O Stress é algo natural, de vital
importância e criado na evolução para defender o nosso corpo dos perigos e
ataques de predadores. Diante de ameaças nosso cérebro prepara nosso corpo para
enfrentar: ejeta adrenalina para diminuir ou zerar a dor, cortisol para aumentar
nossa agilidade e resistência e intensifica a ação da amigdala (um núcleo interno
cerebral responsável pelas emoções como medo e ameaças).

Não se trata de um problema moral, mas um problema social, econômico que descapitaliza a criatividade aplicada, a bondade, a solidariedade, a atração social entre o mundo e as pessoas e injeta a violência e o desespero sutil ou bárbaro.
Nenhuma ideia, dessas antes da modernidade
industrial, o homem viveu. Essa tamanha obsessão de medir e se submeter cientificamente
o controle do tempo. De valorizar, premiar quem conseguisse otimizar
cientificamente o seu tempo, de produzir ou consumir mais com a menor
quantidade de segundos.
Segundo Domenico de Masi “Nem mesmo
os escravos da Grécia e na Roma pagã, trabalhavam mais do que seis horas por
dia. Salvo casos excepcionais, como a construção de muros de defesa ou a
preparação de festas, a corrida pertencia ao mundo da ginástica; já a dedicação
em regime de tempo integral, pertencia à guerra”. (DE MASI, 2003: 600)[1].
Domênico de Masi, nos lembra dum
episódio interessante: no começo do Século XX, um chefe indígena das ilhas
Samoa – Tuiavii de Tiavea – teve a oportunidade de realizar uma viagem a Europa
e de escrever uma espécie de reportagem antropológica sobre usos e costumes dos
brancos europeus que ele chamou de Papalagi.
Vejamos:
“O Papalagi está sempre
descontente com seu tempo e se lamenta com o Grande Espírito porque não lhe deu
tempo bastante... Nunca entendi bem essa coisa e penso que se trata e penso que
se trata mesmo de uma grave doença. `O tempo me escapa ´, `O tempo corre como
um potro enlouquecido!´, `Me dê um pouco de tempo´. Essas são as queixas
habituais que fazem os homens brancos... Suponho que seja uma doença porque o
homem branco tem vontade de fazer algo que seu coração deseje de verdade, por
exemplo, andar ao sol, ou passear no rio com uma canoa e queira amar sua
menina, assim estraga toda sua alegria, atormentando-se com o pensamento: `Não
tenho tempo de estar contente.´... Há Papalagi que afirma nunca ter tempo.
Correm em volta como desesperados, como possuídos pelo demônio e onde quer que
estejam fazem o mal e provocam mal-estar e criam espanto porque perderam seu
tempo”.
(2) MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
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