sexta-feira, 4 de abril de 2025

SIMBIOGÊNESE: não desenvolver, mas reciclar


Simbiogênese

Gilson Lima[1]

 

História do Conceito

 

Primeiro irei apresentar a Simbiogênese, que creio que muitos não conhecem.

A SIMBIOGÊNESE[2] é um conceito central para uma nova teoria social em busca da evolução para uma civilização pró-biótica, simbiótica. É um conceito fundamental integrado num esforço que venho realizando para demonstrar uma nova  Teoria Social.

Então, a simbiogênese integra o espectro das abordagens evolucionistas. Porém, com rupturas significativas com a moderna tradição evolucionista de Charles Darwin aos desenvolvimentistas de todos os matizes de direita, centro e esquerda.

Vou em primeiro lugar gostaria de esclarecer um pouco mais sobre a origem do conceito simbiogênese. Quando falamos em simbiogênese estamos no universo da vida. É o que interessa para simbiótica. Bio = vida. Veremos que quando aliamos a teoria social da sociedade e civilição simbiótica não aceitamos a idéia de “meio ambiente”. Não há ambiente pela metade e nunca sem estarmos acontecendo nele juntos (SYMBIOS = fazer juntos sempre - iseparável).

Desde a Eco 1992 no Rio de Janeiro uma das primeiras e mais importantes conferências mundiais em defesa da saúde de nosso Planeta, defendi contra o reducionismo ambiental e as escolas predadoras dos desenvolvimentistas de todos os matizes. Considero aqui, tabém, mesmo de modo diferenciado os defensores do desenvolvimento “sustentável”.

Em diversos encontros internacionais – principalmente fora do país – muitos sociólogos e alguns cientistas incrédulos torcem o nariz quase um brasileiro, ainda pro cima situado numa província desse país semiperiférico, ter a petulância de querer construir uma nova teoria, que permita uma melhor compreensão de nossa sociedade contemporânea?

Pois, respondo que, por incrível que pareça, foi na periferia e na margem dos grandes centros intelectuais e tecnológicos que se produziram muito do que hoje vivemos como grandes conquistas da humanidade: realizações de hereges e críticos marginalizados.

Penso que, as teorias sociológicas são, ainda, marcadamente presas ao mundo moderno e industrial e, cada vez mais, perdem a sua potência explicativa. A teoria da simbiogênese é um esforço que se soma à grandiosidade da obra de outros vários sociólogos e pensadores sociais, muitos inclusive, físicos, cientistas da informação computacional, cientistas da vida e da mente que já descobriram que todas as ciências, diferentemente do que legisla oficialmente o paradigma moderno, são sociais, ou seja, cada pensamento, por menos humano que possa parecer é uma parte endógena integrada a uma simbiose complexa, também, na vida social.

Não tenho a pretensão de estar criando uma teoria totalmente nova com a teoria da simbiogênese. Ao contrário, penso, inclusive, que ela não é sequer, uma teoria em si mesma, mas, antes de qualquer coisa, uma religação profunda com outras teorias e uma conexão com saberes que se encontram ilhados e isolados. Nisso, quero resgatar um princípio, que os sábios pré-modernos operavam para a produção de seus conhecimentos e que foi marginalizado e deixado de lado pelo paradigma moderno, ou seja, o princípio da similitude. A similitude nos indica que tudo no mundo está ligado e tudo no mundo tende a aproximar-se. Os modernos, ao contrário, pressupõem a separação como um imperativo da produção do saber científico disciplinado.

Segundo lugar tentarei demonstrar - de um modo bem geral - como se integra e dialoga a simbiogênese junto ao universo das discussões e questões ambientais da nanociência e nanotecnologia que é a temática central dessa mesa.

Terceiro lugar tecerei uma rápida crítica as escolas desenvolvimentistas, questionando o ambiente predador de suas intenções na sociedade moderna. A escolas do desenvolvimento encontram-se inseridas num movimento teórico e empírico amplamente praticado na América Latina pelas forças do Estado através de política e práticas econômicas de mercado e do Estado tanto pela  direita autoritárias e suas ditaduras militares, quanto pelos idólatras do mercado puro, como pelo centro que defende um desenvolvimento mediador induzido por um Estado forte até mesmo pelas diferentes matrizes desenvolvimentas da esquerda da ortodoxia ao desenvimentismo sustentado.

Por fim farei rádidas considerações finais.

 

A SIMBIOGÊNESE

 

Um dos maiores desafios da formação escolar e acadêmica é a de reencontrar numa teia nova e complexa às ciências humanas e o saber das humanidades com as ciências da vida. A alienação disciplinar da ciência moderna nos afasta das compreensões das questões complexas básicas, como é o caso da evolução e suas implicações sobre nossas visões sobre o humano e o humanismo. Essa falta de borramento[3] entre as fronteiras disciplinares tem um efeito perverso de estagnação e precarização reflexiva entre todos os saberes humanos, ou seja, a ideia de que devemos proteger as ciências sociais e a humanidade do pensamento evolucionário é uma receita para o desastre.

Um conjunto de realidade BORRADA evoca novas abordagens paradigmáticas. Um conjunto de realidade borrada evoca novas abordagens paradigmáticas. O "borramento" é uma propriedade particular dos sistemas complexos no que se refere à natureza arbitrária dos limites infrassistêmicos impostos e à abertura das relações supersistemicas dos contextos e respectivos observadores e experimentadores.

Não há um ambiente lá fora de nós. Quando também estamos falando em “ambiente” no universo namométrico não estamos falando de o que encontramos no universo do mundo visível a olho nu.

Darwin publicou sua teoria em 1859, em sua obra monumental On the Origin of Species e a completou doze anos mais tarde com The Descent of Man. Darwin baseou-a teoria em duas idéias fundamentais: variação casual, que seria posteriormente denominada mutação aleatória, e seleção natural.  Certa vez Darwin resumiu a seleção natural em poucas e precisas palavras: “multiplicar, variar, que o mais forte sobreviva, que o mais fraco morra” (WRIGHT, 1996: 07)[4].

Reconhecemos com Georges Comte de Buffon[5] que todos somos parte da grande trama comum da vida existente neste planeta, mas ainda estamos à procura do salto singular do homem-macaco, mas Darwin nos legou duas ideias “perigosas” que até hoje foram pouco consideradas pelo atual reducionismo científico, mesmo com elevada produtividade de mais de milhões de cientistas da vida e, sobretudo, da vida humana.

 Darwin publicou sua teoria em 1859, em sua obra monumental On the Origin of Species e a completou doze anos mais tarde com The Descent of Man. Darwin baseou-a teoria em duas idéias fundamentais: variação casual, que seria posteriormente denominada mutação aleatória, e seleção natural.

