Gilson Lima[1]
Não é o vírus que mata. É preciso
separar o vírus da doença para entender a complexidade da pandemia. Cansei de
dizer, de escrever, de falar...
Comecei a verificar isso estudando
as epidemias do CORONA anteriores a Pandemia. A SAR-COV-1 na China e em 2003 e
a MAERS-COV de 20216 na Arábia Saudita. Já naquela época alguns
estudos de óbitos e coletas de sangue em pacientes já demonstravam uma
indicação interessante.
Os glóbulos brancos
de doentes graves da linha de frente no combate ao vírus liberavam moléculas
inflamatórias chamadas citocinas, que por sua vez convocam mais células do
sistema imunológico que matam as células infectadas por vírus, mas deixavam
para trás um monte de líquido e células mortas. Esta é a patologia
subjacente da pneumonia, com seus sintomas correspondentes:
tosse; febre; e respiração rápida e superficial. Seus pulmões ficavam
crivados de opacidades brancas onde o
espaço negro - o ar - deveria estar. Normalmente, esses pacientes acabam
em ventiladores. Muitos morriam.
O interessante é
que o mesmo acontecia com pacientes da COVID-19. Vários estudos já foram
indicando isso desde o início das hospitalizações. O termo cunhado a cunhar é tempestade de citocinas. Eu vou deixar dezenas e dezenas deles que
são apenas alguns, em referências abaixo para quem duvida. (142 artigos científicos e mais uma coletânea bem diversa de links).
A definição de
tempestade de citocinas do National Cancer Institute é "uma reação imunológica severa na qual o
corpo libera muitas citocinas no sangue muito rapidamente". Vou
repetir agora sem aspas: uma reação imunológica severa na qual o corpo libera
muitas citocinas no sangue muito rapidamente. O termo é considerado
sinônimo de hipercitocinemia que é uma
resposta inflamatória saindo do controle da homeostase do sistema imune.
Tudo que tenho falado não é
nenhuma novidade para muitos cientistas que não são nem mesmo da minha linha de
que estamos olhando para o lugar errado.
O que não entendo é por que essa
linha não foi tão explorada quanto às vacinas. Poderiam ter dado pelo menos 10%
das verbas das vacinas para explorar medicações e pesquisas clínicas para essas
indicações que estavam na cara de todo mundo.
Verifiquei mais de 165 estudos
nessa linha entre janeiro de 2020 a agosto de 2020. Repito! Mais de 165 estudos
em diferentes países e publicados em diferentes Revistas científicas. Estudos
que foram verificados por pares. Alguns deles publicados nas mais conceituadas
Revistas Científicas do Mundo.
Verifiquei estudos de comparação com o sistema imune de crianças que ficavam severamente doentes. De jovens sadios que acometeram severamente pela doença. Estudos dos genes explicitaram o erro na avaliações desses sistemas imunes inatos diante da morfologia do vírus.
Verifiquei estudos que orientaram diretamente a necessidade de monitoramento das citocinas. Desde a entrada no hospital até os que se curavam do vírus e tinham alta para evitar sequelas futuras de pacientes sem vírus, mas com citocinas inflamatórias em diferentes órgãos.
Em
julho de 2020 se verificou que todas respostas
imunológicas estranhas que estavam sendo ativadas em casos graves foi pelo
sistema imunológico, foi ele que produziu uma enxurrada de proteínas de
citocinas. Foram encontradas quatro
assinaturas imunológicas e isso foi
publicado na Nature em julho de 2020.
Todos que pesquisaram nessa linha indicaram de algum a hiperinflamação e as citocinas. Então diferentes países e alguns feitos em campo na atividade intensiva de Hospitais altamente credenciados reconhecidos no mundo inteiro.
Estudos que chegaram a indicar precisamente onde se localizava o erro na avaliação do sistema inato junto ao SAR-COV-2 diante da morfologia desse vírus e que disparava a desorganização do ataque. Um ataque desorganizado que produzia muitas moléculas inflamatórias atingindo aos as células sadias dos órgãos onde o vírus tinha instalado.
