do século passado e estão envolvidas na produção de algumas
das principais vacinas que temos disponíveis hoje, como para rubéola, catapora
e hepatite A. A primeira vacina desenvolvida assim foi a contra poliomielite. Antes,
era preciso obter o vírus de pessoas ou injetá-lo em um animal, matá-lo, tirar
um pedaço do corpo, purificar o material. Quando foi desenvolvida a técnica do
cultivo de células em laboratório, foi uma grande revolução na virologia e na
biologia de forma geral. Além de facilitar a produção de vacinas e permitir sua
produção em massa, essas culturas têm outra vantagem.
Essas culturas têm sido reproduzidas
em laboratório e vendidas para pesquisadores de todo o mundo. É importante
deixar bem claro que isso foi feito pontualmente uma vez. Não é como se agora
estivessem sendo feito abortos para produzir vacinas.
O biólogo molecular Alex van der Eb,
desenvolveu outra cultura a partir de células da retina de um feto abortado em
1985, chamada PER.C6.
Realmente as vacinas estão chegando em tempo
recorde de testes clínicos. Existe rumores de que estão utilizando manipulações de
isolamento de células que perderam a capacidade de sofrer apoptose em testes de vacinas para
a Covid-19. Alguns grandes laboratórios sonham com isso. A apoptose não
ocorre em células para o organismo. Esse tipo de pesquisa para combate ao câncer já
existe. São pesquisas muito incipientes
para serem utilizadas para a COVID-19, apesar do desejo de alguns biotecnológicos.
É preciso estar atentos para que a ansiedade da cura pela vacina não seja
atropelada de modo irresponsável por experimentos ainda muito incipientes e
que, mesmo tendo potenciais de cura do câncer podem, ao contrário, fazer um
grande estrago em nossa rede biótica se forem utilizados sem os devidos
processos seguros de consolidação.
Cientistas avaliam se fórmulas que
evitam doenças, como o sarampo e a poliomielite, podem preparar o sistema imune
também contra o Sars-CoV-2. A hipótese é de que vírus presentes nessas
imunizações reforcem células de defesa para enfrentar novas ameaças. Os dados
obtidos até agora não são suficientes para afirmar o poder
de proteção indireta das vacinas com vírus in vitro, mas os estudos precisam
continuar, pois abrem as portas, principalmente no momento em que o mundo
enfrenta uma pandemia.
As pesquisas
realmente estão sendo monitoradas, mesmo tendo as fases 1 e 2 , sendo realizadas em tempo recorde. Mas
agora o grande desafio é quando se chega na fase 3, porque nunca se sabe o que
vai dar. Até agora nós temos apenas dados indiretos, como a imunização de
macacos. São indícios de que se pode corresponder à proteção. Mas é preciso ver
se protege quando imunizar um grande número de pessoas.
E, nesta fase às vezes, temos surpresas, porque não
se trata só de produzir anticorpo neutralizante. Agora se sabe que precisa ter
uma resposta celular. Também tem de ver o que vai acontecer se o regime de
doses que for instituída vai dar uma cobertura muito grande na população, que é
essencial, e se vai desenvolver uma memória para que depois de três ou seis
meses não tenha que tomar uma nova vacina.
Não podemos – como vimos - apenas partir do
pressuposto de que o que queremos é um tipo de anticorpo que neutraliza o
vírus, não podemos jogar as fichas todas em se ter anticorpo neutralizante.
Quando se estuda o grupo de pessoas que ficaram boas da doença, vê que tem muita
gente que não tem anticorpo detectado ou o anticorpo não é neutralizante, ou é
muito pouco. O sistema imune é muito mais diverso. Também tem quem ache que
muita gente não pega doença, apesar de estar convivendo com alguém que tem,
porque tem uma resposta de células T que pode
ser muito forte por causa de outros adenovírus. Tem famílias em que um pega e o
outro, dormindo na mesma cama, inclusive. Por isso, que vamos precisar também
de uma vacina cientificamente mais sofisticada.