Em 1982, Lynn Margulis lançou a idéia de que as mitocôndrias descendem de bactérias especializadas em conversão de energia que que foram parasitas de bactérias maiores e que com o tempo passaram a fazer parte dessas bactérias (Lynn Margulis, 1981)[6]. A conclusão óbvia é que houve um estágio na evolução da vida em que havia pelo menos dois códigos genéticos diferentes numa mesma complexidade organizada, ressaltando a importância do parasitismo mutuamente benéfico (conhecido pelo nome de simbiose) como forma de um organismo adquirir novas integrações.

À medida que estudava mais minuciosamente esse fenômeno, Margulis descobriu que quase todos os “genes indisciplinados” derivam de bactérias e, aos poucos, veio a compreender que eles pertencem a diferentes organismos vivos, pequenas células vivas que residem dentro de grandes células vivas.

A simbiose, a tendência de diferentes organismos para viver em estreita associação uns com os outros e, com freqüência, dentro uns dos outros (como as bactérias dos nossos intestinos), é um fenômeno difundido e bem conhecido.

No entanto, Margulis deu um passo além e propôs a hipótese de que simbioses de longa duração, envolvendo bactérias e outros microorganismos que vivem dentro de células maiores, levaram, e continuam a levar, a novas formas de vida.

Margulis publicou, pela primeira vez, sua hipótese revo­lucionária em meados da década de 60 e ao longo dos anos a criou uma teoria madura, hoje conhecida como “simbiogênese”, que vê a criação de novas formas de vida por meio de arranjos simbióticos permanentes como o principal caminho de evolução para todos os organismos superiores. (apud CAPRA, 1998, p.185)[7].

A teoria da simbiogênese implica em uma mudança radical de percepção no pensamento evolutivo. Enquanto a teoria convencional concebe o desdobramento da vida como um processo no qual as espécies apenas divergem umas da outras, Lynn Margulis alega que a formação de novas entidades compostas por meio da simbiose de organismos, antes considerados independentes, tem sido a mais poderosa e mais importante das forças da evolução.

Essa nova visão tem forçado biólogos a reconhecer a importância vital da cooperação no processo evolutivo. Os darwinistas sociais do século XIX viam somente competição na natureza — “a natureza, vermelha em dentes e em garras”, como se expressou o poeta Tennyson —, mas agora estamos começando a reconhecer a cooperação contínua e a dependência mútua entre todas as formas de vida como aspectos centrais da evolução. Nas palavras de Margulis e de Sagan: “A vida não se apossa do globo pelo combate, mas sim, pela formação de redes."( MARGULIS; SAGAN, 1986, p. 15) .

Na visão de Lynn Margulis (apud Capra, 1998), o neodarwinismo e podemos incluir os pesquisadores da vida artificial são fundamentalmente falhos, não somente pelo fato de basearem-se em conceitos reducionistas, que hoje estão obsoletos, mas também porque seus procedimentos foram formulados numa linguagem matemática inapropriada, afirma Margulis: “A linguagem da vida não é a aritmética e a álgebra comuns, a linguagem da vida é a química. Os neodarwinistas práticos carecem de conhecimentos relevantes a respeito, por exemplo, de microbiologia, de biologia celular, de bioquímica e de ecologia microbiana”(apud CAPRA, 1998, p. 181)[8].

O problema conceitual de importância central do neodarwinismo é, pelo que parece, sua concepção reducionista do genoma (infogens) à coleção dos genes de um organismo. As grandes realizações da biologia molecular, com freqüência descritas como “a quebra do código genético”, resultaram na tendência para representar o genoma como um arranjo linear de genes independentes, cada um deles correspondendo a uma característica biológica.

Apenas muito recentemente, os biólogos começaram a entender o genoma de um organismo como uma rede intensamente entrelaçada e a estudar suas atividades a partir de uma perspectiva mais integrada e complexa.

Na abordagem da simbiogênese o ambiente Planetário é um sistema vivo, um planeta simbiótico, um sistema auto organizado que diferente da visão de evolução da vida proposta Darwin que é focada primordialmente no conflito. A Simbiogênese que também compartilha da vida em evolução considera e  demonstra que o salto evolutivo e a manutenção dos estágios de evolução conquistados por uma rede de vida acontece quando numa cooperação de longo agora entidades de vida em symbios com o ambiente em que acontecem no mundo é uma rede de vida é superior aos ataques antibióticos e dos predadores frente a processo em evolução. Na simbiogênese, não é uma espécie individual que se torna superior e mais forte devora quando devora o mais fraco. Mas a qualidade e sustentação dos saltos qualitativos de longevidade e da qualidade da rede de vida na simbiose conquistada são adquiridas na cooperação de longo agora. Evolui quem coopera num, longo agora, que coopera melhor, com mais qualidade e complexidade.

 No Planeta simbiótico, não existe um conjunto aqui sem o conjunto ali. Não existe natureza separada da cultura. Não existe virtual que não seja real. Não existe sequer o “homem” aqui e a natureza lá.

Uma das mais significativas implicações para uma reflexão complexa e borrada entre disciplinas é a de realizarmos a quebra do dogma moderno e iluminista da noção de humanismo e sua centralidade de Homo Universalis com a derivação normativa nos estatutos dos mesmos direitos. Trata-se de uma matriz humana – narcisista, onde tendemos a pensar que sozinhos dispomos de todos os recursos necessários para manter nossa saúde.

As implicações para a saúde e a vida é imensa. Por exemplo, quando pensamos em micro-organismos que vivem em nosso corpo (e no mundo em geral) pensamos em entidades patogênicas. Os seres malignos (a nós).

Assim, descobrimos que não vivemos numa ilha fisiológica. Nosso microbioma é simbiogênico. Nossa espécie é também produto de uma aliança de longo agora integrada em cooperação com uma rede simbiótica, uma gama imensa de micro organismos benéfica a nossa complexidade em evolução. Em nosso corpo, de cada 11 células, apenas uma é humana. A maioria das células humanas (internas ao nosso corpo vital humano), não é realmente humana. As células bacterianas superam as humanas numa relação de 10 para 1 e não ameaçam nossa saúde e são de vital importância para nossos processos fisiológicos básicos (da digestão à autodefesa).

A evolução nos mostra que estamos corretos com a perseguição de nossa hipótese simbiogênica, ou seja, nos seres humanos, complexos acontecemos no mundo em redes de cooperação de longo prazo e além de nós mesmos e juntos no ambiente em que acontecemos n mundo. Não devemos preocupar conosco apenas quando falamos de saúde e doença. Além do ambiente e hábitos onde acontecemos, o nosso próprio corpo tem outros seres que como nós acontecem junto quando acontecemos no mundo.

Nós, humanos, somos parte de um microbioma (híbrido, simbiótico) – mesmo não nascendo com ele. Mesmo que em nossa infância ele não esteja nem sequer formado. Começamos a compor essa rede nos primeiros segundos após o nascimento (amamentação, contatos com familiares, ambiente social geral...).