Em 2021 só um estudo gerou 70
artigos só falando disso. Em diferentes países. Cientistas que pesquisam em
hospitais indicaram explicitamente a necessidade de monitorar as citocinas. Não
só a Interleucina IL-6, mas ela inclusive.
Zulvikar Syambani Ulhaq e Gita Vita Soraya em Publicado online em 4 de abril de
2020 no Médecine et Maladies Infectieuses diziam que a falta de avaliação inicial imediata do nível de
IL-6 realizada na admissão hospitalar de pacientes com COVID-19, devido aos
seus potenciais benefícios pode piorar as características clínicas e a
progressão da doença no COVID-19.
Em 6 de agosto de
2020 (Ryo Otsuka e Ken-ichiro Seino do Instituto de Medicina Genética (IGM) da
Universidade de Hokkaido) demonstram novamente que uma porcentagem
significativa de casos de COVID-19 são graves o suficiente para justificar a verificação
de citocinas na admissão ao hospital para monitoramento e tratamento.
Não fazem. Não fizeram. Por que
não fazem o monitoramento?
Eles demonstraram
precisamente que a principal causa das mortes da COVID-129 é a tempestade de
citocinas, que ocorre quando a hiperativação das células imunológicas leva a
uma grande quantidade de citocinas (moléculas de sinalização celular), que por
sua vez desencadeiam a hiperinflamação sistêmica. Se não for tratado, isso
leva à falência de múltiplos órgãos e, finalmente, à morte. Se a
tempestade de citocinas pudesse ser enfraquecida ou evitada, o número de
mortalidades devido a esse fenômeno diminuiria drasticamente, reduzindo a
mortalidade geral para COVID-19.
Além disso, sempre que se mede os pacientes com COVID-19
graves exibem níveis sérios e significativamente aumentados de citocinas
pró-inflamatórias (por exemplo, IL-6, IL-1β, IL-2, IL-8, IL-17, G-CSF, GM-CSF ,
IP-10, MCP-1, CCL3 e TNFα).
É certo que ninguém faz a conexão que tendo demonstrar pela ótica da simbiogênese onde é preciso separar o vírus da doença.
Porque não veem isso? A medicina não é simbiótica, a ciência – quase sempre - é assimbiótica mesmo quando interfere na vida. Tem que ter um outro enfoque. Sair do velho paradigma. Abrir para o sistema inato não é fácil.
Porque você come uma banana e não
é atacado pelo sistema imune? É algo estranho no corpo? Afinal uma banana não é
humana. Nós engolimos uma comida que viaja até o estômago e o intestino. O
ácido quebra, e então nutrientes são espalhados pelo corpo – minúsculos fragmentos
estranhos, mas de tremenda importância para nossa sobrevivência. Como o corpo
abe a diferença de que algo entranho é ou não perigoso para o organismo?
As pesquisas da AIDS ajudaram muito
a entender isso e realmente descobrimos que junto com o sistema imune
adaptativo das células T e B temos um sistema inato que era totalmente negligenciado
por séculos pela ciência. É graças a ele que o sistema adaptativo vai ser
orientado a atacar ou não o invasor. As células T e B recebiam a informação do
invasor, mas não entravam em ação até
receber uma outra informação num sinal: MATE.
É aqui que entram as citocinas
que de algum modo – por erro molecular de avaliação – ou deterioração do
sistema imune inato geram uma informação equivocada de que o invasor é um
elefante quando na verdade seria uma formiga. Para matar um elefante precisa
de muito mais munição e daí vem o estrago. O ataque mortal é mortal também para
as células do entorno. São essas substâncias que geram a inflação e não é o vírus.
E é a inflação que gera a doença e não o vírus.
