Simbiogênese
Gilson
Lima[1]
História do Conceito
A
SIMBIOGÊNESE[2] é um conceito central para
uma nova teoria social em busca da evolução para uma civilização pró-biótica,
simbiótica. É um
conceito fundamental integrado num esforço que venho realizando para demonstrar
uma nova Teoria Social.
Então, a simbiogênese integra o espectro
das abordagens evolucionistas. Porém, com rupturas significativas com a moderna
tradição evolucionista de Charles Darwin aos desenvolvimentistas de todos os
matizes de direita, centro e esquerda.
Vou
em primeiro lugar gostaria de esclarecer um pouco mais sobre a origem do
conceito simbiogênese. Quando falamos em simbiogênese estamos no universo da
vida. É o que interessa para simbiótica. Bio = vida. Veremos que quando aliamos
a teoria social da sociedade e civilição simbiótica não aceitamos a idéia de
“meio ambiente”. Não há ambiente pela metade e nunca sem estarmos acontecendo
nele juntos (SYMBIOS = fazer juntos sempre - iseparável).
Desde
a Eco 1992 no Rio de Janeiro uma das primeiras e mais importantes conferências
mundiais em defesa da saúde de nosso Planeta, defendi contra o reducionismo
ambiental e as escolas predadoras dos desenvolvimentistas de todos os matizes.
Considero aqui, tabém, mesmo de modo diferenciado os defensores do
desenvolvimento “sustentável”.
Em diversos encontros internacionais –
principalmente fora do país – muitos sociólogos e alguns cientistas incrédulos
torcem o nariz quase um brasileiro, ainda pro cima situado numa província desse
país semiperiférico, ter a petulância de querer construir uma nova teoria, que
permita uma melhor compreensão de nossa sociedade contemporânea?
Pois, respondo que, por incrível que
pareça, foi na periferia e na margem dos grandes centros intelectuais e
tecnológicos que se produziram muito do que hoje vivemos como grandes
conquistas da humanidade: realizações de hereges e críticos marginalizados.
Penso que, as teorias sociológicas são,
ainda, marcadamente presas ao mundo moderno e industrial e, cada vez mais,
perdem a sua potência explicativa. A teoria da simbiogênese é um esforço que se
soma à grandiosidade da obra de outros vários sociólogos e pensadores sociais,
muitos inclusive, físicos, cientistas da informação computacional, cientistas
da vida e da mente que já descobriram que todas as ciências, diferentemente do
que legisla oficialmente o paradigma moderno, são sociais, ou seja, cada pensamento,
por menos humano que possa parecer é uma parte endógena integrada a uma
simbiose complexa, também, na vida social.
Não tenho a pretensão de estar criando uma
teoria totalmente nova com a teoria da simbiogênese. Ao contrário, penso,
inclusive, que ela não é sequer, uma teoria em si mesma, mas, antes de qualquer
coisa, uma religação profunda com outras teorias e uma conexão com saberes que
se encontram ilhados e isolados. Nisso, quero resgatar um princípio, que os
sábios pré-modernos operavam para a produção de seus conhecimentos e que foi
marginalizado e deixado de lado pelo paradigma moderno, ou seja, o princípio da similitude. A similitude
nos indica que tudo no mundo está ligado e tudo no mundo tende a aproximar-se.
Os modernos, ao contrário, pressupõem a separação como um imperativo da
produção do saber científico disciplinado.
Segundo
lugar tentarei demonstrar - de um modo bem geral - como se integra e dialoga a
simbiogênese junto ao universo das discussões e questões ambientais da
nanociência e nanotecnologia que é a temática central dessa mesa.
Terceiro
lugar tecerei uma rápida crítica as escolas desenvolvimentistas, questionando o
ambiente predador de suas intenções na sociedade moderna. A escolas do
desenvolvimento encontram-se inseridas num movimento teórico e empírico
amplamente praticado na América Latina pelas forças do Estado através de
política e práticas econômicas de mercado e do Estado tanto pela direita autoritárias e suas ditaduras
militares, quanto pelos idólatras do mercado puro, como pelo centro que defende
um desenvolvimento mediador induzido por um Estado forte até mesmo pelas diferentes
matrizes desenvolvimentas da esquerda da ortodoxia ao desenvimentismo
sustentado.
Por
fim farei rádidas considerações finais.
A SIMBIOGÊNESE
Um dos maiores desafios
da formação escolar e acadêmica é a de reencontrar numa teia nova e complexa às
ciências humanas e o saber das humanidades com as ciências da vida. A alienação
disciplinar da ciência moderna nos afasta das compreensões das questões
complexas básicas, como é o caso da evolução e suas implicações sobre nossas
visões sobre o humano e o humanismo. Essa falta de borramento[3] entre as fronteiras
disciplinares tem um efeito perverso de estagnação e precarização reflexiva
entre todos os saberes humanos, ou seja, a ideia de que devemos proteger as ciências sociais e a humanidade do
pensamento evolucionário é uma receita para o desastre.
Um conjunto de realidade
BORRADA evoca novas abordagens paradigmáticas. Um conjunto de realidade borrada
evoca novas abordagens paradigmáticas. O "borramento" é uma
propriedade particular dos sistemas complexos no que se refere à natureza
arbitrária dos limites infrassistêmicos impostos e à abertura das relações
supersistemicas dos contextos e respectivos observadores e
experimentadores.
Não
há um ambiente lá fora de nós. Quando também estamos falando em “ambiente” no
universo namométrico não estamos falando de o que encontramos no universo do
mundo visível a olho nu.
Darwin
publicou sua teoria em 1859, em sua
obra monumental On the Origin of Species e
a completou doze anos mais tarde com The
Descent of Man. Darwin baseou-a teoria em duas idéias fundamentais:
variação casual, que seria posteriormente denominada mutação aleatória, e
seleção natural. Certa
vez Darwin resumiu a seleção natural em poucas e precisas palavras:
“multiplicar, variar, que o mais forte sobreviva, que o mais fraco morra”
(WRIGHT, 1996: 07)[4].
Reconhecemos com Georges
Comte de Buffon[5]
que todos somos parte da grande trama comum da vida existente neste planeta,
mas ainda estamos à procura do salto singular do homem-macaco, mas
Darwin nos legou duas ideias “perigosas” que até hoje foram pouco consideradas
pelo atual reducionismo científico, mesmo com elevada produtividade de mais de
milhões de cientistas da vida e, sobretudo, da vida humana.
Darwin publicou sua teoria em 1859, em sua obra monumental On the Origin of Species e a completou
doze anos mais tarde com The Descent of
Man. Darwin baseou-a teoria em duas idéias fundamentais: variação casual,
que seria posteriormente denominada mutação aleatória, e seleção natural.
