Menina dos olhos. Um orgulho de trabalho realizado! Como é bom o conhecimento e solidariedade caminharem juntos. Faz a diferença na reabilitação neural... Onde estão os céticos. Os que riam de mim em 2004, quando afirmei sobre a intervenção na plasticidade cerebral e das redes neurais pelas telas e redes digitais.O melhor é saber que provei isso ajudando muita gente ao mesmo tempo....SIMBIOGÊNESE. Parabéns Ana Paula, a sua família, aos amigos e profissionais que fazem parte dessa rede maravilhosa em torno da nossa líder: Ana Paula. Obrigado Ana por nos ensinar tanto. Sucesso nessa sua nova empreitada...
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-almoco/videos/t/santa-rosa/v/conheca-a-historia-de-ana-paula-a-menina-dos-olhos/4339551/
Para quem gosta de ler e quer conhecer minhas aventuras pela pesquisa, invenções tecnológicas e conhecimento sobre o cérebro humano e a simbiótica.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
sexta-feira, 1 de maio de 2015
COMO ASSIM ESTÁ FALTANDO DINHEIRO NO MUNDO?
ECONOMISTAS. O dinheiro papel sumiu. Virou informação. Sem pátria a informação financeira move-se em velocidade crescente: cerca de 300.000 quilômetros por segundo. O modo como se fabricava moeda e sua circulação mudou. Nunca fomos tão ricos. Nunca circulou tanta riqueza monetária pelos satélites do mundo. O volume das transações financeiras mundiais é tamanha que para termos uma ideia um trilhão de dólares era toda a riqueza produzida por todos os homens, todas as mulheres, todas as máquinas em interação com a natureza nos idos de 1950.
Hoje, as notas físicas de dinheiro são cada vez mais escassas. São encontradas somente em carteiras de "pobres" em pequenas quantidades ou em grande quantidade na economia clandestina no tráfico de drogas nas transações criminosas...
Existem no mundo hoje cerca de milhares e milhares de telas por aí, ligadas, conectadas para gerenciar dia a dia, vinte e quatro horas um trilhão de dólares.
Um milhão de dólares é muito dinheiro para a maioria das pessoas. Medidos na forma de uma pilha de cédulas de cem dólares, teriam mais de vinte centímetros de altura. Um bilhão de dólares — em outras palavras, mil milhões — formariam uma pilha mais alta que a catedral de Saint Paul. A pilha de um trilhão de dólares — um milhão de milhões — teria mais de 193 quilômetros de altura, vinte vezes mais que o monte Everest – o mais alto do planeta.
Nunca – enquanto humanidade – fomos tão ricos, porém nunca fomos também tão desiguais.
Como assim os governos não tem dinheiro para infra-estrutura, educação, pagar bem seus funcionários, segurança, cuidar do meio ambiente,...
Não estamos mais no Século XIX. Não podemos pensar a regra de caixa público como se os Estados só pudessem fabricar recursos financeiros de impostos?
Onde estão as agências mundiais? Os Bancos Centrais do Mundo? Não é para isso que eles existem.
Não tem ninguém pensando num algoritmo novo, nessa economia planetária onde os bits monetários já são tantos que se nós devastássemos todas as formações florestais que nos restam, mesmo assim, não teríamos como imprimir fisicamente toda essa riqueza.
Gilson Lima. Sociólogo, cientista, escritor e músico. E-mail: gilima@gmail.com
domingo, 19 de abril de 2015
RETORNO AO PALCO DA VELHA BANDA ELLO!
Ontem (19/04/2015) no 2° Sarau dos alunos de Técnica Vocal da professora Cintia Rodrigues cantei no palco da Openstage em Porto Alegre com meus velhos parceiros dos tempos da garagem em Petrópolis nos anos 70. Valeu Janjão (no violão e meia lua) e grande Nando no Ukulele.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
DAS MANIFESTAÇÕES DE DOMINGO 12 DE ABRIL -2015
Foto Gilson Lima com Baboo!
Contato: gilima@gmail.com
O
número de pessoas que reocupam as ruas invocando políticas e protestos continua
a surpreender - aos desconectados... e desorientados
Nesse
domingo, as manifestações levaram menos gente para a rua nas principais cidades
mais conectadas (que reduziram o foco de seus gritos e sussurros para questões
eleitorais). Porém, em muitas cidades menores, o foco pragmático da luta contra
corrupção e o assalto aos cofres públicos
- que alguns reconhecidos membros das elites políticas estão sendo
acusados - se aflorou mais ainda.