Pesquisas que compararam pacientes assintomáticos com
pacientes que apresentaram sintomas verificaram que nos pacientes os
níveis de IgG,
que é um anticorpo de memória longa, viram que depois de dois meses, 40% dos
assintomáticos perderam IgG no sangue. Não dava mais para detectar. E isso
ocorreu também em 13% dos sintomáticos. Pesquisas também verificaram que em
algumas também se reparou que tinha indivíduos que foram contaminados, mas nem
formavam anticorpos.
Ainda estamos engatinhando para entender a resposta
imune para esse vírus. Ela parece ser um pouco diferente daquele padrão com o
qual estamos acostumados. Esse vírus mostra que não é todo mundo que produz
anticorpo, ou que produz, mas é pouco, ou que produz e depois cai rapidamente.
Mas isso não quer dizer que as pessoas não estão imunes.
O IgG não é a única resposta imune de uma pessoa. Ele
é apenas um marcador muito usado. E é muito usado porque é fácil de medir e
geralmente tem uma boa correlação para dizer que uma pessoa já teve a doença e
ficou imune. Mas nesse caso parece que ele não correlaciona tão bem. Porque
desgraça pouca é bobagem e esse vírus tinha que dar mais uma rasteira na gente.
Existem outros tipos de resposta imune. Temos a
resposta de células T, que parecem ser a resposta principal no caso do
coronavírus. Esses pacientes que foram acompanhados nessas famílias tiveram a
resposta de célula T medida. E viu-se que as pessoas foram infectadas, tiveram
a resposta de célula T, mas não fizeram anticorpos.
O que a gente não sabe é se essas células T geraram
memória. Ou mesmo sem a gente detectar anticorpos, essas pessoas geram um
pouco, mas numa quantidade muito pequena que não é detectada nos testes, mas
que depois formou células de memória e que poderão gerar uma resposta imune se
voltarem a ter contato com o vírus.
Tudo isso ainda está no ar. O que isso quer dizer,
num primeiro momento, é que o IgG não é o marcador ideal. E os testes que
estamos fazendo de soroprevalência na população são com IgG. Pode ser que a
gente esteja deixando de contar pessoas que já tiveram, se recuperaram, não
produziram anticorpos, mas produziram resposta de célula T.
Outros estudos mostraram que tem pessoas com resposta
cruzada com outros coronavírus – reação de células T. Conseguimos detectar no
sangue de outras pessoas células T que reagiam com outros coronavírus, de
resfriado comum. A gente não sabe se, de repente, pessoas que já tiveram esses
coronavírus de resfriado comum, e desenvolveram respostas de células T, ficaram
menos suscetíveis ao novo coronavírus. Será que elas nem pegam ou pegam uma
doença mais leve? Tudo isso a gente ainda está estudando. E tudo o que a gente
vai fazer de vacina depende dessas premissas, que ainda não estão prontas. Mas
não é motivo para ninguém se desesperar com essa história de o IgG cair. Isso
não quer dizer que está automaticamente suscetível a uma reinfecção só porque o
IgG caiu.
3. Desafios para a imunização
global
Como fica a orquestração e coordenação global e
nacional? Quem que tem que ser vacinado primeiro. Essa é uma questão
importante.
Ainda não chegamos a uma etapa civilizatória no
planeta que permita uma orquestração global com critérios minimamente evoluídos
que permita proteger os mais fracos e, também os operadores da saúde que são vitais para
uma imunização de escala global. O que temos visto é o contrário disso, para
comprar máscaras, insumos, respiradores. Os países ricos - principalmente
os Estados Unidos - compravam tudo e inflacionavam o acesso ainda mais para os
mais pobres.