Em
1982, Lynn Margulis lançou a idéia
de que as mitocôndrias descendem de bactérias especializadas em conversão de
energia que que foram parasitas de bactérias maiores e que com o tempo passaram
a fazer parte dessas bactérias (Lynn Margulis, 1981)[6].
A conclusão óbvia é que houve um estágio na evolução da vida em que havia pelo
menos dois códigos genéticos diferentes numa mesma complexidade organizada,
ressaltando a importância do parasitismo mutuamente benéfico (conhecido pelo
nome de simbiose) como forma de um
organismo adquirir novas integrações.
À medida que estudava mais
minuciosamente esse fenômeno, Margulis descobriu que quase todos os “genes indisciplinados” derivam de
bactérias e, aos poucos, veio a compreender que eles pertencem a diferentes organismos vivos, pequenas células vivas que
residem dentro de grandes células vivas.
A simbiose, a tendência de diferentes
organismos para viver em estreita associação uns com os outros e, com
freqüência, dentro uns dos outros (como as bactérias dos nossos intestinos), é
um fenômeno difundido e bem conhecido.
No
entanto, Margulis deu um passo além e propôs a hipótese de que simbioses de longa duração, envolvendo bactérias e
outros microorganismos que vivem dentro de células maiores, levaram, e
continuam a levar, a novas formas de vida.
Margulis
publicou, pela primeira vez, sua hipótese revolucionária em meados da década
de 60 e ao longo dos anos a criou uma teoria madura, hoje conhecida como “simbiogênese”, que vê a criação de
novas formas de vida por meio de arranjos simbióticos permanentes como o
principal caminho de evolução para todos os organismos superiores. (apud CAPRA, 1998, p.185)[7].
A
teoria da simbiogênese implica em
uma mudança radical de percepção no pensamento evolutivo. Enquanto a teoria
convencional concebe o desdobramento da vida como um processo no qual as
espécies apenas divergem umas da outras, Lynn Margulis alega que a formação
de novas entidades compostas por meio da simbiose de organismos, antes
considerados independentes, tem sido a mais poderosa e mais importante
das forças da evolução.
Essa
nova visão tem forçado biólogos a reconhecer a importância vital da cooperação
no processo evolutivo. Os darwinistas sociais do século XIX viam somente
competição na natureza — “a natureza, vermelha em dentes e em garras”, como se expressou
o poeta Tennyson —, mas agora estamos começando a reconhecer a cooperação
contínua e a dependência mútua entre todas as formas de vida como aspectos
centrais da evolução. Nas palavras de Margulis e de Sagan: “A vida não se
apossa do globo pelo combate, mas sim, pela formação de redes."( MARGULIS;
SAGAN, 1986, p. 15) .
Na
visão de Lynn Margulis (apud Capra, 1998), o neodarwinismo e podemos incluir os
pesquisadores da vida artificial são fundamentalmente falhos, não somente pelo
fato de basearem-se em conceitos reducionistas, que hoje estão obsoletos, mas
também porque seus procedimentos foram formulados numa linguagem matemática
inapropriada, afirma Margulis: “A
linguagem da vida não é a aritmética e a álgebra comuns, a linguagem da vida é
a química. Os neodarwinistas práticos carecem de conhecimentos relevantes a
respeito, por exemplo, de microbiologia, de biologia celular, de bioquímica e
de ecologia microbiana”(apud CAPRA, 1998, p. 181)[8].
O problema conceitual de importância
central do neodarwinismo é, pelo que parece, sua concepção reducionista do
genoma (infogens) à coleção dos genes de um organismo. As grandes realizações
da biologia molecular, com freqüência descritas como “a quebra do código
genético”, resultaram na tendência para representar o genoma como um arranjo
linear de genes independentes, cada um deles correspondendo a uma
característica biológica.
Apenas
muito recentemente, os biólogos começaram a entender o genoma de um organismo
como uma rede intensamente entrelaçada e a estudar suas atividades a partir de
uma perspectiva mais integrada e complexa.
Na abordagem da
simbiogênese o ambiente Planetário é um sistema vivo, um planeta simbiótico, um
sistema auto organizado que diferente da visão de evolução da vida proposta
Darwin que é focada primordialmente no conflito. A Simbiogênese que também
compartilha da vida em evolução considera e
demonstra que o salto evolutivo e a manutenção dos estágios de evolução
conquistados por uma rede de vida acontece quando numa cooperação de longo
agora entidades de vida em symbios com o ambiente em que acontecem no mundo é
uma rede de vida é superior aos ataques antibióticos e dos predadores frente a
processo em evolução. Na simbiogênese, não é uma espécie individual que se
torna superior e mais forte devora quando devora o mais fraco. Mas a qualidade
e sustentação dos saltos qualitativos de longevidade e da qualidade da rede de
vida na simbiose conquistada são adquiridas na cooperação de longo agora.
Evolui quem coopera num, longo agora, que coopera melhor, com mais qualidade e
complexidade.
No Planeta simbiótico, não existe um conjunto
aqui sem o conjunto ali. Não existe natureza separada da cultura. Não existe
virtual que não seja real. Não existe sequer o “homem” aqui e a natureza lá.
Uma das mais
significativas implicações para uma reflexão complexa e borrada entre
disciplinas é a de realizarmos a quebra do dogma moderno e iluminista da noção
de humanismo e sua centralidade de Homo Universalis com a derivação
normativa nos estatutos dos mesmos direitos. Trata-se de uma matriz humana – narcisista, onde tendemos a
pensar que sozinhos dispomos de todos os recursos necessários para manter nossa
saúde.
As implicações para a
saúde e a vida é imensa. Por exemplo, quando pensamos em micro-organismos que
vivem em nosso corpo (e no mundo em geral) pensamos em entidades patogênicas.
Os seres malignos (a nós).
Assim, descobrimos que
não vivemos numa ilha fisiológica. Nosso microbioma é simbiogênico. Nossa
espécie é também produto de uma aliança de longo agora integrada em cooperação
com uma rede simbiótica, uma gama imensa de micro organismos benéfica a nossa complexidade
em evolução. Em nosso corpo, de cada 11 células, apenas uma é humana. A maioria
das células humanas (internas ao nosso corpo vital humano), não é realmente
humana. As células bacterianas superam as humanas numa relação de 10 para 1 e não ameaçam nossa saúde e são de vital
importância para nossos processos fisiológicos básicos (da digestão à
autodefesa).
A
evolução nos mostra que estamos corretos com a perseguição de nossa hipótese
simbiogênica, ou seja, nos seres humanos, complexos acontecemos
no mundo em redes de cooperação de longo prazo e além de nós mesmos e juntos no
ambiente em que acontecemos n mundo. Não devemos preocupar conosco apenas
quando falamos de saúde e doença. Além do ambiente e hábitos onde acontecemos,
o nosso próprio corpo tem outros seres que como nós acontecem junto quando
acontecemos no mundo.
Nós, humanos, somos
parte de um microbioma (híbrido, simbiótico) – mesmo não nascendo com ele.