A pressão
política atual das redes sociais é constante, a complementação com
manifestações de corpos de nômades ocupando as ruas públicas pacificamente é
outro. Às vezes, com maior pressão, as vezes menor. Isso é viver numa sociedade
conectada em redes digitais e sociais, como o Brasil já é há anos.
Mas penso
que a redução do foco para bandeiras eleitorais tradicionais como: impeachment
político; reforma política; e as reacionárias bandeiras de retorno ao passado
sombrio que perdem cada vez mais conectividade entre os informados.
Enquanto
isso, as comissões que irão julgar os políticos na operação lava jato já estão
formadas no Supremo. Por falar em Supremo, ele passou quase ileso de pressão -
nessas manifestações. É lá que a coruja dorme atualmente. É necessário pressão
para trabalharem sério, com visibilidade e rápidas ações junto aos processos e
julgamentos que lá já se encontram.... A mídia tem direito a nos informar,
mesmo que o circo venha junto. Faz parte. Parabéns a turma do Paraná (Polícia
Federal e Ministério Público de lá) fizeram sua parte.
E então
Supremo?
quinta-feira, 12 de março de 2015
DIA 15 DE MARÇO. Enfim o país de amebas vai se mexer?
Vamos as falácias:
1. Corrupção sempre existiu. Ha
tá!
Ok. Como dizem os bruxos vem da
primeira invenção escrita do Brasil. Depois de escrever sua carta
"detalhada" da descoberta do Brasil - Vaz de Caminha termina pedindo
um emprego para o sobrinho ao Rei. Depois assina. Na primeira invenção
"nossa" já tivemos que pagar comissão.
PORÉM, nunca antes no Brasil uma
quadrilha organizada internacionalmente foi tão cara de pau. Siga o dinheiro
sujo e não as pessoas - no final - que está longe chegaremos neles.
2. Golpe Militar. Esperem.
A Estação MIR não existe mais a
guerra fria acabou. O pentágono não treinam mais nossas forças armadas em nosso
território clandestinamente. Aliás, eles nem estão mais interessados em nós.
Manifestar na democracia é
diferente de numa ditadura. Na ditadura as forças armadas não defendem o
território externamente, eles criam a guerra interna e reprimem. Não é isso que
acontece numa democracia. Forças Armadas é para defender o território de
ameaças externas.
Manifestar na democracia pode. Lembram-se
do "Fora FHC". Podia e continua podendo. Cuidado com os covardes que
tapam suas caras e pensam que estão manifestando contra uma ditadura. Ou pensam
ou são financiados para assustar as pessoas livres.
NÃO ESQUEÇAM!
Esse negócio de fora Dilma o seu
vice é o pai de todos! Esse nosso Congresso tem Cacife para julgar um
Impeachment? Acusados investigam eles próprios. Vamos ver os depoimentos. Essa
primeira lista vai ser um cafezinho!
Que vença a democracia e que
saiam nas ruas e bafo na nuca deles?
Gilson Lima!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Mais um ano. Pensando o futuro presente com Foulcault.
Emerge
cada vez mais formatações societais em rede e desconstituindo a
vida-corpo-matéria em tempo real para nódulos abstratos de tempo real em links
cibernéticos.
Assim
vejo grandes possibilidades de emergir um novo biopoder - contemporâneo - que
só poder ser contemporâneo se comprometer com o saber pensar da complexidade. O que não está acontecendo, pois num mundo são sistemas cibernéticos que são os sujeitos e colonizam as pessoas que acontecem no mundo. Os Nerds são bons com as máquinas e telas, mas péssimos para nos indicar um novo projeto societal. Viraremos apenas pilotos insaciáveis de telas e interações pré-codificadas. Teremos que encontrar novas respostas que operam, concretizam e também possuem implicações propositivas sobre os limites da hegemonia do tecnopoder.
Foto acima: GILSON LIMA.
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
MICHEL FOUCAULT
Foi
Foucault um dos primeiros a nos lembrar
que da reflexão profunda de alargamento da teoria clássica da soberania e do
direito de vida e da morte como um dos atributos fundamentais da
contemporaneidade.
Paradoxalmente,
com isso, foi o próprio Foucault que nos dá uma dica: temos que enfrentar e
forjar uma contrahegemonia ampliada do tecnopoder.
O
terreno da biopolítica será o surgimento do biopoder.
Em
certo sentido, dizer que o soberano tem direito de vida e de morte significa,
no fundo, que ele pode fazer morrer e deixar viver; em todo caso, que a vida e
a morte deixam de ter o monopólio de expressão de fenômenos naturais,
imediatos e modo original passa a se localizar no campo do poder político.
