Gilson Lima
Onde existe luz, existe sombra.
(Buda Sidarta Gautama).
De qualquer, decidi manter original que ainda
muito pouco conhecido para a maioria das pessoas.
Nossa limitada
percepção sensorial do mundo envolve-nos com um resultado incompleto e
distorcido. O pensamento complexo tem o poder de expandir essa percepção,
permitindo explorarmos mundos invisíveis e fascinantes, sejam eles formados por
átomos, mediações societárias, novos inventos, estrelas ou galáxias distantes.
Sem que expandíssemos nossos horizontes intelectuais, não teríamos alcançado
avanços médicos e tecnológicos e tampouco teríamos produzido uma civilização
tecnologicamente inteligente. Como imaginar um mundo sem penicilina, sem
telefone, sem televisão ou sem computadores e satélites?
Feliz ou
infelizmente, não existem, apenas dois lados em qualquer realidade (isso vale
para o conhecimento complexo). Inclusive, Buda Sidarta Gautama faz-nos lembrar
que: onde existe luz, existe sombra.
O conhecimento complexo torna-se, cada vez mais, sinônimo de poder permitindo
salvarem-se vidas ou eliminá-las aos bilhões. Ainda que o conhecimento não
represente a nossa sabedoria, com certeza, a ignorância nunca será uma opção
desejável. Assim, enfrentando o bom senso, quem sabe, poderemos responder ao
que Alfred North Whitehead indagou em 1925: “Qual será o absurdo de hoje, que
será a verdade de amanhã?”.
Um conhecido
professor de cosmologia na Universidade de Harvard, EUA, descrevendo sua
hipótese de evolução cósmica, escreveu:
"...Na primeira fase do Universo, a radiação
dominava a matéria. Durante a Era da
Radiação, nada haveria a observar além da luz intensa. As imensas
quantidades de energia radiante produziram nesta ocasião uma bola de fogo
espetacularmente brilhante, em cujo interior não se podiam formar átomos nem
moléculas. Ao expandir-se, o Universo esfriou e rarefez. Originando-se da
radiação, a matéria aos poucos coagulou em átomos. Foi na verdade um evento de
incomparável significado o que ocorreu quando a matéria começou a aglutinar-se,
logo depois do nascimento do Universo num turbilhão ofuscante. A emergência da
matéria como constituinte dominante foi a primeira grande transição na história
do Universo. Foi uma transformação fundamental, uma parte absolutamente
integrante do grande quadro.
Ao inaugurar-se a Era da Matéria, esta passou a dominar
sobre a radiação. E desde então continuou dominando, formando sucessivamente as
galáxias, as estrelas, os planetas e a vida.
De todos os agregados de matéria conhecidos no Universo, as formas vivas são
certamente as mais fascinantes, especialmente as que gozam as condições de membros
de civilizações tecnologicamente
avançadas. Formas de vida
tecnologicamente inteligentes diferem fundamentalmente das formas inferiores de
vida e de outros blocos de matéria disseminados no Universo, não apenas por
serem capazes de manipular a matéria como por poderem alterar o curso da
evolução.
A emergência de vida
tecnologicamente inteligente na Terra, como possivelmente em outros planetas,
anuncia uma era inteiramente nova – a Era
da Vida. Por quê? Porque a tecnologia permite que a vida passe a controlar
a matéria, rivalizando a transição precedente, quando a matéria se divorciou da
radiação há mais de dez bilhões de anos. Agora a matéria está perdendo o seu
império absoluto, ainda que apenas nos sítios isolados onde residem seres vivos
tecnologicamente inteligentes.
A transição da Era da
Matéria para a Era da Vida não será instantânea. Assim como levou muito tempo
para que a matéria vencesse a radiação no Universo primitivo, certamente serão
necessárias longas durações para que a vida supere a matéria. Na verdade é
possível que a vida nunca venha a dominar completamente, seja porque as
civilizações nunca cheguem a ganhar controle dos recursos materiais em escala
efetivamente galáctica, ou porque a longevidade das civilizações tecnológicas
deve ser em toda parte breve.
Embora uma Era da Vida
talvez não venha a maturar completamente, uma coisa parece certa: nós seres
humanos do planeta Terra, como outras possíveis formas de vida tecnológica
alhures no Universo, estamos a pique de experimentar o lento desligamento entre
a vida e a matéria. É uma transição de significado astronômico, a aurora de uma
fase (cósmica) inteiramente nova".[2]
Hoje, sabemos mais precisamente quando a vida apareceu na
superfície da Terra, mas como surgiu essa pequena película complexa em nosso
planeta, ainda é um evento coberto de muitos mistérios. É do conhecimento da
ciência que a vida existente hoje, tenha começado há cerca de 3,5 bilhões de
anos. No entanto já foram encontrados
estruturas microcelulares, com tamanhos e formas de bactérias modernas em
rochas sedimentares com 3,8 bilhões de anos de idade. Então, parece razoável
supor que a vida já existia nessa época.
Na escala geológica, esta é uma faixa bem estreita – de 200 a 500
milhões de anos, no máximo.
Tomemos, pois, como referência que a vida tenha começa há
3,5 bilhões de anos, com seres unicelulares que se assemelham a bactérias e
algas, e chega à arrebatadora diversidade de formas vivas atuais, incluindo
nós. A Terra é apenas um bilhão de anos, mais velha do que os primeiros
registros de vida já descobertos. Se compararmos a idade da Terra à de um homem
de sessenta anos, veremos que a vida surgiu rapidamente em nosso planeta. O tempo que foi necessário
para que a vida aparecesse da Terra pode ser comparado com o tempo que um ser
humano demora para atingir hoje a adolescência. [3]
Podemos resumir,
a pelo menos quatro posições da ciência, que tentam explicar a origem da vida
em nosso planeta. A primeira e a mais antiga, conhecida pelo nome de criacionismo reúne aqueles que acreditam
que o aparecimento dos seres vivos foi um ato divino da criação, como afirma o
livro do Gênesis, onde sustentam que, tanto os seres vivos quanto os fósseis,
foram criados por Deus há alguns milhares de anos. Muitos dos criacionistas,
mesmo defendendo uma participação divina no surgimento da vida, aceitam uma
interpretação evolucionista ortodoxa para a origem dos fósseis. Eles defendem
que depois que as primeiras formas de vida terem sido criadas por Deus, a
evolução seguiu mais ou menos o curso descrito por Darwin em A Origem das Espécies (1858). A
aceitação da abordagem evolucionista sistematizada por Darwin, tanto dentro
como fora do mundo da ciência, não foi tranqüila. Ao contrário, foi seguida de
muitos ataques e, por conseguinte, muito lenta, irregular e de nenhum modo
completa. Muitas pessoas de orientação religiosa, tanto leiga como clérigos,
não têm nenhum problema em aceitar as idéias básicas da evolução e mesmo a da
seleção natural – desde que possam continuar acreditando que Deus está lá, em
algum lugar. Esta foi a posição assumida inicialmente por Darwin.
