Modéstia a parte discordo totalmente da revista Time e de vários tecnólogos entusiastas do Google Glass.
Dr. Gilson Lima
Cientista em Reabilitação e Pesquisador de Acessibilidade CNPQ-Ortobras.
gilima@gmail.com
A Google é uma fábrica de invenções ninguém pode negar. Uma
referência de pesquisa em inovação também. Porém os óculos do Google (Google
Glass ) vai numa direção contrária a minhas abordagens simbióticas. Azar meu.
Talvez ele até pegue ou estoure no mercado de consumo e novos hábitos. Acho difícil,
mas tem tanta coisa de alta complexidade tecnológica que nos faz regredir que
esse seria apenas mais um caso.
Na minha perspectiva o Google Glass é um exemplo de como uma
tecnologia de ponta pode nos tornar também piores do que somos.
Temos uma complexa rede neuronal e comportamental da visão.
Vemos o mundo colorido e em três dimensões em tempo real. Para isso acontecer,
no complexo processo de migração e formação celular desde a nossa fecundação tem
um determinado momento e num determinado tempo (janela de oportunidade) que
conseguimos definitivamente ver tudo em nossa volta como uma coisa só - mesmo
tendo dois olhos.
Unificamos o mundo. Nosso cérebro é altamente adaptativo,
mas tem seus limites - é claro. A retomada em uma nova dualidade simétrica da
visão é um avanço ou retrocesso? Nossa inteligência mais complexa é intuitiva e
não neuronal-informacional (o que as novas pesquisas e análises estão revelando
e bem ao contrário do que as grandes corporações do digito binário nos impõe).
Nossa inteligência é inconsciente, analógica e ao que tudo indica o papel da
informação computada é mais primário do que imaginávamos. Imagine agora
voltarmos a ter um mundo digital e dual no olhar? Um olho vital orgânico e
outro inorgânico e processando informações da rede em dígitos binários do
universo da informática. Nossa intensidade focal de energia não é assimétrica.
Quando focamos intensamente algo seria (como um ponto de cada vez intensamente
focado). Concentrar intensamente em algo focal é desacelerar a atenção de
outro.
Qual o caminho do Google Glass uma cooperação ampliada ou
um retrocesso? Acredito que é um retrocesso. Somos complexos demais para sermos
duais na visão. Ganhamos a unificação da visão e perderemos novamente. É um
retorno da evolução conquistada pelos nossos antepassados. Nesse caso, digo
novamente, nesse caso, para mim a tecnologia digital é um atraso.
Preferia que o Google fizesse uns óculos que
potencializasse nossa escala de visão microscópica e ou macroscópica (micro e
macro), mas unificada e sem danos de nossas conquistas orgânicas. Imaginem que
um Condor andino pode ver um peixe dentro do mar voando a quase dois mil
metros. Um óculos desse em cooperação com nossa unicidade visional ajudaria
bastante.
Vamos lá. Ainda bem que a fábrica de invenções do Google tem muitas
novidades que vão nos ajudar muito como é o caso do projeto "Loon",
que pretende revolucionar o acesso global a Internet móvel por meio de balões
de ar quente que flutuarão a 20 km do solo (na estratosfera). Porém o
Google Glass não me parece ser uma delas. Imagine então você conversando com um
usuário desses e ele conectado em tempo real podendo gravar sem sua autorização
o que acontece ao seu redor. Precisaria algo em neon dizendo: cuidado você está
sendo filmado. Seria realmente algo muito chato de conviver com esses usuários.
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