As
sociedades modernas mantiveram e alargaram as características desta concepção
instrumental e meramente, incremental, instrumental e do poder sobre a
vida. No plano dos mecanismos, das técnicas, das tecnologias de poder a partir, principalmente, dos Séculos XVII e Século XVIII, e elas se tornaram essencialmente centradas no corpo,
no corpo individual.
Disso se deduzia todos os procedimentos pelos quais se assegurava a distribuição espacial dos corpos individuais (sua separação, seu alinhamento, sua colocação em série e em vigilância e organizações disciplinares...). S egundo Foucault toda esta tecnologia disciplinar do trabalho já se encontrava presente, sobretudo na Europa, ainda que não expandida, já no final do século XVII e no decorrer do século XVIII.
Disso se deduzia todos os procedimentos pelos quais se assegurava a distribuição espacial dos corpos individuais (sua separação, seu alinhamento, sua colocação em série e em vigilância e organizações disciplinares...). S
Eram
também técnicas pelas quais nossos corpos se incumbiam e tentavam aumentar a
força útil através do exercício, do treinamento, da rotina normatizada da vida,
etc. Somam-se igualmente técnicas de racionalização e de economia estrita de um
poder que devia se exercer, da maneira menos onerosa possível, mediante todo um
sistema de vigilância, de hierarquias, de inspeções, de escriturações, de
relatórios,... Toda uma tecnologia da engenharia normativa de tecnologia
disciplinar do trabalho e da vida. S
O
que Foulcault não poderia vislumbrar é que hoje as tecnologias pós normativas disciplinares nos
dirigem para uma religião dogmática e cibernética da codificação irreflexiva e
do desenvolvimentismo automático prometendo emergindo a possibilidade do
paradoxo do pós-biológico, ou seja, da vida biologicamente pura.
Ao
que essas novas técnicas de poder disciplinar se aplica não mais apenas junto a disciplina e que se dirige ao corpo, ao homem-corpo, mas ao homem-cognitivo codificador e não da vida-espécie de longo agora. O ser aqui que deve acontecer enquanto vive; a humanidade-espécie. A política sobre o corpo humano é algo que
já não é uma anátomo-política do corpo humano, mas de uma
"biopolítica". Uma biopolítica da cibernetificação apenas de partes ativas de um corpo sedentário, mas nómades em links e submerso no universo da cognição cibernética. Uma emergência,
ainda que embrionária, de um “biopoder” ocupado e da vida colonizada pelos sistemas cibernéticos.
Para
finalizar, a biopolítica, também, terá que se preparar para dar respostas aos
problemas complexos que surgirão quando da integração da informação digital com
a informação genética, com a programação celular e as novas tecnologias do
envelhecimento.
Pensamos
que é através do biopoder - do poder da vida como espécie inteligente - e não
como indivíduos isolados plugados em tomadas e redes elétricas ou baterias apenas. Teremos que reaprender a aprender uns com os outros e com a vida que se acumula a longo
prazo para além do ciberpitagorismo. Foi Pitágoras o primeiro a imaginar os
números como deuses e o cálculo como uma religião sagrada, nada mais próximo ao
0 ou 1 do dígito binário que comanda todas as ações em interações com os displays.
Números e códigos deuses colonizando pela quantrofenia do uso e do prazer da vida e sobre a vida.
Enfim,
com respeito à diversidade teremos que aprender a encontrar respostas mais
condizentes aos desafios das conquistas tecnológicas.
Porém, só poderemos estar altura desse desafio se voltarmos a pensar novamente como
espécie e não apenas como indivíduos isolados em projeto de longo prazo diante
das conquistas que já realizamos.
Se
não nos engajarmos na busca de novas respostas de vida a longo prazo, pelo
menos, teremos cérebros que estão preocupados em responder pró positivamente as
exigências da vida numa sociedade dominada pela complexidade do
conhecimento e não meramente da informação irreflexiva.
GILSON
LIMA.
"O
que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
Dr.
Pesquisador - CNPQ - Porto Alegre. Professor da UNISC. E-mail: gilima@gmail.com
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
DEPOIS DE 39 ANOS O SEU MACACÃO VOLTOU
PARA QUEM NÃO SABIA AINDA ADOLESCENTE TIVE UMA BANDA DE GARAGEM. Na foto ao lado, Jorge Foques (Janjão) fazia parte dela - o primeiro da direita para a esquerda com a guitarra.
É. Eu cantava, compunha e tocava violão e guitarra base.
Refizemos uma gravação de uma música nossa na época:
A História que seu Kowalski
contou!