Na Europa vários países já estão mudando a sua produção
industrial, se adaptando para fabricar os dois tipos de vacina. Seja qual for a
que fique pronta primeiro, alguns países já estão aperfeiçoando a produção
industrial para produzir o mais rápido possível e vacinar a população. Para a
retomada da economia isso também é fundamental. Quem fizer o dever de casa
primeira sairá na frente. Se esperarmos para fazer esse planejamento quando a
vacina estiver pronta, será um desastre na saúde e na economia. Aqui no Brasil
quando tivermos a vacina pronta, teremos de vacinar 210 milhões de pessoas. Não
é tarefa tão simples.
Na China, por exemplo, a Sinovac (empresa
que está testando uma das vacinas mais avançadas) já está fazendo uma grande
área industrial para produção. Eles disseram que vão conseguir produzir 100
milhões de doses por ano. Mas isso levaria 12 anos para imunizar toda a
população da China. Um planejamento de vacinação em escala precisa fazer o
roadmap, quer
dizer, o planejamento até a imunização final. Se começar a fazer fábrica em
todo lugar, vai faltar o liofilizador, que é o
aparelho da fase final da vacina. Vai faltar até frasco e tampa, porque são
poucos produtores, graças a esse modelo de globalização.
4. Vacinar em escala no Brasil
Uma coisa é ter a vacina outra é imunizara população é ela ter sido aplicada em cada um de nós. No país, depois da queda do Ministro de Saúde Luiz Henrique Mandetta, somada a abordagem suicida e beirando a irresponsabilidade do atual governo federal, não tivemos sequer uma coordenação nacional de enfrentamento da pandemia.
O que os governos deveriam saber é que quem ganha uma corrida de vacina não é quem chega primeiro, é quem chega em melhores condições. Isso significa: proteger da doença, eliminar o vírus, ter uma cobertura muito grande na população e desenvolver uma boa memória imunológica.
Como será então o processo de vacinação? Vai se fazer
uma campanha nacional? Mas num primeiro
momento, mesmo que tudo isso dê certo, não vamos ter 210 milhões de doses de
vacina. Como se define quem recebe primeiro? Seriam os grupos de risco, para
diminuirmos as mortes? Os operadores da saúde? A população economicamente
ativa, para poder voltar a trabalhar? As crianças, para poderem voltar às
escolas?
Para dar tudo certo, a gente tem de ter uma vacina
que seja produzida no Brasil, não dependa de importação, em rápida escala, que
não demore muito tempo para ter todas as doses e que tenha uma campanha de
vacinação usando a atenção básica para realmente atingir todo mundo. Se uma
dessas peças não se encaixar, não teremos uma campanha de vacinação
igualitária, que beneficie cada brasileiro.
Como se envolverá a rede de atenção básica? O que temos
visto é que a atenção básica está totalmente esquecida na resposta dessa
epidemia. Nossos agentes comunitários de saúde, que poderiam estar atuando no
campo – sendo os ‘detetives covid’
como são chamados em outros países –, fazendo rastreamento de contato, podem
ajudar na campanha de vacinação. Eles deveriam estar sendo treinados, recebendo
equipamentos. Hoje eles não podem sequer trabalhar minimamente de modo seguro
na pandemia.
Teoricamente, o processo de vacinação em escala deve
traçar uma prioridade, que é definida em razão do risco de mortalidade. Para
isso a gente precisa ter a capacidade de analisar os dados do Brasil e entender
exatamente quem é o grupo de risco no Brasil. Porque não dá para a gente
simplesmente pegar o risco de mortalidade da China ou de outros países. Quando
chegou à Itália, mudou o risco por idade, quando chegou aos Estados Unidos,
também já mudou. Temos um padrão de comorbidades e desigualdade que são
diferentes desses outros países. Se a gente quiser traçar um grupo prioritário
para começar a vacinação de forma prioritária, porque não tem doses para todo
mundo ou as doses estiverem sendo produzidas aos poucos, então a gente tem de
entender esse grupo de risco.