Nos últimos cinco anos, estamos desvelando a complexa teia microfísica de nosso ecossistema microbiótico. Por exemplo, algumas das bactérias benignas do nosso organismo contêm genes que codificam compostos benéficos que o corpo não consegue produzir sozinho. Assim, mudanças no bioma microbiano intestinal contribuem significativamente para o aumento das taxas de doenças e do nosso equilíbrio biótico saudável. Sabemos, hoje que muitas doenças crônicas ainda existentes são decorrências de uma bioenergia nutricional que modelou nossos corpos desde o Paleolítico. nas sociedades modernas – entre elas obesidade, hipertensão, doenças coronarianas e diabetes – seriam o resultado de uma incompatibilidade entre padrões dietéticos modernos e o tipo de dieta que nossa espécie desenvolveu para se alimentar como caçadores-coletores pré-históricos.

Em síntese, a evolução nos obriga a enfrentar algumas certezas “milenares” e a arrogância humanista tomada por uma visão deturpada do micromundo.

Sabemos que as Bacteróides fragilis vivem em 80% das pessoas no planeta e ajudam a manter o sistema imune em equilíbrio. Desde o vexame que os racionalistas a-simbióticos tiveram com a publicação aberta da ciência do censo dos genes microbianos em 2010, verificamos que apenas do sistema digestivo de humanos existem 3,3 milhões de espécies – com assinatura de gene próprio cada uma catalogada. Todos nós humanos, compartilhamos um núcleo complementar básico de genes bacterianos úteis, que podem provir de diferentes espécies e, pasmem, significam 99,9% do DNA. O extraordinário é que que os cientistas agora tem que lidar com algo que significa 150 vezes os 20 a 25 mil genes catalogados do genoma humano. Isso significa muito o quanto é imensa a nossa insignificância solitária.

Descobrimos também a ontogênese no ecossistema onde a vida acontece é vital para a espécie humana e suas singularidades, nem mesmo gêmeos idênticos compartilham a mesma constituição microbiana.

A visão da evolução simbiogênica da vida tem nos levado a revisar as reputações de muitos micros organismos. Por exemplo, a Helicobacter pylori. Recentemente descobriu-se que se trata, na verdade, de um microrganismo comensal (benigno). Sua ausência pode desregular a acidez do estômago, até facilitar a obesidade (atua na grelina- hormônio da fome). Muitas bactérias espirais presentes no ambiente ácido do estômago são conhecidas, pelo menos, sabemos isso desde 1875, mas até pouco tempo ela foi considerada apenas um patógeno (provoca doenças). Os americanos – como sempre – apontaram suas armas e ela foi combatida com antibióticos. Hoje, menos de 6% de jovens americanos apresentam testes positivos de| Helicobacter pylori.

Enfim, não existe possibilidade de enfrentar de modo complexo e aberto os desafios da elucidação da vida sem o contágio e ligação dos saberes desligados. Esse contágio inicia-se pelo borramento entre as sólidas fronteiras disciplinares.

A indústria de alimentos também. Ao contrário, nosso conhecimento sobre a vida é mais sobre a doença é mais antibiótico, do que simbiótico. Quando pensamos em investir em saúde, políticos e população em geral pensam em médicos e hospitais. Nos hospitais onde reinam as doenças e os micro-organismos mais perigosos a teia da vida humana em cooperação. É lá que devemos evitar e se deslocar para lá apenas para situações complexas e críticas. O saber da vida deve ser socializado e distribuído entre farmacêuticos, agentes de saúde, familiares, mídia, produtos domésticos, a indústria da saúde, etc. Não devemos reduzir a ciência da vida a disciplinas médicas ou de qualquer especialidade perital segmentada e, deixar a sociedade fluir o saber e o conhecimento sobre a vida, a saúde. Os médicos devem se deslocar para um conhecimento de nível mais complexo. Quase tudo – em matéria de simbiótica (saúde da vida) pode ser resolvido nessas frequências menos complexas e distribuindo conhecimentos antigos e represados.

A abordagem pró-biótica (simbiótica) nos abre um leque de oportunidades para a evolução da nossa rede de vida. A indústria fármaco está colonizada por princípios não simbióticos e antibióticos. Nós, humanos, já aprendemos a alterar a bionatureza e a intervir sobre o curso da evolução proveniente meramente das interações biológicas com a nossa biosfera. Por exemplo, pesquisadores aprenderam como transformar bactérias em fábricas capazes de produzir hormônio de crescimento humano (responsável pelo crescimento dos ossos longos e, portanto, pela altura das crianças) em grandes quantidades.

Outra questão que precisamos enfrentar frente à matriz humana – narcisista é significativa implicação da noção de evolução que Darwin nos legou foi a de que não somos humanos, estamos humanos, somos provisoriamente humanos. Toda espécie biológica é derivação do tempo em troca de recursos com a natureza.   Os humanos chegaram até aqui se envolvendo em uma complexa simbiose de significativas trocas entre a natureza e recursos.

Uma outra significativa implicação desse novo diálogo complexo é a de, depois de Darwin, a noção histórica de tempo não é mais monopólio da cultura dos humanos. O tempo, agora, faz parte da natureza e da bionatureza.

Darwin, estranhamente para muitos cientistas reducionistas, demonstrou que a natureza biológica em si tem história, integrada ao ecossistema onde essa vida acontece. A noção de tempo não é mais monopólio da cultura humanista. A vida tem história e se produz na história. Os reducionistas modernos, com suas peritagens exatas e congeladas, pressupõem que a vida natural não é uma geometria sedentária. Ela se movimenta, recria-se, auto organiza sempre quando acontece junto no mundo natural. A dicotomia, natureza e cultura, vida social e vida natural torna-se uma visão simplificadora e reducionista que a modernidade nos legou.

A natureza tem temporalidade. A própria natureza e não somente a cultura tem tempo, história. Distinções artificiais entre matéria e vida perdem sentido. O mundo não é dado como organizado (não existe uma ordem dada). É uma possibilidade. Leis e devir. Percepção não é uma fotografia positiva da realidade: diagnóstico. Relatividade. Princípio da incerteza. Matéria se expande (tempo mesmo na matéria). Matéria se auto-organiza. O universo evolui e o simplificador tempo flecha seja como uma flecha ascendente (evolução) e ou descendente: entropia (LIMA, 2007[9]).

A implicação metodológica para a ciência dessa complexidade da vida acontecendo “online” num mundo em história permanente é imensa. Por exemplo, temos que dar um adeus tardio à pretensão simplificadora de traçados racionais em busca de exatidão congelada no tempo. Há um tempo não racionalizável nos quadrantes dessa geometria. Tentativas de mensurações reducionistas de uma matemática universal, dada como acesso ao universo de uma ordem dada e objetiva (sem valoração subjetiva, sem intencionalidade,...) diante de uma realidade geométrica dotada de uma ordem dada a ser medida se esfumam diante de uma natureza que fica ali, parada, sem tempo; a nosso dispor e pronta para ser medica, mensurada ou descrita em espelhada exatidão. O universo e o mundo natural não sendo dados mais como organizados, capazes de serem capturados por representações mecanicistas e construções reducionistas da realidade em porções cada vez menores ou maiores, divididas em incontáveis parcelamentos e funções para reduzir a matéria a poucos atributos, não ajudam a entender a complexidade do real.