Espero que a música mostre aquela velha
energia, a alegria crítica das bandas de Rock de Garagem do final da década de 70. Lembro do clima de gratuidade das experimentações caseiras daquela época.
A regravação quer resgatar um Rock quase acústico, com pouquíssimos
recursos que mostra a alegria, sem perder a ironia diante da arrogância tecnológica
da nossa época atual.
No youtube ver ilustração: https://www.youtube.com/watch?v=c9TkQeq26Dc
Música/Letra: Gilson Lima
Voz: Gilson Lima
Bateria: Alexandre Foques
Baixo: Marcelo Noronha
Guitarra: Jorge Foques
Produção: Viñeta
Estúdio: Som da Luz
Foto: Cem Modos
Ilustração: Thais Lima
Gostaram? Compartilhem!
O download é de graça no link:https://soundcloud.com/jorgefoques/a-historia-que-seu-kovalski-contou
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
ADAPTAR ou REABILITAR?
A grande discussão sobre se devemos
adequar o homem ao ambiente ou vice-versa é polêmica no universo da PcD e está
presente na sociologia da tecnologia.
Entrevista para a Revista Sentidos por: Alexandre Quaresma. REVISTA SENTIDOS NÚMERO 84. Edição de Aniversário. Nas Bancas e Livraria Cultura.
Desenvolvimento tecnológico não Significa necessariamente desenvolvimento humano...
Gilson
Lima, (ao lado com o robô symbios) é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, e doutor em Sociologia com foco
em metodologias informacionais. É pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e também pesquisador junto à Ortobras
em inovação e tecnologia, com atividades na área da interface entre
corpo-cérebro-mente-máquina visando gerar novos produtos e processos de
reabilitação e acessibilidade. Professor da Unisc (Universidade de Santa Cruz
do Sul) e Membership do Research Committee on Clinical Sociology da ISA
(International Sociological Association).
ENTREVISTA
"Somos também cérebros vivos
estudando outros cérebros vivos e eles são muito singulares e não são
objetos estáticos, não ficam quietos para analisarmos. Estão sempre ativos.
Eles existem também em si, mas sempre em interação. Se auto-organizam. Daí
também nossa limitação". Gilson Lima.
Qual o papel das tecnologias na reabilitação humana?
O papel é a evolução simbiogênica entre cérebro, corpo e máquina, tanto para reaprendizagem após lesões como para a melhoria da qualidade de vida na velhice. Tecnologias acopladas ao corpo para a reabilitação são processos antigos. Podemos encontrar o uso de talhas ou talas para imobilizar um desconforto físico na Antiguidade.
Eram
feitas de bambu, folhas, cascas etc. As primeiras evidências do uso apareceram
em corpos mumificados, que datam de 2.750 a 2.625 antes de Cristo. Já em 1517,
temos registros de uma órtese sofisticada feita de metal com o formato de um
braço e que tinha ajuste da posição na articulação. Porém, os estudos e as
pesquisas na área de lesões da medula iniciaram-se como uma das consequências
da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, em razão do surgimento de um grande
número de mutilados, onde cerca de 80% dos lesionados morriam por falta de
cuidados bem básicos de reabilitação.
Nos últimos anos, os estudos
cerebrais e da reabilitação operada com tecnologia avançaram muito. Até pouco
tempo atrás os paraplégicos estavam condenados a terem suas pernas amputadas. Existe também muito a fazer e aprender com tecnologias de processos clínicos, não necessariamente apenas tecnologias de produtos.
Nos últimos anos, os estudos cerebrais
e da reabilitação operada com tecnologia avançaram muito. Até pouco tempo atrás
os paraplégicos estavam condenados a terem suas pernas amputadas.
Tenho trabalhado muito a
integração da cibernética, da pilotagem de telas com microrritmos corporais na
reabilitação e temos obtido resultados surpreendentes em pacientes com lesão
neuronal severa.
Se por um lado alguns lutam
legitimamente por direitos básicos como rampa e acesso especial para
deficientes físicos, entre outras adaptações, outros, talvez mais arrojados,
defendem a ideia de que seria mais inteligente e até economicamente viável
fazê-Ios (pessoas com deficiência física) andar novamente, utilizando
tecnologias semelhantes às atualmente usadas para fins bélicos. O que o senhor
pensa sobre isso?