Para se fazer uma campanha de vacinação em massa, que
atinja toda a população, no interior do semi-árido, no interior da Amazônia,
que chegue nas populações indígenas, que atinja todo mundo, precisa ter uma
coisa muito bem coordenada, usando a rede do SUS, a rede de atenção básica.
Existem desafios anteriores à vacinação em escala.
Para a produção da vacina no Brasil não sabemos se teremos de importá-la ou se
teremos condições de produzir todo o processo aqui. Uma coisa é produzir uma
vacina à moda antiga, que temos estrutura para fazer. Outra é uma com base
genética, para a qual não temos estrutura. No entanto, essas últimas são mais
fáceis de fazer em laboratório, rendem mais por litro.
O Brasil é um país extremamente desigual. Se
conseguirmos produzir uma vacina no País que não dependa de importação será
mais fácil. Isso porque se depender de importação pode acontecer como
na H1N1. Os países ricos compraram a vacina toda e os pobres tiveram de
esperar. O mundo aprendeu o preço da globalização como agora na
pandemia. Depender de um único país os insumos para as medicações, materiais
hospitalares, etc. será um suicídio num futuro onde, certamente, teremos que
estar bem mais preparado para novas pandemias.
Ainda temos a questão de distribuição. DNA é uma
molécula mais estável, mais fácil de armazenar e de transportar. RNA - ao
contrário - é muito frágil. Temperatura afeta muito sua estabilidade. Vamos ter
de pensar como acondicionar, como transportar para não degradar.
Depois temos que vacinar a população em larga
escala. Historicamente temos um programa
muito bom de vacinação no Brasil, mas que vem tendo problemas nos últimos anos.
A cobertura vacinal caiu no País. Tivemos o retorno de doenças que estavam
controladas, como sarampo e febre amarela. Doenças para as quais existem vacinas,
mas voltamos a ter surtos. Até a cobertura da pólio caiu.
Porém, o programa de imunização no Brasil ainda é de
fato um modelo internacional. O Brasil não só expandiu a cobertura vacinal, mas
proveu vacinas sem custo para a população. Saiu de um cenário em que dependia
de importar vacina para um cenário em que produzia mais de 87% da demanda
nacional e ainda exportava. Isso é uma grande conquista e só foi feito graças
ao SUS. O SUS tem muita coisa muito inovadora que às vezes as pessoas se
esquecem ou nem sabem. Claro que o SUS
não está funcionando como deveria, mas é porque também não está sendo
financiado como deveria. Temos que enfrentar isso quando chegar o momento de
produzir e distribuir a vacinar em escala.
Outro ponto é que há um movimento antivacina que
infelizmente está crescendo no Brasil. Na verdade movimentos obscurantistas e
autoritários terão que ser enfrentados para não atrasar ainda mais o processo
de imunização global. De qualquer modo, teremos naturalmente algumas pessoas
que não poderão ser vacinadas, as que têm problema com imunidade, alguma
comorbidade. Se essa parcela se somar àqueles que não acreditam em vacina e
esse número for muito grande, talvez nem imunidade de rebanho a gente consiga
ter. Se todas as pecinhas do quebra-cabeças derem certo, ainda vamos ter essa
para pensar.
Sabemos que existem vacinas que às vezes funcionam
muito bem em pacientes jovens, de 18 a 50 anos, mas não em idosos. Isso não
impede de usarmos para essa população enquanto trabalha em outra que funcione
melhor em idosos. Temos de trabalhar com a hipótese de que elas não vão ser as
melhores, mas o mais importante é que sejam seguras, testadas e eficazes, mesmo
que parcialmente.
O que é essencial não perder o rigor científico nesse
momento. Porque se alguma coisa der errado, como ter efeitos colaterais que não
foram detectados porque não se fez uma fase 3 de modo adequado, as
consequências disso para a vacinação em si serão terríveis.