Outra significativa implicação da ideia de evolução é a da ruptura de que nosso corpo humano não é perfeito. Assim, como produtos históricos de interação entre natureza e recursos disponibilizados onde acontecemos, também não fomos projetados, a priori, para funcionar durante muito tempo e agora estamos obrigando nosso corpo a continuar em atividade muito depois de expirada a sua data de validade.

O corpo humano tem grande beleza artística, mas, do ponto de vista da engenharia, é uma rede complexa de ossos, músculos, tendões, válvulas e articulações que tem uma analogia direta com as polias, bombas, alavancas e dobradiças das máquinas,... (todas  falíveis).

Uma das mais complicadas façanhas da evolução é o nossa conquista ontogenética de ficarmos sobre os dois pés. Nos tornamos imperiais no Planeta. Somos uma espécie única com tamanha complexidade e adaptabilidade fisiológica. Até hoje, um dos momentos mais significativos da aprendizagem de uma criança humana é quando ela, deixa de engatinhar e entre tentativas e erros aprende a ficar  sobre os dois pés: torna-se um bípede.

No entanto, ser bípede, mesmo para os modernos humanos (cerca de 200.000 anos atrás), não é da nossa natureza filogenética. É uma conquista ontogenética da nossa adaptação à natureza onde acontecemos, mas é também um problema.

Os humanos ficaram de pé e adaptaram a postura bípede ereta num projeto corporal complexo e somos os únicos entre os mamíferos (mesmo entre os primatas). Não há dúvida de que, ao ficarmos de pé sobre as patas traseiras, promovemos o uso de novos instrumentos, aumentando significativamente a nossa inteligência.

Porém, os complexos processos fisiológicos da caminhada bípede geram também uma série de problemas. Por exemplo, o andar humano.

Embora a gravidade ajude uma rede intrincada de tendões nos ajuda a conectar os órgãos à coluna vertebral, impedindo-os de cair e de imprensar uns aos outros. Nossa coluna vertebral teve que sofrer algumas adaptações: as vértebras inferiores ficaram maiores para suportar a maior pressão vertical, e nossa coluna curvou-se um pouco para nos impedir de cair para a frente. No decorrer de um único dia, os discos da parte inferior das costas são submetidos a pressões equivalentes a várias toneladas por centímetro quadrado. Ao longo da vida, toda essa pressão cobra o seu tributo.

Muitas das enfermidades debilitantes e até fatais do envelhecimento decorrem em parte de nossa locomoção bípede e da postura ereta. Cada passo que damos coloca uma pressão extraordinária em nossos pés, tornozelos, joelhos e costas – as estruturas que sustentam o peso de todo o corpo acima delas.

No decorrer de um único dia, os discos da parte inferior das costas são submetidos a pressões equivalentes a várias toneladas por centímetro quadrado. Ao longo da vida, toda essa pressão cobra o seu tributo, assim como o uso repetitivo de nossas articulações e o esforço constante que a gravidade impõe a nossos tecidos.

Quando jovens, nem sentimos suas imperfeições e, com o tempo, desgastamo-nos e de alguma outra forma os problemas de saúde se tornam mais comuns. A questão é como não ter tantos defeitos que nos deixarão ou nos deixam relativamente incapazes em nossos últimos anos. Nossa espécie está envelhecendo a passos rápidos e colocando novos desafios conquistados pelo conhecimento da própria teia da vida.

Com a conquista do envelhecimento, as doenças não podem ser evitadas apenas com pequenas orientações de comportamento, mas precisamos, então, de um novo design de cooperação corporal. Nossos corpos não foram projetados para durarem muito mais do que algumas poucas décadas. A vida é um sistema aberto e que acontece num ambiente adequado a receber e manter a vida, mas um rearranjo simples pode resolver problemas, mas criar outros.

Na verdade, muitos fornecedores de juventude em receitas gostariam de nos fazer acreditar que os problemas médicos associados ao envelhecimento são culpa nossa, decorrentes principalmente de nosso modo de vida decadente.

É claro que qualquer pessoa pode diminuir a duração de sua vida por comportamentos sedentários, má alimentação, fumo,..., mas isso por si não é suficiente.

Nenhuma intervenção simples compensaria as inúmeras imperfeições espalhadas por toda a nossa anatomia. As ciências da vida, ao alterarem suas concepções não simbióticas da natureza vital, vão conquistar rapidamente avanços incríveis que vão compensar muitos dos defeitos de concepção contidos em todos nós.

Pensemos no olho e no ouvido. A versão humana da visão é uma maravilha evolutiva. Com a idade, nossa visão diminui à medida que o líquido protetor da córnea vai perdendo a transparência, os músculos que controlam a abertura da íris e a focalização das lentes atrofiam-se, a lente engrossa e amarela, reduz nossa precisão visual e a percepção das cores.

Algumas modificações anatômicas podem ajudar muito, e podemos manter com alterações tecnológicas a preservação da audição dos idosos. Podemos também criar sistemas mais precisos de visão e de audição que dos humanos médios.

Se os seres humanos tivessem sido feitos para durar mais, seríamos diferentes.
Para vivermos mais tempo, estamos co-fabricando um corpo simbiótico distinto dos que a natureza nos desenhou com seus discos abaulados, ossos frágeis, quadris fraturados, ligamentos rompidos, veias varicosas, catarata, perda da audição, hérnias e hemorroidas: a lista das mazelas corporais que nos afligem à medida que envelhecemos é longa e muito familiar.

Estamos nos dirigindo para a emergência de uma nova espécie simbiótica altamente duradoura com partículas minúsculas dedicadas totalmente aos bilhões de esforços jeitosos e cooperativos necessários para nos manter intactos e que nos farão experimentar um estranhamento sobre o que conhecemos como existência ou sobre o que é o real movido pela nossa atual singularidade humana.

Se informação não é conhecimento, e se conhecimento não é sinônimo de sabedoria, não é preciso lembrar que essas conquistas geram riscos, desafios éticos e sociais imensos que julgamos não estarmos, ainda, à altura de enfrentá-los.

Temos, cada vez mais uma compreensão da importância da simbiogênese, não apenas a demonstrada nas nossas interações com os micro organismos (Margulis, 2002[10]),  mas um borramento amplo de fronteiras entre o mundo físico, social e biológico, que, há décadas, Michel Foucault demonstrou com a emergência do biopoder, da transubstancialização do poder-corpo para o poder-vida.