Não vemos
esses dois lados como antagônicos. É preciso ligar o presente com o futuro,
sempre. Se não estivermos pesquisando inovações, lá adiante o futuro será
apenas uma repetição, melhorada ou piorada, do passado. Uma repetição mais
pequenina, miniaturizada, mais forte, mais veloz, talvez, não melhor, apenas
uma replicação. Mas digo, o que seria mais inteligente a curto prazo? Mudarmos
as cidades totalmente inadequadas ao uso de cadeira de rodas ou apostar em
tecnologias complementares e soluções de mobilidade individual? Os dois. Temos
tudo a fazer. Nossas Cidades não estão sequer adequadas para uso pleno dos
pedestres, mal damos conta de uma manutenção básica em vias
"carroçáveis". Não falo apenas isso para os atuais cadeirantes - que são
milhões neste país -, mas também para os futuros idosos que serão muitos e
muitos nas próximas décadas e que exigirão assistência simbiótica de caminhada corporal;
ambientes de pisos regulares e detalhes de integração cada vez mais
simbióticas. Existem pesquisas de órteses robóticas também para membros
superiores e temos grandes possibilidades para utilizarmos exoesqueleto como
assistência aos idosos diante do envelhecimento da população. A Honda, no
Japão, tem um investimento muito grande em pesquisas de diferentes produtos de
exoesqueleto para idosos. Vejo que num futuro não muito distante o mercado do
envelhecimento - num
sentido amplo - demandará muitos produtos envolvidos na família do exoesqueleto
com um enfoque na saúde e na qualidade de vida.
Segundo o
seu entendimento, qual o papel social da sociologia da tecnologia?
Um papel
geral não sabe, mas eu venho de uma formação inicialmente humana (sociologia).
No Brasil, a sociologia é fortemente marcada pela abordagem clássica do
surgimento da sociedade industrial na Europa do século XIX e com forte cunho
ideológico e político (aqui com p minúsculo porque uma política do conhecimento
também pode ser realizada amplamente com P maiúsculo). Mesmo quando trabalhava com
políticas públicas tínhamos pouco diálogo com a ciência aplicada e metodologias
informacionais em redes cibernéticas e engenharias. Tive que estudar muito além
do que os currículos tradicionais determinavam. Os estudos "chatos".
Comecei pela experimentação em metodologias informacionais em rede até chegar aos
estudos neurocientíficos e da neuroaprendizagem. Tive que me deparar com temas
e metodologias complexas e fragmentadas.
É preciso ligar o presente com o
futuro, sempre. Se não estivermos pesquisando inovações, lá adiante o
futuro será apenas uma repetição, melhorada ou piorada, do passado.
Pesquisei e
lecionei muito no campo da informática por mais de dez anos, de 1993 a 2004.
Minha tese de doutorado foi em Metodologias Informacionais em 2004. Aos poucos fui me dando conta da importância da
informação computável, mas também dos limites da inteligência artificial. Tenho
desenvolvido projetos, processos de reabilitação em base simbiótica com
tecnologias de processos e produtos aplicados para casos de lesões severas
envolvendo a área micromotora operada pelos lobos cerebrais e pelo sulco
lateral (ou sulco de Sylvios), onde o uso de telas computáveis tem ajudado muito
na reabilitação em bases de neuroaprendizagem. A sociologia clínica, por
exemplo, é um campo singular da prática, de um saber fazer pensando. Aplico uma
abordagem que eu denomino simbiogênica, de simbiose. Um symbios entre o
corpo, o cérebro no corpo e o ambiente onde nós acontecemos no mundo.
Acredita-se
que o corpo seria apenas uma "plataforma", a partir da qual se
construiriam novas possibilidades e melhoramentos, sempre pela via técnica. Por
outro lado, essas mesmas tecnologias, que pretensamente seriam usadas para
"melhorar" e "turbinar" o ser humano, também poderiam ser
usados para a reabilitação. Seriam dois caminhos de uma só via técnica? Interessante
é que vemos nesse campo do debate apenas a espécie humana como seres
"superados" pela ciência (trans-humano). Precisamos da ciência e da tecnologia
para isso. Por isso, já somos simbióticos. A evolução caminha em simbiose do corpo
com as máquinas e o ambiente. Para ser duradouro, esse caminho deve ser marcado
pela cooperação em longo prazo.
É essa
cooperação de longo prazo que separa as espécies duradouras da vida na história
de nosso planeta. Quem se depara com a microbiologia descobre
- de
imediato - que é preciso quebrarmos a noção iluminista central de Homo
universalis. Não somos - sequer - uma ilha fisiológica. Somos parte de uma rede
simbiótica de longo prazo entre células nativas, micro-organismos e ambiente. A
maioria das células humanas não é realmente humana. Em nosso corpo de cada 11
células apenas uma é humana! Nosso microbioma é simbiogênico. Algumas das
bactérias benignas do nosso organismo contêm genes que codificam compostos
benéficos que o corpo não consegue produzir sozinho. Reabilitação, mesmo a
clínica, está mais no campo da reeducação interdisciplinar do que apenas das
técnicas informacionais ou de engenharias prescritas. Na reabilitação, quando
mais cedo começar, melhor. Nada disso é futuro.
