sexta-feira, 13 de junho de 2014

EXOESQUELETO NA COPA FOI UM FLASH MUITO CARO

Gilson Lima

Coordenador Regional do Research Commitee Clinical Sociology da ISA – International Sociology Association. Professor da UNISC e Pesquisador CNPQ-Ortobras.



A abertura como um todo foi um fiasco. O brasileiro só pensa em jogo. A Copa é um evento global. Todos os satélites do mundo estão voltados para cá e, nem mesmo a elite política se dá conta desse poder.


Sobre o que houve?
Vocês leram no meu texto anterior:

1. Nicolelis - coordenador científico da equipe - queria fazer um exoesqueleto com acoplamento cirúrgico. Lembre que os macacos (primatas) morriam em semanas depois disso. Queria fazer com uma criança da AACD. É mole. Custou para mudar de ideia. Podemos comandar máquinas apenas com micro movimentos corporais - tal como fiz na pesquisa e que muitos já fizeram - de algum modo - antes de mim.

2. Nicolelis queria fazer com um tetraplégico (isso é para quem não tem pesquisa clínica com exoesqueleto) que é o caso dele. No mundo todo sabemos que tem que ser com paraplégicos - se não – nos moldes atuais da tecnologia - vira veículo robótico individualizado e não um exoesqueleto de passada assistida.

3. O projeto re-andar com tecnologia suíça se referencia no ReWalk israelense. Vejam: http://bionicsresearch.com/rewalk-un-exoesqueleto-para-volver-a-caminar/

4. Nos meus experimentos já havia batido o record de 532 passos com o professor João Paulo que é cadeirante com um Argo alemão que é um tutor de assistência de caminhada manual e totalmente mecânico - sem nenhuma lasca de silício. Viram o vídeo? O Nicolelis queria dar 7 passos com 36 milhões.

Cá entre nós. O Nicolelis é muito teimoso. Tem seus méritos,  mas é muito difícil dialogas com os cognitivistas e defensores da inteligência artificial. A turma anterior de Natal já tinha caído fora a meses. O projeto é internacional e com tecnologia suíça e americana. O discurso e o dinheiro (36 milhões) é brasileiro. Fico um pouco irritado com isso por que pedi 2 milhões com contra partida da fábrica Ortobras para fazer algo na paraolimpíada e não levamos. 

Mas o problema pior: tem que ter bengala canadense. Trata de uma questão complexa a do equilíbrio. No nosso projeto que apresentamos ao FINEP de 2 milhões previmos uma tentativa de solução para esse problema. Pelo menos isso não copiaram. Vejam: quando andamos não nos equilibramos, ao contrário, estamos sempre caindo. Aprendi isso com o grupo de micro gravidade da PUCRS. O cerebelo calcula sempre como não cair e não como ficar de pé. Isso tempo todo. Para andar e subir escada pressionamos sempre contra o solo e não o contrário. Agora imagine uma bengala então no gramado da FIFA antes do jogo? E o risco do paciente cair? É um absurdo. 

No projeto Nicolelis e sua equipe não previram nada que superasse os atuais modelos de exoesqueleto. O fato de que os disparadores possam vir de micro ritmos corporais diretamente ou emitidos por sensores fixados no crânio e que capturam ondas elétricas encefálicas, não tem nenhuma importância tecnológica. Disparadores sensoriais podem ser de diferentes tipos: por controle remoto à distância, por movimentos corporais ou por emissão de ruídos, por temperatura, pressão.... não importa são apenas disparadores.   Aqui a confusão do Nicolelis é teórica. Todos os cognitivistas acreditam que o cérebro é um tipo de computador. Eu vim de um doutorado que estudava a informática e pelas limitações da linguagem lógica digital comecei a estudar o cérebro e me encantei com a sua complexidade. O Nicolelis veio da neurologia, estudava o cérebro e descobriu a informática e, nos Estados Unidos, se encantou pela sua tecnologia. Uma estrada, ao contrário, e um destino totalmente diferente. 
Mas vejam. A questão não é contábil. Mesmo sendo o maior projeto científico da ciência brasileira (em termos de financiamento) ele é um projeto científico, não é tecnologia. Investimos muito pouco em experimentos científicos complexos no Brasil e isso é um grande mérito. Insistir em tecnologia é diferente. Por exemplo, uma fábrica da Petrobras que previu-se custar 2 bilhões e termina custando 18 bilhões. Isso é investimento em tecnologia. Então, mesmo parecendo muito - 36 milhões para um experimento complexo da ciência -, é pouco.