Nossa hipótese da simbiogênêse social é que estamos – como espécie -  borrando uma passagem evolutiva da era simbiótica e não parabiótica. No lugar de transformar o mundo nós vamos agora mudar o próprio ser em evolução. Como disse antes: não somos humanos, estamos ainda apenas humanos, mas o futuro duradouro é do simbiótico e estamos a caminhos acelerados nessa direção. Caminhamos aceleradamente, com a manipulação molecular, para a saída da era neolítica, em que logramos a tarefa de dominar nosso ambiente, para uma nova era da programação simbiótica. As nossas próximas tarefas serão o domínio de nosso próprio corpo e dos organismos vivos em geral.

Nessa nova era de uma evolução borrada entre os recursos orgânicos e os inorgânicos em cooperação com a vida estaremos transferindo para as criaturas vivas e para as máquinas ou para matérias inorgânicas parte das suas propriedades singulares, um borramento de uma nova ecologia simbiótica. Isso já está demonstrado. Por exemplo, o marca-passo tem sido utilizado com sucesso na medicina desde 1958. Hoje, a taxa anual é da ordem de 400.000 implantes. O marca-passo tem sido utilizado com sucesso na medicina desde 1958. Hoje, a taxa anual é da ordem de 400.000 implantes (KEMPF, 1998)[11].

Outros dispositivos, já foram demonstrados em diferentes experimentos e estão sendo também implantados no corpo humano ao largo dos últimos anos. Por exemplo, eletrodos para fazer conexão elétrica à espinha dorsal, de modo a estimular órgãos paralisados (utilizado em Larry Flynt, o famoso editor da revista pornográfica Hustler, para recuperar sua virilidade, após uma tentativa de assassinato que o deixou paraplégico) e o incrível implante de olhos artificiais (na verdade, câmeras CCD ligadas a processadores de imagens) para os cegos, projeto desenvolvido pelos oftalmologistas norte-americanos John Wyatt e Joseph Rizzo. (LIMA, 2005).

A vida tecnologicamente inteligente está constituindo uma potente beta natureza (seca, inorgânica) e gerando um novo recurso simbiótico com a alfa natureza (úmida e orgânica). São exatamente os recursos da ciência e da tecnologia modelados por uma sociedade do conhecimento que estão nos impelindo para entrar numa nova era da evolução. Estamos iniciando a embarcação de uma nova era simbiótica. (LIMA, 2005).

Nossa indicação final é que não vivemos apenas uma nova convergência neurodigital ou uma nova emergência do pós-humano, ou pós-evolutiva, ao contrário, estamos deixando para trás o humano demasiadamente humano e emergindo novos seres simbióticos modelados por uma aceleração envolta de uma evolução simbiótica, uma evolução geradora de seres bióticos mais duradouros numa nova ecologia simbiótica, mais recursiva, ou seja, com novos e potentes recursos e sentidos parabióticos.

Nos últimos anos, artistas como Stelarc[12] se dedicaram à discussão cultural e política da possibilidade de ultrapassar o humano através de radicais intervenções cirúrgicas, de interfaces entre a carne e a eletrônica, ou ainda de próteses robóticas para complementar ou expandir as potencialidades do corpo biológico. Mais que apenas antecipar profundas mudanças em nossa percepção, em nossa concepção de mundo e na reorganização de nossos sistemas sociopolíticos, esses pioneiros anteciparam transformações fundamentais em nossa própria espécie. Essas transformações poderão inclusive alterar nosso código genético e reorientar o processo darwiniano de evolução.

 

A SIMBIOGÊNESE E A NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA

 

código genético e reorientar o processo darwiniano de evolução.

O desdobramento evolutivo da vida ao longo de bilhões de anos constitui uma história empolgante acionada pela criatividade inerente a todos os sistemas vivos. Expressa troca entre recursos e natureza ao longo de caminhos distintos de mutações, intercâmbios de genes e simbioses aguçadas.

Como todos sabem a unidade mínima da vida é a célula. Descoberta em 1665 pelo inglês Robert Hooke.

Na nanotecnologia, uma nanopartícula, por exemplo, não tem vida. Assim, como um vírus não é um ser vivo, pois é uma unidade menor que uma célula e é incapaz de auto-organizar-se como unidade de vida. Os vírus são partículas em busca de uma célula hospedeira para numa simbiose interagir de forma tóxica, inceciosa ou colaborativa com a vida. A Aids, a gripe, adengue, a catapora, o sarampo, por exemplo, são virus. Por isso não se existem antibióticos para um vírus, mas para uma bactéria que têm uma célula e é bio (vida), sim. Por isso a palavra antibiótica (antibio - o que é contra a vida: morte).

A indústria fármaco e muito da prática médica tem por base a doença e não a saúde da vida. Na simbiogênese, defendemos que a rede de células humanas e de bactérias amigas que formam uma rede de cooperação de longo agora, quando são atacadas e é necessário agir, a indústria fármaco precisaria dotar de muito mais atenção ao princípio simbiótico, de fortalecimnento da vida com procedimentos e fármacos próbióticos e muito menos do uso de antibióticos a serem utilizados apenas em situações muito extremas. Falarei mais adiante sobre a importãncia disso quando falamos na defesa do ambiente vivo.

Os vírus e as bactérias são os verdadeiros donos do mundo.

Os vírus isoladamente não fazem parte do universo da vida. Os vírus isoladamente não conseguem produzir proteina em seu material genético. Precisam de uma célula hospedeira para isso. Sem elas vagueiam por si mesmo.

Como sabem o universo da nanociência é de um metro partido em bilhão de vezes iguais. O universo micron é do tamanho apenas de um milhão de vezes de um metro. Tamanho do vírus vai de 0,001 milímetro podendo chegar em torn de 350 milimicros de diâmetro.

Um microm  (0,000 001) e nanometro é  (0,000 000 001). Os vírus não podem ser vistos a olho nú.

Para compararmos, os glóbulos vermelhos do sangue humano, têm 7.500 milimicros de diâmetro e dentro de uma célula bacteriana podem caber uma multidão de partículas de vírus.

As células animais veriam de 10 a 20 micrômetros, enquanto as vegetais medem de 20 a 50 micrômetros. Nas bactérias a média de tamanho são de  2 a 5 micrômetros. As células humanas em geral possuem o tamanho de 10 a 50 micrômetros.

Os vírus – em geral bem, são partículas bem memores que a unidade mínima de vida que é uma célula. Isso é o que pensávamos. Em 2015 cientistas de um Laboratório em Berkely realizaram a proeza de registrar uma imagem da menor forma de vida encontrada no Planeta, uma bactéria de 0,009 microns de diametro ou seja, 9 nanometros, ou seja, menor que um vírus. Apesar de ser uma forma de vida abundante no Planeta  sabemos muito pouco sobre ela por ser muito pequena, mas também por ser muito frágil e morrerem.