Mesmo que em nossa infância ele não esteja nem sequer formado. Começamos a
compor essa rede nos primeiros segundos após o nascimento (amamentação,
contatos com familiares, ambiente social geral...).
Nos últimos cinco anos,
estamos desvelando a complexa teia microfísica de nosso ecossistema
microbiótico. Por exemplo, algumas das bactérias benignas do nosso organismo
contêm genes que codificam compostos benéficos que o corpo não consegue
produzir sozinho. Assim, mudanças no bioma microbiano intestinal contribuem
significativamente para o aumento das taxas de doenças e do nosso equilíbrio
biótico saudável. Sabemos, hoje que muitas doenças crônicas ainda existentes
são decorrências de uma bioenergia nutricional que modelou nossos corpos desde
o Paleolítico. nas sociedades modernas – entre elas obesidade, hipertensão,
doenças coronarianas e diabetes – seriam o resultado de uma incompatibilidade
entre padrões dietéticos modernos e o tipo de dieta que nossa espécie
desenvolveu para se alimentar como caçadores-coletores pré-históricos.
Em síntese, a evolução
nos obriga a enfrentar algumas certezas “milenares” e a arrogância humanista
tomada por uma visão deturpada do
micromundo.
Sabemos que as Bacteróides fragilis vivem em
80% das pessoas no planeta e ajudam a manter o sistema imune em equilíbrio.
Desde o vexame que os racionalistas a-simbióticos tiveram com a publicação
aberta da ciência do censo dos genes microbianos em 2010, verificamos que
apenas do sistema digestivo de humanos existem 3,3 milhões de espécies – com
assinatura de gene próprio cada uma catalogada. Todos nós humanos,
compartilhamos um núcleo complementar básico de genes bacterianos úteis, que
podem provir de diferentes espécies e, pasmem, significam 99,9% do DNA. O
extraordinário é que que os cientistas agora tem que lidar com algo que
significa 150 vezes os 20 a 25 mil genes catalogados do genoma humano. Isso
significa muito o quanto é imensa a nossa insignificância solitária.
Descobrimos também a
ontogênese no ecossistema onde a vida acontece é vital para a espécie humana e
suas singularidades, nem mesmo gêmeos
idênticos compartilham a mesma constituição microbiana.
A
visão da evolução simbiogênica da vida tem nos levado a revisar as reputações
de muitos micros organismos. Por exemplo, a Helicobacter pylori. Recentemente
descobriu-se que se trata, na verdade, de um microrganismo comensal (benigno).
Sua ausência pode desregular a acidez do estômago, até facilitar a obesidade
(atua na grelina- hormônio da fome). Muitas bactérias espirais presentes no
ambiente ácido do estômago são conhecidas, pelo menos, sabemos isso desde 1875,
mas até pouco tempo ela foi considerada apenas um patógeno (provoca doenças).
Os americanos – como sempre – apontaram suas armas e ela foi combatida com
antibióticos. Hoje, menos de 6% de jovens americanos apresentam testes
positivos de| Helicobacter pylori.
Enfim, não existe
possibilidade de enfrentar de modo complexo e aberto os desafios da elucidação
da vida sem o contágio e ligação dos saberes desligados. Esse contágio
inicia-se pelo borramento entre as sólidas fronteiras disciplinares.
A indústria de alimentos
também. Ao contrário, nosso conhecimento sobre a vida é mais sobre a doença é
mais antibiótico, do que simbiótico. Quando pensamos em investir em saúde,
políticos e população em geral pensam em médicos e hospitais. Nos hospitais onde
reinam as doenças e os micro-organismos mais perigosos a teia da vida humana em
cooperação. É lá que devemos evitar e se deslocar para lá apenas para situações
complexas e críticas. O saber da vida deve ser socializado e distribuído entre
farmacêuticos, agentes de saúde, familiares, mídia, produtos domésticos, a
indústria da saúde, etc. Não devemos reduzir a ciência da vida a disciplinas
médicas ou de qualquer especialidade perital segmentada e, deixar a sociedade
fluir o saber e o conhecimento sobre a vida, a saúde. Os médicos devem se
deslocar para um conhecimento de nível mais complexo. Quase tudo – em matéria
de simbiótica (saúde da vida) pode ser resolvido nessas frequências menos
complexas e distribuindo conhecimentos antigos e represados.
A abordagem pró-biótica
(simbiótica) nos abre um leque de oportunidades para a evolução da nossa rede
de vida. A indústria fármaco está colonizada por princípios não simbióticos e
antibióticos. Nós, humanos, já
aprendemos a alterar a bionatureza e a intervir sobre o curso da evolução
proveniente meramente das interações biológicas com a nossa biosfera. Por
exemplo, pesquisadores aprenderam como transformar bactérias em fábricas
capazes de produzir hormônio de crescimento humano (responsável pelo
crescimento dos ossos longos e, portanto, pela altura das crianças) em grandes
quantidades.
Outra questão que precisamos enfrentar frente à matriz humana – narcisista é
significativa implicação da noção de evolução que Darwin nos legou foi a de que
não somos humanos, estamos humanos, somos provisoriamente humanos. Toda espécie
biológica é derivação do tempo em troca de recursos com a natureza. Os humanos chegaram até aqui se envolvendo
em uma complexa simbiose de significativas trocas entre a natureza e recursos.
Uma outra significativa
implicação desse novo diálogo complexo é a de, depois de Darwin, a noção
histórica de tempo não é mais monopólio da cultura dos humanos. O tempo, agora, faz parte da natureza e da
bionatureza.
Darwin, estranhamente
para muitos cientistas reducionistas, demonstrou que a natureza biológica em si
tem história, integrada ao ecossistema onde essa vida acontece. A noção de
tempo não é mais monopólio da cultura humanista. A vida tem história e se produz
na história. Os reducionistas modernos, com suas peritagens exatas e
congeladas, pressupõem que a vida natural não é uma geometria sedentária. Ela
se movimenta, recria-se, auto organiza sempre quando acontece junto no mundo
natural. A dicotomia, natureza e cultura, vida social e vida natural torna-se
uma visão simplificadora e reducionista que a modernidade nos legou.
A natureza tem
temporalidade. A própria natureza e não somente a cultura tem tempo, história.
Distinções artificiais entre matéria e vida perdem sentido. O mundo não é dado como organizado (não
existe uma ordem dada). É uma possibilidade. Leis e devir. Percepção não é uma
fotografia positiva da realidade: diagnóstico. Relatividade. Princípio da
incerteza. Matéria se expande (tempo mesmo na matéria). Matéria se
auto-organiza. O universo evolui e o simplificador tempo flecha seja como uma
flecha ascendente (evolução) e ou descendente: entropia (LIMA, 2007[9]).