De qualquer modo o mundo descobriu o exoesqueleto. Propaganda e divulgação também ajuda a ciência. Aqui no Brasil vão começar a valorizar ciência de ponta e provavelmente as cadeiras de rodas - em médio prazo - não poderão ser mais as mesmas. Acho isso mais que suficiente.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

EXOESQUELETO NA COPA => UM SONHO QUE SE REALIZA OU UMA PEÇA DE PROPAGANDA?

Gilson Lima.
Porto Alegre. Pesquisador Ortobras Indústria e Comércio LTDA.  Brasil. Pesquisador do Research Committee Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).

ESTAREMOS DE OLHO DIA 12 NA ABERTURA! Que tudo dê certo para que tenhamos  um bom legado científico da copa no Brasil.
Quando conseguimos a copa e as Olimpíadas tínhamos sugerido de montarmos um exoesqueleto e realizar um evento para a copa e ou as paraolimpíadas. Mandamos projeto para a FINEP, mas não conseguimos recursos, mas ficamos esperançosos quando a famosa e milionária equipe de Miguel Nicolelis abraçou o projeto da Copa. Tudo indica que teremos uma grande oportunidade de mostrarmos ao mundo o que a ciência pode fazer pelos cadeirantes.
No início tive divergências com a proposta inicial do evento para a copa. Tínhamos proposto ser montado um exoesqueleto para paraplégico e uma simbiose não cirúrgica.  A equipe de Nicolelis insistia em um exoesqueleto para tetraplégicos com comando invasivo e direto pelo sistema nervoso central - o que considerado prematuro com primatas, imagine então com humanos. Enfim, mudaram de ideia. Isso nos tranquilizou. O evento será com um paraplégico, robótico e sensorizado e sem acoplamento cirúrgico invasivo. 
Aqui no sul, em conjunto com a Ortobras LTDA e com muita determinação continuamos pesquisando  e simulando o uso de exoesqueletos para cadeirantes paraplégicos.
Estamos muito contentes de que o mundo possa ficar atento ao potencial do uso da ciência e do conhecimento para melhorar a vida e a inclusão social dos cadeirantes que sonhamos a tanto tempo. 

DA PRIMEIRA QUESTÃO: a História

Em 2004 no meu livro Nômades de Pedra terminei meu principal livro “Nômades de Pedra”  indicando um desafios futuros para a pesquisa da simbiose corpo, cérebro e máquinas. Um deles seria a atenção ao conceito  biológico de exoesqueleto (LIMA, 2004: 409).


De lá até hoje foram várias palestras, entrevistas.  Visitei Centros de Pesquisa, inclusive, o de Natal junto a equipe de Nicolelis em 2008. Nessa época a antiga equipe de Nicolelis ainda não trabalhava com reabilitação. Mesmo suas pesquisas de base com primatas nos Estados Unidos  que o deram fama internacional. O Instituto de Natal já contava com complexos laboratórios de eletrofisiologia e neurofisiologia e centro cirúrgico para pesquisa com ratos e camundongos. Pude vislumbrar o potencial de uma futura pesquisa de reabilitação. 
http://glolima.blogspot.com.br/2011/08/exoesqueleto-indicacoes-para-um.html


Aqui no Rio Grande do Sul, desde 2008 realizava experimentos clínicos com um exoesqueleto rudimentar de suporte totalmente mecânico, mas ativo e supra muscular (ARGO) em Porto Alegre.
 http://glolima.blogspot.com.br/2010/04/exoesqueleto-ciencia-caminha-para-o.html

Tínhamos parcos recursos, mas já 2011 tivemos o privilégio de bater um recorde de 532 Passos sequenciais com o professor tetraplégico  João Paulo Rito Rodrigues Aço. Ele tinha  47 anos e de modo sequencial e com consumo de oxigênio monitorado percorreu 122,5 metros de distância num tempo de 35,13 minutos realizando   532 passadas com apoio de um andador. Disponível no youtube.
Vendo novamente essa filmagem temos uma ideia de como não é fácil fazer pesquisa de ponta sem grandes volumes de recursos, mas de como modestos experimentos podem mudar conceitos e revolucionar conhecimentos.  O mundo mudou e hoje a pesquisa de exoesqueleto para reabilitação a assistência de exoesqueleto para idosos é uma realidade.