Por outro lado existem células que podem ser vistas sem auxílio de microscópio, como por exemplo, o olho humano. Uma célula esférica com 200 micrômetros de diâmetro.

O que de menor um olho humano pode nos permitir ver depende do tsmanho do objeto e da relação entre itensidade da luz e da distância. Já se conseguimos registros que permitiram enxergarmos com apenas 5 fótons e a noite conseguimos enxergar a noite milhares de estrelas da Galáxia de  Andrômedra que se encontra a 2.54 milhões de anos luz da Terra.

 

DESENVOLVER É DEIXAR DE SE ENVOLVER

 

É cada vez mais visiveis as impasses gerados pelo esgotamento do ciclo industrial, principalmente pelo seu impacto aniquilador no ecossisterna vivo do Planeta. Hoje, 99% das espdcies vivas ja se extinguirame ''tres quartos dos seres humanos estão aglemerados em apenas dois por cento das terras do planeta (Chaisson, 1984: 257).

Ao decompormos a palavra desenvolver (des = menos envolver), verificaremos que ela se origigina da ideia de envolvimento. Portanto, sua raiz e envolver, envolver-se sobre algo, um objeto. Porém, chama-nos a atenção que o prefixo des implica uma direção oposta. Desenvelver-se, é retirar-se do envolvimento, distanciar-se da base material de um objeto – e no caso da vida -  retirar-se fo envolvimento com ecossistema vivo - nada mais eoerente com relação às praticas desenvolvimentistas.

Crescer no desenvolvimeno é crescer o distanciamento do nosso ecossistema vivo. É colocar o homem narcisista – antropocêntrico – predador - num pedestal superior a natureza que é dada como inesgotável. Essa obsessão ao cresciento desse desenvolvimento – para uma nova beta natureza suprior, uma natureza de uma ordem racional está aniquilando os recursos necessários para a produção da vida em nosso planeta. 

As escolas do desenvolvimento sustentáveis ou não induziram a um verdadeiro genocídio do capital genético construído a milhões de anos pela evolução.

Vejamos por ordem de prioridade para a manutenção da vida em nosso Planeta: o ar, a água, os solos férteis, os animais, as plantas, os minerais.

A primeira coisa que a vida precisa é de AR. Esse elemento é tão essencial para a vida que segundos sem ele começam a gerar efeitos desatrosos para qualçquer ser vivo. Sem repirar não aguentamos muitos minutos. Vamos óbito. O oxigênio é gerado pelça fotosíntese e as fontes da sua produção são bem conhecidas: ele é produzido em pequena escala pelos vegetais presentes nas estepes e terrascultivadas, em grau bem maior pelas formações florestais e, em nível exttraordinariamente elevado (cerca de 70% do total), pelo fictoplânction oceânico, responsável por cerca de 70% de todo o oxigênio que paassa na atmosfera.  Todas essas fontes compõe um estoque finito de oxigênio produzido diariamente no Planeta. Todas essas fontes estão sendo ameaçadas peço atual modelo desenvolvimentisda da civilização. O problema não está apenas na destruição do oxigênio, mas da intensificação de seu consumo pela tecnologia industrial. Um automóvel, por exemplo, consome, ao percorrer mil quilômetros, o equvalente ao consumo de um homem adulto durante um ano (LAGO et All, 1985, 74-75)[13].

O segundo elemento essencial para a vida é a ÁGUA. Dos140 milhões de quilômetros cúbicos de ágia em nosso Planeta, apenas 3% constituem em água doce, sendo que ¾ dessa água encontra-se imobilizada em geleiras e neves. A civilizaão industrial tem criado situações nunca antes vistas de contaminação e desperdício no uso dessas reservas. Um habitante de um Oásis no Saara, por exemplo, usa cerca de 3 litros de água por dia, um habitante do Rio de Janeiros gasta em média 450 litros, em Moscou 600 litros e de Nova York, 1045 litros.

O terceiro elemento são os SOLOS FÉRTEIS. Da área Planetária de 149 milhões de km², apenas 30% são potencialmente aráveis, issso porque o restante se compõe de desertos, áreas glaciais, montanhas incultiváveis, etc. O quadro geral é preocupante, principalmente devido ao fato de observarmos uma perda permanente e acelerada de solo fértil. Um solo não é siplesmente um arcabouço de matéria morta.

Os solos abrigam um quarto da biodiversidade do planeta – uma colher de terra saudável tem mais organismos que pessoas no planeta Terra. Nossa alimentação depende dos solos férteis, já que 95% vêm deles. Apenas um grama de solo fértil, por exemplo, pode conter 2,5 bilhões de bactérias e 6.400 fungos. Atualmente, 33% da área dos solos já foram perdida. Nosso Planeta perde 24 bilhões de toneladas de solo fértil por ano.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou que por ano, perdem-se 50 mil quilômetros quadrados  de solo, o equivalente a área da Costa Rica. Atualmente, 33% da área dos solos já foi perdida.

A degradação do solo deve ser impedida porque ela não é recuperável na escala humana, alerta a organização no vídeo. Isso porque, para gerar 1 centímetro de solo fértil, levam-se 1.000 anos. O problema é agravado pela expansão urbana, responsável pela constante impermeabilização do solo. Na Europa, por exemplo, 11 hectares de solo são impermeabilizados a cada hora, segundo a FAO.

O quarto recurso são as diversas espécies de ANIMAIS E VEGETAIS que habitam em nosso Planeta. Estima-se que já houve uma redução de 30% na vida nos oceanos.  A acidificação do oceano, o aquecimento global e a poluição agem de forma conjunta coloca em risco de severo declínio e extinção 75% dos corais mundiais correm o risco de sofrerem um severo declínio. Os distúrbios no ciclo de carbono, acidificação e baixa concentração de oxigênio na água faz com que os níveis de CO² que estão sendo absorvidos pelos oceanos já sejam bem mais altos que aqueles registrados durante a grande extinção de espécies marinhas que ocorreu há 55 milhões de anos.

Um trabalho de investigação da Universidade de Stanford analisou o padrão de desaparecimento de 2.500 espécies nos últimos milhões de anos. Em cerca quatro bilhões de anos de história da vida na Terra, ocorreram cinco mega extinções, momentos em que muitos dos seres vivos foram arrastados de repente para a desaparição por vários cataclismos. E agora, segundo todos os dados recolhidos pela ciência, a civilização humana está causando uma nova extinção em massa: somos como o meteorito que dizimou os dinossauros do planeta. Estudo liderado por pesquisadores de Stanford, mostraram como que uma sexta extinção está acontecendo com os seres aquáticos de maior tamanho.

Mantendo nosso ritmo “desenvolvimentista”, os grandes animais que vão povoar os mares dentro de milhões de anos não serão descendentes de nossas baleias, tubarões e atuns porque estamos matando todos eles para sempre. A eliminação seletiva dos maiores animais nos oceanos modernos, algo sem precedentes na história da vida animal, pode alterar os ecossistemas durante milhões de anos, conclui um estudo apresentado pela revista Science.

É um padrão “sem precedentes” no registro das grandes extinções e que com muita segurança acontece por causa da pesca: hoje em dia, quanto maior o animal marinho, maior a probabilidade de se tornar extinto.
Os cenários pessimistas preveem a extinção de 24% a 40% dos gêneros de vertebrados e moluscos marinhos; o cálculo mais trágico é comparável à extinção em massa do fim do Cretáceo, quando os dinossauros desapareceram (Science).

Sem uma mudança dramática na direção atual da gestão dos mares, nossa análise sugere que os oceanos vão sofrer uma extinção em massa de intensidade suficiente e seletividade ecológica para ser incluída entre as grandes extinções.

Quanto às espécies de mamíferos um levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) revela que uma em cada quatro espécies de mamíferos corre o risco de desaparecer do planeta.

Quanto as aves e pássaros em cada 8 espécies de aves está ameaçada de extinção, diz estudo. Uma em cada oito aves está ameaçada de extinção no mundo. Das 11 mil espécies catalogadas, 40% podem desaparecer do planeta, segundo estudos da BirdLife Internacional.

Quanto os vegetais, as plantas estão entrando em extinção pesquisadores mostram que as plantas estão desaparecendo 500x mais rápido que o normal — graças aos humanos.   Saber quantas espécies estão sendo extintas não é uma resposta fácil de ser obtida. Faltam dados precisos sobre extinções contemporâneas na maior parte do mundo. E as espécies não são distribuídas uniformemente – por exemplo, Madagascar é o lar de cerca de 12 mil espécies de plantas, das quais 80% são endêmicas (não encontradas em nenhum outro lugar). A Inglaterra, por sua vez, abriga apenas 1.859 espécies, das quais 75 (apenas 4%) são endêmicas.

Os resultados cobrem o período após a primeira Revolução Industrial, que ocorreu na segunda metade do século 18. Segundo os pesquisadores, a taxa de extinção é 500 vezes maior do que seria esperado ocorrer naturalmente, sem a intervenção humana.

Estudos assustadores realizados apontaram que nos últimos séculos 571 espécies de plantas foram extintas. Nature - https://www.nature.com/articles/s41559-019-0906-2).

Algumas partes do planeta ainda são pouco estudadas em termos de biodiversidade. Por isso, é provável que ainda mais plantas estejam funcionalmente extintas — ou seja, o número de espécimes é tão baixo que não há mais chances que eles se reproduzam para repovoar a espécie.

O quinto são os MINERAIS E COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. A discussão numérica sobre o tamanho de suas reservas estão em aberto. Entretanto os dados existentes já delimitaram os seguintes prazos para sua exaustão supondo que o consumo continue a crescer nos padrão da civilização industrial. Alumínio – 33 anos; Cromo 115 anos; Chumbo 28 anos; manganês 106 anos; .... etc.

Embora mênos de 10% da capacidade de petróleo no mundo tenha sido gasta, a Opep afirmou que a demanda mundial de petróleo em 2019  ultrapassará os 100 milhões de barris diários (mbd), aumentando em 1,47% em relação ao consumo de 2018.

Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) calculou em 100,3 mbd a demanda petrolífera do planeta, superando a expectativa média de 98,85 mbd prevista para 2018.

Nesse ritmo as reservas restantes se esgotarão até o final do Século. Cerca de uma geração. Isso quere dizer que em pouco mais de 100 anos mais ou menos, nossa civilização terá exaurido um recurso que foi preciso milhões de anos para acumular.

Em poucos anos em torno de 10 bilhões de seres humanos estarão Habitando no Planeta. A maioria deles em cidades ocupando apenas cerca de 2% do território de terra existente em todo nosso globo.

A recomendação básica é que – no mínimo estamos caminhando do lado oposto da evolução da espécie. Sem evoluirmos junto com o Planeta simbiótico, em symbios não temos futuro, ou seremos uma espécie sem futuro. Nossas novas gerações não poderão viver em plenitude de uma civilização evoluída, pós- industrial. Em vez de desenvolver a cidade, a vida, o país precisou é reciclar e o mais importante. Reciclar a nós mesmos para uma relação simbiótica com as múltiplas formas nano, micro e macro de vida e reciclarmos nossa relação com o Planeta da vida. Nosso Planeta simbiótico.

 

   

Para minhas palavras finais, termino com as palavras iniciais do meu mais importante livro: Nômades de Pedra: Teoria da sociedade simbiogênica

 

A terra a terra gira para nos aproximar.  Não gira como nos indicou a “revolução copernicana”,* que nos revelou estranhamente, que nosso planeta gira, mas que o homem não. Muitos e muitos cientistas do mundo ocidental centraram-se nessa crença, na qual renascia um potente, ainda que imóvel, e poderoso homem decifrador moderno.

Agora, o moderno homem imóvel - ao centro, muitas vezes acima e, quase sempre, ausente - construiu um sistema de mundo já dado como estruturado, sem diferenciação de espaço e sem tempo. Portador de uma linguagem geral – da ciência moderna – descreve e traça as linhas de particularidades do cosmos, revelando as leis da natureza e a funcionalidade dos objetos e das coisas.

Surgem massas inanimadas atravessadas por forças de interação gravitacional em movimentos e trajetórias circulares e elípticas, que vão até ao infinito do finito. Ao mesmo tempo, desconsidera as diferenciações do espaço, a presença perturbadora do tempo e os efetivos limites constitutivos do mundo natural.

Junto com a prepotência racional dos modernos e a cada grande explicação do mundo, revelávamos seus segredos mecânicos de funcionamento e desnudávamos pequenas e grandes descobertas, mas deixávamos de ver-nos juntos e dentro desse mesmo mundo.

A ampliação de nossa prepotente visão do mundo era proporcional ao tempo do longo sono que dormimos tranquilamente junto com os modernos cientistas e, assim, éramos também incapazes de junto com eles, pensarmos acordados, ou seja, estávamos acima e, ao mesmo tempo, ausentes desse mesmo mundo que pensávamos estar revelando.

No entanto, uma perturbação ronda o tranquilo sono da ciência. Descobrimos, agora, que estamos imersos simbioticamente nesse giro copernicano, que fazemos parte dele e giramos juntos com a Terra, dentro de um iô-iô cósmico em expansão e dispersão, em complexa auto-organização. A Terra gira ao redor de si mesma e também dentro de nós, unindo-nos, finalmente, nesse fantástico sonho de vivermos a vida numa dança cósmica.

 

  

Referências

 

DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Rio de Janeiro. Editora Jorge Zahar, 2007.

DENNETT, Daniel. Darwin's Dangerous Idea: Evolution and the Meanings of Life (Simon & Schuster; reprint edition 1996) (ISBN 0-684-82471-X)

___________. A Perigosa Ideia de Darwin. Rio de Janeiro: ROCCO, 1998.

________ Brainstorms: Philosophical Essays on Mind and Psychology (MIT Press 1981) (ISBN 0-262-54037-1)

KEMPF, Hervé. La Révolution Biolithique: Humains Artificiels et Machines Animées. Paris: Albin Michel, 1998.

LIMA, Gilson. Nõmades de pedra: teoria da sociedade simbiogênica contada em prosas. Porto Alegre: Escritos, 2005.

LIMA, Gilson. Sociology in Complexity. Sociologias – V 1. PPGS/UFRGS, 2007

LUKASIEWICZ, Jan. Aristotle's Syllogistic from the Standpoint of Modern Formal Logic, Oxford University Press, Amen House, London, 1958.

MARGULIS, Lynn. Microcosmo. São Paulo: Cultrix, 2002.

MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é Vida. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002a.

MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é Sexo. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002b.

SMALL, Gary; VORGAN, Gigi. The tecnhologicgary; al alteration of the modern mind por Gary Small e Gigi Vorgan. Nova York: HerperCollins Publischers, 2009.

STELARC. “Das estratégias psicológicas às ciberestratégias: a protética, a robótica, e a existência remota”. Em D. Domingues (org.), A arte no século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: Ed. Unesp, 1997.

WRIGTH, Robert. O Animal Moral: porque somos como somos: a nova ciência da psicologia evolutiva. Rio de Janeiro: Campus, 1996.

ZADEH, A. Fuzzy Sets.  Information and Control, 8:338 – 353, 1965.

 

Referências bibliográficas eletrônicas


STELAC. Pseudônimo de Stelios Arcadiou (19 de junho de 1946, Limassol, Chipre) é um artista performático cujas obras concentram-se fortemente no futurismo e na extensão das capacidades do corpo humano.
http://stelarc.org/_.swf (última visita 14/08/2015).

LIMA, Gilson. Encontro com Daniel Dennet. Reinventando o universo do humano com a ciência em ação. http://glolima.blogspot.com.br/2010/11/encontro-com-daniel-dennet-reinventando_28.html (última visita 14/08/2015).

LIMA, Gilson. Vídeo que mostra coordenei um experimento onde batemos o record de 512 passos sequenciais com um paciente tetraplégico num exoesqueleto não robótico. Mapeamos também o consumo de oxigênio-energia no trajeto. http://glolima.blogspot.com.br/2011/07/exoesqueleto-para-alem-da-cadeira-de.html (última visita 14/08/2015).

LIMA, Gilson. Tese de Doutorado: A Reconstrução da Realidade com a Informação Digital: a emergência da dupla competência sociológica. (UFRGS, 2004). https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4226/000453996.pdf?sequence=1 (última visita 14/08/2015).

LIMA, Gilson. Seu Cérebro no Google. A nossa hipótese de pesquisas com usos de computadores e outras atividades online é que esses usos – cada vez mais intensos - causam alterações rápidas e mensuráveis para um circuito neural do cérebro, particularmente, em pessoas sem prévia experiência com computador. http://glolima.blogspot.com.br/2012/12/seu-cerebro-no-google.html (última visita 14/08/2015).



[1] Gilson Luiz de Oliveira Lima. Graduado em Ciências Sociais. Mestre em Ciência Política.  Doutor em Metodologias Informacionais pela UFRGS. Pós-doutor em Neuroreabilitação. MEMBERSHIP do RESEARCH COMMITTEE CLINICAL SOCIOLOGY da ISA- International Sociological Association. Criador e coordenados do NITAS. Núcleo interdisciplinar de tecnologia assistiva e simbiogênse.

[2] A origem de meus esforços por uma nova teoria social tem como referência inicial um conceito da simbiogênese proveniente da genética molecular, mais precisamente proposto por Lynn Margulis. A teoria da simbiogênese implica uma mudança radical de percepção no pensamento evolutivo. Enquanto a teoria convencional concebe o desdobramento da vida como um processo no qual as espécies apenas divergem umas das outras, Lynn Margulis alega que a formação de novas entidades compostas por meio da simbiose de organismos, antes independentes, tem sido a mais poderosa e mais importante das forças da evolução. Essa nova visão tem forçado biólogos a reconhecer a importância vital da cooperação no processo evolutivo. Pensamos que a abordagem da simbiogênese é um recurso teórico importantíssimo para darmos conta dos dilemas e da complexidade proveniente da emergência da esfinge informacional e sua interação com o corpo e o ambiente que nele acontecemos.

[3] A noção de borrosidade (entre fronteiras, bordas), surgiu de um problema matemático na teoria de conjuntos fuzzy proposto pelo lógico polonês Jan Lukasiewicz. Trata-se de uma abordagem crítica das noções de limite e de precisão, essenciais à teoria dos conjuntos que funda a analítica formal da ciência moderna (ZADEH, 1982). Uma boa metáfora para o mundo do conhecimento complexo da compreensão da vida e uma abordagem crítica das noções disciplinares e superespecialistas que reinam até hoje na ciência moderna.

[4] WRIGTH, Robert. O Animal Moral: porque somos como somos: a nova ciência da psicologia evolutiva. Rio de Janeiro: Campus, 1996.

[5] Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon (Montbard, 7 de Setembro de 1707 - Paris, 16 de Abril de 1788) foi um naturalista, matemático e escritor francês. Foi precursor de Lamarck e Darwin, com suas concepções filosóficas e o estudo das espécies, que foram ótimos subsídios para o progresso da biologia. É considerado um dos maiores biólogos do seu tempo, Buffon, segundo Darwin, foi um dos primeiros a estudar cientificamente a origem das espécies.

[6] MARGULIS, Lynn. Microcosmo. São Paulo: Cultrix, 2002; MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é Vida. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002ª; MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que é Sexo. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2002b.

[7] CAPRA, Fritjof.  A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1996.

[8] Ibd.id.

[9] LIMA, Gilson. Nômades de Pedra; Teoria da sociedade simbiogênica. Porto Alegre: Escritos, 2005.

[10] Ibd

[11] KEMPF, Hervé. La Révolution Biolithique: Humains Artificiels et Machines Animées. Paris: Albin Michel, 1998.

[13] LAGO, Antonio et al. O que é Ecologia. São Paulo: Ática, 1988.

* Relativo a Nicolau Copérnico, astrônomo polonês Nicolau Copérnico que publicou sua obra maior "Das revoluções dos corpos celestes". Nessa obra, diferentemente da tese adotada pela Igreja Católica durante toda a Idade Média, de que a Terra era o centro do Universo e era fixa, Copérnico, defendeu a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria foi mais tarde desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler culminando na síntese final com a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico e matemático inglês Isaac Newton que, por coincidência, nasceu em 1642, o mesmo ano em que Galileu morreu.