Os próprios
sentimentos de Darwin sobre a origem da vida não são claros. Na primeira edição
da obra A Origem das espécies, ele
não faz menção sobre um “Criador”. No final do texto, ele refere-se a uma:
“concepção de vida com diversos poderes, tendo sido inicialmente infundida em
algumas poucas formas, ou em uma única”.[4]
Na segunda edição, publicada logo após à primeira, ele modifica essa passagem
para: “tendo sido inicialmente infundida pelo Criador em algumas poucas formas,
ou em uma única”(id. ib.). Para alguns biógrafos de Darwin, essa mudança aconteceu
numa tentativa de amenizar o desconforto em que se encontrava diante de seus
colegas e amigos, inclusive de sua mulher.[5]
A segunda posição
sobre o surgimento da vida encontra-se no Vitalismo.
Foi por volta de 1860, que Pasteur mostrou que era possível impedir a
putrefação de alimentos e até mesmo da carne humana, através da eliminação dos
germes ou de um simples aquecimento (daí o termo “pasteurização”, usado ainda
hoje, para designar o uso de calor na preservação de alimentos perecíveis). Ao
defender seus experimentos sobre a esterilização, Pasteur chegou a afirmar que
apenas os seres vivos eram capazes de gerar outros seres vivos. Para ele, a
vida só se originava a partir de vida preexistente, assim como uma chama que se
pode dividir e espalhar, mas, uma vez extinta, não se pode reavivar. Trata-se
do que foi designado como Doutrina Vitalista.
A Doutrina do
Vitalismo dava a idéia de que a matéria viva é intrinsecamente diferente da
matéria inanimada. Porém, em meados do século XIX foi praticamente abandonada.
Simbolicamente, a Doutrina terminou em 1828, quando o químico alemão Friedrich
Wöhler conseguiu obter uréia, aquecendo um composto inorgânico chamado cianato
de amônio. A uréia é uma substância inorgânica, presente na urina humana, sendo
uma das principais formas que os mamíferos dispõem, para eliminar o excesso de
nitrogênio.[6]
Assim, a química
dos seres vivos é há muito conhecida pelos cientistas, e os leva a compreender
que os seres vivos diferem dos seres inanimados, pela complexidade das
substâncias químicas que contêm.
Entretanto, hoje
vivemos na Era dos Mamíferos, em um planeta, onde existe uma extraordinária
diversidade deles na Terra. Nossa espécie existe neste lar planetário, há mais
de 100 mil anos, mas faz apenas cinco mil anos, que dominamos a agricultura e
construímos cidades.[7] O
que estávamos fazendo durante os outros 95 mil anos?
A terceira
posição tenta explicar a origem da vida. Aqui, a essa posição chamaremos de explicação exógena. Trata-se da idéia de que a vida tem origem nas
biomoléculas extraterrestres. No âmbito da ciência, muitos cientistas divergem
quanto à hipótese de que, na Terra primitiva, existissem as condições
necessárias (matéria-prima e/ou fontes de energia) para operar as reações
químicas para a gênese da vida através da natureza inanimada. Essas reações só
seriam eficientes se a atmosfera tivesse uma quantidade significativa de
hidrogênio molecular. Vários geo-químicos acham que a atmosfera primitiva não
era assim. Ela seria composta de gás carbônico, nitrogênio e água. Não poderia
ser rica em metano e amônia que, diferentemente do gás carbônico, são
rapidamente destruídos pela radiação solar. Nesse ambiente, os compostos do
nitrogênio tenderiam a ser inorgânicos.
Muitos acreditam
também, que a atmosfera da Terra primitiva era muito diferente da atual. Na
linguagem dos químicos, era uma atmosfera redutora, praticamente desprovida do
oxigênio livre que hoje sustenta a vida de todos os animais, incluindo o homem.
Todo o oxigênio disponível estava combinado com o hidrogênio (para formar água,
H20) e com o carbono (para formar dióxido de carbono, CO2, e monóxido de
carbono, CO). A atmosfera também deveria ser rica em um composto de carbono e
hidrogênio chamado metano (CH4). O nitrogênio, hoje, o principal componente da
atmosfera (75% em peso), já estava presente naquela época, na forma de amônia
(NH3) na atmosfera de quatro bilhões de anos atrás. Esta é, mais ou menos, a
atual composição da atmosfera de Júpiter.[8]
É difícil sabermos como era a Terra nos primeiros bilhões de anos, pois as
marcas geológicas foram apagadas por fenômenos violentos de vulcanismo e
colisão com meteoritos, depois por fenômenos erosivos devidos ao vento, água e
gelos. [9]
Segundo a
explicação exógena, as biomoléculas teriam sido produzidas no meio interestelar
e trazidas para a Terra por grãos destas poeiras ou por cometas ou por matérias
meteóricas associadas aos meteoritos condríticos carbonáceos. O químico sueco
Svante August Arrehnius (1859-1927) foi mais longe ainda, propondo a sua Teoria
da Panspermia. A vida teria origem extraterrestre e teria sido trazida para a
Terra por meio de esporos microbianos propelidos através do meio interestelar
pela pressão da radiação (empurrados pela luz das estrelas). [10]
O vasto espaço
entre as estrelas de uma galáxia não é vazio, contém gás e poeira. Uma das
entidades do meio interestelar são as nuvens moleculares. Elas são
relativamente densas, com cerca de um milhão de moléculas, por centímetro
cúbico. Delas formam-se, por contração gravitacional, novas estrelas em seus
respectivos sistemas planetários, simultaneamente. Essas nuvens contêm muita
poeira, cuja presença é fundamental para a formação e sobrevivência das
moléculas. Com efeito, a poeira protege o interior da nuvem contra a penetração
da radiação ultravioleta de estrelas quentes vizinhas, que destróem as
moléculas, dissociando-as. Além disso, a superfície dos grãos de poeira é um
local propício para as reações químicas formadoras de moléculas. Pelo fato de a poeira obscurecer a luz
visível das estrelas, essas nuvens são escuras e não podem ser estudadas
através da luz visível. Por isso mesmo, essas nuvens só foram identificadas na
década de 1970, através da radioastronomia. Moléculas como a da água, a do
monóxido de carbono e a da amônia emitem ondas de rádio que podem ser
detectadas daqui da Terra, mesmo que as nuvens moleculares estejam ocultas sob
densa poeira. Hoje, já foram identificadas mais de uma centena de espécies
moleculares nessas nuvens. A mais complexa tem 13 átomos, mas a lista
certamente está longe de ser completa. [11]
Conforme
Matsuura, os elementos químicos mais abundantes no meio interestelar são, nessa
ordem: hidrogênio, hélio, oxigênio, carbono, nitrogênio, neônio etc. Essa composição
é semelhante à das estrelas. Desconsiderando-se os gases raros, os componentes químicos
do corpo humano e dos organismos vivos assemelham-se à composição química
interestelar, enquanto difere radicalmente do composto químico da crosta
terrestre, onde os elementos mais abundantes são pesados (oxigênio, silício,
alumínio e ferro). Esse fato torna a crosta terrestre um ambiente menos
provável para a síntese das biomoléculas. [12]
Também os
cometas são importantes na discussão da origem exógena da vida, porque
representam verdadeiras relíquias do sistema solar primitivo. Os cometas, por
permanecerem bem longe do Sol na maior parte do tempo, praticamente não sofrem
aquecimento e vaporização. Também por serem relativamente pequenos, seus
interiores nunca sofrem grandes pressões e aquecimentos, portanto sua matéria
original manteve-se praticamente intacta. Já sabemos que os núcleos de cometas
contêm amônia, metano, água e moléculas orgânicas. Há algumas indicações de que
as moléculas complexas dos cometas teriam a mesma abundância relativa a que se
encontra no meio interestelar, sugerindo que os gelos dos cometas já teriam se
condensado nas nuvens moleculares e não na nebulosa solar primitiva. [13]
Segundo esse
mesmo autor, a escassez de gases raros na atmosfera da Terra corrobora com a
idéia de que ela não é primitiva. Isto é, produzida, principalmente, pelo degasamento,
mas secundariamente pelo intenso bombar
Meteoritos
condríticos carbonáceos podem ser núcleos de cometas que perderam os gelos
voláteis, ou fragmentos de asteróides que sempre conseguiram escapar de um
aquecimento superior a 200ºK. De uma forma ou de outra, seriam remanescentes de
planetesimais que se formaram e permaneceram sempre longe do Sol. Um exemplo
que Matsuura alega é o meteorito de Murchison, que caiu na Austrália em 1969.