Tudo poderia ser de algum modo
menos complicado para quem entra no caminho da doença se tivesse as citocinas
monitorada. Pois elas permitem indicar o grau da destruição em andamento e de
algum modo impedir o agravamento da doença com medicações dirigidas
especificamente para essa doença. Mas onde foram essas pesquisas? Adianta ficar
usando medicações antivirais de outras doenças? Antibióticos de outras doenças?
Por que não ocorreu em massa pesquisas para enfrentar essa doença e com
medicações estudadas especificamente para essa doença? Até ocorreram, mas num nível
muito insignificante perante, por exemplo, o das vacinas.
Está claro que os assintomáticos
não ficam doentes. Está claro que mesmo os pacientes graves quando entram em intubação
já estão com carga viral baixa. Ficam sem vírus. Mesmo na UTI já estão com
baixa carga viral. Depois de 14 dias...., alguns sem vírus ainda ficam doentes.
Porque? Por que?
Está claro o caminho da doença. É
uma doença do sistema imune de alguns. Suficientemente muitos para atacar os
sistema de saúde. Mas é uma doença do sistema imune. Por que não dedicam a isso?
Medicações.
Muitos pacientes
que tem alta mesmo sem vírus lá adiante tem sequelas. Por que? Porque ainda
estão com citocinas inflamatórias que junto com os fragmentos de vírus
penetraram na corrente sanguínea e estão lá nos órgãos. Em diferentes órgãos.
Por que então não monitoram as citocinas dos pacientes que terão alta? Por que
estão olhando para o outro lado. Estão olhando para o vírus. Como se a causa da
doença fosse o vírus.
Na COVID-19 nenhum
hospital do mundo hoje (março de 2021), monitoram as citocinas. Vários
estudos já indicaram a necessidade disso (deixarei abaixo as referências). Um
simples exame de sangue. Citolografia de fluxo. Porque não monitoram as
citocinas depois que dão alta para os pacientes hospitalares?
Porque não
investiram em pesquisas de medicamentos para tratar a chave do problema da
doença? Não antivirais. Não antivirais de outros vírus totalmente diferentes
desse que não é fatal. Não apenas vacina? Por que estão olhando para o lado
errado. Ou só para um lado, no mínimo.
Estudo com mais de
89 citações demonstrou em 2020 resultados que
tratamentos imunomoduladores ou imunossupressores da interleucina (IL) -6 e
antagonistas de IL-1, podem ser considerados como opções de tratamento para
COVID-19, particularmente em doença grave.
Por
que não investiram na linha de medicamentos e ensaios clínicos tanto quanto nas
vacinas? Por que o foco é o vírus. Como se o vírus causasse a doença. Mas o
vírus não causa em si a doença. Não é o vírus que mata.
Estágios
mais avançados de COVID ‐ 19 (síndrome da tempestade de citocinas), o
tratamento provavelmente deveria se concentrar na redução da inflamação
descontrolada, bloqueando a IL ‐ 6, TNF ‐ alfa ou removendo as citocinas por hemoperfusão. A
IL-6 pode bloquear células T citotóxicas CD8 + inibindo a
secreção de interferon gama. Além disso, a IL ‐ 6 induzindo a
supressão da sinalização de citocinas (SOCS ‐ 3) e aumentando a expressão de PD ‐ 1 pode paralisar a
resposta antiviral mediada por células durante uma tempestade de citocinas.
Estudos mais robustos mostraram que agentes biológicos usados
para tratamento bloqueando os efeitos da IL-1 e IL-6 respectivamente, mostrou
benefício significativo na sobrevida em pacientes com hiperinflamação na
COVID-19. Não seria um caminho a investigar? A investir?
Os pesquisadores já realizaram testes clínicos com
medicamentos classificados como alfa-bloqueadores. Claro que tiveram que se
virar com o que se tem em prateleira já que não existia interesse em investigar
no problema central da doença que não era o vírus.