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Relato da visita ao Instituto de  Natal em 2008!

Em outubro de 2008 estive apresentando no V Encontro Internacional de Nanotecnologia sociedade e meio Ambiente meus conceitos e experimentos em simbiogênese aplicada em Reabilitação.
Aproveitei o evento para realizar uma visita de campo ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra da antiga equipe de Nicolelis.
Conhecia suas experiências controvertidas de interfafe neural com primatas (máquinas e cérebro) em Duke nos Estados Unidos. Tinha acesso das pesquisas em Duke e pude verificar em Natal que as  pesquisas realizadas eram com ratos e camundongos.
Em 2008, Nicolelis não realizavam atividades de pesquisa com reabilitação – nem com animais e muito menos com humanos.
A experiências de Nicolelis e sua equipe eram muito controvertidas, pois exigia muitos sacrifícios de animais, inclusive, primatas. Os animais morriam em poucos dias com seus eletrodos implantados cirurgicamente e diretamente no córtex motor e seguir os sinais de algumas dezenas de seus neurônios mapeados.
Minha recepção no centro de pesquisa não foi tão fácil, mesmo marcando antecipadamente a visita. Acho que o Centro sofria de alguma pressão de sigilo (padrão americano de pesquisa).  No entanto, passei na primeira fase do cadastro. 

Vide um síntese parcial do meu relatório de visita.

INTRODUÇÃO: apresentando o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS)

O Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, propõe a produção e a disseminação do conhecimento científico como forças propulsoras importantes para o que eles chamam de “progresso social e econômico de países em desenvolvimento como o Brasil”.
É aqui o primeiro prédio de Natal do projeto inicial ainda em 2004. Era um hotel de albergue de estudantes. Já em 2004 foi realizado o primeiro simpósio de neurociências Internacional produzido pelo Centro. Começou a operar o instituto a seguir. Nesse ano também cria-se a OSCIP uma organização da sociedade civil intitulada de Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa – AASDAP. Em 2005, inaugura nesse prédio uma nova fase da O Instituo nesse momento contava apenas com duas áreas uma seca (eletrônica) e outra molhada (orgânica).
Em 2007, um outro momento se inicia. Inaugura-se o Centro Internacional como se encontra hoje. Atualmente são nove laboratórios, mais diversas salas de trabalho, biblioteca, áreas administrativas, centro cirúrgico, 3 biotérios dois de ratos e um de camundongo.
Esse Prédio do Centro de Estudo e Pesquisa Cesar Timo-Iaria, está funcionando desde o final de 2005 em Natal.
Além disso, em outubro de 2007 é parte do projeto inaugurar o CAMPUS DO CÉREBRO em Macaíba, com laboratórios sofisticados e centros de pesquisa. Em Macaíba está previsto trabalhar com modelo animal mais complexo como primatas além de toda uma rede de saúde e de educação a ser oferecido para a comunidade.
Com isso futuras inaugurações estão previstas entre 2008 e 2009. A Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP) pretende com isso:

... “repatriar jovens neurocientistas brasileiros que atualmente trabalham no exterior, além de estimular e motivar aqueles que trabalham no Brasil, para que contribuam com a expansão da neurociência no país. Pesquisas com primatas poderão ser feito aqui nessa cidade que tem um dos indicadores de desenvolvimento humano mais baixo do Estado”.

O Campus do Cérebro terá no final então atividades de atendimento a saúde e atividades educacionais integradas. Serão assim 3 centros: pesquisa, saúde e de educação.
Essa ideia é baseada não somente nas importantes contribuições econômicas que a expansão da produção científica propicia a esses países, mas também na convicção de que o crescimento da prática científica de alto nível, com seus princípios éticos, pode ter um papel determinante na formação cultural das futuras gerações de brasileiros.
Segundo o que está documentado a principal missão do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) é:

...“promover a realização e o crescimento da pesquisa científica de ponta que pode contribuir para o desenvolvimento educacional, social e econômico do Rio Grande do Norte e de toda região nordeste do Brasil. Por isso, todos os programas de pesquisa desenvolvidos no IINN-ELS estão vinculados em iniciativas sociais e educacionais que visam a assistir à população das cidades de Natal, Macaíba e circunvizinhanças. Esses programas concentram-se principalmente no desenvolvimento e na educação da criança, e na atenção primária a saúde da mulher. Esperamos que no futuro o IINN-ELS seja um catalisador para o desenvolvimento de iniciativas econômicas baseadas no conhecimento, que favoreçam um crescimento sustentável e ecologicamente equilibrado na região nordeste do Brasil”.