Os compostos orgânicos solúveis desses meteoritos são aminoácidos (de uma
variedade mais ampla do que a utilizada pelos seres vivos), bases nitrogenadas
e ácidos graxos. O componente insolúvel contém substância aromática semelhante
à hulha e estruturas organizadas semelhantes a microorganismos fossilizados.
Assim, os
defensores do fenômeno exógeno para a origem da vida na Terra concluem que as
biomoléculas podem ser encontradas nas nuvens interestelares, onde se formam
novas estrelas com seus respectivos sistemas planetários. Planetesimais da
natureza dos cometas e dos meteoritos condríticos carbonáceos podem ter
transportado essas biomoléculas aos planetas recém-formados. Eles também
defendem que fora do sistema solar, a vida pode ser procurada em outros
sistemas planetários. Várias tentativas de contato foram realizadas com naves
enviadas, principalmente pela NASA, desde 1970.
Não devemos
esquecer de que uma viagem espacial para uma estrela à 150 anos-luz, a uma
velocidade, hoje factível, de 50 km/s, demoraria um milhão de anos. Enquanto as
viagens interplanetárias são proibitivas pela baixa velocidade das naves
espaciais e conseqüentemente da enormidade de tempo demandado, uma
possibilidade prática e barata é a captação passiva de sinais eletromagnéticos.
Para termos uma
idéia dessa dificuldade, basta pensarmos que a radiação cósmica viaja na
velocidade da luz. A estrela mais próxima de nós (excluindo o sol) é a
Centauri. Apesar do adjetivo próxima, ele se encontra a quatro anos luz, ou
seja, precisaríamos percorrer durante quatro anos, sob a velocidade constante
da luz, para chegarmos até ela. Não esqueçamos que a velocidade da luz é a
maior velocidade conhecida pelo homem.
Segundo Eric
Chaisson, um ano luz equivale à cerca de dez trilhões de quilômetros ou
correspondente a trinta bilhões de quilômetros percorridos em um dia pela luz
ou por qualquer outra radiação. Uma velocidade respeitável, sem dúvida
nenhuma.
Entretanto,
esforços com artefatos espaciais não tripulados continuaram paralelamente
visando a comunicação cósmica inteligente. As naves Voyager 1 e 2, lançadas em
1978, depois de explorarem o sistema solar, levaram para o meio interplanetário
um disco fonográfico com vários sons naturais da Terra, saudações em várias
línguas, trechos de músicas, além de imagens de pessoas, plantas, animais e paisagens.
A quarta
explicação sobre a origem da vida que vamos rapidamente sintetizar é a da cosmologia evolutiva. Trata-se de outra
posição sobre a origem da vida, muito próxima da visão exógena, anteriormente
descrita, mas que desenvolveu muitas questões próprias e específicas. É a
explicação da vida proveniente da cosmologia evolutiva.
O falecido
divulgador científico Carl Sagan, criou uma metáfora do calendário cósmico,
muito didático, para compreendermos a evolução. Sagan convida-nos a imaginar a
história do Universo comprimida num único ano. Pensamos, então, que o Universo
começou em 1º de janeiro. Na primeira fase do Universo, a radiação dominava a
matéria. Durante a Era da Radiação, nada haveria a observar além da luz
intensa. As imensas quantidades de energia radiante produziram, nessa ocasião,
uma bola de fogo espetacularmente brilhante, em cujo interior não se podiam
formar átomos nem moléculas. Ao expandir-se, o Universo esfriou e se rarefez.
Originando-se da radiação, a matéria, aos poucos, coagulou-se em átomos. Esse
processo deu-se, segundo a cosmologia, há cerca de dez bilhões de anos.
No calendário
cósmico, somente em maio a via-láctea se formou. Em junho, julho e agosto já
podia haver sistemas planetários, mas o Sol e a Terra, só surgiram em meados de
setembro (segundo Sagan, a Terra surgiu “apenas” 4,5 bilhões de anos atrás).
Cada mês do calendário representa um bilhão e duzentos milhões de anos e cada
dia 40 milhões de anos.
Ao inaugurar-se
a Era da Matéria, esta passou a dominar sobre a radiação. E, desde então,
continuou dominando e formando sucessivamente as galáxias, as estrelas, os
planetas e a vida. De todos os agregados de matéria conhecidos no Universo, as
formas vivas são, certamente, as mais fascinantes, especialmente as que gozam
da condição de membros de civilizações tecnologicamente avançadas. Formas de
vida tecnologicamente inteligentes diferem fundamentalmente das formas
inferiores de vida e de outros blocos de matéria disseminados no Universo, não
apenas por serem capazes de manipular a matéria como por poderem alterar o
curso da evolução.
A emergência de
vida tecnologicamente inteligente na Terra, como possivelmente em outros
planetas, anuncia uma era inteiramente nova – a Era da Vida. A vida na Terra
apareceu 15 anos após o Big Bang. Segundo Sagan, “apenas” há cerca de 3,5
bilhões de anos. O domínio de um sítio onde residem seres vivos com capacidade
de incidir, através de tecnologias inteligentes sobre a evolução cósmica,
permite acelerar o processo de controle e independência da vida sobre a
matéria.
Uma coisa se
pode ter como certa: a vida humana deixou de ser absolutamente centrada no
corpo humano. Nietzsche e Foucault en
Porém, penso que
é necessário estar atento aos passos de Nietzsche, sobretudo, diante da idéia
de que o homem aprisionou a vida e como nos diz o filósofo: é preciso livrar-se do homem para liberar a
vida. O campo de batalha é o próprio corpo do homem; são travadas lutas
cruéis e brutais sobre o corpo do homem, desde seus genes até os seus gestos,
sua percepção, seus afetos. Apesar dessa radicalidade, Nietzsche nos diz que
nada está decidido, pois o homem continua sendo conforme suas próprias
palavras: o ainda não domado, o
eternamente futuro. [16]
Nietzsche também nos chama para uma possibilidade da forma da vida do homem
como: um grande experimentar-se de si
mesmo.[17]
Cada vez mais, a
matéria corpórea deixa de ter o monopólio da vida. O mesmo homem, que na
modernidade matou Deus e trocou-o pela razão moderna, deixa de ser,
gradativamente, a medida de todas as coisas. Hoje, manipulamos múltiplos
fragmentos de vida “in vitro”, isto é, fora da matéria vegetal, do corpo animal
e do corpo humano. O mesmo pode ser dito diante de novas técnicas de reprodução
não presencial que alteram, em muito, o que nossos pais e avós en
A confluência de
todos esses fatores cristalizou-se no surgimento de uma comunidade científica
de caráter interdisciplinar, durante a década de 1980, que se articulou em
função do projeto denominado “Vida Artificial”. O nascimento oficial da Vida
Artificial como uma nova disciplina científica pode ser datada do ano de 1987,
coincidindo com a realização da primeira reunião internacional sobre o tema. A
vida artificial é um contraponto da simbiogênese. Ela se define, segundo um dos
seus principais fundadores, C. Langton, como sendo o estudo de sistemas
construídos pelo homem que exibem comportamentos lifelike. Ou seja, aqueles
comportamentos característicos dos seres vivos. Segundo essa perspectiva, o
estudo e a compreensão dos mecanismos da vida, em seu sentido mais genérico e
fundamental, é inseparável da criação artificial de sistemas vivos.[18]
Por isso, a Vida
Artificial não seria, em sentido estrito, uma ciência, mas uma tecnociência,
visto que, do seu ponto de vista, a compreensão dos mecanismos universais da
vida, somente é possível através de sua própria fabricação não simbiótica da
vida. Do mesmo modo que, para a Inteligência Artificial, a compreensão da
inteligência passa pela construção de sistemas artificiais a-simbióticos que
possam desenvolver capacidades cognitivas.
Deixemos nossa
polêmica com os defensores a-simbióticos da vida artificial. [19]
Voltemos para a questão da origem da vida. Uma questão parece certa. Disso tudo,
nós seres humanos do planeta Terra, como tantas outras possíveis formas de vida
tecnológica alhures no Universo estão “a pique” de experimentar o lento
desligamento entre a vida e a matéria. É uma transição de significado
astronômico, a aurora de uma fase (cósmica) inteiramente nova.
Outra
demonstração didática criada por Carl Sagan, para ajudar-nos a entender a
evolução cósmica é a da espacialização do calendário cósmico, acima referido.
Sagan nos pede para imaginar o tamanho do cosmos como o de um campo oficial de
futebol. Ali, nesse espaço imaginário, toda a história da vida humana ocuparia
o tamanho correspondente ao de uma palma da mão. Toda a história da escrita
ocuparia apenas os últimos segundos, do último minuto, do último dia do
calendário cósmico (31 de dezembro). Os primeiros seres humanos vieram ao
universo às 22h 30min do dia 31 de dezembro. Portanto, 14 minutos depois de
chegarem ao Universo, os seres humanos já tinham conquistado o fogo. Às 23h
59min 20s da noite do último dia do ano cósmico surge a agricultura e a criação
doméstica de animais. Às 23h59 min 35s as comunidades agrícolas evoluem,
tornando-se habitantes das primeiras cidades.
Nós, os seres
humanos, aparecemos recentemente na história cósmica. Tão recentemente que
nossa história ocupa somente os últimos segundos do último minuto de 31 de
dezembro do calendário cósmico de Sagan. No vasto oceano que esse calendário
representa, todas as nossas memórias estão confinadas num pequeno quadradinho.
Todas as pessoas
que já ouvimos falar viveram num ponto deste quadradinho. Todos os reis, todas
as batalhas, as guerras, tudo que existe em livros, filmes, aconteceu nos
últimos 10 segundos do calendário cósmico.
Enfim, seria
muito conveniente se houvesse uma definição consensual de vida, mas não há. Os
astrônomos já estão fazendo algumas tentativas sérias para identificar planetas
de outros sistemas cósmicos capazes de abrigar seres vivos. Eles perguntam-se
como poderemos dizer se um planeta é capaz de sustentar a vida, se ainda não
sabemos como ela surgiu no fosso do nosso próprio planeta? O melhor que se tem
feito, neste sentido, é a especificação das condições que devem compor os
elementos de uma dada estruturação complexa para serem entendidos como seres
vivos. Entretanto, ao fazermos isso, cada vez mais, nos damos conta de que,
quase todo o ser vivo, é uma exceção do ecossistema.
Por exemplo:
1. Podemos
definir vida como: organizações complexas, capazes de se auto-reproduzirem
fielmente. Mas a palavra “fielmente” pode ter vários significados. Uma espécie
que se reproduza com excessiva fidelidade (ou seja, com pouca variabilidade
darwiniana) não conseguirá sobreviver nem mesmo a uma pequena mudança no
ambiente.
2. Podemos
entender os seres vivos como entidades complexas, auto-suficientes, capazes de
se sustentar apenas com substâncias recolhidas do ambiente. [20]
Porém, logo
perceberemos que os vírus serão excluídos dessas categorizações de seres vivos,
pois eles, na sua totalidade, não são capazes de reproduzirem-se sem a ajuda de
células intactas. Os biólogos possuem uma grande lista de microorganismos
chamados de microbactérias, que não encontramos no tecido planetário, e
que são parasitas dos mamíferos - e tão incapazes quanto os vírus, de
sobreviverem sozinhos (as microbactérias são responsáveis por várias infecções
humanas).
Segundo a
simbiogênese, todos os organismos que hoje habitam a Terra dependem, em maior
ou menor grau, de outros organismos. Os animais precisam dos vegetais, as
árvores precisam das bactérias para fixar o nitrogênio do ar, e, a maioria das
plantas, precisa dos insetos para polinizar as flores. É por isso que o
complexo de seres vivos, a biosfera, é às vezes chamado de “teia da vida”.[21]
Dos organismos modernos, talvez, apenas algumas bactérias e algas marinhas
unicelulares atendam aos critérios de fidelidade de reprodução e
auto-suficiência.
A vida na Terra
baseia-se fundamentalmente em: (1) estruturas moleculares formadas por ligações
covalentes do átomo de carbono; (2) na presença de água, no estado líquido
proporcionando um meio propício para as reações biomoleculares e controlando a
solubilidade de outras moléculas; (3) na presença de elementos, tais como o nitrogênio,
o fósforo e o enxofre. Geralmente alguns biólogos utilizam a sigla CHONSP, para
indicar: carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo. Além
desses elementos, também o cálcio e o ferro fazem parte das biomoléculas
(moléculas dos seres vivos).
De acordo com as
ciências da vida, todos os seres vivos modernos funcionam com os mesmos
princípios sendo que as provas encontram-se na biologia molecular, desde 1953. [22]
Por exemplo: o código genético especifica de que forma a seqüência de nucleotídeos
em uma molécula de DNA determina a seqüência de aminoácidos nas proteínas
fabricadas pelas células. Com raras exceções, o código é o mesmo para todos os
organismos.