A implicação
metodológica para a ciência dessa complexidade da vida acontecendo “online” num
mundo em história permanente é imensa. Por exemplo, temos que dar um adeus
tardio à pretensão simplificadora de traçados racionais em busca de exatidão
congelada no tempo. Há um tempo não racionalizável nos quadrantes dessa
geometria. Tentativas de mensurações reducionistas de uma matemática universal,
dada como acesso ao universo de uma ordem dada e objetiva (sem valoração subjetiva, sem intencionalidade,...) diante
de uma realidade geométrica dotada de uma ordem dada a ser medida se esfumam
diante de uma natureza que fica ali, parada, sem tempo; a nosso dispor e pronta
para ser medica, mensurada ou descrita em espelhada exatidão. O universo e o
mundo natural não sendo dados mais como organizados, capazes de serem
capturados por representações mecanicistas e construções reducionistas da
realidade em porções cada vez menores ou maiores, divididas em incontáveis
parcelamentos e funções para reduzir a matéria a poucos atributos, não ajudam a
entender a complexidade do real.
Outra significativa
implicação da ideia de evolução é a da ruptura de que nosso corpo humano não é
perfeito. Assim, como produtos históricos de interação entre natureza e
recursos disponibilizados onde acontecemos, também não fomos projetados, a
priori, para funcionar durante muito tempo e agora estamos obrigando nosso
corpo a continuar em atividade muito depois de expirada a sua data de validade.
O corpo humano tem
grande beleza artística, mas, do ponto de vista da engenharia, é uma rede
complexa de ossos, músculos, tendões, válvulas e articulações que tem uma
analogia direta com as polias, bombas, alavancas e dobradiças das máquinas,...
(todas falíveis).
Uma das mais complicadas
façanhas da evolução é o nossa conquista ontogenética de ficarmos sobre os dois
pés. Nos tornamos imperiais no Planeta. Somos uma espécie única com tamanha
complexidade e adaptabilidade fisiológica. Até hoje, um dos momentos mais
significativos da aprendizagem de uma criança humana é quando ela, deixa de
engatinhar e entre tentativas e erros aprende a ficar sobre os dois pés: torna-se um bípede.
No entanto, ser bípede,
mesmo para os modernos humanos (cerca
de 200.000 anos atrás), não é da nossa natureza filogenética. É uma conquista
ontogenética da nossa adaptação à natureza onde acontecemos, mas é também um
problema.
Os humanos ficaram de pé
e adaptaram a postura bípede ereta
num projeto corporal complexo e somos os únicos entre os mamíferos (mesmo entre
os primatas). Não há dúvida de que, ao ficarmos de pé sobre as patas traseiras,
promovemos o uso de novos instrumentos, aumentando significativamente a nossa
inteligência.
Porém, os complexos
processos fisiológicos da caminhada bípede geram também uma série de problemas.
Por exemplo, o andar humano.
Embora a gravidade ajude
uma rede intrincada de tendões nos ajuda a conectar os órgãos à coluna
vertebral, impedindo-os de cair e de imprensar uns aos outros. Nossa coluna
vertebral teve que sofrer algumas adaptações: as vértebras inferiores ficaram
maiores para suportar a maior pressão vertical, e nossa coluna curvou-se um
pouco para nos impedir de cair para a frente. No decorrer de um único dia, os discos da
parte inferior das costas são submetidos a pressões equivalentes a várias
toneladas por centímetro quadrado. Ao longo da vida, toda essa pressão cobra o
seu tributo.
Muitas das enfermidades
debilitantes e até fatais do envelhecimento decorrem em parte de nossa
locomoção bípede e da postura ereta. Cada passo que damos coloca uma pressão
extraordinária em nossos pés, tornozelos, joelhos e costas – as estruturas que
sustentam o peso de todo o corpo acima delas.
No decorrer de um único
dia, os discos da parte inferior das costas são submetidos a pressões
equivalentes a várias toneladas por centímetro quadrado. Ao longo da vida, toda
essa pressão cobra o seu tributo, assim como o uso repetitivo de nossas
articulações e o esforço constante que a gravidade impõe a nossos tecidos.
Quando jovens, nem
sentimos suas imperfeições e, com o tempo, desgastamo-nos e de alguma outra
forma os problemas de saúde se tornam mais comuns. A questão é como não ter
tantos defeitos que nos deixarão ou nos deixam relativamente incapazes em
nossos últimos anos. Nossa espécie está envelhecendo a passos rápidos e
colocando novos desafios conquistados pelo conhecimento da própria teia da
vida.
Com a conquista do envelhecimento, as doenças não podem ser evitadas
apenas com pequenas orientações de comportamento, mas precisamos, então, de um
novo design de cooperação corporal. Nossos corpos não foram projetados para
durarem muito mais do que algumas poucas décadas. A vida é um sistema
aberto e que acontece num ambiente adequado a receber e manter a vida, mas um
rearranjo simples pode resolver problemas, mas criar outros.
Na verdade, muitos
fornecedores de juventude em receitas gostariam de nos fazer acreditar que os
problemas médicos associados ao envelhecimento são culpa nossa, decorrentes
principalmente de nosso modo de vida decadente.
É claro que qualquer
pessoa pode diminuir a duração de sua vida por comportamentos sedentários, má
alimentação, fumo,..., mas isso por si não é suficiente.
Nenhuma intervenção
simples compensaria as inúmeras imperfeições espalhadas por toda a nossa
anatomia. As ciências da vida, ao alterarem suas concepções não simbióticas da
natureza vital, vão conquistar rapidamente avanços incríveis que vão compensar
muitos dos defeitos de concepção contidos em todos nós.
Pensemos no olho e no
ouvido. A versão humana da visão é uma maravilha evolutiva. Com a idade, nossa
visão diminui à medida que o líquido protetor da córnea vai perdendo a
transparência, os músculos que controlam a abertura da íris e a focalização das
lentes atrofiam-se, a lente engrossa e amarela, reduz nossa precisão visual e a
percepção das cores.
Algumas modificações
anatômicas podem ajudar muito, e podemos manter com alterações tecnológicas a
preservação da audição dos idosos. Podemos também criar sistemas mais precisos
de visão e de audição que dos humanos médios.
Estamos nos dirigindo
para a emergência de uma nova espécie simbiótica altamente duradoura com
partículas minúsculas dedicadas totalmente aos bilhões de esforços jeitosos e
cooperativos necessários para nos manter intactos e que nos farão experimentar
um estranhamento sobre o que conhecemos como existência ou sobre o que é o real
movido pela nossa atual singularidade humana.
Se informação não é
conhecimento, e se conhecimento não é sinônimo de sabedoria, não é preciso
lembrar que essas conquistas geram riscos, desafios éticos e sociais imensos
que julgamos não estarmos, ainda, à altura de enfrentá-los.