Da noção de desenvolvimento.

Segundo os documentos do Centro é:

“... desejo de fazer da ciência um agente de transformação social e educacional e a certeza de que a produção científica de alto nível deve ser disseminada por todo o país foram determinantes na decisão de estabelecer o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra fora dos principais centros econômicos e de produção científica do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais)”.

Com um IDH/renda de apenas 0,636 e uma taxa de analfabetismo de 34% (de acordo com os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD), a cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte, foi intencionalmente escolhida como sede da maioria das instalações e dos projetos do IINN-ELS.
O objetivo a longo prazo é, sobretudo:

...“contribuir com o processo de minimização das desigualdades sociais e econômicas entre o nordeste e as regiões mais desenvolvidas do sul do país, descentralizando a produção e a disseminação do conhecimento, e tornando a educação científica qualificada acessível às crianças das escolas públicas do Rio Grande do Norte”.

Investimento

A neurociência moderna está gerando uma variedade de novas terapias e tecnologias. Juntos, esses novos produtos constituirão uma indústria revolucionária, a chamada “indústria do cérebro”, que certamente trará um profundo impacto na sociedade.
Desde membros mecânicos controlados diretamente pelo pensamento até novos tratamentos para a doença de Parkinson, uma série de achados e descobertas científicas apontam para um futuro muito promissor da neurociência. De fato, mais de 500 empresas, somente nos EUA, estão concentrando suas pesquisas nas diversas maneiras de tratar doenças neurológicas. Essas empresas vêm investindo em pesquisa de ponta e desenvolvimento tecnológico desde o início dos anos 90.
Nesse campo, o propósito do Centro é:

...“trazer esse novo campo de desenvolvimento industrial ao Brasil e criar joint-ventures entre o IINN-ELS e lideranças internacionais interessadas em investir na criação e no desenvolvimento da “Indústria Brasileira do Cérebro”.

Intercâmbio de Ideias

Como integrante de uma rede internacional de grandes instituições científicas patrocinadas pela “International Neuroscience Network Foundation”, o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra recebe regularmente pesquisadores do mundo inteiro interessados em participar:



1. Dos programas de doutorado e pós-doutorado, sabáticos e cursos internacionais ministrados por neurocientistas de grande prestígio internacional.
O intercâmbio contínuo de ideias entre neurocientistas de todo o mundo também será incentivado através do recrutamento de pesquisadores estrangeiros como membros da equipe permanente de cientistas do IINN-ELS. A primeira instituição comprometida com esse objetivo, o Centro de Estudo e Pesquisa Cesar Timo-Iaria, está funcionando desde o final de 2005 em Natal.

2. Além disso, em outubro de 2007 serão inaugurados, em Macaíba, laboratórios sofisticados e centros de pesquisa. Com isso e com as futuras inaugurações previstas para 2008 e 2009, a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP) pretende repatriar jovens neurocientistas brasileiros que atualmente trabalham no exterior, além de estimular e motivar aqueles que trabalham no Brasil, para que contribuam com a expansão da neurociência no país.


Foto: Vista interna do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra

Enfim, na época o Centro de Estudo e Pesquisa Cesar Timo-Iaria, operava 9 laboratórios. Tinha também um centro de educação no prédio em Natal; 25 alunos de iniciação científica e ao todo  totaliza em torno de 60 pessoas, sendo uns 20 cientistas. Verifiquei, na época que não tinha nenhum pesquisador do Rio Grande do Sul.
Para conhecimento dos laboratórios visitados na época:

  1. Laboratório de Eletrofisiologia de ratos.
  2. Laboratório de Eletrofisiologia de camundongos.
  3. Laboratório de Neurobiologia Celular
  4. Laboratório de Pesquisa computacional em Neurociência.
  5. Laboratório de Neurobiologia Molecular (equipamentos mais potentes e mais específicos).
  6. Laboratório de Eletroencéfalograma (quarto do sono).
  7. Neuroengenharia (produz equipamentos e artefatos, inclusive manufatura matriz de eletrodos, aparatos experimentais, caixas de comportamentos,...