Os estudos em roedores mostraram que as drogas podem diminuir
o ciclo de hiperinflação antes que ele acelere. Isso em maio de 2020. Por que
não foi adiante?
Por que lideres
negacionistas tão ignorantes, que negam a vacina, negam o distanciamento e até mesmo
o vírus e que as mortes existem não investem então nisso? Eles dizem que as
vacinas não deveriam existir. Então porque não investiram então em pesquisas
para enfrentar a doença? Essa é fácil. Por que não queriam. Por que não estão
interessados na vida. Por que são líderes antibióticos. Estão do lado da morte
e não gestores da vida. Antibiótico. Bio = vida. Anto é a não vida que é = a
morte.
Sim bióticos. Estão
em conexão do sim a vida.
Então me responda de novo. Por
que os tais assintomáticos resolvem e convivem muito bem com o vírus e não ficam
doentes? Por que são assintomáticos? Não. Por que seu sistema imune é mais
evoluído frente a essa interação.
A simbiogênese na medicina e na
ciência da vida é ainda muito marginal. Nem falo nas ciências humanas (a
social) que até onde sei – tomara que esteja enganado – sou um dos únicos que
demonstrei ser alçada a sociedade, a economia, a tecnologia e interfaces simbióticas
com o corpo e até agora nada disso é ensinado, nas universidades, nos cursos de
medicinas, nas escolas,... nada.
Simbiogênese na medicina e na
ciência da vida é marginal. Nem falo nas ciências humanas (a social) que até
onde sei – tomara que esteja enganado – sou um dos únicos que demonstrei e até
agora nada disso é ensinado.
Precisamos mudar o olhar para a Doença. A COVID-19 É UMA DOENÇA DO SISTEMA IMUNE. Precisamos enfrentar o efetivo centro de atividade dessa doença. Não é o vírus. O vírus não é o centro de atividade da doença, mas o sistema imune de alguns é. Tenho dito.
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[1] Gilson Lima. É cientista. Aposentou-se depois de décadas de atuação independente sobre múltiplos campos da vida e da tecnologia na complexidade. Hoje atua na ciência como atividade voluntária. Criou a teoria não natural da simbiogênese cooperativa na evolução cérebro, máquinas, corpos e sociedade. Foi por vários anos pesquisador acadêmico e industrial coordenando bancadas de pesquisas de ciência de ponta, tecnologia e protocolos de neuroreabilitação em diferentes cidades e diferentes países principalmente, europeus.
Tem formação original humanística e foi voltando seus estudos e pesquisas desde o início dos anos 90 para a abordagem da complexidade nas metodologias informacionais, depois na nanotecnologia e nos últimos 15 anos de carreira focou na neuroaprendizagem e reabilitação envolvendo a simbiogênese e interfaces colaborativas entre cérebro, corpos e displays.
Inventor de várias tecnologias, softwares e protocolos clínicos.
Escritor. Muitas de suas atividades e textos estão disponíveis no blog: http://glolima.blogspot.com
Atualmente retomou sua atividade como músico compositor, cantor que atuava na adolescência produzindo atualmente suas canções e coordenando a Banda Seu Kowalsky e os Nômades de Pedra. Suas músicas e shows vídeos podem ser acessadas no canal do youtube. https://www.youtube.com/c/seukowalskyeosnomadesdepedra
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https://www.asiaresearchnews.com/content/cellular-level-interactions-lead-cytokine-storm-covid-19
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https://www.selecoes.com.br/coronavirus/covid-19-ataque-autoimune/
http://crid.fmrp.usp.br/site/2014/09/25/imunologia-nas-escolas-inflamacao-2a-aula/
MEDICAMENTOS ALFA-BLOQUEADORES
https://pfarma.com.br/coronavirus/6104-inflamassomas-tempestade-citocinas-covid19.html
CITOCINAS NAS CRIANÇAS
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/08/25/morte-crianca-coronavirus-coracao-usp.htm
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