Porque diabéticos são pessoas de riscos para a
covid-19
Gilson Lima
Foram pesquisadores brasileiros que desvendaram
uma das causas da maior gravidade da covid-19 em pacientes diabéticos.
O teor mais alto de glicose no sangue
do paciente diabético é captado por um tipo de célula de defesa conhecido
como monócito e serve como uma fonte de energia extra, que permite ao
novo coronavírus se replicar mais do que em um organismo saudável.
Em resposta à crescente carga viral,
os monócitos passam a liberar uma grande quantidade de citocinas [proteínas com
ação inflamatória], que causam uma série de efeitos, como a morte de células
pulmonares.
Quanto maior a concentração de
glicose no monócito, mais o vírus se replicava e mais as células de defesa
produziam moléculas como as interleucinas 6 [IL-6] e 1 beta [IL-1β][1] e o fator de necrose
tumoral alfa, que estão associadas ao fenômeno conhecido como tempestade de
citocinas, em que não só o pulmão, como todo o organismo, é exposto a essa
resposta imunológica descontrolada, desencadeando várias alterações sistêmicas
observadas em pacientes graves e que pode levar à morte.
O fator => Antioxidantes
Para tentar reverter os efeitos, os
pesquisadores testaram antioxidantes nas células infectadas, o que mostrou que
a hipóxia 1 alfa[2]
diminuía a sua atividade e, assim, deixava de influenciar o metabolismo da
glicose. Como consequência, fazia com que o vírus parasse de se replicar nos
monócitos, as células de defesa infectadas, que não mais produziam citocinas
tóxicas para o organismo.
Quando se intervêm no monócito com
antioxidantes ou com drogas que inibem o metabolismo da glicose, se reverte a
replicação do vírus e também a disfunção em outras células de defesa, os
linfócitos T. Com isso, se evita ainda morte das células pulmonares.
Como as drogas usadas nos
experimentos com células estão atualmente em testes clínicos para alguns tipos
de câncer, poderiam futuramente ser testadas em pacientes com covid-19.
Para saber mais.
Artigo: Elevated glucose levels favor
SARS-CoV-2 infection and monocyte response through a HIF-1?/glycolysis
dependent axis
Autores: Ana Campos Codo, Gustavo Gastão Davanzo, Lauar Brito Monteiro, et alli
Publicação: Cell Metabolism
DOI: 10.2139/ssrn.3606770
Autores: Ana Campos Codo, Gustavo Gastão Davanzo, Lauar Brito Monteiro, et alli
Publicação: Cell Metabolism
DOI: 10.2139/ssrn.3606770
[1]
Interleucina 6 (IL-6) é uma interleucina que atua como uma citocina pró-inflamatória
e uma miocina anti-inflamatória. Nos seres humanos, é codificada pelo gene de
IL6.
IL-6 é secretada por
células T e macrófagos para estimular a resposta imune, por exemplo, durante a
infecção e depois do trauma, especialmente queimaduras ou outros danos nos
tecidos que conduz à inflamação. IL-6 tem também um papel na luta contra a
infecção, como ele tem sido demonstrado em ratos sendo necessária para a
resistência contra a bactéria Streptococcus pneumoniae.
[2]
HIF-1-alfa , é uma subunidade de um fator de transcrição heterodimérico fator 1
induzível por hipóxia (HIF-1) codificado pelo gene HIF1A . É uma
hélice-volta-hélice do domínio PAS contendo proteína , e é considerada como o
principal regulador da transcrição de resposta celular e desenvolvimento de hipóxia.
2 comentários:
Parabéns pela matéria, bem esclarecida. Para profissionais da área só acrescenta.
Que bom que gostou Elisangela.
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