FRAGMENTOS 01 DO LIVRO NÔMADES DE PEDRA: teoria da sociedade simbiótica.
Salvador Dali desenhando Picasso: uma imagem visionária que nos diz muito do que vivemos hoje!
Gilson Lima[i]
Hoje, em nosso mundo, somos em geral habitantes
cada vez mais nômades, mas conectados a
uma realidade abstrata expandida, onde, depois de cada curva surgem novas
curvas, depois de cada parada ou nódulo, surgem novos fluxos, novas e múltiplas
bifurcações. Mas somos nômades simbólicos. Vivemos em simbiose
nos fluxos simbólicos da realidade abstrata expandida, cujo o fato de estarmos
ou não, com os nossos corpos inertes e fixos, não nos impede de experimentar a
sensação de que sempre somos alguém no lugar,
mas não inteiramente do lugar. Estranhamente
e contraditoriamente sedentários presos num lugar com mobilidade restringida. Com
muitas ressonâncias amarradas e incapazes de nos mobilizar. Nossas tornozeleiras
eletrônicas prendem nossos corpos e liberam nossos olhos e dedos.
Uma ideia que encontramos no filme
Matrix, no qual corpos inertes, deitados sobre uma cadeira reclinável, que navegam
numa intensa simbiose por lugares, conexões e simulacros tão abstratamente
autônomos da matéria corpórea como efetivamente reais. Aliás, essa ideia de
virtual versus real não existe para a simbiótica da inteligência inata. Para
nós mesmo o imaginar é sempre real, não tem essa de virtual, seja o que for
estamos imaginando estamos lá, acontecendo em symbios no mundo.
Quero facilitar o entendimento disso. Vamos
usar uma imagem. Observemos a imagem logo abaixo. É muito significativa. Trata-se
de uma pintura de Salvador Dali intitulada Retrato de Picasso.
Na verdade, foi uma ironia de Dali “homenageando”
o apetite racionalista de seu amigo Picasso. Gerou uma tensão de modo tão
profundo que fez com que Picasso cortasse as relações de vez com Dali. As
imagens compartilhadas no mundo acontecem no mundo, são reais.
Enfim, quanto mais se racionaliza, mais o conhecimento é
petrificado, simbolizado na imagem pela pesada pedra acima de nossas cabeças e
de nosso estado de mentitude, indicando que a mente moderna virou pedra.
No entanto, contraditoriamente, os novos nômades estão a
virar pedras. Com seus corpos sedentários, mas integrados num hipercórtex
conectados em fluxos de nódulos informacionais e simbólicos, em redes de
comunicação ao manterem sua fidelidade ao velho processo de construção
petrificada do conhecimento, tornam-se, sim, novos nômades, mas são nômades que
viraram pedras.
É preciso reeducarmo-nos para essa nova
dimensão da vida em sociedade, onde teremos que saber conviver com vários
momentos contraditórios da própria jornada da existência, na qual, em simbiose
com nossa imaginação inesgotável, a natureza orgânica e inorgânica
possibilitará à nossa mente "viajar", mesmo quando nosso corpo
estiver encerrado na cela de um cárcere. O Marquês de Sade escreveu seus
romances eróticos no cárcere, onde, também, Antônio Gramsci escreveu seus
ensaios políticos.[2]
[1] MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma ó reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2000, p. 16.
[2] DE MASI, Domenico, BETTO, Frei. Diálogos Criativos. São Paulo: Deleitura, 2002, p. 87.
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[i] Gilson Lima. cientista, inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos, escritor, músico.
Desde o início dos anos 90, quando concluiu sua tese de mestrado, envolveu em sociobiologia que permitiu a elaboração da sua Teoria Social da Simbiogênese, tendo por referência de base as pesquisas em micro biologia celular de Lynn Margulis.
Ao mesmo tempo em que foi criando e processando a sua teoria simbiótica, realizou múltiplas pesquisas de bancadas com invenções de produtos e processos.
Iniciou suas pesquisas na complexidade em metodologias informacionais e criticando a abordagem cognitivista computacional do cérebro e mente, foi migrando para coordenar por quase duas décadas pesquisas clínicas de pacientes com lesões neurais severas envolvendo interfaces simbióticas entre micro ritmos corporais e displays (terapia magnética).
Na perspectiva da Teoria Social da Simbiogênese, a sociedade é vista como um sistema complexo e dinâmico de interdependências, onde os “indivíduos” e grupos estão constantemente se influenciando e transformando uns aos outros.
A Teoria Social da Simbiogênese propõe ainda uma visão mais integradora das diversas ciências sociais, incluindo a sociologia, a antropologia, a psicologia e a biologia,... Segundo Lima, cada uma das diferentes disciplinas tem uma perspectiva única e importante para compreender as relações sociais, mas é necessário integrar essas perspectivas para ter uma compreensão mais complexta do paradigma e mais abrangente da sociedade.
A teoria da simbiogênese sugere que a evolução dos seres vivos não ocorre apenas por meio da seleção natural, mas também pela integração de novos elementos em suas redes bióticas. A partir da incorporação de novas bactérias que se beneficiam mutuamente, os simbióticos podem evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente.
A teoria da simbiogênese pressupõe que as espécies em um ecossistema são interdependentes e se beneficiam mutuamente em uma relação simbiótica. Essa interdependência não se limita apenas aos organismos vivos, mas também inclui o meio ambiente físico. Nesse contexto, a integração de novas bactérias na rede biótica pode levar a uma nova espécie em evolução: os simbióticos.
Os seres humanos são exemplos mais de simbióticos evoluídos na rede celular, pois contêm em seus corpos uma grande quantidade de bactérias que desempenham funções vitais em seu organismo, como a digestão e a produção de vitaminas, retardo do envelhecimento, etc. Essa relação simbiótica entre os seres humanos e as bactérias que os habitam é fundamental para a saúde e o bem-estar de toda a rede simbiótica.
Em seu último livro: Inteligência Inata, defendeu que a partir da ampla incorporação evolutiva de novas bactérias na sua rede biótica de longo agora que se beneficiam mutuamente, os novos simbióticos podem ainda evoluir e se adaptar às suas condições de vida de forma mais eficiente e mais longeva.
Para Lima, a emergência dos simbióticos altamente evoluídos e de amplo potencial de inteligência inata, ocorreu muito mais aceleradamente com os humanos nas últimas décadas, ainda que a evolução de sua rede simbiótica em dinâmica cooperativa e fractal com a inteligência inata encontra-se ainda em transição dominada pela velha consciência sináptica humanista não cooperativa, racionalizadora, linear, centralista e ainda dominantemente predadora com o ambiente onde os simbióticos evoluídos acontecem no mundo.
Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas, shows, vídeos podem ser acessados no canal do youtube.
https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra
Webpage: http://www.seukowalsly.com.br
Último Livro:
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