Temos, cada vez mais uma
compreensão da importância da simbiogênese, não apenas a demonstrada nas nossas
interações com os micro organismos (Margulis, 2002[10]), mas um borramento amplo de fronteiras entre o
mundo físico, social e biológico, que, há décadas, Michel Foucault demonstrou com a
emergência do biopoder, da transubstancialização
do poder-corpo para o poder-vida.
Nossa hipótese da
simbiogênêse social é que estamos – como espécie - borrando uma passagem evolutiva da era
simbiótica e não parabiótica. No lugar
de transformar o mundo nós vamos agora mudar o próprio ser em evolução. Como
disse antes: não somos humanos, estamos ainda apenas humanos, mas o futuro
duradouro é do simbiótico e estamos a caminhos acelerados nessa direção. Caminhamos
aceleradamente, com a manipulação molecular, para a saída da era neolítica, em
que logramos a tarefa de dominar nosso ambiente, para uma nova era da
programação simbiótica. As nossas próximas tarefas serão o domínio de nosso
próprio corpo e dos organismos vivos em geral.
Nessa nova era de uma
evolução borrada entre os recursos orgânicos e os inorgânicos em cooperação com
a vida estaremos transferindo para as criaturas vivas e para as máquinas ou
para matérias inorgânicas parte das suas propriedades singulares, um borramento
de uma nova ecologia simbiótica. Isso já está demonstrado. Por exemplo, o
marca-passo tem sido utilizado com sucesso na medicina desde 1958. Hoje, a taxa
anual é da ordem de 400.000 implantes. O marca-passo tem sido utilizado com
sucesso na medicina desde 1958. Hoje, a taxa anual é da ordem de 400.000
implantes (KEMPF, 1998)[11].
Outros dispositivos, já
foram demonstrados em diferentes experimentos e estão sendo também implantados
no corpo humano ao largo dos últimos anos. Por exemplo, eletrodos para fazer
conexão elétrica à espinha dorsal, de modo a estimular órgãos paralisados (utilizado
em Larry Flynt, o famoso editor da revista pornográfica Hustler, para recuperar
sua virilidade, após uma tentativa de assassinato que o deixou paraplégico) e o
incrível implante de olhos artificiais (na verdade, câmeras CCD ligadas a
processadores de imagens) para os cegos, projeto desenvolvido pelos
oftalmologistas norte-americanos John Wyatt e Joseph Rizzo. (LIMA, 2005).
A vida tecnologicamente
inteligente está constituindo uma potente beta natureza (seca, inorgânica) e
gerando um novo recurso simbiótico com a alfa natureza (úmida e orgânica). São
exatamente os recursos da ciência e da tecnologia modelados por uma sociedade
do conhecimento que estão nos impelindo para entrar numa nova era da evolução.
Estamos iniciando a embarcação de uma nova era simbiótica. (LIMA, 2005).
Nossa indicação final é
que não vivemos apenas uma nova convergência neurodigital ou uma nova
emergência do pós-humano, ou pós-evolutiva, ao contrário, estamos deixando para
trás o humano demasiadamente humano e emergindo novos seres simbióticos
modelados por uma aceleração envolta de uma evolução simbiótica, uma
evolução geradora de seres bióticos mais duradouros numa nova ecologia
simbiótica, mais recursiva, ou seja, com novos e potentes recursos e sentidos
parabióticos.
Nos últimos anos,
artistas como Stelarc[12] se dedicaram à discussão
cultural e política da possibilidade de ultrapassar o humano através de
radicais intervenções cirúrgicas, de interfaces entre a carne e a eletrônica,
ou ainda de próteses robóticas para complementar ou expandir as potencialidades
do corpo biológico. Mais que apenas antecipar profundas mudanças em nossa
percepção, em nossa concepção de mundo e na reorganização de nossos sistemas
sociopolíticos, esses pioneiros anteciparam transformações fundamentais em
nossa própria espécie. Essas transformações poderão inclusive alterar nosso
código genético e reorientar o processo darwiniano de evolução.
A SIMBIOGÊNESE E A
NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA
código genético e
reorientar o processo darwiniano de evolução.
O desdobramento evolutivo da vida ao longo
de bilhões de anos constitui uma história empolgante acionada pela criatividade
inerente a todos os sistemas vivos. Expressa troca entre recursos e natureza ao
longo de caminhos distintos de mutações, intercâmbios de genes e simbioses
aguçadas.
Como
todos sabem a unidade mínima da vida é a célula. Descoberta em 1665 pelo inglês
Robert Hooke.
Na
nanotecnologia, uma nanopartícula, por exemplo, não tem vida. Assim, como um
vírus não é um ser vivo, pois é uma unidade menor que uma célula e é incapaz de
auto-organizar-se como unidade de vida. Os vírus são partículas em busca de uma
célula hospedeira para numa simbiose interagir de forma tóxica, inceciosa ou colaborativa
com a vida. A Aids, a gripe, adengue, a catapora, o sarampo, por exemplo, são
virus. Por isso não se existem antibióticos para um vírus, mas para uma
bactéria que têm uma célula e é bio (vida), sim. Por isso a palavra antibiótica
(antibio - o que é contra a vida: morte).
A
indústria fármaco e muito da prática médica tem por base a doença e não a saúde
da vida. Na simbiogênese, defendemos que a rede de células humanas e de
bactérias amigas que formam uma rede de cooperação de longo agora, quando são
atacadas e é necessário agir, a indústria fármaco precisaria dotar de muito
mais atenção ao princípio simbiótico, de fortalecimnento da vida com
procedimentos e fármacos próbióticos e muito menos do uso de antibióticos a
serem utilizados apenas em situações muito extremas. Falarei mais adiante sobre
a importãncia disso quando falamos na defesa do ambiente vivo.
Os
vírus e as bactérias são os verdadeiros donos do mundo.
Os
vírus isoladamente não fazem parte do universo da vida. Os vírus isoladamente
não conseguem produzir proteina em seu material genético. Precisam de uma
célula hospedeira para isso. Sem elas vagueiam por si mesmo.
Como
sabem o universo da nanociência é de um metro partido em bilhão de vezes iguais.
O universo micron é do tamanho apenas de um milhão de vezes de um metro. Tamanho
do vírus vai de 0,001 milímetro podendo chegar em torn de 350 milimicros de
diâmetro.
Um
microm (0,000 001) e nanometro é
(0,000 000 001). Os vírus não podem ser vistos
a olho nú.
Para
compararmos, os glóbulos vermelhos do sangue humano, têm 7.500 milimicros de
diâmetro e dentro de uma célula bacteriana podem caber uma multidão de
partículas de vírus.
As
células animais veriam de 10 a 20 micrômetros, enquanto as vegetais medem de 20
a 50 micrômetros. Nas bactérias a média de tamanho são de 2 a 5 micrômetros. As células humanas em
geral possuem o tamanho de 10 a 50 micrômetros.