A estrutura
espacial do DNA, descoberta em 1953 por James Watson e Francis Crick, através
de estudos de difração de raios-X, tem a forma de uma dupla hélice, a famosa
"escada helicoidal".[23]
Se desenrolássemos estes fios e os ligássemos em série, eles formariam um frá
Os biólogos
defendem que as cadeias de nucleotídeos formam os genes, são porções do DNA que
controlam a síntese das proteínas e determinam as características dos
organismos. Os genes também transportam as características hereditárias de uma
geração para outra. Podemos considerar as biomoléculas, como sendo: 20
aminoácidos, mais as cinco bases, mais duas de açúcar (ribose e glucose), a do
ácido graxo (ácido palmítico), a do álcool (glicerol) e a do aminoálcool
(colina), constituindo, assim, em 30 biomoléculas no geral. Como vimos,
praticamente em todos os seres vivos a interação entre os ácidos nucléicos e as
proteínas é governada por um código genético comum que relaciona, de forma
única, cada um dos 20 aminoácidos dos seres vivos com uma seqüência específica
de três nucleotídeos.[24]
Segundo
estimativas recentes o corpo humano contém cerca de 100 trilhões de células. Na
maioria das células existe um núcleo, onde se encontra algo essencial: o genoma humano, uma estrutura contendo o projeto de
construção e funcionamento do corpo. O genoma é encontrado no núcleo das
células sob a forma de 46 filamentos enrolados em pacotes chamados cromossomos,
que incluem também moléculas de proteínas associadas.
É como se fosse
uma escada flexível formada por duas cordas torcidas, ligadas por degraus muito
estreitos. Cada "corda" é um arranjo linear de unidades semelhantes
que se repetem, chamadas nucleotídeos, e se compõem de açúcar, fosfato e uma
base nitrogenada.
Os biólogos
indicam existir quatro bases nitrogenadas no DNA, as quais se unem aos pares
para formar os "degraus" da escada: adenina (A), timina (T), guanina
(G) e citosina (C). Um dado fundamental no mecanismo de funcionamento do DNA é
o fato de que A e T se atraem mutuamente, da mesma forma que C e G. Elas
obedecem rigorosamente a regra de que só podem se unir destas duas maneiras: A se
liga a T e G se liga a C. Não pode existir no DNA um par de bases formado de
adenina e citosina, ou de timina e guanina, por exemplo. A ordem particular em
que as bases se alinham ao longo da cadeia de açúcar e fosfato é chamado de
seqüência nucleotídica do DNA. Essa seqüência é característica para cada
organismo e encerra milhões de sinais que a célula consegue interpretar como
instruções para a fabricação de proteínas, como veremos a seguir.
O corpo humano
conta também com 20 aminoácidos diferentes, que se unem em diferentes
seqüências, para constituir as diferentes proteínas necessárias à sua estrutura
e funcionamento. O organismo humano pode sintetizar pelo menos 80 mil
diferentes proteínas.
A instrução para
que as células fabriquem uma proteína específica é dada por um segmento da
cadeia de DNA contendo uma seqüência específica de bases. Isso é o que
constitui o gene: um segmento de DNA que contém a mensagem completa para a
síntese de uma proteína. Na linguagem química do código genético, um gene funciona
como uma "sentença", cujas letras seriam as quatro bases A, C, G e T.
Cada conjunto de 3 bases (codons), na seqüência ao longo da "corda"
do DNA, seriam as "palavras", as quais sinalizam às células um
determinado aminoácido a ser usado na síntese da proteína. Por exemplo, a
seqüência de bases ATG codifica o aminoácido metionina. Um fragmento do DNA com
a seqüência GAGATGGCA codifica uma seqüência de três aminoácidos, que são,
respectivamente, ácido glutâmico, metionina e alanina.
Desvendar o
seqüenciamento das bases dentro do DNA, para cada organismo é, para os
geneticistas, o mesmo que desvendar o "segredo" de sua formação e do
seu funcionamento, pois o DNA é o "manual de instruções" usado pela
célula (chamado pelos cientistas da vida de processo de desvendamento do código
genético da vida). Entretanto, é bom lembrarmos que a visão funcionalista e
mecanicista dos geneticistas tem sido extremamente bem sucedida no campo da
biologia, culminando na compreensão da natureza química dos genes, nas unidades
básicas da heterogeneidade e conquistando êxitos parciais na revelação do
código genético, ela tem, não obstante, sérias limitações diante de conceitos
integrativos da vida que continuam para nós sendo um mistério profundo. [25]
Assim o conceito corrente e simplificado de gene como o de
uma seqüência de DNA no genoma de um organismo que "codifica" uma
proteína. Quer dizer, a fileira de "letras" (bases nitrogenadas) com
a "informação" necessária para a célula sintetizar dada proteína,
enca
Se a série de aspas no parágrafo anterior lhe causa
incômodo, é proposital. Elas servem para indicar que não passam de metáforas
essas noções lingüísticas sobrepostas à de gene, embora pareçam hoje intuitivas
até para o público leigo. Lenny Moss, professor de filosofia da Universidade de
Notre Dame (EUA), combinando sua formação em biologia celular com sociologia e
filosofia, afirma da necessidade de desenredarmos desse emaranhado de
conceitos, em que realidades celulares e bioquímicas se entretecem com
simbologias de sabor pré-formacionista e até esotérico, como na popular idéia
de que o genoma é o Livro da Vida. O destino não está nos genes, que não são
nem texto, nem programa de computador. O resultado desse desenredo seria então,
uma desconstrução da noção de gene que deveria constituir leitura obrigatória
no primeiro ano de todas as faculdades de biociências.
Moss afirma que o problema está na mescla de dois
conceitos. Um ele chamou de Gene-P (de "pré-formacionista"), essa
idéia de que na coleção de genes se encontra "tudo que é necessário para
construir um ser humano". É a nova encarnação da noção antiga de que o
plano completo do organismo que se desenvolve do ovo já está contido nele ou
num dos gametas que lhe deram origem. O ícone dessa concepção é o homúnculo
agachado na cabeça de um espermatozóide, uma das "provas" no clássico
debate dos séculos 17 e 18 entre pré-formacionistas e epigenesistas (adeptos do
surgimento espontâneo de estruturas ao longo do processo de desenvolvimento). [26]
O outro conceito isolado por Moss é justamente o de Gene-D
(de "desenvolvimento"). Ou seja, aquele em que a seqüência do DNA
representa só um recurso necessário para o desenvolvimento de um organismo, do
ovo ao adulto. Necessário, mas não suficiente, pois seria um recurso
desenvolvimental entre outros, como a maquinaria celular provida pelo
citoplasma do gameta feminino (óvulo), o cuidado parental, ou o nicho
ecológico.
Esse seria o conceito operacionalmente vivo nos laboratórios, segundo Moss. A
mistura dos dois conceitos só serviria a uma coisa: inflar retoricamente e
ilusoriamente a potencialidade da genômica.
A partir dessa
rápida incursão em torno do debate da vida em nosso planeta, vamos agora ao que
mais nos interessa, diante dessas informações iniciais.
Quando li o livro O Planeta simbiótico, que contém
a proposta de concepção revolucionária da vida, de Lynn Margulis[27],
imediatamente descobri que ali tínhamos um grande insight de compreensão e
também de explicação, não apenas da evolução da vida, mas de ressignificação
das explicações e compreensões e das interligações entre o mundo orgânico e
inorgânico das tecnologias e da vida sobre nossas complexas sociedades
contemporâneas, fundadas cada vez mais, sob o princípio da simbiogênese.
Para que se
entenda profundamente essa nossa perspectiva entre simbiogênese e tecnologia, é
necessário romper com a velha abordagem dualista: realidade úmida (orgânica)
versus realidade seca (inorgânica), que nos acompanhou no entendimento e no
entrelaçamento das coisas do mundo com a vida, envolvendo-nos em
simplificadoras versões entre realidade vital versus realidade virtual.