Como estão atualmente as pesquisas em neurociências no sentido de interfacear o cérebro humano e a infraestrutura técnica já existente? Ou seja, quanto tempo ainda vai levar para um cérebro controlar uma máquina e vice-versa?
Esse debate
é possível apenas se considerarmos o cérebro isolado do corpo e como se ele
fosse um grande sistema de fiação telefônica e de processamento de dados. Controlar
máquinas é algo comum. Hoje precisamos de máquinas para produzir máquinas.
Muitas delas nós humanos não somos capazes de montar, só outras máquinas muito
sofisticadas podem fazê-lo, mas são máquinas. Apenas isso. Pensar, aprender
conhecimentos sociais em uma cultura é muito mais do que processar dados e
informações. Acho que às vezes os tecnólogos esquecem que já controlamos
ferramentas, máquinas, micromáquinas, motorizadas ou não, desde a Antiguidade. Herdamos
esse talento do Homo habilis, o "faz--tudo" que começou a
fabricar instrumentos de pedra cerca de dois milhões de anos atrás. Porém, hoje
dependemos cada vez mais de energia inorgânica, motores e química fina para
viver mais e melhor. Como disse, nosso corpo é imperfeito, mas não creio que
possamos ter nesse planeta vida auto-organizada e complexa sem um corpo
orgânico complexo.
Acho que às vezes os tecnólogos esquecem que já controlamos ferramentas, maquinas micromáquinas, motorizadas ou não, desde a Antiguidade.
Nosso cérebro, diferente do funcionamento maquínico e elétrico que já está muito mais esclarecido, tem ainda muitos mistérios na modelagem de sua bioenergia. Os humanos descobriram o combustível fóssil e acharam que tinham resolvido de vez o problema da energia. Descobrimos a lasca de silício para processar a lógica em sinais elétricos e acreditamos que o cosmos todo ficou digital e lógico. Agora descobrimos os displays individuais e acreditamos que o cérebro mudou e virou uma tela de pixels. O caminho é sempre a simbiose cooperativa. Veja quantos estudos estamos fazendo de produtos biocompatíveis com nossa rede biótica? Mesmo tendo por referência a absurda cifra de 30 milhões de cientistas pesquisando diariamente no mundo. Quantos? Quase nada. Muito já se pode fazer com processos não invasivos e subcutâneos, mas o sistema nervoso central não é muito afeito a visitantes estranhos, muito menos cobre silício, soldas. Sem querer desmerecer a importância dos processos de acoplamentos robóticos, existe muita confusão dos cognitivistas ao afirmar que estabelecemos comandos de sinais biológicos como se fossem comandados pelos pensamentos. Se pensarmos numa vaca vermelha e tivermos conectado o cérebro numa máquina com sensoriamento por ressonância magnética poderemos identificar que temos uma rede sensória ligada a fotos capazes de produzir sensações e imaginação de cores, mas não vamos encontrar nada de vacas e nem mesmo de vermelho. Mas se continuarmos apenas correndo atrás de conexões físicas e de identificar os microcircuitos físicos de interação das cores com vacas, vamos colonizar a imaginação, só encontraremos efetivamente redes físicas de sinapses. Sinapses são apenas pequenos choques sem toque físico entre células - para permitir abrir um canal de transmissão de substâncias químicas escravas da imaginação. Porém o inverso é verdadeiro. O pensamento é escravo da localização física da interação, mas a imaginação é como um pássaro, ele forja ninhos e acontece no mundo voando. Já treinei pacientes com lesões neurais a controlar um cursor de computador apenas com seus micromovimentos em sensoridade simbiótica. Isso já pode ser muito utilizado em reabilitação. Não se trata de controle por pensamentos, mas pelo corpo vivo. O pensamento, a imaginação são uma energia mental que é subproduto dessa interação física e sensória.
Acho que às vezes os tecnólogos esquecem que já controlamos ferramentas, maquinas micromáquinas, motorizadas ou não, desde a Antiguidade.