Os
vírus – em geral bem, são partículas bem memores que a unidade mínima de vida
que é uma célula. Isso é o que pensávamos. Em 2015 cientistas de um Laboratório
em Berkely realizaram a proeza de registrar uma imagem da menor forma de vida
encontrada no Planeta, uma bactéria de 0,009 microns de diametro ou seja, 9
nanometros, ou seja, menor que um vírus. Apesar de ser uma forma de vida
abundante no Planeta sabemos muito pouco
sobre ela por ser muito pequena, mas também por ser muito frágil e morrerem.
Por
outro lado existem células que podem ser vistas sem auxílio de microscópio,
como por exemplo, o olho humano. Uma célula esférica com 200 micrômetros de
diâmetro.
O
que de menor um olho humano pode nos permitir ver depende do tsmanho do objeto
e da relação entre itensidade da luz e da distância. Já se conseguimos
registros que permitiram enxergarmos com apenas 5 fótons e a noite conseguimos
enxergar a noite milhares de estrelas da Galáxia de Andrômedra que se encontra a 2.54 milhões de
anos luz da Terra.
DESENVOLVER É DEIXAR DE SE ENVOLVER
É
cada vez mais visiveis as impasses gerados pelo esgotamento do ciclo
industrial, principalmente pelo seu impacto aniquilador no ecossisterna vivo do
Planeta. Hoje, 99% das espdcies vivas ja se extinguirame ''tres quartos dos
seres humanos estão aglemerados em apenas dois por cento das terras do planeta
(Chaisson, 1984: 257).
Ao
decompormos a palavra desenvolver (des = menos
envolver), verificaremos que ela se origigina da ideia de envolvimento.
Portanto, sua raiz e envolver, envolver-se sobre algo, um objeto. Porém,
chama-nos a atenção que o prefixo des
implica uma direção oposta. Desenvelver-se, é retirar-se do envolvimento,
distanciar-se da base material de um objeto – e no caso da vida - retirar-se fo envolvimento com ecossistema
vivo - nada mais eoerente com relação às praticas desenvolvimentistas.
Crescer no desenvolvimeno é crescer o distanciamento do nosso ecossistema vivo. É colocar o homem narcisista – antropocêntrico – predador - num pedestal superior a natureza que é dada como inesgotável. Essa obsessão ao cresciento desse desenvolvimento – para uma nova beta natureza suprior, uma natureza de uma ordem racional está aniquilando os recursos necessários para a produção da vida em nosso planeta.
As
escolas do desenvolvimento sustentáveis ou não induziram a um verdadeiro genocídio
do capital genético construído a milhões de anos pela evolução.
Vejamos por ordem de prioridade para a manutenção da vida
em nosso Planeta: o ar, a água, os solos férteis, os animais, as plantas, os
minerais.
A
primeira coisa que a vida precisa é de AR. Esse elemento é tão essencial para a
vida que segundos sem ele começam a gerar efeitos desatrosos para qualçquer ser
vivo. Sem repirar não aguentamos muitos minutos. Vamos óbito. O oxigênio é
gerado pelça fotosíntese e as fontes da sua produção são bem conhecidas: ele é
produzido em pequena escala pelos vegetais presentes nas estepes e
terrascultivadas, em grau bem maior pelas formações florestais e, em nível
exttraordinariamente elevado (cerca de 70% do total), pelo fictoplânction
oceânico, responsável por cerca de 70% de todo o oxigênio que paassa na
atmosfera. Todas essas fontes compõe um
estoque finito de oxigênio produzido diariamente no Planeta. Todas essas fontes
estão sendo ameaçadas peço atual modelo desenvolvimentisda da civilização. O
problema não está apenas na destruição do oxigênio, mas da intensificação de
seu consumo pela tecnologia industrial. Um automóvel, por exemplo, consome, ao
percorrer mil quilômetros, o equvalente ao consumo de um homem adulto durante
um ano (LAGO et All, 1985, 74-75)[13].
O
segundo elemento essencial para a vida é a ÁGUA. Dos140 milhões de quilômetros
cúbicos de ágia em nosso Planeta, apenas 3% constituem em água doce, sendo que
¾ dessa água encontra-se imobilizada em geleiras e neves. A civilizaão
industrial tem criado situações nunca antes vistas de contaminação e desperdício
no uso dessas reservas. Um habitante de um Oásis no Saara, por exemplo, usa cerca de 3 litros de água por
dia, um habitante do Rio de Janeiros gasta em média 450 litros, em Moscou 600
litros e de Nova York, 1045 litros.
O terceiro elemento são os SOLOS FÉRTEIS. Da área
Planetária de 149 milhões de km², apenas 30% são potencialmente aráveis, issso
porque o restante se compõe de desertos, áreas glaciais, montanhas
incultiváveis, etc. O quadro geral é
preocupante, principalmente devido ao fato de observarmos uma perda permanente
e acelerada de solo fértil. Um solo não é siplesmente um arcabouço de matéria
morta.
Os solos abrigam um quarto da biodiversidade do planeta – uma
colher de terra saudável tem mais organismos que pessoas no planeta Terra.
Nossa alimentação depende dos solos férteis, já que 95% vêm deles. Apenas um grama de solo fértil, por exemplo, pode conter
2,5 bilhões de bactérias e 6.400 fungos. Atualmente,
33% da área dos solos já foram perdida. Nosso Planeta perde 24
bilhões de toneladas de solo fértil por ano.
A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou que
por ano, perdem-se 50 mil quilômetros quadrados de solo, o equivalente a
área da Costa Rica. Atualmente, 33% da área dos solos já foi perdida.
A
degradação do solo deve ser impedida porque ela não é recuperável na escala
humana, alerta a organização no vídeo. Isso porque, para gerar 1 centímetro de
solo fértil, levam-se 1.000 anos. O problema é agravado pela expansão urbana,
responsável pela constante impermeabilização do solo. Na Europa, por exemplo,
11 hectares de solo são impermeabilizados a cada hora, segundo a FAO.
O quarto recurso são as diversas espécies de ANIMAIS E
VEGETAIS que habitam em nosso Planeta. Estima-se que já houve uma redução de
30% na vida nos oceanos. A acidificação do oceano, o aquecimento
global e a poluição agem de forma conjunta coloca em risco de severo declínio e
extinção 75% dos corais mundiais correm o risco de sofrerem um severo declínio.
Os distúrbios no ciclo de carbono,
acidificação e baixa concentração de oxigênio na água faz com que os níveis de
CO² que estão sendo absorvidos pelos oceanos já sejam bem mais altos que
aqueles registrados durante a grande extinção de espécies marinhas que ocorreu
há 55 milhões de anos.