Acreditamos que
a abordagem da simbiogênese, proveniente da Genética Molecular, pode nos ajudar
nessa tarefa de decifração da esfinge informacional. Assim, simbiose,
simbiótica e simbiogênese constituem, para nós, conceitos fundamentais para
entendermos o impacto sofrido pelas velhas relações sociais polarizadas por
realidades físicas delimitadas no indivíduo. Pensamos, dessa forma, explicar e
compreender a interação entre as informações e a estrutura reflexiva de
comunicação imaterial das redes digitais como mediações simbióticas que
expressam a emergente complexidade entre as relações do mundo orgânico com o
inorgânico. Igualmente, a simbiogênese é mais adequada para explicar o impacto
sofrido pela sociedade em decorrência do fenômeno da aceleração tecnológica, a
qual, cada vez mais, está submetida ao domínio da polaridade dinâmica da informação
genética.
A simbiogênese,
como vimos, originalmente tratou de uma abordagem original para a
microbiologia. Lynn Margulis indagou-se
à cerca do modo de evolução das formas superiores de vida. A própria autora
respondeu a essa pergunta, ao descobrir um caminho, totalmente inesperado de
evolução, que traz implicações profundas para todos os ramos da Biologia e da
ciência em geral.
Darwin publicou
sua teoria em 1859, na sua obra monumental On
the Origin of Species e a completou doze anos mais tarde com The Descent of Man. Darwin baseou sua
teoria em duas idéias fundamentais: variações casuais, que foi posteriormente
denominada de mutação aleatória, e a seleção natural.
Em 1982, Lynn Margulis lançou a
idéia de que as mitocôndrias descendiam de bactérias especializadas em
conversão de energia que eram parasitas de bactérias maiores e, com o tempo,
passaram a fazer parte dessas bactérias. A conclusão óbvia é que houve um
estágio na evolução da vida em que havia pelo menos dois códigos genéticos
diferentes numa mesma complexidade organizada, ressaltando a importância do
parasitismo mutuamente benéfico (conhecido pelo nome de simbiose) como forma de um organismo adquirir novas funções.
Os microbiologistas têm sabido,
desde há algum tempo, que a divisão mais fundamental entre todas as formas de
vida não é aquela entre plantas e animais, como a maioria das pessoas presume,
mas entre dois tipos de células — células com e células sem um núcleo.*
Margulis ficou intrigada com o
fato de que, nem todos os genes numa célula nucleada, encontravam-se dentro do
núcleo celular.
Fomos
todos ensinados que os genes se encontravam no núcleo e que o núcleo é o
controle central da célula. No começo dos meus estudos de genética, tornei-me
ciente de que existem outros sistemas genéticos, com diferentes padrões de
herança. Desde o princípio, fiquei curiosa a respeito desses genes
indisciplinados que não estavam nos núcleos. [28]
À medida que estudava minuciosamente esse fenômeno, Margulis
descobriu que quase todos os “genes
indisciplinados” derivavam de bactérias e, aos poucos, compreendeu que eles
pertenciam a diferentes organismos vivos, pequenas células vivas que residem
dentro de grandes células vivas.
A simbiose – tendência de
diferentes organismos para viver em estreita associação uns com os outros e,
com freqüência, dentro uns dos outros (como as bactérias dos nossos intestinos)
–, é um fenômeno difundido e bem conhecido. Margulis, no entanto, deu um passo
além e propôs a hipótese de que simbioses de longa duração, envolvendo bactérias
e outros micro-organismos que vivem dentro de células maiores, levaram, e
continuam a levar, a novas formas de vida.
Margulis publicou, pela primeira
vez, sua hipótese revolucionária em meados da década de 60 e, ao longo dos
anos, criou uma teoria madura, hoje conhecida como “simbiogênese”, que vê a criação de novas formas de vida por meio
de arranjos simbióticos permanentes como o principal caminho de evolução para
todos os organismos superiores. [29]
Nessa época, sua tese teve pouco impacto, dado que essa constatação
contrariaria um dos pilares básicos do entendimento da evolução até então
vigente.
A evidência mais notável para a
evolução por meio de simbiose é encontrada nas assim chamadas mitocôndrias em
uma espécie de casas de força
internas à maioria das suas células nucleadas. Essas partes vitais
das células animais e vegetais, responsáveis pela respiração celular, contêm
seus próprios materiais genéticos, reproduzindo-se de maneira independente e em
tempos diferentes com relação ao restante da célula. Segundo Margulis, as
mitocôndrias poderiam ter sido, originalmente, bactérias que flutuariam
livremente e que, em antigos tempos, teriam invadido outros microorganismos e
estabelecido residência permanente dentro deles: “Os organismos mesclados iriam
se desenvolver em formas de vida mais complexas, que respiram oxigênio [...]
Aqui, portanto, havia um mecanismo evolutivo mais inesperado do que a mutação:
uma aliança simbiótica que se tornou permanente”. [30]
A teoria da simbiogênese
elaborada por Margulis implicaria, então, em uma mudança radical de percepção
no pensamento evolutivo. Enquanto a teoria convencional concebe o desdobramento
da vida como um processo, no qual as espécies apenas divergem umas da outras,
Lynn Margulis alega que a formação de novas entidades compostas por meio da
simbiose de organismos, antes considerados independentes, tem sido a mais
poderosa e mais importante das forças da evolução.
Essa nova visão tem forçado
biólogos e deterministas tecnológicos a reconhecerem a importância vital da
cooperação no processo evolutivo. Os darwinistas sociais do século XIX viam
somente competição na natureza, de uma natureza, vermelha em dentes e em garras
– como expressou o poeta Tennyson —, mas agora estamos começando a reconhecer a
cooperação contínua e a dependência mútua entre todas as formas de vida como
aspectos centrais da evolução. A vida não se apossa do globo pelo combate, mas,
sim, pela formação de redes simbióticas.[31]
O desdobramento
evolutivo da vida ao longo de bilhões de anos constitui uma história
empolgante, que acionada pela criatividade inerente a todos os sistemas vivos
expressa, ao longo de três caminhos distintos mutações, intercâmbios de genes e
simbioses aguçada pela seleção natural, a pátina viva do planeta expandiu-se e
intensificou-se em formas de diversidade sempre crescente.
Não há evidência
de algum plano, objetivo ou propósito no processo evolutivo global e, portanto,
não há comprovação de progresso; não obstante, há padrões de desenvolvimento
reconhecíveis. Um deles, conhecido como convergência, constitui-se na tendência
de os organismos desenvolverem semelhantes formas para enfrentarem desafios
análogos (mesmo que carreguem histórias ancestrais diferentes). Desse modo, os
olhos evoluíram, muitas vezes, ao longo de diferentes caminhos – nas minhocas,
nas lesmas, nos insetos e nos vertebrados –, assim como as asas
desenvolveram-se independentemente em insetos, em répteis, em mamíferos e em
pássaros. Parece que a criatividade da natureza é ilimitada.
Outro padrão
notável se expressa pela ocorrência de catástrofes – que talvez sejam pontos de
bifurcação planetária – seguida por intensos períodos de crescimento e de
inovação. Desse modo, a redução desastrosa da quantidade de hidrogênio na
atmosfera da Terra (há mais de dois bilhões de anos) levou a uma das maiores
inovações evolutivas: o uso da água na fotossíntese. Aliás, a fotossíntese é
processo que sustenta as plantas modernas começou a funcionar “a pleno vapor”
há cerca de 2,7 bilhões de anos. (Este é outro marco na evolução da vida). Não
dá para esquecermos que muitos organismos dependem da fotossíntese apenas de
forma indireta. Por exemplo, os organismos da luxuriante fauna bacteriana que
habita o intestino humano nunca vêem a luz do Sol.