Nosso cérebro, diferente do funcionamento maquínico e elétrico que já está muito mais esclarecido, tem ainda muitos mistérios na modelagem de sua bioenergia. Os humanos descobriram o combustível fóssil e acharam que tinham resolvido de vez o problema da energia. Descobrimos a lasca de silício para processar a lógica em sinais elétricos e acreditamos que o cosmos todo ficou digital e lógico. Agora descobrimos os displays individuais e acreditamos que o cérebro mudou e virou uma tela de pixels. O caminho é sempre a simbiose cooperativa. Veja quantos estudos estamos fazendo de produtos biocompatíveis com nossa rede biótica? Mesmo tendo por referência a absurda cifra de 30 milhões de cientistas pesquisando diariamente no mundo. Quantos? Quase nada. Muito já se pode fazer com processos não invasivos e subcutâneos, mas o sistema nervoso central não é muito afeito a visitantes estranhos, muito menos cobre silício, soldas. Sem querer desmerecer a importância dos processos de acoplamentos robóticos, existe muita confusão dos cognitivistas ao afirmar que estabelecemos comandos de sinais biológicos como se fossem comandados pelos pensamentos. Se pensarmos numa vaca vermelha e tivermos conectado o cérebro numa máquina com sensoriamento por ressonância magnética poderemos identificar que temos uma rede sensória ligada a fotos capazes de produzir sensações e imaginação de cores, mas não vamos encontrar nada de vacas e nem mesmo de vermelho. Mas se continuarmos apenas correndo atrás de conexões físicas e de identificar os microcircuitos físicos de interação das cores com vacas, vamos colonizar a imaginação, só encontraremos efetivamente redes físicas de sinapses. Sinapses são apenas pequenos choques sem toque físico entre células - para permitir abrir um canal de transmissão de substâncias químicas escravas da imaginação. Porém o inverso é verdadeiro. O pensamento é escravo da localização física da interação, mas a imaginação é como um pássaro, ele forja ninhos e acontece no mundo voando. Já treinei pacientes com lesões neurais a controlar um cursor de computador apenas com seus micromovimentos em sensoridade simbiótica. Isso já pode ser muito utilizado em reabilitação. Não se trata de controle por pensamentos, mas pelo corpo vivo. O pensamento, a imaginação são uma energia mental que é subproduto dessa interação física e sensória.
O cérebro é realmente ainda a última barreira intransponível da fisiologia humana, ou podemos dizer que já estamos começando a transformar essa realidade?
O cérebro não é para mim a última barreira intransponível da ciência, mas a conectividade mental que é operada pelo cérebro, corpo, máquinas e ambientes pode ser. O cérebro é um campo físico de energia que precisa de nutrição orgânica como qualquer outro órgão corporal complexo. Do ponto de vista material e orgânico, o cérebro é nosso órgão mais complexo, que não pode ser visto isoladamente, mas em rede simbiótica. A energia mental que gera a complexidade auto-organizada quando acontecemos no mundo ainda tem muitos mistérios. Ela vem também do corpo, do outro e do ambiente em que vivemos socialmente. A energia somática das emoções é cada vez mais percebida como significativa pelo império dos estudos racionais e da linguagem lógica. Tanto para a aprendizagem, para a memória e cada vez mais para a comunicação.
A abordagem
computacional e cognitivista é muito produtiva, mas nos leva a bifurcações sem
saída. Por exemplo, o neurônio é essencial para o cérebro, uma célula com
comportamento social altamente complexo, mas limitada a transportar
informações. Existem muitas células não neuronais que operam a rede encefálica e
de modo muito importante para que possamos ser como somos. Destas sabemos ainda
muito pouco. Sabemos muito sobre neurônios e os centros de atividade das redes
neurais, mas o estudo da bioquímica do cérebro vivo como um todo ainda é um
dilema repleto de mistérios. Na verdade somos também cérebros vivos estudando
outros cérebros vivos e eles são muito singulares e não são objetos estáticos,
não ficam quietos para analisarmos. Estão sempre ativos. Eles existem também em
si, mas sempre em interação. Se auto-organizam. Daí também nossa limitação.
Como as próteses e exoesqueletos que
começam a surgir podem contribuir nesse contexto de restabelecimento da
locomoção e, por conseguinte, da dignidade humana?
Exoesqueleto é um conceito que trazemos da biologia.
Os animais, segundo a biologia, podem ser artrópodes (exoesqueleto) ou vertebrados
(endoesqueletos). A diferença aqui é entre ter esqueleto externo e esqueleto interno.
Imaginem um caracol. Tudo que se encontra dentro do caracol está protegido pelo
seu exoesqueleto (aquela casca dura que achamos ser a casinha dele). Nós, seres
humanos, acabamos, de um jeito ou de outro, ao longo da nossa evolução, levando
os ossos para dentro do corpo e criamos uma complexa massa externa de frágeis fibras
que permitem muita flexibilidade, excitação de sensibilidade.