Um trabalho de investigação da Universidade de Stanford analisou
o padrão de desaparecimento de 2.500 espécies nos últimos milhões de anos. Em cerca quatro
bilhões de anos de história da vida na Terra, ocorreram cinco mega extinções,
momentos em que muitos dos seres vivos foram arrastados de repente para a
desaparição por vários cataclismos. E agora, segundo todos os dados recolhidos
pela ciência, a civilização humana está causando uma nova extinção em massa:
somos como o meteorito que dizimou os dinossauros do planeta. Estudo liderado
por pesquisadores de Stanford, mostraram como que uma sexta extinção está
acontecendo com os seres aquáticos de maior tamanho.
Mantendo nosso ritmo “desenvolvimentista”, os grandes animais
que vão povoar os mares dentro de milhões de anos não serão descendentes de
nossas baleias, tubarões e atuns porque estamos matando todos eles para sempre.
A eliminação seletiva dos maiores animais nos oceanos modernos, algo sem precedentes
na história da vida animal, pode alterar os ecossistemas durante milhões de
anos, conclui um estudo apresentado pela revista Science.
É um padrão “sem precedentes” no registro das grandes extinções
e que com muita segurança acontece por causa da pesca: hoje em dia, quanto
maior o animal marinho, maior a probabilidade de se tornar extinto.
Os cenários pessimistas preveem a
extinção de 24% a 40% dos gêneros de vertebrados e moluscos marinhos; o
cálculo mais trágico é comparável à extinção em massa do fim do Cretáceo,
quando os dinossauros desapareceram (Science).
Sem uma
mudança dramática na direção atual da gestão dos mares, nossa análise sugere
que os oceanos vão sofrer uma extinção em massa de intensidade suficiente e
seletividade ecológica para ser incluída entre as grandes extinções.
Quanto às espécies
de mamíferos um levantamento da União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN) revela que uma em cada quatro espécies de mamíferos corre
o risco de desaparecer do planeta.
Quanto as aves e pássaros em cada 8 espécies de aves está
ameaçada de extinção, diz estudo. Uma em cada oito aves está
ameaçada de extinção no mundo. Das 11 mil espécies
catalogadas, 40% podem desaparecer do planeta, segundo estudos da BirdLife
Internacional.
Quanto os vegetais, as plantas
estão entrando em extinção pesquisadores
mostram que as plantas estão desaparecendo 500x mais rápido que o normal —
graças aos humanos. Saber quantas
espécies estão sendo extintas não é uma resposta fácil de ser obtida. Faltam
dados precisos sobre extinções contemporâneas na maior parte do mundo. E as
espécies não são distribuídas uniformemente – por exemplo, Madagascar é o lar
de cerca de 12 mil espécies de plantas, das quais 80% são endêmicas (não
encontradas em nenhum outro lugar). A Inglaterra, por sua vez, abriga apenas
1.859 espécies, das quais 75 (apenas 4%) são endêmicas.
Os resultados cobrem o período após a primeira Revolução
Industrial, que ocorreu na segunda metade do século 18. Segundo os
pesquisadores, a taxa de extinção é 500 vezes maior do que seria esperado
ocorrer naturalmente, sem a intervenção humana.
Estudos assustadores realizados apontaram que nos últimos
séculos 571 espécies de plantas foram extintas. Nature - https://www.nature.com/articles/s41559-019-0906-2).
Algumas partes do
planeta ainda são pouco estudadas em termos de biodiversidade. Por isso, é
provável que ainda mais plantas estejam funcionalmente extintas — ou seja, o
número de espécimes é tão baixo que não há mais chances que eles se reproduzam
para repovoar a espécie.
O quinto são os MINERAIS E COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. A
discussão numérica sobre o tamanho de suas reservas estão em aberto. Entretanto
os dados existentes já delimitaram os seguintes prazos para sua exaustão
supondo que o consumo continue a crescer nos padrão da civilização industrial.
Alumínio – 33 anos; Cromo 115 anos; Chumbo 28 anos; manganês 106 anos; ....
etc.
Embora mênos de 10% da capacidade de petróleo no mundo
tenha sido gasta, a Opep afirmou que a
demanda mundial de petróleo em 2019
ultrapassará os 100 milhões de
barris diários (mbd), aumentando em 1,47% em relação ao consumo de 2018.
Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) calculou em 100,3 mbd a demanda
petrolífera do planeta, superando a expectativa média de 98,85 mbd prevista
para 2018.
Nesse
ritmo as reservas restantes se esgotarão até o final do Século. Cerca de uma
geração. Isso quere dizer que em pouco mais de 100 anos mais ou menos, nossa
civilização terá exaurido um recurso que foi preciso milhões de anos para
acumular.
Em
poucos anos em torno de 10 bilhões de seres humanos estarão Habitando no
Planeta. A maioria deles em cidades ocupando apenas cerca de 2% do território
de terra existente em todo nosso globo.
A
recomendação básica é que – no mínimo estamos caminhando do lado oposto da
evolução da espécie. Sem evoluirmos junto com o Planeta simbiótico, em symbios
não temos futuro, ou seremos uma espécie sem futuro. Nossas novas gerações não
poderão viver em plenitude de uma civilização evoluída, pós- industrial. Em vez
de desenvolver a cidade, a vida, o país precisou é reciclar e o mais
importante. Reciclar a nós mesmos para uma relação simbiótica com as múltiplas
formas nano, micro e macro de vida e reciclarmos nossa relação com o Planeta da
vida. Nosso Planeta simbiótico.
Para minhas palavras finais, termino
com as palavras iniciais do meu mais importante livro: Nômades de Pedra:
Teoria da sociedade simbiogênica
A terra a terra gira para
nos aproximar. Não gira como nos
indicou a “revolução copernicana”,*
que nos revelou estranhamente, que nosso planeta gira, mas que o homem não.
Muitos e muitos cientistas do mundo ocidental centraram-se nessa crença, na
qual renascia um potente, ainda que imóvel, e poderoso homem decifrador
moderno.
Agora, o moderno homem imóvel - ao centro, muitas vezes acima e,
quase sempre, ausente - construiu um sistema de mundo já dado como estruturado,
sem diferenciação de espaço e sem tempo. Portador de uma linguagem geral – da
ciência moderna – descreve e traça as linhas de particularidades do cosmos,
revelando as leis da natureza e a funcionalidade dos objetos e das coisas.
Surgem massas inanimadas atravessadas por forças de interação gravitacional em movimentos e trajetórias circulares e
elípticas, que vão até ao infinito do finito. Ao mesmo tempo, desconsidera as
diferenciações do espaço, a presença perturbadora do tempo e os efetivos
limites constitutivos do mundo natural.
Junto com
a prepotência racional dos modernos e a cada grande explicação do mundo,
revelávamos seus segredos mecânicos de funcionamento e desnudávamos pequenas e
grandes descobertas, mas deixávamos de ver-nos juntos e dentro desse mesmo
mundo.