Há milhões de
anos, esse novo processo extremamente bem-sucedido produziu uma crise
ambiental, ao ocasionar a poluição catastrófica por meio do acúmulo de grandes
quantidades de oxigênio tóxico na atmosfera. A crise do oxigênio, por sua vez,
induziu a evolução de bactérias que respiravam hidrogênio (outra das
espetaculares inovações da vida). Mais recentemente, há 245 milhões, as mais
devastadoras extinções em massa que o mundo já viu foram seguidas rapidamente
pela evolução dos mamíferos, e, 66 milhões de anos atrás, a catástrofe que eliminou
os dinossauros da face da Terra abriu caminho para a evolução dos primeiros
primatas e, finalmente, para o surgimento da espécie humana.
Por fim, as temáticas complexas
exigem níveis mais profundos e detalhados de investigação, comuns às marcas de
tendências intelectuais e culturais modernas e evolutivas das quais
participamos. Quando alguém tem uma nova idéia, ela será adotada por algum
outro inovador que, de início, pensa sobre ela no mesmo contexto que seu
criador, porém, depois, percebe que há margem para aperfeiçoá-la e transplantar
a sua essência para um outro contexto. A idéia evoluiu. Foi dominada por uma nova mente. Assim, pensamos que
vivemos numa sociedade cada vez mais simbiogênica.
Por que
não podemos começar a falar que, na atualidade, a humanidade está se dividindo,
não mais em classes sociais moldadas pelo seu papel na produção econômica e
social? Porque, verificamos que entre os velhos humanóides produzidos pela
lenta evolução natural, emerge numa nova espécie, envolvida numa complexa simbiose.
Estes últimos encontram-se em rápida aceleração evolutiva, produto de uma nova
sociedade simbiônica, tecida, cada vez mais, por uma intensa cadeia de
mediações simbiogênicas.
Hoje,
mesmo que, na maioria das vezes, expressando uma perspectiva simplista de
determinismo tecnológico, que desconsidera a força, a resistência e a herança
da matéria e da realidade orgânica, diante da emergente realidade imaterial das
redes digitais, encontramos tanto na literatura científica, como em filmes de
ficção, sinais da emergência da sociedade simbiogênica. Cito como exemplo a da
defesa do homem simbiótico de Rosnay (1997),[32]
e os filmes de ficção: Matrix e Gattaga: a experiência genética. Este
último relata o conflito entre uma aristocracia formada por seres de matriz
humana geneticamente melhorados, ou seja, evoluídos pela intervenção da
simbiogênese e os decadentes seres humanos submetidos à evolução meramente
biológica. Nesse sentido, compartilhamos da hipótese implícita nesses filmes de
que o pólo dinâmico da informação digital migra para a informação genética e
que, provavelmente, os avanços das tecnologias da informação e da comunicação
interativa permitirão a eclosão de uma nova possibilidade de evolução da vida,
diferente daquela prevista pelo darwinismo. A vida biológica mesclar-se-á, numa
simbiose cada vez mais intensa, com as tecnologias de informação integradas em
redes e artefatos bioinformacionais (orgânicos e inorgânicos).
Esse processo
incidirá com muita intensidade sobre as instituições modernas e industriais.
Viveremos ainda mais num ascendente império cada vez mais presente na
velocidade do tempo real em
detrimento do tempo histórico. Assim,
viveremos a perda da centralidade normativa, o desmonte da moderna
transformação da vida em maquinaria racional e a desmaterialização do poder,
corroendo as físicas instituições e seus territórios funcionais de competência.
Isto é, viveremos o fim da existência do monopólio da representação e
regulamentação normativa e das físicas instituições modernas. Finalmente, esse
processo acelerará ainda um dos paradoxos mais radicais da contemporaneidade,
que é o destronamento do princípio da
centralidade do trabalho na vida humana.
Tudo isso pode
parecer, à primeira vista, muito estranho. Em geral, “compreendemos” e emitimos
juízos e convicções com base em situações do nosso cotidiano, seja em nível
emocional, racional no plano físico. De modo geral, lidamos com situações que
estão dentro de nossa experiência sensorial direta, palpável. Entretanto, com
um pouco de esforço, não é difícil compreender que a experiência complexa da
simbiogênese em nossas sociedades faz sentido para um futuro próximo e nos
convida a preparar-nos para enfrentá-lo, ao invés de negá-lo cegamente ou de
continuar a iludir-nos pelas falsas promessas dos deterministas tecnológicos
que enriquecem a uns poucos num mundo que exclui e precariza os muitos primatas
da vida humana na sociedade.
As diversas
conquistas das novas tecnologias inteligentes permitiram a construção de um
compartilhamento sensório e cognitivo em interação humana com máquinas
integradas em redes imateriais, de âmbito local e global, dotadas de ampla
capacidade de receber, estocar, represar, alterar, transmitir e retransmitir
dados, sons e imagens estáticas ou em movimento, ampliando nossa capacidade de
comunicação inteligente. No entanto, apesar da grandiosidade e complexidade que
essas conquistas tecnológicas imprimem nos fenômenos sociais, ainda vivemos uma
fase primitiva da simbiogênese da vida humana interligada ao processo de
aceleração tecnológica e científica. Na verdade, estamos recém começando a
viver a sociedade simbiogênica, e ela desde já nos aponta imensos desafios da
vida em sociedade que, até então, ainda não tínhamos experimentado em
profundidade.
===================================
Gilson Lima. [1] Cientista aposentado depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade, criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa na evolução cérebro, máquinas, corpos e sociedade. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas de ciência de ponta, tecnologia e protocolos de neurorreabilitação em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus.
Tem formação original humanística e foi voltando seus estudos e pesquisas desde o início dos anos 90 para a abordagem da complexidade nas metodologias informacionais, depois na nanotecnologia e nos últimos 15 anos de carreira focou na neuroaprendizagem e reabilitação envolvendo a simbiogênese e interfaces colaborativas entre cérebro, corpos e displays.
Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.
Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com/
Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas e shows vídeos podem ser acessadas no canal do youtube. https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra
Último Livro:
[1] Como
veremos mais adiante, simbiogênese trata-se de um conceito proveniente da
genética molecular. Uma abordagem evolutiva proposta por Lynn Margulis. A teoria da simbiogênese implica uma
mudança radical de percepção no pensamento evolutivo. Enquanto a teoria
convencional concebe o desdobramento da vida como um processo no qual as
espécies apenas divergem umas das outras, Lynn Margulis alega que a formação de
novas entidades, compostas por meio da simbiose de organismos, antes
independentes, tem sido a mais poderosa e mais importante das forças da
evolução. Essa nova visão tem forçado biólogos a reconhecer a importância vital
da cooperação no processo evolutivo. Pensamos que a abordagem e a
ressignificação da simbiogênese constitui um recurso teórico importantíssimo
para darmos conta do dilema e da complexidade provenientes da emergência da
esfinge informacional e das interações orgânicas e inorgânicas entre as
máquinas, redes e a vida humana em sociedade em simbiose com nossa
eco-natureza.