Já treinei pacientes com lesões neurais a controlar um cursor de computador apenas com seus micromovimentos em sensoridade simbiótica. Isso já pode ser muito utilizado em reabilitação. Não se trata de controle por pensamentos, mas com o uso do corpo vivo.
A complexidade da vida está na capacidade de movimento. E os humanos são muito complexos porque seus movimentos são possíveis por seus ossos não estarem à mostra. Por outro lado, isso nos torna altamente frágeis. O estudo da possibilidade de integrarmos exoesqueleto nos seres humanos está vinculado a lesões que afetam nossa mobilidade.
Minha abordagem de exoesqueleto é muito ampla e não
inclui apenas máquinas de reabilitação robotizadas como se tornou mais
conhecido atualmente pela pesquisa tecnológica. Óculos são também um
exoesqueleto (fantástico porque nos protege e nos repõe a visão). Imagino - num
futuro próximo - roupas com tecidos entrelaçados de nanopartículas de aço e
muito resistentes, tornando-se algo muito mais útil do que nos cobrir do frio, calor
e da chuva. As novas vestimentas simbióticas serão também uma unidade autônoma
de diagnose permanente do funcionamento de nossos órgãos no corpo, acoplado com
microssensores diversos para múltiplos fins de interação com o ambiente. No
mundo, algumas pessoas com déficit de mobilidade já estão utilizando em escala
reduzida órteses robotizadas que são muito sofisticadas. Temos muitos desafios
clínicos e tecnológicos ainda não completamente sanados para um uso pleno e em
grande escala social de órteses robóticas sofisticadas de exoesqueleto. Alguns são de infraestrutura pública e não apenas
de fabricação, de montarmos um produto.
Como o Brasil está posicionado nesse
competitivo e promissor mercado em termos de iniciativas de projetos e
pesquisas?
O Brasil
está bem na pesquisa científica. Quem dera nossas pós-graduações fossem
referência para as diversas escolas e extensões de ensino em geral. No Brasil o
estudo de órteses de exoesqueleto tanto puramente mecânicas como as hibridas
com processos e máquinas de reabilitação robotizadas são muito recentes. Quando
comecei minhas pesquisas básicas no assunto, em 2005, praticamente toda a
literatura e pesquisa aplicada eram internacionais e, mesmo assim, muito
reduzidas. No Brasil existem projetos acadêmicos isolados e um projeto muito
apoiado e em andamento, coordenado pelo dr. Miguel Nicolelis. Trata-se de um
projeto para tetraplégicos (veja, não é para paraplégicos), onde se montou um
exoesqueleto para a Copa (em 2014), comandado diretamente - segundo ele - pelo
"cérebro". Miguel Nicolelis é brasileiro, tem uma base de
transferência de pesquisa no Brasil na cidade de Natal, Rio Grande do Norte,
mas ele atua efetivamente nos Estados Unidos. Seu projeto é altamente complexo,
mas altamente invasivo e que só será possível de ser realizado com apoio de
pesquisas acumuladas feitas nos Estados Unidos com modelo animal (ratos,
camundongos e primatas).
Meu envolvimento experimental clínico com o
exoesqueleto começou em 2006, quando conheci um professor universitário
paraplégico e comecei a me concentrar numa possível alternativa de montar um
exoesqueleto para cadeirantes. Minha primeira conferência pública sobre o tema
foi em Natal, num seminário internacional de nanotecnologia, em 2008. A
produção de órteses de baixa complexidade no Brasil é um campo muito modesto e
recente até hoje. Não creio sequer numa possibilidade de projetos dessa
complexidade apenas com apoio da comunidade brasileira. Nossas pesquisas são
embasadas em experimentações e tecnologias já utilizadas internacionalmente em
muitos países (Japão, Hungria, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Rússia,
França, Suíça...). Será necessário obtermos parceria e aprendizagem internacional.
É o que estamos fazendo. As pesquisas em órteses complexas, amplamente interdisciplinares,
são caras e de longo prazo. Temos tentado financiamentos de incremento de base
para produzirmos um exoesqueleto simbiótico e não temos conseguido sucesso.
"Alexandre Quaresma é escritor
ensaísta, pesquisador de tecnologias e consequências socioambientais, com
especial interesse na crítica da tecnologia. É membro da Renanosoma (Rede de Pesquisa em
Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente), vinculado à FDB (Fundação Amazônica
de Defesa da Biosfera) e membro do Conselho Editorial de Ciência e Sociedade da
Revista Internacional de Ciencia y Sociedad, do Common Ground Publishing. E-mail: a-quaresma@hotmail.com
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