Então, para tudo isso funcione a comunicação tem que
ser muito bem e feita para enfrentar o movimento antivacina. Então, se por acaso a primeira vacina for
nesse sentido, de prevenir a doença, mas não que a pessoa infecte outros, isso
tem de ser muito bem explicado, porque a chance de aumentar o movimento
antivacina por isso é muito grande.
A outra coisa é o modo de como seremos vacinados. Às
vezes injetando a vacina no músculo, ela não produz bastante anticorpo que
defenda a mucosa nasal e oral, por isso talvez seja necessário que precisamos
de vacinas que possam ser dadas pela boca ou pelo nariz.
Se fizéssemos uma vacina estável em gota, a
facilidade de imunização seria enorme. O mundo está arrasado. Nós temos de usar
na ciência, porque mesmo que não se aproveite tudo, sempre se aproveita o
conhecimento.
5.
Palavras Finais
Considerando o momento atual da pandemia, onde vários
lugares no mundo que tinham baixado a curva de contágio e que reabriram, mas voltaram
a ter casos e estão sendo obrigados a fechar novamente, sem o processo de vacinação
de escala, talvez necessitaremos de ser um planejamento em que ficaremos
retomando o isolamento de tempos em tempos, indo e voltando, até ter um produto
seguro.
Sem a vacina a gente vai precisar de mecanismos de
vigilância muito fortes, para tentar conter e manter a coisa num nível que seja
aceitável. O Brasil pode fazer isso, poderia estar fazendo isso e ensinando
como responder a uma pandemia usando o SUS e a rede de atenção básica. Acho que
estamos perdendo uma chance de fazer a coisa certa. Agora que as cidades
estão reabrindo e ainda podemos fazer isso, mantendo sob controle a população
ainda sem uma vacina.
Mas isso só vai ser possível se usar o SUS, a rede de
agentes comunitários de saúde, que temos no Brasil e está aí pronta para ser
usada e potencializada. Só precisamos
treinar os operadores do sistema e equipá-los com equipamentos de segurança
para começar a fazer rastreamento de contato. Sem isso, vai ser um abre e fecha
e nem a economia nem a população.
As pessoas têm de ter a consciência, porque essa
doença é uma roleta russa, você nunca sabe o que vai dar para você. Gira o
tambor e não sabe se vai sair tranquilo ou se vai receber um tiro. A gente tem
de se cuidar, e para isso teremos de pensar atividade por atividade, empresa
por empresa, como agiremos de maneira inteligente na rua, nos locais públicos e
também nos locais de trabalho.
Para conseguir reabrir com uma certa segurança,
precisamos de monitoramento, ampliar a testagem e de uma boa comunicação com a
população, o que não tem acontecido de modo suficiente no Brasil. Não fazemos
testagem o suficiente, não fazemos rastreamento de contatos nem monitoramento,
não temos uma boa comunicação com a população nem transparência dos dados,
e temos um governo federal preocupado em mostrar que não está acontecendo nada
e que não é sério.
Existirão algumas cidades as pessoas que acharão que com a conquista da vacina tudo pode voltar ao normal e que liberou geral. As consequências podem ser catastróficas e se isso vingar poderemos ficar indo de lockdown em lockdown.
Se alguém não entendeu nada disso, pode perguntar ao
ministro da Saúde, assim que o país tiver um.
NOTA DE ESCLARECIMENTO. Esse texto é uma extração de artigos científicos, entrevistas e reflexões com cientistas. Como é de praxe geral nesse meu blog de divulgação, não cito as fontes e não mantém os padrões acadêmicos de publicação, bem como não faço revisão ortográfica por motivos financeiros. Creio que, todos que aqui foram envolvidos de alguma maneira nesse texto, entendem que o importante para um público mais amplo é a socialização do conhecimento que deve ser aberto e de todos. O resto, fica para a consciência de cada um.