O restante do relatório implica em conhecimentos que não são públicos e que necessitaria de autorização para publicá-los.
Espero que essa introdução dê uma amostra do que já poderíamos vislumbrar no período por onde andaria as pesquisas futuras. Troquei ideais sobre minhas pesquisas em reabilitação e interface cérebro máquinas de modo não invasivo que já realizávamos por aqui. De resto continuamos a acompanhar o desenvolvimento das pesquisas. Houve problemas com a equipe. Nicolelis perdeu parte importante de sua equipe para a Universidade Federal de Natal.  
Agora na copa - como disse antes - esperamos que tudo dê certo. Estaremos torcendo pelo Brasil no campo e fora dele na ciência.

 Gilson Lima.
Porto Alegre, 09 de junho de 2014.


domingo, 1 de junho de 2014

SÉRIE SINOPSES = Como pensam as mulheres

Série sinopses => Tipo = Entrevistas com cientistas
Título: Como pensam as mulheres
Autor: Louann Brizendine
Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG76276-6014,00.html
Título: Como pensam as mulheres. 

LOUANN BRIZENDINE. 
 QUEM É
Professora da Universidade da Califórnia. Formada em Neurobiologia pela Universidade Yale e em Psiquiatria pela Harvard Medical School.
 O QUE FEZ
 Tem uma clínica para atender mulheres com base nas pesquisas sobre neuroquímica. 
O QUE PUBLICOU. Como as Mulheres Pensam (Campus/Elsevier) Autor: Louann Brizendine. Uma neuropsiquiatra aponta as razões biológicas que tornam o cérebro feminino diferente do masculino. A neuropsiquiatra americana Louann Brizendine percebeu na faculdade que precisava investigar a tão famosa curiosidade masculina - o que se passa na cabeça das mulheres? Reparou que poucos estudos consideravam as grandes variações hormonais sofridas pelas mulheres ao longo do mês. 
Ps. A cientista escritora afirmou que agora vai se dedicar a entender o cérebro dos homens e a escritora.  


VEJAMOS ALGUMAS IDEIAS



1. A cientista aponta a falácia do movimento feminista que desconsidera a singularidade da mulher na mulher e do homem no homem. 
2. A falácia da busca de uma igualdade humana desconsiderando as diferenças bioquímicas entre homens e mulheres. A conquista do respeito às diferenças é mais significativa do que a luta abstrata do formalismo igualitário que desconsidera as singularidades bioquímicas entre as mulheres e os homens.
3. Todos humanos nascem com cérebro "feminino" até a oitava semana. Depois disso alguns de nós receberão uma inundação de testosterona e nunca mais seremos os mesmos. Serão homens.
4. Nas mulheres, os circuitos ligados à audição e à linguagem têm 11% mais neurônios que nos homens e a estrutura relacionada à emoção e à formação da memória também é maior.  Isso tem consequências comportamentais.
5. As mulheres usam cerca de 20 mil palavras por dia. E os homens só 7 mil.  No homem praticamente a parte esquerda do cérebro masculino se ocupa da fala. Cada metade do cérebro é especializado por diferentes atividades motoras e intelectuais. Em geral, por isso os homens costumam se expressar com menos palavras que as mulheres. Isso se explica pelo banho de testosterona durante a fase fetal diminui o tamanho de algumas estruturas no cérebro dos homens, como os centros de comunicação e emoção. Também entre 9 e 15 anos, o nível de testosterona nos meninos aumenta cerca de 25 vezes, uma quantia enorme com consequências comportamentais masculinas também significativas.
6. O lado esquerdo do cérebro comanda a parte direita do corpo. Enquanto a parte esquerda do corpo é comandada pelo lado direito do cérebro. O lado direito do cérebro comanda as tarefas ligadas a criação, emoção, imaginação,... e o da esquerda ligadas a lógica e a razão.  Garotos costumam montar melhor quebras cabeças tridimensionais. Garotas tem mais fluência verbal. Rapazes gostam mais de ação, moças de emoção. Os homens podem ter mais interesse em carreiras que não exijam tanta interação com outras pessoas e as mulheres nas que têm mais socialização. 
7. Nas mulheres os dois hemisférios esquerdo e direito são muito mais interligados e comunicam-se mais rapidamente aumentando suas capacidades de realizar tarefas e ocupar mais de um assunto ao mesmo tempo. As mulheres tem mais facilidade de identificar e compreender simultaneamente as partes de um objeto (cores, detalhes, falas), mas os homens terão mais facilidade de distingui-las. As duas metades do cérebro masculino se comunicam muito mais lentamente e os homens são geralmente mais focados e com mais capacidade de concentração, de desligamento do mundo exterior e assim de maior precisão de tarefa especializada.
8. As mulheres então podem fazer muito mais atividades ao mesmo tempo do que os homens e os homens tem mais facilidade para pensar visualmente. As mulheres são capazes de se ocupar de mais de um assunto ao mesmo tempo. Mulher consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo e o homem não.  Os homens ficam extremamente mais concentrados em cada ação executada, porém, o cérebro do homem é mais compartimentado (faz uma coisa de cada vez). Por exemplo, quando escreve o homem fica praticamente surdo. Assim, em compensação os homens se concentram com mais facilidade. Por outro lado, essa característica faz com que eles não prestem atenção a necessidades e vontades das outras pessoas. 
9. As mulheres conseguem traduzir sentimentos em palavras com maior rapidez. As mulheres tem sentidos mais aguçados que os homens. Veem mais detalhes e costumam sentir mais cheiros que os homens. O cérebro de uma mulher dormindo e em repouso é mais ativo que o do homem. As mulheres continuam recebendo informações do meio ambiente mesmo dormindo. As mulheres ouvem duas vezes mais que os homens. As mulheres veem melhor no escuro do que os homens.
10. No cérebro masculino, a estrutura dedicada ao impulso sexual é duas vezes e meia maior que no feminino. 
11. As mulheres têm grande facilidade para interpretar expressões faciais. Com um simples olhar, percebem o que o outro está sentindo. As mulheres têm enorme capacidade de notar expressões faciais. Muito superior aos homens em geral. As células nervosas que fazem com que sejam capazes de olhar para o rosto de outra pessoa e saber o que ela está pensando ou sentindo existem em maiores quantidades no cérebro feminino e são muito mais ativas que nos homens. 
12. O cérebro é profundamente afetado pelos hormônios. Por causa da diferenciação hormonal o cérebro das mulheres indicam de que elas têm duas vezes mais probabilidade de sofrer de depressão que os homens por causa das constantes alterações hormonais. Ao longo da vida, a mulher passa por várias fases hormonais, o que influencia em seus pensamentos, emoções e interesses. 
13. Durante a gravidez, há grande aumento nos níveis de progesterona e estrogênio no cérebro da mulher. Isso faz com que ela fique muito mais concentrada no bem-estar da criança. São tantas alterações que o cérebro feminino chega a encolher 8% durante a gravidez por causa do aumento e da diminuição de algumas de suas estruturas. Porém, seis meses depois de dar à luz, seu tamanho volta ao normal. Enquanto isso o homem está bioquimicamente distante do que seja carregar um novo ser dentro de seu próprio corpo.

 Por fim, não devemos desconsiderar que os circuitos cerebrais vão sendo reforçados pela sociedade. Ela ensina o que é aceitável para homens e mulheres, e isso influencia no que achamos que somos capazes de fazer. Estereótipos são muito ruins. É preciso honrar as diferenças individuais e permitir que cada um faça o que lhe interessa. 


SINOPSE DA NOTÍCIA:
The Female Brain (Como as Mulheres Pensam, da Campus/Elsevier), lançado nos Estados Unidos em agosto de 2008, tornou-se um best-seller e foi traduzido em 18 idiomas. Louann Brizendine, neuropsiquiatra americana, percebeu ainda na faculdade que precisava investigar a tão famosa curiosidade masculina  sobre o que se passa na cabeça das mulheres. Para isso tomou como foco principal de sua pesquisa as grandes variações hormonais sofridas pelas mulheres ao longo do mês.  Em entrevista a revista ÉPOCA de sua casa, em São Francisco, Brizendine apontou as razões biológicas que tornam o cérebro feminino diferente do masculino, explicando o que faz acontecer as diferenças entre homens e mulheres e de que forma se manifestam no comportamento. Porém alerta para a construção dos estereótipos como um fator negativo e diz, -“é preciso honrar as diferenças individuais e permitir que cada um faça o que lhe interessa”-. 