A
ampliação de nossa prepotente visão do mundo era proporcional ao tempo do longo
sono que dormimos tranquilamente junto com os modernos cientistas e, assim,
éramos também incapazes de junto com eles, pensarmos acordados, ou seja,
estávamos acima e, ao mesmo tempo, ausentes desse mesmo mundo que pensávamos
estar revelando.
No
entanto, uma perturbação ronda o tranquilo sono da ciência. Descobrimos, agora,
que estamos imersos simbioticamente nesse giro copernicano, que fazemos parte
dele e giramos juntos com a Terra, dentro de um iô-iô cósmico em expansão e
dispersão, em complexa auto-organização. A Terra gira ao redor de si mesma e
também dentro de nós, unindo-nos, finalmente, nesse fantástico sonho de
vivermos a vida numa dança cósmica.
Referências
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Espécies. Rio de Janeiro. Editora Jorge Zahar, 2007.
DENNETT, Daniel. Darwin's
Dangerous Idea: Evolution and the Meanings of Life (Simon & Schuster; reprint edition 1996) (ISBN 0-684-82471-X)
___________. A Perigosa Ideia de Darwin. Rio de Janeiro: ROCCO, 1998.
________ Brainstorms: Philosophical
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KEMPF, Hervé. La Révolution Biolithique: Humains
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LIMA,
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– V 1. PPGS/UFRGS, 2007
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STELARC. “Das estratégias
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WRIGTH, Robert. O Animal Moral:
porque somos como somos: a nova ciência da psicologia evolutiva. Rio de
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Referências bibliográficas eletrônicas
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junho de 1946, Limassol, Chipre) é um artista performático cujas obras
concentram-se fortemente no futurismo e na extensão das capacidades do corpo
humano. http://stelarc.org/_.swf (última visita 14/08/2015).
LIMA, Gilson. Encontro com
Daniel Dennet. Reinventando o universo do humano com a ciência em ação. http://glolima.blogspot.com.br/2010/11/encontro-com-daniel-dennet-reinventando_28.html (última visita 14/08/2015).
LIMA, Gilson. Vídeo que mostra
coordenei um experimento onde batemos o record de 512 passos sequenciais com um
paciente tetraplégico num exoesqueleto não robótico. Mapeamos também o consumo
de oxigênio-energia no trajeto. http://glolima.blogspot.com.br/2011/07/exoesqueleto-para-alem-da-cadeira-de.html
(última visita 14/08/2015).
LIMA, Gilson. Tese de
Doutorado: A Reconstrução da Realidade com a Informação Digital: a emergência
da dupla competência sociológica. (UFRGS, 2004). https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4226/000453996.pdf?sequence=1
(última visita 14/08/2015).
LIMA, Gilson. Seu Cérebro no
Google. A nossa hipótese de pesquisas com usos de computadores e outras
atividades online é que esses usos – cada vez mais intensos - causam alterações
rápidas e mensuráveis para um circuito neural do cérebro, particularmente, em
pessoas sem prévia experiência com computador. http://glolima.blogspot.com.br/2012/12/seu-cerebro-no-google.html
(última visita 14/08/2015).
[1] Gilson Luiz de Oliveira Lima. Graduado em Ciências Sociais. Mestre em
Ciência Política. Doutor em Metodologias Informacionais pela UFRGS.
Pós-doutor em Neuroreabilitação. MEMBERSHIP do RESEARCH COMMITTEE CLINICAL
SOCIOLOGY da ISA- International Sociological Association. Criador e coordenados
do NITAS. Núcleo interdisciplinar de tecnologia assistiva e simbiogênse.
[2] A origem de meus
esforços por uma nova teoria social tem como referência inicial um conceito da
simbiogênese proveniente da genética molecular, mais precisamente proposto por
Lynn Margulis. A teoria da simbiogênese
implica uma mudança radical de percepção no pensamento evolutivo. Enquanto a
teoria convencional concebe o desdobramento da vida como um processo no qual as
espécies apenas divergem umas das outras, Lynn Margulis alega que a formação de
novas entidades compostas por meio da simbiose de organismos, antes
independentes, tem sido a mais poderosa e mais importante das forças da
evolução. Essa nova visão tem forçado biólogos a reconhecer a importância vital
da cooperação no processo evolutivo. Pensamos que a abordagem da simbiogênese é
um recurso teórico importantíssimo para darmos conta dos dilemas e da
complexidade proveniente da emergência da esfinge informacional e sua interação
com o corpo e o ambiente que nele acontecemos.
[3] A noção de
borrosidade (entre fronteiras, bordas), surgiu de um problema matemático na
teoria de conjuntos fuzzy proposto pelo lógico polonês Jan Lukasiewicz.
Trata-se de uma abordagem crítica das noções de limite e de precisão,
essenciais à teoria dos conjuntos que funda a analítica formal da ciência
moderna (ZADEH, 1982). Uma boa metáfora para o mundo do conhecimento complexo
da compreensão da vida e uma abordagem crítica das noções disciplinares e
superespecialistas que reinam até hoje na ciência moderna.
[4] WRIGTH, Robert. O
Animal Moral: porque somos como somos: a nova ciência da psicologia evolutiva.
Rio de Janeiro: Campus, 1996.
[5] Georges-Louis
Leclerc, conde de Buffon (Montbard, 7 de Setembro de 1707 - Paris, 16 de Abril
de 1788) foi um naturalista, matemático e escritor francês. Foi precursor de
Lamarck e Darwin, com suas concepções filosóficas e o estudo das espécies, que
foram ótimos subsídios para o progresso da biologia. É considerado um dos
maiores biólogos do seu tempo, Buffon, segundo Darwin, foi um dos primeiros a
estudar cientificamente a origem das espécies.
[6] MARGULIS, Lynn.
Microcosmo. São Paulo: Cultrix, 2002; MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é
Vida. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002ª; MARGULIS, Lynn; SAGAN,
Dorion. O que é Sexo. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002b.
[7] CAPRA, Fritjof.
A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
[8] Ibd.id.
[9] LIMA, Gilson.
Nômades de Pedra; Teoria da sociedade simbiogênica. Porto Alegre: Escritos,
2005.
[10] Ibd
[11] KEMPF, Hervé. La Révolution Biolithique: Humains
Artificiels et Machines Animées. Paris: Albin Michel, 1998.
[13] LAGO, Antonio et al. O que é
Ecologia. São Paulo: Ática, 1988.
* Relativo a Nicolau Copérnico, astrônomo
polonês Nicolau Copérnico que publicou sua obra maior "Das revoluções dos corpos
celestes". Nessa obra, diferentemente
da tese adotada pela Igreja Católica durante toda a Idade Média, de que a Terra
era o centro do Universo e era fixa, Copérnico, defendeu a
teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria
foi mais tarde desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler
culminando na síntese final com a Teoria da Gravitação Universal, formulada
pelo físico e matemático inglês Isaac Newton que, por coincidência, nasceu em
1642, o mesmo ano em que Galileu morreu.