[2]
CHAISSON, Eric. A Aurora Cósmica. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1984. p. 295-296
[3] Ibid., id.
[4]
HELMAN, Hal. Grandes
[5] A reação de Darwin aos múltiplos ataques sobre a
publicação A origem das espécies, foi
tomada de muita ansiedade. Seus biógrafos Adrian Desmond e James Moore deram a
sua biografia de 1991 o subtítulo “A Vida de um Evolucionista Atormentado”. O
que mais preocupava Darwin era a angústia de sua amada esposa, que tinha grande
dificuldade em tentar conciliar sua profunda fé religiosa com o amor e respeito
a seu marido. Quando o establisment religioso o atacava, maior era a aflição
que ela sentia. Ver: HELMAN, Hal. Grandes
[6] MADDOX,, John. “O
que Falta Descobrir?” Rio de Janeiro: Campus, p. 126. John
Madox é editor emérito da mundialmente famosa Revista Científica: Nature.
[7] Segundo a literatura científica, no nosso pequeno
planeta, tanto as florestas, como os prados, os oceanos e até mesmo os céus
foram colonizados e, de certa forma, conquistados e dominados por algumas
espécies de mamíferos. Existem diferentes mamíferos dominantes, que há tempos
os geólogos referem-se à era geológica atual, como a Era dos Mamíferos. No
entanto, a assim chamada Era tem sido a ordem reinante das coisas, por apenas
uma breve fração da existência da vida nesta Terra. De fato, o registro fóssil
nos diz que os mamíferos estiveram por aqui há 250 milhões de anos. Porém, como
entidades vivas e dominantes do planeta, apenas nos últimos 50 milhões desse
longo período.
[8] Ainda
se discute muito a respeito da composição da atmosfera primitiva da Terra, em
parte devido às incertezas quanto à formação do núcleo do planeta, composto
basicamente por ferro, mas também quanto ao argumento
de que a radiação solar teria reduzido as concentrações de amônia (NH3) e
metano (CH4) na atmosfera. Também foi observado recentemente que a atmosfera de
Júpiter há menos água do que se esperava e que do se imaginava estar presente
na Terra há quatro bilhões de anos. Ver: Maddox, John. “O que Falta Descobrir?”
Rio de Janeiro: Campus, p. 126 e p. 359.
[9] MATSUURA, Oscar T. Estrelas: Formação. Meio interestelar. Ficha de Astronomia Número
20, MAST/MCT, jul./1999.
[10]
MATSUURA, Oscar T. A vida veio das nuvens
interestelares. São Paulo : Revista de Ensino de Física, 1980.
[11]
Ver: MATSUURA, Oscar T. Estrelas:
Formação. Meio interestelar. Ficha de Astronomia Número 20, MAST/MCT,
jul./1999.
[12]Ver
também: MATSUURA, Oscar T. O que é vida?
In: Para entender a biologia do século XXI – organizadores - Charbel Nino
El-Hani & Antônio Augusto Passos Videira. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2000.
[13]
MATSUURA, Oscar T. Cometas: do mito à ciência. São Paulo: Ícone Editora, 1985. Ver
também do mesmo autor: A
busca por novos sistemas planetários. In: Ciência
Hoje. São Paulo: Revista Ciência Hoje, l998.
[14] MATSUURA, Oscar T. Vida Extraterrestre. In: El-Hani e Videira (orgs.) O que é Vida? Para entender a biologia do século XXI.
Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000, p. 281-282.
[15] Aqui
podemos dizer também que estamos cansados do homem sujeito. Lembramos de Hegel
que definiu sujeito como: “o que pode reter em si a própria contradição”. Ver nesse sentido, PELBART, Peter Paul. A
vertigem por um fio: políticas da subjetividade contemporânea. Iluminuras: São
Paulo, 2000. p. 15.
[16]
Ibid., p. 13.
[17]
Ibid. id.
[18]
Ver: MORENO, Álvaro & FERNANDES, Júlio. A Vida Artificial como Projeto de
Criação de uma nova biologia universal. In: El-Hani e Videira (orgs.) O que é
Vida? Para entender a biologia do século XXI. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2000, p. 257-271.
[19] Para quem quiser saber mais sobre vida artificial,
principalmente, do ponto de vista de seus defensores Ver: ANTUNES, Barone
(org.). Sociedades Artificais: A nova
Fronteira da Inteligência nas Máquinas. Porto Alegre: Bookmann, 2003.
[20] Ver nesse
sentido: MATURANA, Humberto Romesín; VARELA, Francisco J. Garcia. De máquinas e seres vivos. Autopoiese: a
organização do vivo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. Ver também dos
mesmos autores: A árvore do conhecimento.
Campinas: Editorial Psy, 1995.
[21]
Ver nesse sentido: CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix,
1998.
[22] A
biologia molecular revelou que a vida na Terra depende de apenas umas poucas
dezenas de moléculas básicas. Um grupo dessas moléculas são os aminoácidos. De
uns 70 aminoácidos catalogados, a vida só faz uso de 20. As proteínas, cadeias
de aminoácidos, controlam o metabolismo, que consiste no aproveitamento dos
nutrientes e da energia, e mantêm as atividades vitais de todos os
organismos. Ver: POLLACK, Robert.”Signos
da vida”. Rio de Janeiro: Editora Rocco, (1997).
[23]
Para conhecer mais sobre o ambiente na Escola de Biologia de Cambridge que deu
origem a decifração da estrutura do DNA, veja: Gilda Morelli e Gabriella
Natoli. In: DE MASI, Domenico (org.). A
Emoção e a Regra: grupos criativos na Europa de 1850 a 1950. Rio de
Janeiro: José Olympio. 1997. p. 337- 358.
[24] MATSUURA, Oscar T. in: O que é vida? ? In: Para entender a biologia do século XXI –
organizadores - Charbel Nino El-Hani & Antônio Augusto Passos Videira. Rio
de Janeiro: Relume Dumará, 2000. p. 276.
[25] CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente.
São Paulo: Cultrix, 1994. p.96.
[26] Ver: MOSS, Lenny. What
Genes Can't Do (o que os genes não podem fazer). Boston: Editora do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, 2002.
[27] MARGULIS, Lynn. O Planeta Simbiótico: nova perspectiva
da evolução. Rio de Janeiro :
(Editora) , 2001. Sobre o mesmo assunto, veja também: MARGULIS, Lynn. Microcosmos. New York: Summit, 1986 e
também: Margulis, Lynn; Dorion Sagan: O
que é a vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
*As bactérias, as formas de vida mais
simples, não têm núcleos celulares e são, por isso, chamadas de procariotes (“células não-nucleadas”),
enquanto que todas as outras células têm núcleos e são denominadas eucariotes (“células nucleadas”). Todas
as células dos organismos superiores são nucleadas e os eucariotes também
aparecem como micro-organismos não-bacterianos de uma só célula.
[28]CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1998. p. 184. Ver
também: MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. “Symbiosis
in evolution”. San Francisco: Freeman, 1993. Dos mesmos autores ver ainda: O que é vida? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
[29] CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1998. p. 185.
[30] MARGULIS, Lynn. ; SAGAN, Dorion. Microcosmos.
[31]
MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é vida? Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2002. p. 245.
[32] ROSNAY, Joël de.
Homem simbiótico. Petrópolis:
Vozes, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário