A EMERGÊNCIA DA CIVILIZAÇÃO
SIMBIÓTICA:
depois da vida no humano, depois
da civilização humana
Gilson Lima [1]
A forma homem de viver e acontecer no mundo é presa na matéria de sua massa corporal até sua borda. O acontecer no mundo do mamífero humano é algo que acontece depois da fronteira da sua borda corporal, um lá fora. Como se o mundo fosse algo externo e fora de si, um objeto, um meio. Um meio ambiente que está aí para utilizar, consumir, devastar ou até mesmo, sustentar para continuar consumir e devastar para viver. O mundo existe para ele. Um instrumento a seu serviço ao seu dispor.
O humanismo, foi a emergência do homem que renasce agora moderno, que descobriu que vive num Planeta que gira numa constante dança cósmica. Mas esse homem que agora renasce, será eternamente homem, mesmo que ontem não tenha sido, mas agora, imóvel em sua forma homem, não deixará de ser amanhã o que é: um homem decifrador moderno.
Como disse no meu principal livro da emergência da civilização a simbiótica:
Assim – com o humanismo - descobrimos que o Planeta gira, mas o homem não. Nasce junto a esse novo homem moderno a ciência do mundo ocidental centrada nessa crença, de um renascer de um humano potente, um poderoso homem decifrador, imóvel, ao centro, muitas vezes acima e, quase sempre, ausente desse mesmo mundo lá fora onde sua massa corporal acontece.
Interessante que esse homem que renasce aos poucos vai descobrindo um outro ambiente de si, interno a massa corporal, uma maquinaria interna, dentro dele, que permita que ele opere, que funcione e aconteça no mundo. Surge um dualismo do homem moderno até agora não resolvido. As vezes o que está lá dentro de mim, de minha massa corporal é algo também externo que faz com que essa massa corporal funcione para acontecer no mundo lá fora. Às vezes, olhando ainda de fora, parece fazer parte desse mesmo homem, que tem forças ainda não decifradas que gera sua forma homem acontecer em plenitude. Não importa.
Tudo será ainda decifrado pela nova linguagem - a ciência moderna – que descreverá e traçará as linhas de particularidades tanto do cosmos, como revelará todas as leis da natureza e a funcionalidade dos objetos e das coisas, inclusive das coisas que carrego dentro de mim. Essa é uma grande novidade do humano que renasce moderno ele pretende decifrar tudo com sua nova linguagem moderna da matéria. Caminhemos agora com o moderno homem imóvel - que construiu um sistema de mundo lá fora que já está dado como estruturado, sem diferenciação de espaço e sem tempo e ser assim devidamente decifrado.
“Surgem massas inanimadas atravessadas por forças de interação gravitacional em movimentos e trajetórias circulares e elípticas, que vão até ao infinito do finito. Ao mesmo tempo, desconsidera as diferenciações do espaço, a presença perturbadora do tempo e os efetivos limites constitutivos do mundo natural.
Junto com a prepotência racional dos modernos e a cada grande explicação do mundo, revelávamos seus segredos mecânicos de funcionamento e desnudávamos pequenas e grandes descobertas, mas deixávamos de ver-nos juntos e dentro desse mesmo mundo.
A ampliação de nossa prepotente visão do mundo era proporcional ao tempo do longo sono que dormimos tranquilamente junto com os modernos cientistas e, assim, éramos também incapazes de junto com eles, pensarmos acordados, ou seja, estávamos acima e, ao mesmo tempo, ausentes desse mesmo mundo que pensávamos estar revelando.
No entanto, uma perturbação ronda o tranquilo sono da ciência. Descobrimos, agora, que estamos imersos simbioticamente nesse giro copernicano, que fazemos parte dele e giramos juntos com a Terra, dentro de um iô-iô cósmico em expansão e dispersão, em complexa auto-organização. A Terra gira ao redor de si mesma e também dentro de nós, unindo-nos, finalmente, nesse fantástico sonho de vivermos a vida nessa dança cósmica”. (LIMA, Gilson: Nômades de Pedra: 2004)
Evidente que o simbiótico sabe que a forma humana é muito precária, limitada e que opera em mutação de múltiplas dimensões além da matéria de sua massa corporal. Aliás a matéria sólida é apenas uma das dimensões da vida acontecer no mundo. Por essa limitada dimensão atravessa múltiplas forças e energias que sequer suas bordas físicas existem e acontecem em symbios e ao mesmo tempo. Aliás symbios é isso: um acontecer junto sempre.
Não há porque chorar da morte do homem moderno. Com efeito essa forma homem foi enriquecedora, preservou a força do humano de viver, de falar, de salvar-se. Mas é primitivamente predadora, violenta, até mesmo na sua forma de morrer. Não adiante chamar a Deus, ele não salvará o predador. Pois é ele mesmo que mata e salva.
O homem moderno aprisionou a vida na forma homem. Pensa em aprisionar a vida dentro do próprio homem. Aprisionou o som na sua linguagem cognitiva. O saber na lógica computável de dados e links. A vida no trabalho.
Foi preciso que a biologia saltasse para a biologia celular e molecular para descobrir que existe algo além da decifração de códigos lógicos genéticos.
Foi preciso encontrar com novas dobras dimensionais da realizada onde a vida acontece para além da forma homem tal como o humano moderno acreditava que nela a vida acontecia.
O simbiótico começa liberando a vida da forma homem. Liberta a vida presa dentro de si, de sua linguagem e suas crenças humanas. Não abandona suas células humanas em vida, mas agrega um caminhar de um longo agora em cooperação que evolui quanto mais a cooperação evolui.
QUE VENHA A CIVILIZAÇÃO SIMBIÓTICA!
[1] Gilson Lima. É cientista. Aposentou-se depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade. Hoje atua na ciência como atividade voluntária. Criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa - simbiótica. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas e projetos de ciência e tecnoligas de ponta, voltou-se para ciência da vida implantando a simbiótica em protocolos de reabilitação, neuroreabilitação demonstrada em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus.
Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.
Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com
Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas e shows vídeos podem ser acessadas no canal do youtube: