quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MATRIX 1 - Uma análise


 O texto a seguir sobre o Filme MATRIX 1 é uma transcrição de uma palestra-análise realizada no evento Filocine em Porto Alegre por Gilson Lima.

Gilson Lima. Sociólogo da Ciência. Pesquisador CNPQ. Sócio proprietário da NITAS: tecnologia e inovação. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).

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Matrix, no dicionário quer dizer:

O útero. O que dá forma, origem ou fundamento de algo que envolve ou contém. Substância intercelular de um tecido. Substância terrosa ou rochosa em que se encontra um minério ou mineral. Molde para fundição de peça de bronze e em matemática quer dizer: arranjo de símbolos num quadro retangular que, desenvolvidos, resultam num determinante.

PRELIMINARES!

Da cabeça dos irmãos Wachowski Andy e Larry Wachowski (escritores e desenhistas) saiu MATRIX.
Eles produziam desenhos em quadrinhos e tudo começou com uma encomenda para uma história em quadrinhos. Eles foram se concentrando na ideia de Matrix e segundo Larry “todas as ideias que os dois tiveram na vida estão no filme desde quadrinhos, kung-fu e livros de ciência e ficção científica.
É perceptível além da dinâmica dos quadrinhos a simbiose entre oriente mais japonês com o ocidente. Eles sempre tiveram uma curiosidade maior: as lições da ficção científica sobre o que eles chamaram do problema da natureza da realidade.
Os dois enviaram o roteiro para Hollywood e que mandaram chamá-los e eles disseram. Tudo bem gostaram, mas somos nós que vamos dirigir escolher os autores e executar tudo.
Claro que tiveram que fazer quase tudo sozinhos e criaram também uma revolução no modo de produzir cinema de ficção na indústria cinematográfica. Como a de realizar cenas de 10 a 15 segundos com 12 pessoas simultâneas, lutas e perseguição de carros e animá-las com programas de imagens de movimento.
Os atores utilizavam uma roupa específica com sensores espalhados pelo corpo. A câmera capturava o movimento das pessoas com base nesses sensores. É uma roupa colada ao corpo (similar a de mergulho), com velcro para os sensores, colocados nas articulações (foram usados cerca de 50 sensores por ator). Cada sensor era como se fosse uma bolinha. Quando se abria a imagem no computador, só se via aqueles pontinhos. Tínhamos o trabalho de identificá-los e ligá-los, formando um esqueleto. Depois, era só adaptar a roupa e o rosto do ator a este esqueleto.
As marcas dos sensores eram capturadas por câmeras de motion capture[1] (em Matrix, foram utilizadas 32 delas). O Matrix não foi o primeiro filme a usar motion capture e, atualmente, todos os videogames de esporte são feitos com esse sistema. Pode-se modelar um brócolis, e ele vai se portar da forma desejada. Para os movimentos faciais do King Kong quando ele fala, por exemplo, foram postos sensores na boca de uma pessoa para capturar a sua expressão labial
A técnica de motion capture também foi utilizada nas cenas em que câmera e ator estavam muito próximos a carros - durante perseguição na auto-estrada principalmente em Matrix Reloaded. Nessa série de Matrix, as partes da sequência de Morpheus (personagem de Laurence Fishburne) em cima de um caminhão, por exemplo, foram construídas em 3D
No computador, esses pontos eram lincados, formando um "homem de palitinhos". Como se fosse um molde. Depois, esse esqueleto é texturizado em um software 3D (em Matrix, foi utilizado o Filme Box, da Kayadara). Chama-se de texturização da cena quando se aplica a imagem do ator esse tipo de molde (por exemplo, o rosto do agente Smith em vários personagens). Ou seja, o software dá vida aos esqueletos em movimento. Para isso, foi feito um escaneamento da superfície facial - desde tamanho do nariz a poros e pelos - e do corpo do ator. E os agentes Smith ainda foram duplicados depois, para se chegar à centena deles presente em algumas sequências.
Nesse programa, modela-se no esqueleto corpo e rosto desejados (é feito um escaneamento da superfície facial e corpo desses personagens que serão modelados). No ambiente 3D, tudo pode ser animável, inclusive a câmera. A técnica permite que o ator faça uma cena inviável com película. É possível, então, fazer com que objetos fiquem estáticos e a câmera continue em movimento. Isso pode ser visto nas cenas de briga com coisas paradas no ar e as câmeras passando.
A técnica expressa bem um mundo atual onde, em nosso mundo, todos os habitantes são cada vez mais nômades, conectados a uma realidade abstrata expandida, onde, depois de cada curva surgem novas curvas, depois de cada parada ou nódulo, surgem novos fluxos, novas e múltiplas bifurcações.
Somos nômades simbólicos. Vivemos ema a situação de estarmos ou não, com os nossos corpos inertes e fixos, não nos impede de experimentar a sensação de que sempre somos alguém no lugar, mas não inteiramente do lugar.
Encontramos no filme Matrix essa ideia, no qual corpos inertes de humanos, deitados sobre uma cadeira reclinável, navegam numa intensa simbiose por lugares, conexões e simulacros tão abstratamente autônomos da matéria corpórea como efetivamente reais.

EM BUSCA DE REFERÊNCIAS => Sobre Matrix na ficção científica: Realidade é um sonho!

É claro que a primeira fonte explícita influenciadora dos escritores e roteiristas de Matrix é Neuromancer.
Em 1984, o escritor norte-americano Wiliam Gibson lançou uma obra de ficção para adolescentes, chamada Neuromancer.[2] Poucos anos mais tarde, o autor transformou-se numa celebridade, por ter sido o primeiro a perceber o surgimento de uma realidade imaginária compartilhada nas redes dos computadores e que ele denominou cyberspace. Para Gibson, o cyberspace (ou ciberespaço, como o termo é conhecido na versão brasileira da obra) não é um espaço físico ou territorial, ele compõe-se de um conjunto de redes de computadores através das quais todas as informações (sob as suas mais diversas formas) circulam. O ciberespaço gibsoniano é uma “alucinação consensual” em que podemos nos conectar através de “chips” implantados no cérebro. A Matrix, como chama Gibson, é a mãe, é o útero da civilização pós-industrial onde os “cibernautas” vão penetrar. Ela será povoada pelas mais diversas tribos nômades que circulam em busca de informações vitais para as suas empresas ou para as suas vidas. A Matrix de Gibson, como toda a sua obra, constitui-se numa caricatura do real, do cotidiano pós-industrial. [3]
Na busca de suas referências teóricas de Matrix os irmãos Wachowski Andy e Larry Wachowski declararam explicitamente algumas. Eles exigiram da indústria hollywoodiana, eles mesmos roteirizar e escolherem os atores. Quando Keanu Reeves foi chamado para fazer o papel de Thomas Anderson de dia e de “Neo”, que de noite era hacker.
A primeira tarefa que os irmãos Wachowski Andy e Larry Wachowski deram ao ator Keanu Reeves foi a de ler antes do roteiro três livros:

1. O livro de Jean Baudrillard: Simulacro e Simulação[4]. As idéias de Baudrillard nesse livro são um realmente um argumento importante para esse filme. Os ícones religiosos passam a representar Deus (simular) estabelecer a simulação da ligação com ele possível com o próprio ícone. É simulação do ícone. Ele vira a medalhinha do painel do carro. Degrada o significado e acaba se tornando o próprio simulacro uma nova realidade em si mesma.
Numa cena inicial do filme com o hacker Neo os irmãos Wachowski querem explicitamente demonstrar suas influências teórica. 

A imagem acima é uma "foto" tirada de uma cena inícial do filme Matrix I. Nessa cena um grupo de pessoas bate na porte de "Neo". O hacker "Neo" atende a porta e vai buscar uma encomenda que está dentro de um livro. Ele vai na prateleira pega o livro e algo dentro dele, trata-se de um programa pirata (um disco) ali guardado. A surpresa é que nessa "foto" torada do filme podemos identificá-lo. Trata-se de Simulacro e Simulação de Jean Baudrillard.

 Vamos ver o que disse o próprio Baudrillard antes de morrer sobre essa questão e homenagem:
Perguntado se ele gostou de Matrix sabendo que os autores atribuem uma grande influência dele sobre os personagens da trilogia Matrix ele respondeu que:

Baudrillard – “É uma produção divertida, repleta de efeitos especiais, só que muito metafórica. Os irmãos Wachowski são bons no que fazem. Keanu Reeves também tem me citado em muitas ocasiões, só que eu não tenho certeza de que ele captou meu pensamento. O fato, porém, é que Matrix faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Os diretores se basearam em meu livro Simulacros e Simulação, mas não o entenderam. Prefiro filmes como Truman Show e Cidade dos Sonhos, cujos realizadores perceberam que a diferença entre uma coisa e outra é menos evidente. Nos dois filmes, minhas idéias estão mais bem aplicadas. Os Wachowskis me chamaram para prestar uma assessoria filosófica para Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, mas não aceitei o convite. Como poderia? Não tenho nada a ver com kung fu. Meu trabalho é discutir idéias em ambientes apropriados para essa atividade”.

2. Out of Control. (Fora do controle – descontrolado. Livro de ficção científica de Kevin Kelly que fala dos sistemas de evolução de robôs.

3. Introducing Psycology. (introdução à evolução da psicologia onde na capa do livro vemos um primata com um cérebro humano moderno exposto em destaque). Autores Dylon France e Oscar Zarate.

Uma cena significativa entre o andróide e o Matrix. O agente Smith é produto da Matrix que aprendeu a dominar com sucesso as tecnologias da Inteligência artificial. O ódio de Smith pela humanidade foi programado pela IA. O discurso do agente com Neo apresenta claramente sua programação:

... os humanos são mamíferos obviamente (... um mamífero, que diga de passagem continua a mamar leite depois de ser desmamado pela sua mãe a custa de outros mamíferos). Todo animal procura instintivamente o equilíbrio com seu meio. Todo animal se vê a competir com outras formas animais. Os humanos são os únicos, dentre todas as espécies, capazes de sobrepujar os competidores”.
Smith chama os humanos de um câncer.

As células cancerígenas nos humanos são humanas assim como os seres humanos são mamíferos. Matrix tinha sido infectada pelo vírus da humanidade e o filme deixa claro que o agente Smith quer se libertar também de Matrix e que quer ter acesso aos códigos de Sião, não para aniquilar os revolucionários para se libertar.
Assim de modo quase bíblico o filme deixa demonstrar que a nossa escravidão tecnológica é uma servidão criada pela própria humanidade, produto do livre arbítrio precisamos de um novo renascimento para por fim a escravidão. No universo judaico cristão escravidão é pecado. No Éden, nosso primeiro útero era perfeito, mas os humanos se definiram pelo pecado. A primeira versão tecnológica do pecado é a roupa uma das nossas primeiras utilidades da tecnologia, por isso o renascimento de Neo se faz nu. Para libertar-se da escravidão da matrix.
Porém no filme a Salvação humana não está na humanidade e nem no andróide da Matrix e sim na simbiose.

Matrix I pode gerar um oceano de DEBATES e reflexões POSSÍVEIS de possibilidades de Matrix fazer sentido filosófico, científico, acadêmico: ficção científica e realidade com um conjunto de laços que a rede reflexiva de Matrix 1 pode nos levar. Vejamos:

NÓ (1)  MATRIX: Da abordagem computacional da mente

Da abordagem computacional da mente: computadores, cavernas e oráculos! Inteligência e inteligência artificial.
Memória, Cognição e cognitivismo: ABORGAGEM COMPUTACIONAL DO CÉREBRO E DA INTELIGÊNCIA DE MATRIX ESTÁ MUITO EQUIVOCADA. No filme encontramos uma reducionista abordagem computacional do aprendizado e da inteligência tal como em Matrix. É uma abordagem de modelo computável do cérebro humano que, de algum modo, já comentamos.
Tem uma cena em Matrix que relaciona-se muito com essa abordagem. No primeiro Matrix, quando os dois jovens protagonistas (Neo e a bela italiana Trinity) tentam fugir para um lugar seguro, eles se deparam com um helicóptero. Neo pergunta a Trinity: "Você sabe pilotar isso?”. E ela responde: “Ainda não". Então ela pega o celular, liga para alguém na central e pede para que o sujeito carregue o programa que a faria aprender a pilotar o helicóptero em alguns poucos segundos. Com o programa na mente, ela assume o controle e voam em segurança em busca de novas aventuras.

Essa cena de educação instantânea traduz muito de nossa atualidade, tomada pela hegemonia cognitivista-computacional e da ideia de que podemos programar as pessoas, de que podemos ter acesso instantâneo aos dados (realidade fisicalista) e de que isso até se estende para programações infogenéticas (genes), capazes de indicar automaticamente comportamentos e atitudes. Um mundo que nos levou ao beco sem saída onde os homens se tornam programas ou extensões de máquinas computacionais.
As informações são processadas por Trinity e ela, a seguir, entra no helicóptero e com muita maestria passa a pilotá-lo como se tivesse mais de 40.000 horas de voo no aparelho.
Trata-se de uma visão simplificada e equivocada da aprendizagem cerebral. Nosso cérebro não é um imenso cabo de redes telefônicas, formado por sinais elétricos que perpassam sinais de um ponto a outro como ocorre no computador. Um computador limita-se a acessar, trocar, estocar e transportar dados, informações, e isso está muito longe da complexa expansão do nosso aprendizado humano.
Se considerarmos a dinâmica neural (isto é, a maneira como os padrões de atividade do cérebro se modificam ao longo do tempo), a característica especial mais impressionante dos cérebros dos vertebrados superiores é a existência de um processo que denominamos reentradas. Trata-se do constante e recorrente intercâmbio de sinais em paralelo entre áreas reciprocamente interconectadas do cérebro, um intercâmbio que coordena constantemente a atividade dessas áreas, tanto no espaço como no tempo. Uma característica impressionante dessas reentradas é a sincronização ampliada da atividade de diferentes grupos de neurônios, ativos e distribuídos entre as muitas áreas especializadas do cérebro.
O cérebro, com suas SINAPSES, é um sistema aberto que está sempre de modo ou outro se auto organizando, quando acontecemos no mundo. Quando surgem acontecimentos que apresentam um resultado melhor do que esperávamos, isso chama a nossa atenção, não é um programa, mas uma predisposição também para aprendermos algo novo.
O cérebro é uma máquina de extração de regras. Um cientista do cérebro, Spitzer, conta-nos uma história bem simples para entendermos esse processo. Diz ele que certamente você já viu (ou comeu) milhares de tomates na sua vida; contudo, de forma alguma pode lembrar-se das características específicas de cada um dos tomates isoladamente. Essas características seriam completamente inúteis para o cérebro toda vez que você observasse um novo tomate, pois só iria utilizar o que o leitor soubesse sobre tomates em geral, para poder saber o que fazer com este. Podemos comê-los, cheirá-los, utilizá-los em ketchup, atirá-los, etc.
A aprendizagem de fatos ou acontecimentos isolados não só é na maioria dos casos pouco importante, como inoportuna. Esses conhecimentos de acontecimentos isolados são de pouca ajuda. A informação isolada da experiência é muito limitada.
Nosso cérebro, com exceção do hipocampo, que é especializado em conteúdos isolados, é muito bom com extração geral de regras, pois é especializado na aprendizagem de generalidades.
Tal generalidade, porém, não é adquirida ao aprendermos regras gerais? Não! Ela é aprendida porque construímos exemplos. É a partir desses exemplos e imitações que aprendemos a produzir as próprias regras.
As centenas de milhões de conexões que compõem a estrutura conectiva íntima do cérebro não são conexões exatas. Se indagarmos se as conexões são idênticas em quaisquer dos cérebros de tamanho semelhante, como ocorreria nos computadores de construção similar, a resposta é não. Isso está equivocado.

O mundo não se apresenta ao cérebro como uma fita magnética de computador que contém uma série de sinais claros e inequívocos. Ao contrário, o cérebro é capaz de categorizar e classificar os padrões de uma enorme série de sinais variáveis.

NÓ (2)  MATRIX: Da Realidade

O paradoxo da Realidade. Boudrilhard + desrealização vital. Da “natureza” da realidade. Simulacro e simulação (pós-modernidade).O dualismo das cenas do verde (Matrix) e do azul (fora da Matrix).
Baudrillard – “A noção de pós-modernidade não passa de uma forma irresponsável de abordagem pseudocientífica dos fenômenos. Trata-se de um sistema de interpretações a partir de uma palavra com crédito ilimitado, que pode ser aplicada a qualquer coisa. Seria piada chamá-la de conceito teórico”.
Vivemos na Matrix”O argumento da simulação e do simulacro. Ela existe? Gênero Real e Filosofia Virtual.  (pós-modernidade – de novo).
Baudrillard – “Os signos evoluíram, tomaram conta do mundo e hoje o dominam. Os sistemas de signos operam no lugar dos objetos e progridem exponencialmente em representações cada vez mais complexas. O objeto é o discurso, que promove intercâmbios virtuais incontroláveis, para além do objeto”.

NÓ (3).  MATRIX: Da simbiogênese:

Fusão corpo e máquina = estamos no rumo de Matrix? Corpo e Máquina (neomaterialismo – morte do corpo – morte do sujeito – o pós-humano). Ou por que o futuro não precisa de nós (humanos). Marx, materialismo e a infraestrutura virou energia sedentárias ou nômades em movimentos e baterias localizadas. Nilismo e Matrix. Destino s Liberdade. Religião: Somos nós os escolhidos? Aprender a manipular a Matrix para ilusões próprias? Matrix. Budismo, mitologia e Matrix. Estamos na Matrix. Sabemos alguma coisa? Imortalidade e reencarnação. Felicidade Os postulados de Deus.

 O homem, a cultura, a técnica e a tecnologia. Homem nú (apenas a linguagem). Cultura x tecnologia. (dualismo) Quanto mais conhecemos o homem como um animal nu, desprovido de qualquer prótese instrumental mais sabemos de sua extinção. Existe razão nas máquinas? Sentimento e máquinas. Prótese simula o humano ou o humano é simulado pela prótese? No tempo em que as máquinas usurpam as atividades criadoras a pouco a fazer além de filosofar sobre a nossa própria impotência. Diagnósticos, preconceitos e auto defesa.  Catastrofismo e opositores do futuro sem nós.
Um dos problemas mais significativos da simbiogênese envolta na era da explosão criativa possibilitada cada vez mais pelos avanços da moderníssima indústria eletrônica e de outro o repasse da criação, do verdadeiro movimento criador para sistemas e programações pré-configuradas e o homem tornando-se funcionário da máquina. A prótase da máquina no homem transmuta o homem numa verdadeira prótese da máquina (não é a máquina que se torna extensão do homem (McLuhan, mas o homem, ao contrário que torna a extensão das potencialidades da máquina – um funcionário da máquina).


NOTAS:

[1] Motion capture (movimento de captura) é uma técnica em que os movimentos das pessoas são capturados a partir de sensores fixados em seus corpos. No esqueleto formado a partir desses sensores é feita a modelagem e texturização do corpo desejado. Origens: A técnica foi adaptada da medicina, onde era utilizada nos anos 70 para reconstruir as articulações de pacientes mutilados ou deficientes físicos. Em meados da década de 80, um amigo do médico italiano que desenvolveu a técnica a apresentou em uma feira de animação gráfica em Las Vegas.
[2] GIBSON, Willian. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2003.
[3] A criação da ideia de sociedade pós-industrial foi ampla e originalmente difundida em BELL, Daniel. O avento da sociedade pós-industrial: uma tentativa de previsão social. São Paulo: Cultrix, 1977.
[4] JEAN BAUDRILLARD. Nascimento Reims, na França, em 1929. Sociólogo, filósofo e fotógrafo. Em 1966 começou a lecionar na Universidade de Paris X-Nanterre. Baudrillard refutou o pensamento científico tradicional, e baseou sua filosofia no conceito de virtualidade do mundo aparente. Além de criticar a sociedade de consumo e considerar as massas como cúmplices dessa situação, o francês desenvolveu nas últimas décadas uma crítica radical aos meios de comunicação. Faleceu em março de 2007 com 77 anos. Baudrillard, foi um dos fundadores da revista "Utopie", publicou além de Simulacro e Simulação (ainda não traduzido pelo português falado no Brasil) mais de 50 livros ao longo de sua carreira, dentre os quais: O Sistema dos Objetos (1968), A Sociedade de Consumo" (1970), À Sombra das Maiorias Silenciosas (1978), Simulacros e Simulação (1981), América (1988), Cool Memories I (1990), A Troca Impossível (1999), O Lúdico e o Policial (2000).

Gilson Lima - Doutor em Sociologia das Ciências. Professor CNPQ (aposentado). Pesquisador Industrial. Pesquisador do CEDCIS – Centro de Estudos e Difusão de Conhecimento, inovação e sustentabilidade e pesquisador do LaDCIS - Laboratório de Difusão de Ciência, Tecnologia e Inovação Social. Colaborador do Núcleo de Violência e Cidadania do Programa de Pós-Graduação em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Dr. em Sociologia das ciências. Pesquisador da Rede Nanosoma – nanociência, nanotecnologia e sociedade.  Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA). Pesquisador Colaborador do Núcleo de Robótica Social in http://robotica.udl.cat/ r

sábado, 30 de julho de 2016

O CÉREBRO EM FORMAÇÃO (o cérebro adolescente). Neurogênese? Hormônios?

                                                                              Gilson Lima
Cientista, inventor, compositor, professor universitário e pesquisador industrial



Diálogo da simbiogênese (Gilson Lima) com Suzana Herculano-Houzel


A mente, os estados de mentitude estão envolvidos numa simbiose complexa com nosso encéfalo[1].
Nosso encéfalo é uma estrutura física complexa. É uma realidade biofísica que é orgânica, molhada, úmida, não é uma realidade seca e morta. Quando está vivo e em plena atividade (vitalidade) nosso encéfalo é também envolvido por uma sofisticada rede elétrica de circuitos e de comunicação informacional e de pensamentos que fluem numa velocidade impensável para nossos medidores atuais, apesar de operar em baixa frequência medida em hertz, mas é também uma rede de comunicação química e, o mais interessante não é um órgão estático.
Assim como no Universo, muito do ingrediente básico da vitalidade de nosso encéfalo é a energia, uma energia em constante movimento, gerando atividade elétrica. No entanto, mesmo sendo a velocidade do pensamento atualmente imensurável, como disse: nosso encéfalo produz um sinal eletromagnético razoavelmente de baixa frequência medida em hertz num eletroencefalograma. 
O mais forte dos sinais eletromagnéticos do corpo humano é gerado pelo coração. A intensidade do sinal do coração é 40 a 60 vezes mais intensa do que a do cérebro. O entanto a simbiose energética em nossos estados de mentitude é bem complexa. Emoções negativas como medo, frustração, raiva ou tensão diminuem intensamente a coerências das ondas eletromagnéticas do coração. Isso faz com que o sistema mente-corpo perca energia. Emoções positivas como amor, cuidado, compaixão e estima, ao contrário, aumentam a sequência dessas ondas. O equilíbrio e o desequilíbrio entre apenas esses dois subsistemas (encéfalo e coração) é extremamente significante também para a geração das memórias de longo prazo.
Nosso encéfalo nasce, cresce, desenvolve. Mesmo quando fisicamente passa de crescer, não para de complexificar-se.[2] Viver em estado permanente de embrião é termos sempre presente a deformação no próprio embrião. Isso nos torna, ao mesmo tempo, fragilizados e potentes na escuta do sensível diante dos atravessamentos do mundo. Os adultos são supostamente pessoas acabadas, fechadas, construídas. Os adultos são tentados pelos jovens com as suas imperfeições, com as suas irresponsabilidades e com as suas capacidades de se aventurarem frente ao novo – até mesmo ao leviano.[3]
É na metamorfose da forma – que tenciona mudar a própria forma – que encontramos o segredo da escuta do sensível. Ao estarmos colados à nossa própria forma, o mundo reduz-se e submetemos nosso viver a uma constante escassez de mundo.

Como o Cérebro aprende? Neurônios Espelhos?....
Reprodução (espelhamento) x Criação (insigth – criatividade aplicada).
Estabelecendo conexões entre o plano da realidade micro e macro.

Aqui sugiro uma leitura do artigo sobre neurônios espelhos (como o cérebro aprende) e uma leitura para problematizar os processos de criação de duas prosas de meu livro: 1) Por que o novo é novo (pagina 331-336) e, principalmente, o texto Racionalização x Insigth (pgs. 303-324).

Como nos diz, Penroese abordagem da mente indissociável e inseparável da sua dimensão física é fundamental para entendermos a consciência e a complexidade. Nenhuma variável é separada da outra. Nossos cérebros não são computadores. Nossos biofótons se encontram em esboroamento de sistemas e não se reduzem a variáveis isoladas. O pensamento é um sistema complexo não separado da auto-organização da matéria, ou seja, a imaginação pensante não se reduz à energia mental elétrica e mecânica produzida por seus processos de ligações e religações ondulatórias subjacentes. Pensar é exercitar trocas e lutas em auto-organização produtiva do pensamento também integrado no mundo e na natureza.
As ondas captadas e radiadas pela matéria cerebral permitem interpretar e auto-organizar a realidade pela consciência, isto implica que o vir a ser da auto-organização não é separado da matéria cerebral. A linguagem não pode ser separada das partículas e corpúsculos de ondas e biofótons geradores de consciência. O cérebro é matéria formada por ondas que pela complexidade auto-organizada dessa mesma matéria e espírito torna-se consciência. O cérebro permite a matéria se auto organizar em consciência é uma gênese complexa do processo organizacional (sociologia, ecologia, física,...).

Todavia, é necessário estarmos atentos ao que nos lembra Baudrillard que o novo também assume máscaras para se camuflar, de que vivemos num mundo onde cada vez mais existe informação disponível e cada vez menos sentido[4]. Por que então uma forma se esconde? Camufla-se? O que a forma aprisiona? Aqui se encontra um dos maiores desafios da imaginação criativa: liberar a vida e não deixá-la ser novamente aprisionada, ensurdecida e cega – onde ela se encontra escravizada; devolver a criação estética da existência e não apenas enclausurar aprisionar a arte de viver em locais que expressam muito bem o que nos lembrou o falecido músico e poeta Cazuza: “num museu de grandes novidades”. Clausuras que querem nos retiram do espaço público efetivo e nos impõe a convivermos em novas ou em velhas instituições de prisões, como shopping centers, condomínios fechados, guetos e novas tribalizações plastificadas onde multidões enchem “templos” de consumo em ajuntamentos protegidos dos reais e efetivos ruídos e choros de um mundo industrial que ao mesmo tempo em que se decompõe e precariza seu tecido social permite que de sua crise de realização complexa não emerja o novo e que apenas nos impele a aderir e emoldurar o “novo” em novos  petrificadas subjetividades que são muito artificialmente fabricadas.[5]
Enfim, para preservar um estado de inacabamento embrionário, temos que romper a segurança das fortalezas que nos aprisionam e reencontrarmos a significância da fraqueza reveladora da força criadora. É preciso enfrentar, para isso um tipo específico de gorda saúde cognitivista, conteudista, auto-suficiente, pronta, construída que é uma doença que nos deixa cegos e surdos, ou seja, nos torna em seres escassos dos ruídos do mundo.[6]

Se conseguires estabelecer pontes entre as duas questões (aprendizagem –espelhamento e produção do conhecimento novo) seria interessante. Caso encontre dificuldades, concentre no processo do espelhamento e faça conexões com o livro do Cérebro em transformação.



[1] Importante: Falar em encéfalo em vez de cérebro aqui é proposital, pois por um problema de tradução para o português o encéfalo foi reduzido ao cérebro, deixando de lado assim quase um terço do encéfalo que é composto também pelo cerebelo.
[2] Alguns neurocientistas defendem e tentam demonstrar também o fenômeno da neurogênese. Trata-se da possibilidade de mesmo quando adulto o encéfalo criar até mesmo novas células neuronais. Já sabemos que os caminhos e os trajetos de conectividade especialista que envolvem as intrincadas conexões neuronais podem ser alteradas, mas trata-se, nesse caso, de uma idéia onde neurônios que padecem, possam ser também substituídos pr novos, o que dotaria o encéfalo de ainda mais complexidade e os estados de mentitude de um elevado e permanente estado embrionário.

[3] LIMA,Nômades de Pedra,  2005, 329.
[4] BAUDRILARD, Jean. Simulacro e Simulação. Lisboa: Relógio d’ Água. 1991, p. 104.
[5] LIMA, Nômades de Pedra,  2005: 308-309.
[6] PALBEART, Peter Pál. A Vertigem por um fio: políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000, p. 63-65.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

O QUE CHAMAMOS DE STRESS É UMA DOENÇA DAS SOCIEDADES DA MODERNIDADE E ECONOMIA INDUSTRIAL



“Festina Lent”
(provérbio italiano = apressa-te lentamente).

Gilson Lima[1]

O Stress é algo natural, de vital importância e criado na evolução para defender o nosso corpo dos perigos e ataques de predadores. Diante de ameaças nosso cérebro prepara nosso corpo para enfrentar: ejeta adrenalina para diminuir ou zerar a dor, cortisol para aumentar nossa agilidade e resistência e intensifica a ação da amigdala (um núcleo interno cerebral responsável pelas emoções como medo e ameaças).
Aquilo, porém que chamamos de stress é uma doença social adquirida e inventada, principalmente, a partir da economia industrial. Uma tensão nervosa permanente, uma patologia que ativa, os mesmos processos primários de defesa do corpo, mesmo quando não estamos sendo atacados ou submetidos por um determinado perigo ou ameaça. Uma doença histórica, cultural e inventada e que só pode ser curada socialmente, não apenas individualmente.
Não se trata de um problema moral, mas um problema social, econômico que descapitaliza a criatividade aplicada, a bondade, a solidariedade, a atração social entre o mundo e as pessoas e injeta a violência e o desespero sutil  ou bárbaro.
Nenhuma ideia, dessas antes da modernidade industrial, o homem viveu. Essa tamanha obsessão de medir e se submeter cientificamente o controle do tempo. De valorizar, premiar quem conseguisse otimizar cientificamente o seu tempo, de produzir ou consumir mais com a menor quantidade de segundos.
Segundo Domenico de Masi “Nem mesmo os escravos da Grécia e na Roma pagã, trabalhavam mais do que seis horas por dia. Salvo casos excepcionais, como a construção de muros de defesa ou a preparação de festas, a corrida pertencia ao mundo da ginástica; já a dedicação em regime de tempo integral, pertencia à guerra”.  (DE MASI, 2003: 600)[1].
Nós, os humanos, na era industrial, vivemos a ânsia da velocidade, a hipnose de conexão em tempo real, a alucinação do tempo sem espaço. Uma aceleração sem trégua, um auto-acelerar-se permanente.   
Domênico de Masi, nos lembra dum episódio interessante: no começo do Século XX, um chefe indígena das ilhas Samoa – Tuiavii de Tiavea – teve a oportunidade de realizar uma viagem a Europa e de escrever uma espécie de reportagem antropológica sobre usos e costumes dos brancos europeus que ele chamou de Papalagi. Vejamos:

 “O Papalagi está sempre descontente com seu tempo e se lamenta com o Grande Espírito porque não lhe deu tempo bastante... Nunca entendi bem essa coisa e penso que se trata e penso que se trata mesmo de uma grave doença. `O tempo me escapa ´, `O tempo corre como um potro enlouquecido!´, `Me dê um pouco de tempo´. Essas são as queixas habituais que fazem os homens brancos... Suponho que seja uma doença porque o homem branco tem vontade de fazer algo que seu coração deseje de verdade, por exemplo, andar ao sol, ou passear no rio com uma canoa e queira amar sua menina, assim estraga toda sua alegria, atormentando-se com o pensamento: `Não tenho tempo de estar contente.´... Há  Papalagi que afirma nunca ter tempo. Correm em volta como desesperados, como possuídos pelo demônio e onde quer que estejam fazem o mal e provocam mal-estar e criam espanto porque perderam seu tempo”.

Continuamos a repassar essa doença as crianças e jovens, naturalizamos que o mal estar embrutecedor que sabotam nossa inteligência, onde viver e conviver se torna apenas um instante, nada mais que um instante que já se foi. Podemos inventar uma nova e mais radical modernidade reflexiva, onde podemos nos apressar para que possamos conviver e viver lentamente.




[1] Cientista, inventor, escritor, compositor, cantor, professor universitário e pesquisador industrial.
(2) MASI, Domenico. Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

O CÉREBRO COM A MENTE NA EDUCAÇÃO: Reflexões e apresentações de uma longa pesquisa empírica!

REDESCOBERTA DA MENTE NA EDUCAÇÃO: Ensino-Aprendizagem ó Ciência da Mente e Educação.

Pesquisador e Coordenador da pesquisa:
Dr. Gilson Lima.
Pesquisadores auxiliares:
Bolsista de Iniciação científica: César Alexandre Rau. Estudante de graduação de História.
Bolsista de Iniciação científica: Vanessa Maria Rampelotto. Estudante de graduação de Terapia Ocupacional.

Apresentação do que foram os objetivos iniciais da pesquisa.

1 - Objetivo(s) geral(is) e específico(s) da proposta;

·         O objetivos Gerais:.

·         O objetivo principal da pesquisa foi o de identificar, caracterizar e explicitar os novos desafios e os novos dilemas impostos pelas conquistas das novas descobertas da mente para a teoria e pratica na produção do saber e na educação nas sociedades contemporâneas.
·         Estabelecer conexões e religar conhecimentos entre os avanços empíricos, analíticos e teóricos dos avanços objetivos nos últimos anos das ciências da mente com as práticas educacionais para a aprendizagem  na educação em suas dimensões macro físicas, sociais e comportamentais com as dimensões físico-biológicas.

·         Objetivo Específico.

Nosso objetivo específico foi o de realizar verificações empíricas e analíticas sobre as implicações das novas descobertas científicas e tecnológicas da mente para a teoria e práticas na educação nas sociedades contemporâneas, envolvendo principalmente práticas educacionais no ensino superior envolvendo os conceitos de memória, inteligência e cognição.


DIAGRAMA BÁSICO DO ENFOQUE!

2 - PRESSUPOSTOS:

2.1 Por que Ciências da mente?

Ciências da mente no plural. Pressupõe que os estados de mentitude operam nas singularidades microcerebral, macroindiviidual e comportamental e na dimensão macrosocial em simultaneidade:


Assim dialogamos com os diferentes enfoques. 

A pesquisa se operou com uma sociologia multidisciplinar das Ciências ó Ciências da Mente e dialogando com as concepções na história do cérebro (e cerebelo) e da mente; enfrentando a redução do dualismo x materialismo. Enfatizamos uma síntese complexa entre: RAZÃO COGNITIVA, EMOÇÃO E MEMÓRIA.
Nossa linguagem é repleta de dicotomias: natureza versus nutrição; genes versus ambiente; masculino versus feminino; hardware versus software; conhecimento versus afeto; alma versus corpo; mente Versus cérebro. Mas será que essas divisões em nossa forma de pensar refletem diferenças reais no mundo externo, ou seriam o produto da história intelectual de nossa sociedade? Ou seja, são ontológicas ou epistemológicas? E perceba que também esta distinção é dicotômica.
Uma maneira de responder essa pergunta é verificar se sociedades de culturas diferentes fazem o mesmo tipo de separação. No caso mente versus cérebro, com certeza não: de acordo com o historiador de ciência Joseph Needham, a ciência e a tecnologia chinesas, por exemplo, não faziam essa distinção. Embora a separação entre mente e cérebro seja profetizada na maior parte das tradições greco-judaico-cristãs, só tomou vulto a partir do século XVII, com o nascimento da ciência ocidental moderna. Foi então que o filósofo e matemático católico René Descartes dividiu o universo em dois campos, o material e o mental. Todos os elementos vivos e o mundo natural que nos cerca, juntamente com a tecnologia criada pelo ser humano, foram considerados materiais, assim como o corpo humano. Mas a cada corpo humano foi atribuída uma mente ou alma, assoprada para dentro dele por Deus, e ligada a ele por meio de um órgão localizado no fundo do cérebro, a glândula pineal.
A separação foi útil de numerosas maneiras. Justificava a exploração de outros animais pelos homens, pois aqueles eram meros mecanismos, não sendo dignos de mais consideração do que a dispensada a qualquer outro tipo de máquina; exaltava o lugar de destaque da humanidade dentro do universo, mas apenas no que dizia respeito à alma; os corpos humanos também podiam ser explorados, e o eram de forma crescente, através da compra e venda de escravos na América e à medida que surgia a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX; as almas podiam ser deixadas para o culto pastoral dos domingos.
O dualismo cartesiano deixou suas marcas na medicina, especialmente na parte dela que lidava com a mente. As desordens e perturbações mentais foram dicotomizadas em orgânicas/neurológicas- quando o problema era no cérebro - ou funcionais/psicológicas - quando houvesse algo de errado com a mente. Essas dicotomias persistem ainda hoje em boa partir da prática psiquiátrica, resultando na divisão da terapêutica em medicamentos para tratar do cérebro e conversa para tratar da mente. As causas dessas perturbações são normalmente atribuídas aos domínios da mente (chamadas "exógenas", como no caso das depressões seguidas de tragédia pessoal) ou do corpo ("endógenas", provocadas por genes defeituosos ou desequilíbrios bioquímicos).
Entretanto, conforme se expandiram a escala e o poder da ciência moderna desde o século XVII, o desconfortável acerto de Descartes foi posto à prova cada vez mais freqüentemente. A física de Newton ordenava a movimentação dos planetas e a queda das maçãs. Antoine-Laurent Lavoisier demonstrou que a respiração humana era um processo de combustão química, em nada diferente da queima de carvão numa fornalha. Os nervos e músculos dançavam sob a aplicação das cargas elétricas de Luigi Galvani, e não pela ação de algum tipo de vontade autônoma. E a evolução darwiniana colocou os seres humanos lado a lado com outros animais. O reducionismo militante do materialismo mecânico tornaram-se a ordem do dia.
Em 1845 quatro fisiologistas em ascensão - os alemães Hermann Helmholtz, Carl Ludwig, Ernst Brücke, e o francês Emil du Bois-Reymond - fizeram o juramento mútuo de levar em consideração todos os processos corporais em termos físico-químicos; na Holanda, Jacob Moleschott foi ainda mais longe, afirmando que o cérebro secretava os pensamentos assim como os rins secretavam a urina, e que a personalidade era uma questão de fosfato. Para o campeão do darwinismo, o inglês Thomas Huxley, a mente estava para o cérebro assim como os apitos estavam para as locomotivas a vapor.
Mais de um século depois, esse reducionismo constitui o conhecimento convencional de quase toda a ciência. Muitos acreditam que a ciência mais fundamental é a física, seguida da química, bioquímica e fisiologia; um pouco mais acima nessa hierarquia estão as ciências mais "maleáveis" como a psicologia e a sociologia, sendo que o objetivo das ciências unificadas parece ser transformar todas as ciências de hierarquia elevada em fundamentais.
Os cientistas com formação em estudos moleculares são abertamente desdenhosos em relação às pretensões dos assuntos mais "maleáveis". Em 1975, E. O. Wilson lançou seu famoso (ou notório, dependendo da perspectiva) texto Sociobiology, the New Synthesis, no qual afirmava que a biologia evolutiva, juntamente com a neurobiologia, estava prestes a tornar a psicologia, a sociologia e a economia irrelevantes; dez anos depois, o decano da biologia molecular, Jim Watson, estarreceu sua platéia no London Institute of Contemporary Arts com a afirmação de que em última análise existem apenas átomos. Existe apenas uma ciência, a física; tudo o mais é serviço social.
John Ecles, vencedor do prêmio Nobel por seu trabalho na fisiologia das sinapses (as junções entre as células nervosas), e assim como Descartes um compenetrado dualista e católico, certamente acreditava nisso, pois veio a argumentar que existia um "cérebro de ligação" no hemisfério esquerdo, através do qual a alma pode cutucar as sinapses. Ou será que nos aliamos a Watson, Wilson e outros precursores do século XIX, tomamos partido dos genes e descartamos o resto? Como disse um colega bioquímico durante uma conferência para pais de crianças "com distúrbios de aprendizado", seria nossa tarefa demonstrar "como desordens moleculares levam a desordens mentais"?
Bem, deixe-me dar minha própria opinião. Em primeiro lugar, existe apenas um mundo, uma unidade material ontológica. A alegação de que existem dois tipos de coisas incomensuráveis no mundo, o material e o mental, induz todo tipo de paradoxo e é insustentável. Sem entrar em longos debates filosóficos, a simples observação de que manipular a bioquímica cerebral (com drogas psicoativas, por exemplo) altera as percepções mentais ou de que o sistema de imagem tomográfica indica que regiões específicas do cérebro usam mais oxigênio e glicose quando uma pessoa está concentrada, tentando resolver um problema matemático "mentalmente", mostra que, enquanto a personalidade é mais do que uma simples questão de fosfato, os processos que denominamos mentais e cerebrais devem estar ligados de alguma forma. Portanto o monismo dita as regras, e não o dualismo.
Mas isso não me coloca ao lado de Watson e Wilson. Há mais o que fazer para compreender o mundo do que simplesmente enumerar os átomos que o compõem. Para começar, existem as relações de organização entre os átomos.
Por exemplo, vamos verificar a ideia de uma sequência de palavras combinadas de modo a formar frases e parágrafos. Uma análise reducionista poderia decompor o mundo nas letras individuais, e estas nos componentes químicos da tinta preta sobre o papel. Tal análise seria abrangente; lhe diria a composição exata desta página; mas nada diria sobre o significado das letras organizadas em palavras, frases e parágrafos. Esse significado é aparente apenas em um nível mais elevado de análise, nível este que consideraria a distribuição espacial da tinta preta sobre o papel, o padrão existente na ordem espacial das palavras que aparecem na página e a relação sequencial de cada frase com a próxima do parágrafo. Interpretar esses padrões requer conhecimento linguístico, e não uma química específica. Portanto, esse novo nível mais elevado de análise requer sua própria ciência.
Outro exemplo, o estudo da mecânica dos fluidos requer o uso de propriedades tais como coesão e incompressibilidade para explicarmos fluxo, vórtice e formação de ondas, sendo que nenhum desses fenômenos é propriedade das moléculas que formam os líquidos. Semelhantemente, o cérebro possui propriedades tais como armazenamento e resgate de memória, que não são encontradas em uma célula individualmente. Esses aspectos qualitativamente variáveis de um sistema, em níveis diferentes, são propriedades emergentes, e a biologia está repleta delas.
Além disso, para que a ordem espacial das palavras na folha de papel tenha sentido, é preciso que também haja uma ordem temporal. Em escritas derivadas do latim, começa-se a ler a partir do canto esquerdo superior da folha, seguindo-se até o canto direito inferior da mesma. Inverter a ordem resultaria em puro absurdo. A ordem temporal e de desenvolvimento é uma característica vital em organizações e processos de nível elevado, o que não é necessariamente o caso dos sistemas de níveis mais simples, não podendo, portanto, ser vista através de um quadro reducionista. Digo mais: apenas os símbolos numa página não são suficientes; para entendermos algo em uma página de prosa, precisamos saber um pouco da língua e da cultura com as quais essa página foi elaborada, e dos propósitos para os quais foi escrita. (O que está nessa folha seria a taxonomia de um peixe, uma receita que estimule uma ode aos prazeres culinários mediterrâneos?) Um princípio importantíssimo da organização biológica é indicado por essa simples analogia. Nada em biologia faz sentido a não ser que esteja dentro de um contexto histórico, da história de um organismo individual (isto é, seu desenvolvimento) e da história da espécie da qual ele faz parte (isto é, a evolução).
De fato, a evolução pode ser considerada, sob alguns aspectos, a história dos eventos emergentes que deram origem a uma diversidade de organismos, de diferentes formas e comportamentos, que é uma característica tão evidente do mundo em que vivemos.
Explicar os rabiscos pretos sobre a página de um livro em termos químicos nos ajuda a entender sua composição; no entanto, não nos diz nada sobre seu significado como um conjunto de símbolos ordenados sobre a folha. Explicar não é o mesmo que esclarecer e nenhuma sofisticação química pode eliminar a necessidade de uma ciência mais elaborada que esclareça o sentido procurado. Além disso, o programa reducionista ingênuo oferecido por Watson e Wilson simplesmente não funciona na prática. Existem muito poucas moléculas elementares mais simples do que aquelas que compõem a água - dois átomos de hidrogênio combinados com um átomo de oxigênio formando uma molécula de água. Ainda assim, nem todos os recursos da física seriam suficientes para prever as propriedades dessa molécula através do conhecimento das frações dos elementos hidrogênio e oxigênio. A química nunca caberá por completo dentro da física, apesar de o conhecimento dos princípios físicos iluminar profundamente a química. E ainda menos caberiam a sociologia e a psicologia dentro da bioquímica e da genética.
Portanto, a despeito da unidade ontológica do mundo, nos resta, e sempre restará, uma profunda diversidade epistemológica. Na analogia bastante conhecida dos cegos descrevendo o elefante, existem muitas coisas, a saber, e muitos modos de aprendê-las. E temos muitos tipos de linguagem para descrever o que sabemos.
Vejamos um fato biológico simples, como a contração que ocorre nos músculos da pata de um sapo quando um choque elétrico é aplicado sobre eles ou sobre as fibras de um nervo motor. Para os fisiologistas, essa contração pode ser explicada em termos das propriedades estruturais e elétricas das fibrilas musculares, tal como observadas num microscópio e registradas por um eletrodo fixado na superfície do músculo. Para os bioquímicos, a célula muscular é composta basicamente por dois tipos de proteínas, actina e miosina, que formam moléculas interdigitadas e filamentosas; durante a contração muscular, os filamentos de actina e miosina deslizam uns sobre os outros. Numa linguagem mais simples, somos tentados a dizer que o deslizamento de actina sobre mio sina "causa" a contração muscular. Mas essa é uma maneira imprecisa e confusa de dizer. O termo "causa" implica que algo acontece antes (a causa) e a seguir desencadeia outra coisa (o efeito). Mas não é verdade que os filamentos de actina e miosina deslizam primeiro para depois ocorrer à contração muscular. Em vez disso, o deslizamento dos filamentos é o mesmo que a contração muscular, só que descrito em linguagem diferente.
E onde fica a dicotomia entre cérebro e mente sobre a qual comecei a discutir? O cérebro não "causa" a mente, como sugeriria o tolo materialismo mecânico (como o apito está para o trem a vapor), nem mente e cérebro são duas coisas diferentes, como afirmaria o dualismo cartesiano. Em vez disso, temos uma coisa, cérebro/mente, da qual podemos falar usando duas linguagens diferentes.
Um exemplo: uma das desordens mentais mais corriqueiras nos EUA e na Europa, hoje em dia, é a depressão. Por muitos anos, psiquiatras de orientação biológica, psiquiatras sociais e psicólogos têm estado em palpos de aranhas tentando encontrar as causas da depressão e sua cura. Ela é causada por desordens no metabolismo de neurotransmissores, como afirmariam os psiquiatras biológicos, ou pelas pressões intoleráveis do dia-a-dia? (Um dos segmentos com maiores predisposições para a depressão são as mães solteiras de baixa renda, vivendo em regiões urbanas, em condições de insegurança financeira e pessoal). No primeiro caso, a depressão deveria ser tratada com drogas que afetem o metabolismo de neurotransmissores; no segundo caso, o tratamento consistiria em atenuar as más condições sociais e pessoais que causam o distúrbio, ou preparar a pessoa para lidar com elas. Este é o tratamento indicado pela psicoterapia. Mas, a meu ver, estas formas de diagnóstico ou tratamento não são incompatíveis.
Se a psiquiatria biológica está correta, as pessoas deprimidas têm desordens nos neurotransmissores, e se a psicoterapia funciona, então à medida que alguém se submetesse a um tratamento psicológico e apresentasse melhoras na depressão a desordem nos neurotransmissores se autocorrigiria.
Uma pesquisa realizada num instituto psicoterápico de Londres, onde pesquisadores acompanharam pacientes durante um ano de tratamento indicaram resultados interessantes e muito bem delineados contra a grande hostilidade da parte dos psiquiatras e dos psicólogos. Essas pesquisas mediram tanto a classificação ou avaliação psiquiátrica quanto os níveis de um dado sistema neurotransmissor/enzima no sangue de pacientes com depressão por todo um ano. Os pacientes que davam entrada no instituto sentindo-se deprimidos (e eram classificados como tal no escore psiquiátrico) apresentavam níveis mais baixos do neurotransmissor do que os indivíduos do grupo de controle. Após alguns meses de tratamento psicológico, o escore depressivo havia melhorado e o neurotransmissor voltara a níveis normais. A mudança bioquímica e a psicoterapia caminharam lado a lado.
A linguagem mental não causa a linguagem cerebral, ou vice-versa, assim como uma sentença em francês não causa uma sentença em inglês, embora você possa traduzi-las de uma língua para a outra. E assim como há regras em uma tradução do francês para o inglês, existem regras numa tradução do neurologês para o sociologuês ou o psicologuês. O problema enfrentado pelos cientistas da mente/ cérebro seria então decifrar essas regras.

2.2 - Educação: Ênfase no Ensino/aprendizagem.

Nos processos do ensino aprendizagem os estados de mentitude são condicionados, potencialidos e despontencialidados de acordo com as mobilizações, de recursos humanos e físicos, estímulos ou desestímulos estéticos para a realização das diferentes praticas de agenciamento sistemático dos ato de aprender: seja pela reprodução de conteúdos, de sistematização de informações, de produção de análises, da criação e desenvolvimento de raciocínios, do bloqueamento e da potencialização das emoções, do bloqueamento e controle da movimentação e mobilidade corpórea, da ação do tato, da audição, da atenção, da memória de curto médio e de longo prazo, da criação e da criatividade aplicada....

São basicamente três grandes modalidade existentes no ensino aprendizagem e cada ma dispara e reprime potencialidades situacionais de Estados de mentitude:

1. Modalidade de Aulas Teóricas (Conexão de sentidos, Mobilização do Corpo: Estados de Mentitude: oralidade, escrita, corpo, atenção, sentidos)
2. Modalidade de Aulas Experimentais: (Conexão de sentidos, Mobilização do Corpo: Estados de Mentitude: oralidade, escrita, corpo, atenção, sentidos)
3. Modalidade de Aulas Demonstrativas (Conexão de sentidos, Mobilização do Corpo: Estados de Mentitude: oralidade, escrita, corpo, atenção, sentidos)

A pesquisa de campo visou destacar, identificar e analisar as singularidades de cada uma das mobilizações de estímulos e bloqueios de habilidades que condicionam um determinado cenário dominante de Estado de mentitude no ensino-aprendizagem nos processos singulares de aprendizagem nas diferentes modalidades: teóricas, experimentais e demonstrativas.
Para isso fizemos registros etnográficos sobre práticas e recursos utilizados e em diálogo com as recentes descobertas das ciências da mente, sobretudo, no que tange a memória, a cognição e a emoção, cada uma das modalidades.

2.3       - COMPLEXIDADE DOS ESTADOS DE MENTITUDE PARA A APRENDIZAGEM: Ênfase na singularidade em simultaneidade dos planos da realidade  micro e macro.

Ensino aprendizagem e os diferentes planos da realidade (unicidade do plano macro comportamental: visível, palpável, mobilizável.  Verificáveis no plano da realidade macro física.
 





Unicidade do plano micro cerebral – o célebro como uma entidade física bio-eletro-química altamente complexa em níveis diferentes de organização: 1m – sistema nervoso central do cérebro aos receptores; 0,1 m – sistemas de neurônios 0,01 m – mapas; 0,001m – redes 0,0001 m – neurônios; 0,000001 m - sinapses 1 A (Angstron) – moléculas [neurônios, gliais, localização das redes neuronais, localização memória, mapeamento do tráfico das emoções, mapeamento das habilidades sensórias, movimentações corpóreas, linguagens informacionais e químicas, redes comunicacionais, individuação neuronal,...].

Com uma simultaneidade complexa (dialogamos em simultaneidade com o plano macro e micro da realidade atento as singularidades em simultaneidade), diferenciação e complementação de cada plano da realidade observada.
Para isso foi preciso mesclar temáticas na simbiose dos planos da realidade micro e macro no ensino aprendizagem. Procuramos potencialidades de diálogos significativos entre os planos macro e micro nos Estados de Mentitude para a educação na atualidade.
Então do ensino-aprendizagem no plano da macro realidade comportamental (individual e social, corpo, comportamento,...) e do plano do micro comportamento inconsciente da ocorrência das  implicações na macro realidade. Nosso foco se deu:

  1. Sobre os sentidos nos estados da mentitude: São apenas 5? Quais os limites, o que onde e quando se potencializa e ou despotencializa a amplificação sensorial? Amplificação sensorial pela simbiose entre os sentidos? Qual o lugar da emoção no ensino formal?

  1. A problemática da memória e do esquecimento: A complexidade reside no esquecimento, no aprender a esquecer e não no aprender a lembrar; os tipos de memória (operacional, de médio e de longo prazo); sobre a significância da emoção para a memória;

  1. O problema do reducionismo informacional; da redução da abordagem computacional da mente; a complexidade da linguagem mental, o reducionismo da modelização material absoluta dos conteúdos; a mente computacional e a síndrome de Frankenstein;

  1. O problema da padronização e a importância diversificação procedimental para a ação coletiva na individuação (individualizar versus individualismo); da padronização em busca de médias comportamentais para o detalhamento heterogêneo dos procedimentos, dos estímulos estéticos, inclusive os ambientais;

  1. A necessidade de potencializar a heterogeneidade e a diversidade dos diferentes estados de mentitude individuais e coletivos nos processos de ensino-aprendizagem; a importância dos detalhes, do planejamento estético; a valorização da incidência das insignificâncias no aprender; os limites e potencialidades da sala de aula, os limites e potencialidades dos déficits de presença nas modalidades de ensino à distância; a significação da vivência presencial para a complexa maturação emocional;

  1. A problemática do aprender pelo espelhamento (reprodução) e a criação, quando o novo é novo? Produção de insigths e racionalizações; criação e criatividade aplicada. A significância da experimentação reflexiva.


3 – Sistematização Final

Atualmente existem nas falas e nos silêncios das ciências da mente e neurociência sobre a possibilidade de cooperação e busca de soluções para as questões dos dualistas que separam o corpo da mente e maior diálogos com os monistas que não admitem sua separação e, até os trialistas, – não muitos infelizmente - que além do corpo e da mente criaram a esfera do mundo da cultura (ecossistema).
Na própria ciência, há muito que o mecanicismo é coisa do passado. As leis rigorosamente deterministas de Newton ainda se aplicam a uma faixa estreita da realidade física, mas já não estão no centro do pensamento físico. Também como modelo mais geral da realidade, o mecanicismo revela-se hoje extremamente limitado. Nas palavras do escritor dominicano Thomas Berry, atualmente julgamos que, sob a sua influência que  “a mente humana viveu nos limites mais estreitos que já experimentou”.[1]
Freud é monista como Golgi, Pavlov, Cajal,  Golgi (profeta do conceito de sinapse), Bralemberg, o espanhol Furter e tantos outros.
Os dualistas como Descartes (mais conhecido deles), Sherrigton (que demonstrou o conceito de sinapse); Eccles prêmio nobel, Popper... Muitas vezes o silêncio serve para identificar os neurocientistas como dualistas (cérebro -físico x mente -alma).
As teorias da mente se dividem em três diferentes formulações: 1) holistas – que acreditam que a mente é um problema não demonstrável; 2) Pessimistas – ainda estamos num momento muito difícil que falta saber elementos significativos e claros; 3) Realistas que afirmam que já existem soluções importantes sobre o problema da mente e que o problema é compreendê-la.
Hoje muitos neurocientistas conhecidos que estão recuperando o Freud fisiologista, principalmente, o Freud do fim da vida. Famoso monista, mas que nos blindou com a descoberta do imenso inconsciente qe nos governa. Um dos mais conhecidos teóricos neurofreudianos é o português Antônio Damásio. Esses teóricos acreditam que é possível recuperar muitas idéias de Freud ainda que não se possa explicá-las ainda cientificamente[2].
Pensamos não apenas que é possível estudar, conhecer e demonstrar nossos conhecimentos sobre a mente, como também é necessário envolver o estudo da mente numa abordagem mais ampla da ecosfera educacional nas sociedades contemporâneas para também sugerir novas perspectivas e caminhos para a produção social e a produção do própria de conhecimento.

4 - Conhecimento contexto histórico e verdade:

Mesmo uma pretensa análise da realidade infinita que uma mente humana finita pode realizar repousa na presunção tácita de que somente uma porção finita dessa realidade constitui objeto de investigação científica.

Sorrimos complacentes para Aristóteles quando ele propõe uma causa eficiente e uma causa final para os terremotos; Troveja o céu por ser preciso que haja silvos e bramidos quando o fogo (interno da Terra) é extinto, e também (como sustentam os pitagóricos) para ameaçar as almas no Tártaro e enchê-las de medo.[3]
Aristóteles é apenas mais uma vítima da influência do tempo e da história sobre o conhecimento. Esse é um dos papeis da Educação, colocar em contato a exposição do conhecimento coma vida social.
Francis Bacon. Empirista britânico, que nos primórdios da ciência moderna no Século XVII foi um dos primeiros a sistematizar o método científico por inferência indutiva demonstrou logicamente a existência de sete planetas no cosmos a partir de várias aparições do número sete no cenário epistemológico da cultura européia do Século XVII.

A verdade depende dos sentidos ou apenas da razão? Quantos sentidos possuímos? Como eles operam quando acontecemos no mundo juntos e ou separados? Antes da dissecação do corpo para estudos empíricos só o visível é real. Depois acreditamos que só o que víamos dissecados era real. Nada de energia, muito menos elétrica. Nada era visível. Os cientistas dissecavam o corpo abrindo um motor. Só poderiam mesmo ver as peças, as amarras, as juntas, o líquido parado. A película dessa energia misteriosa que opera em simbiose o corpo não era detectável aos olhos curiosos. Sentidos era apenas a interação física entre os buracos que conectavam o mundo interno da máquina corpórea ao mundo externo visível. Vejamos um ilustre e muito importante cientista inglês defensor da verdade empírica Francis Bacon:

“Há sete janelas dadas aos animais no domicílio da cabeça, através dos quais o ar é admitido no tabernáculo do corpo, para aquecê-lo e nutri-lo.
Quais são essas partes do microcosmos? Duas narinas, dois olhos, dois ouvidos e uma boca. Da mesma forma, nos céus, como num macrocosmos, há duas estrelas favoráveis, duas desfavoráveis, dois luminares e Mercúrio, indeciso e indiferente. A partir dessas e muitas outras similaridades na natureza, tais como os sete metais, etc. que seria cansativo enumerar, concluímos que o número de planetas é necessariamente sete”.[4]

O conhecimento envolvido apenas em práticas educativas escolares implicou numa rigorosa separação entre o mundo da vida social e do sujeito que investiga e aprende de um lado e o objeto ou objetos dos conhecimento de outro, bem como, implicou numa divisão rigorosa e seriada entre campos do saber da ciência, da filosofia e da arte impedindo uma adequada aprendizagem que envolvem os processos integrativos desses campos no conhecimento.
Existem genericamente duas maneiras de tratar o conhecimento para os que separaram o sujeito do objeto. A primeira é o idealismo e a segunda o empirismo.
No idealismo o conhecimento é produzido a partir das condições a priori existentes no sujeito cognoscente, que vai indagar o objeto, para nomeá-lo, classificá-lo, enfim, para conhecê-lo, adaptando-o às suas condições inatas. Há uma longa trajetória do pensamento ocidental de Platão, Hegel e Descartes, onde a razão é entendida como “a faculdade essencialmente humana”.
No empirismo, o objeto produz no sujeito o conhecimento a partir das exigências que eles estabelece no seu meio. Nesse sentido, não há condições a priori para que haja conhecimento, mas sim, que a razão forma-se pelo conjunto do sujeito com a realidade exterior. (John Locke, George Berkeley e David Hume).
Como se a mente fosse um papel em branco, desprovido de qualquer caractere, sem nenhuma ideia ou vida interna, não consciente e muito menos visível. Pela prática da experiência que a mente seria preenchida, através de um estoque de variedades de informações e conhecimentos.
Essa visão dualista, racionalismo e empirismo, sujeito e objeto, natureza e cultura ajudou a difundir por especializações uma produtividade intensa do conhecimento, mas trouxe muitos problemas para nosso entendimento do mundo.
Tanto idealismo pode estar correto quando afirma que há condições a priori que caracterizam o pensamento como o empirismo pode também estar correto ao afirmar que o conhecimento só acontece nas experiências ocorridas no meio externo.
O importante discutir aqui não é se uma concepção sobrepuja a outra, mas analisar os problemas nessas formulações epistemológicas dualistas. Seja no idealismo, seja no empirismo, permanece a separação entre sujeito e o objeto do conhecimento.
O processo de conhecimento é dinâmico e de certa forma tautológico. Só é possível se conhecer o conhecido, isto é, o homem só conhece o que ele próprio pode entender o mundo que ele acontece, e não um homem reduzido em si mesmo e fora de um mundo que está fora dele. Nesse processo, porém, o conhecimento vai recebendo as influências da cultura que o homem cria e onde também é criado, formando uma circularidade de mútua dependência. A história da cultura depende do conhecimento que o homem constrói sobre ela, da mesma forma que sua razão de ser humano decorre do fato de ter nascido no meio social que vai marcar sua condição de humanidade.
Ao separar o sujeito do objeto, estabelecemos uma concepção de universo que só é possível existir ou realizar nas deferentes ações que nasçam do sujeito ou que sejam impregnadas pelas experiências acontecidas o seu meio. É como seno Universo não existisse conhecimento sem o pensamento humano.
Uma visão antropocêntrica que denunciei, muito antes mesmo de iniciar minhas pesquisas com cérebro, aprendizagem, reabilitação: 

... A terra girou para nos aproximar. Não gira como nos indicou a “revolução copernicana”,* que nos revelou estranhamente, que nosso planeta gira, mas que o homem não. Muitos e muitos cientistas do mundo ocidental centraram-se nessa crença, na qual renascia um potente, ainda que imóvel, e poderoso homem decifrador moderno.
Agora, o moderno homem imóvel - ao centro, muitas vezes acima e, quase sempre, ausente - construiu um sistema de mundo já dado como estruturado, sem diferenciação de espaço e sem tempo. Portador de uma linguagem geral – da ciência moderna – descreve e traça as linhas de particularidades do cosmos, revelando as leis da natureza e a funcionalidade dos objetos e das coisas.
Surgem massas inanimadas atravessadas por forças de interação gravitacional em movimentos e trajetórias circulares e elípticas, que vão até ao infinito do finito. Ao mesmo tempo, desconsidera as diferenciações do espaço, a presença perturbadora do tempo e os efetivos limites constitutivos do mundo natural.
Junto com a prepotência racional dos modernos e a cada grande explicação do mundo, revelávamos seus segredos mecânicos de funcionamento e desnudávamos pequenas e grandes descobertas, mas deixávamos de ver-nos juntos e dentro desse mesmo mundo.
A ampliação de nossa prepotente visão do mundo era proporcional ao tempo do longo sono que dormimos tranqüilamente junto com os modernos cientistas e, assim, éramos também incapazes de junto com eles, pensarmos acordados, ou seja, estávamos acima e, ao mesmo tempo, ausentes desse mesmo mundo que pensávamos estar revelando.
No entanto, uma perturbação ronda o tranqüilo sono da ciência. Descobrimos, agora, que estamos imersos simbioticamente nesse giro copernicano, que fazemos parte dele e giramos juntos com a Terra, dentro de um iô-iô cósmico em expansão e dispersão, em complexa auto-organização. A Terra gira ao redor de si mesma e também dentro de nós, unindo-nos, finalmente, nesse fantástico sonho de vivermos a vida numa dança cósmica. (Gilson Lima, 2005: 05). [5]

Assim homem moderno descobriu que o mundo em que ele acontece gira. Porém, esqueceu que ele gira junto em symbios com esse mesmo mundo para a evolução da nossa espécie viva ou para sua degradação.
Para os modernos, todo o conhecimento par ser verdadeiro, deve ser reproduzido em diversas instâncias e em diversas formas que compõem a realidade e, se possível, repetido universalmente, garantindo seu nome, sua classe e sua série. Somente a ciência poderia realizar essa tarefa, procurando e demonstrando hipóteses operadas por um rigoroso raciocínio lógico, utilizando, sobretudo, o poder da matemática que se tornou praticamente a linguagem da natureza.
Hoje, podemos verificar um encéfalo em plena vitalidade através de sofisticados métodos que permitem ao mesmo tempo verificar a dimensão complexa singularidade da dimensão microfísica da realidade cerebral em simultaneidades com uma complexa ação macro física comportamental. Isso tem implicações de vulto para a ciência da mente.
Entrar o cenário epistemológico da complexidade implica em compreender que o conhecimento, qualquer que seja ele, é limitado e não oferece garantia absoluta de compreensão completa e definitiva da realidade.
O que concluímos é que precisamos de um novo pensar profundo sobre viver em sociedade e como educar numa sociedade complexa. Também precisamos de novas práticas educativas para a produção de conhecimentos borrados em diferentes saberes e com integração potencial da arte e da ciência.
A sociedade do conhecimento, que vive cada vez mais da economia do conhecimento necessita de novas práticas contaminadas de compreensão profunda das singularidades e diversidades do humano e do não humano, do aprofundamento das limitações de nossa existência viva através de nossa cultura e crenças.
O futuro pertencerá sempre aos sonhadores. Aqueles que teimam em querer ser mais do que a realidade presente nos apresenta.

Palavras Finais

Nosso complexo encéfalo[6] está – quase todo - em formação sempre.
Nosso encéfalo então nasce, cresce, desenvolve e degrada-se como qualquer órgão corporal, mas sua plasticidade é surpreendente. Mesmo quando fisicamente para de crescer, não para de complexificar-se.[7]

Nosso encéfalo é uma estrutura física complexa. É uma realidade biofísica que é orgânica, molhada, úmida, não é uma realidade seca e morta. Quando está vivo e em plena atividade (vitalidade) nosso encéfalo é também envolvido por uma sofisticada rede elétrica de circuitos e de comunicação informacional e de pensamentos que fluem numa velocidade impensável para nossos medidores atuais, apesar de operar em baixa frequência medida em hertz, mas é também uma rede de comunicação química e, o mais interessante não é um órgão estático.

Assim como no Universo, muito do ingrediente básico da vitalidade de nosso encéfalo é a energia, uma energia em constante movimento, gerando atividade elétrica. No entanto, mesmo sendo a velocidade do pensamento atualmente imensurável, nosso encéfalo produz um sinal eletromagnético razoavelmente de baixa frequência medida em hertz num eletroencefalograma. O mais forte dos sinais eletromagnéticos do corpo humano é gerado pelo coração. A intensidade do sinal do coração é 40 a 60 vezes mais intensa do que a do cérebro. O entanto a simbiose energética em nossos estados de mentitude é bem complexa. Emoções negativas como medo, frustração, raiva ou tensão diminuem intensamente a coerências das ondas eletromagnéticas do coração.

Isso faz com que o sistema mente-corpo perca energia. Emoções positivas como amor, cuidado, compaixão e estima, ao contrário, aumentam a coerência dessas ondas. O equilíbrio e o desequilíbrio entre apenas esses dois subsistemas (encéfalo e coração) é extremamente significante também para a geração das memórias de longo prazo.

Acontecemos no mundo em symbios, ou seja, juntos e no mesmo momento com nossas emoções, nossos medos, motivações e desejos. Não existe nessa simbiose viva separação entre o real e o virtual, entre o tempo real e o tempo histórico. Tudo é real sempre quando acontecemos no mundo. Existem diferenças significativas entre os cérebros singulares e entre o mundo dos cérebros de crianças, jovens adolescentes aos adultos e suas neogêneses e limitações de reprogramações hormonais. Porém, a mente, os estados de mentitude estão envolvidos numa simbiose complexa com o mundo que acontecemos e no momento em que acontecemos.

Viver em estado permanente de embrião é termos sempre presente a deformação do nosso próprio embrião. Isso nos torna, ao mesmo tempo, fragilizados e potentes na escuta do sensível diante dos atravessamentos do mundo. Os adultos são supostamente pessoas acabadas, fechadas, construídas. Os adultos são tentados pelos jovens com as suas imperfeições, com as suas irresponsabilidades e com as suas capacidades de se aventurarem frente ao novo – até mesmo ao leviano.[8]
É na metamorfose da forma – que tenciona mudar a própria forma – que encontramos o segredo da escuta do sensível. Ao estarmos colados à nossa própria forma, o mundo reduz-se e submetemos nosso viver a uma constante escassez de mundo.
A abordagem da mente é indissociável e inseparável da sua dimensão física é fundamental para entendermos os estados de consciência e a imensidão do inconsciente em complexidade. Nenhuma variável é separada da outra. Como nos diz, Roger Penrose (físico, matemático, filósofo da ciência), nossos cérebros não são computadores. Nossos bio fótons se encontram em esboroamento de sistemas e não se reduzem a variáveis isoladas. O pensamento é um sistema complexo não separado da auto-organização da matéria, ou seja, a imaginação pensante não se reduz à energia mental elétrica e mecânica produzida por seus processos de ligações e religações ondulatórias subjacentes. Pensar é exercitar trocas e lutas em auto-organização produtiva do pensamento também integrado no mundo e na natureza.
As ondas captadas e radiadas pela matéria cerebral permitem interpretar e auto-organizar a realidade pela consciência, isto implica que o vir a ser da auto-organização não é separado da matéria cerebral. A linguagem não pode ser separada das partículas e corpúsculos de ondas e bio fótons geradores de consciência. O cérebro é matéria formada por ondas que pela complexidade auto-organizada dessa mesma matéria e espírito torna-se consciência. O cérebro permite a matéria se auto organizar em consciência é uma gênese complexa do processo organizacional (sociologia, ecologia, física,...).

Todavia, é necessário estarmos atentos ao que nos lembra Baudrillard que o novo também assume máscaras para se camuflar, de que vivemos num mundo onde cada vez mais existe informação disponível e cada vez menos sentido[9]. Por que então uma forma se esconde? Camufla-se? O que a forma aprisiona?

Aqui se encontra um dos maiores desafios da imaginação criativa: liberar a vida e não deixá-la ser novamente aprisionada, ensurdecida e cega – onde ela se encontra escravizada; devolver a criação estética da existência e não apenas enclausurar aprisionar a arte de viver em locais que expressam muito bem o que nos lembrou o falecido músico e poeta Cazuza: “num museu de grandes novidades”. Clausuras que querem nos retiram do espaço público efetivo e nos impõe a convivermos em novas ou em velhas instituições de prisões, como shopping centers, condomínios fechados, guetos e novas tribalizações plastificadas onde multidões enchem “templos” de consumo em ajuntamentos protegidos dos reais e efetivos ruídos e choros de um mundo industrial que ao mesmo tempo em que se decompõe e precariza seu tecido social permite que de sua crise de realização complexa não emerja o novo e que apenas nos impele a aderir e emoldurar o “novo” em novas  petrificadas subjetividades que são muito artificialmente fabricadas.[10]

Enfim, para preservar um estado de inacabamento embrionário, temos que romper a segurança das fortalezas que nos aprisionam e reencontrarmos a significância da fraqueza reveladora da força criadora. É preciso enfrentar, para isso um tipo específico de gorda saúde cognitivista, conteudista, auto-suficiente, pronta, construída que é uma doença que nos deixa anestesiados e reducionistas, ou seja, nos torna em seres escassos dos ruídos do mundo.[11]





[1] BERRY, Thomas. The Dream of the Earth. São Francisco: Sierra Club Books, 1990, p. 134.
[2] Saiu uma matéria sobre essa recuperação do pai da psicanálise Freud, como neurologista. o para a neurologista, na American Scientific número 25, junho de 2004. O interessante é que a matéria foi seguida de uma outra produzida por J. Allan Hobson afirmando taxativamente de que continua bastante suspeito para a neurologia. O que demonstra o grande receio que Freud ainda provoca na comunidade científica acadêmica.
[3] GOULD, Stephen. Jay. Seta do Tempo, ciclo do tempo: mito e metáfora na descoberta do tempo geológico. São Paulo: Companhia das Letras, 1991: 81.
[4] Francis Bacon: Selection of his Works. Citado in: ALVES, Rubem. São Paulo: Edições Loyola, 10ª Edição. 2005: 16.
* Relativo a Nicolau Copérnico, astrônomo polonês que publicou sua obra maior "Das revoluções dos corpos celestes". Nessa obra, diferentemente da tese adotada pela Igreja Católica durante toda a Idade Média, de que a Terra era o centro do Universo e era fixa, Copérnico, defendeu a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário.
[5] LIMA, Gilson. Nômades de Pedra: teoria da sociedade simbiogênica, 2005: 05. Porto Alegre: Escritos, 2005. P. 05.
[6] Importante: Falar em encéfalo em vez de cérebro aqui é proposital, pois por um problema de tradução para o português o encéfalo foi reduzido ao cérebro, deixando de lado assim a pequena medula espinhal e quase um terço do encéfalo que é composto também pelo cerebelo.
[7] Alguns neurocientistas defendem e demonstram também o fenômeno da neurogênese. Trata-se da possibilidade de mesmo quando adulto o encéfalo criar até mesmo novas células neuronais. Já sabemos que os caminhos e os trajetos de conectividade especialista que envolvem as intrincadas conexões neuronais podem ser alteradas, mas trata-se, nesse caso, de uma ideia onde neurônios que padecem, possam ser também substituídos por novos, o que dotaria o encéfalo de ainda mais complexidade e os estados de mentitude de um elevado e permanente estado embrionário.
[8] LIMA, Gilson. Nômades de Pedra: teoria da sociedade simbiogênica, 2005: 05. Porto Alegre: Escritos, 2005. P. 329.
[9] BAUDRILARD, Jean. Simulacro e Simulação. Lisboa: Relógio d’ Água. 1991, p. 104.
[10] LIMA, Gilson. Nômades de Pedra: teoria da sociedade simbiogênica, 2005: 05. Porto Alegre: Escritos, 2005. P. 308-309.
[11] PALBEART, Peter Pál. A Vertigem por um fio: políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000, p. 63-65.