O Stress é algo natural, de vital
importância e criado na evolução para defender o nosso corpo dos perigos e
ataques de predadores. Diante de ameaças nosso cérebro prepara nosso corpo para
enfrentar: ejeta adrenalina para diminuir ou zerar a dor, cortisol para aumentar
nossa agilidade e resistência e intensifica a ação da amigdala (um núcleo interno
cerebral responsável pelas emoções como medo e ameaças).
Aquilo, porém que chamamos de stress
é uma doença social adquirida e inventada, principalmente, a partir da economia
industrial. Uma tensão nervosa permanente, uma patologia que ativa, os mesmos
processos primários de defesa do corpo, mesmo quando não estamos sendo atacados
ou submetidos por um determinado perigo ou ameaça. Uma doença histórica,
cultural e inventada e que só pode ser curada socialmente, não apenas
individualmente.
Não se trata de um problema moral, mas um problema social, econômico que descapitaliza a criatividade aplicada, a bondade, a solidariedade, a atração social entre o mundo e as pessoas e injeta a violência e o desespero sutil ou bárbaro.
Não se trata de um problema moral, mas um problema social, econômico que descapitaliza a criatividade aplicada, a bondade, a solidariedade, a atração social entre o mundo e as pessoas e injeta a violência e o desespero sutil ou bárbaro.
Nenhuma ideia, dessas antes da modernidade
industrial, o homem viveu. Essa tamanha obsessão de medir e se submeter cientificamente
o controle do tempo. De valorizar, premiar quem conseguisse otimizar
cientificamente o seu tempo, de produzir ou consumir mais com a menor
quantidade de segundos.
Segundo Domenico de Masi “Nem mesmo
os escravos da Grécia e na Roma pagã, trabalhavam mais do que seis horas por
dia. Salvo casos excepcionais, como a construção de muros de defesa ou a
preparação de festas, a corrida pertencia ao mundo da ginástica; já a dedicação
em regime de tempo integral, pertencia à guerra”. (DE MASI, 2003: 600)[1].
Nós, os humanos, na era industrial, vivemos
a ânsia da velocidade, a hipnose de conexão em tempo real, a alucinação do
tempo sem espaço. Uma aceleração sem trégua, um auto-acelerar-se permanente.
Domênico de Masi, nos lembra dum
episódio interessante: no começo do Século XX, um chefe indígena das ilhas
Samoa – Tuiavii de Tiavea – teve a oportunidade de realizar uma viagem a Europa
e de escrever uma espécie de reportagem antropológica sobre usos e costumes dos
brancos europeus que ele chamou de Papalagi.
Vejamos:
“O Papalagi está sempre
descontente com seu tempo e se lamenta com o Grande Espírito porque não lhe deu
tempo bastante... Nunca entendi bem essa coisa e penso que se trata e penso que
se trata mesmo de uma grave doença. `O tempo me escapa ´, `O tempo corre como
um potro enlouquecido!´, `Me dê um pouco de tempo´. Essas são as queixas
habituais que fazem os homens brancos... Suponho que seja uma doença porque o
homem branco tem vontade de fazer algo que seu coração deseje de verdade, por
exemplo, andar ao sol, ou passear no rio com uma canoa e queira amar sua
menina, assim estraga toda sua alegria, atormentando-se com o pensamento: `Não
tenho tempo de estar contente.´... Há Papalagi que afirma nunca ter tempo.
Correm em volta como desesperados, como possuídos pelo demônio e onde quer que
estejam fazem o mal e provocam mal-estar e criam espanto porque perderam seu
tempo”.
Continuamos a repassar essa doença as
crianças e jovens, naturalizamos que o mal estar embrutecedor que sabotam nossa
inteligência, onde viver e conviver se torna apenas um instante, nada mais que
um instante que já se foi. Podemos inventar uma nova e mais radical modernidade reflexiva, onde podemos nos apressar para que possamos conviver e viver lentamente.
(2) MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
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