As mulheres têm grande facilidade para interpretar expressões faciais. Com um simples olhar, percebem o que o outro está sentindo

  Por MARCELA BUSCATO
A entrevista na íntegra!

ÉPOCA - O cérebro já é feminino ou masculino desde o nascimento? 
Louann Brizendine - O padrão cerebral de todo feto é feminino até a oitava semana de gestação. Depois disso, se o feto for masculino, seu cérebro sofrerá uma intensa inundação de testosterona, hormônio que começa a agir nos pequenos testículos do bebê e viaja até o cérebro pela corrente sanguínea. Esse banho de testosterona muda os circuitos do cérebro de femininos para masculinos. 
ÉPOCA - Quais as diferenças entre os dois tipos de cérebro?
Brizendine - No cérebro masculino, a estrutura dedicada ao impulso sexual é duas vezes e meia maior que no feminimo. Nas mulheres, os circuitos ligados à audição e à linguagem têm 11% mais neurônios que nos homens e a estrutura relacionada à emoção e à formação da memória também é maior. 
ÉPOCA - Se já nascemos com cérebros masculinos ou femininos, qual é a influência da sociedade sobre o papel da mulher e do homem na comunidade? 
Brizendine - Os circuitos cerebrais vão sendo reforçados pela sociedade. Ela ensina o que é aceitável para homens e mulheres, e isso influencia no que achamos que somos capazes de fazer. Estereótipos são muito ruins. É preciso honrar as diferenças individuais e permitir que cada um faça o que lhe interessa. 
ÉPOCA - É verdade que os homens pensam com um hemisfério do cérebro de cada vez ao desempenhar uma atividade e as mulheres usam os dois?
Brizendine - Sim. Talvez seja por isso que as mulheres podem fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo, enquanto os homens têm grande dificuldade. Eles ficam extremamente concentrados em cada ação executada. Por outro lado, essa característica pode ser ruim num relacionamento, porque faz com que eles não prestem atenção a necessidades e vontades das outras pessoas. 
ÉPOCA - É possível dizer quem é mais inteligente, homens ou mulheres?
Brizendine - Todos os estudos mostram que na média homens e mulheres têm quocientes de inteligência similares. Porém, o padrão de pensamento talvez seja diferente. O homem tem mais facilidade para pensar visualmente. As mulheres conseguem traduzir sentimentos em palavras com maior rapidez. 
As mulheres têm grande facilidade para interpretar expressões faciais. Com um simples olhar, percebem o que o outro está sentindo 
ÉPOCA - Esses padrões de pensamento influenciam na escolha da profissão?
Brizendine - Homens e mulheres são capazes de desempenhar as mesmas profissões. Mas, pelas características do cérebro, os homens podem ter mais interesse em carreiras que não exijam tanta interação com outras pessoas e as mulheres nas que têm mais socialização. 
ÉPOCA - A senhora afirma que as mulheres usam cerca de 20 mil palavras por dia. E os homens só 7 mil. Qual é a razão?
Romano - O banho de testosterona durante a fase fetal diminui o tamanho de algumas estruturas no cérebro dos homens, como os centros de comunicação e emoção. Também entre 9 e 15 anos, o nível de testosterona nos meninos aumenta cerca de 25 vezes, uma quantia enorme. A testosterona age como um fertilizante para fazer algumas células crescer, mas também tem a capacidade de fazer regiões do cérebro encolher ou morrer.
ÉPOCA - Por que as mulheres implicam com os homens quando eles não reparam no novo corte de cabelo?
Brizendine - As mulheres são muito interessadas em sua aparência física. Se o homem não repara, elas acham que não são amadas. Querem a aprovação masculina. É um instinto básico feminino. 
ÉPOCA - As mulheres percebem facilmente se estão agradando ou não?
Brizendine - Elas têm enorme capacidade de notar expressões faciais. As células nervosas que fazem com que sejam capazes de olhar para o rosto de outra pessoa e saber o que ela está pensando ou sentindo existem em maiores quantidades no cérebro feminino e são muito mais ativas que nos homens. 
ÉPOCA - É por isso que as mulheres choram tanto? Para chamar a atenção?
Romano - É verdade. As mulheres choram quatro vezes mais facilmente que os homens. É uma maneira de demonstrar tristeza para eles.
ÉPOCA - Os hormônios desempenham um papel crucial no início do desenvolvimento do cérebro masculino. E na mulher?
Brizendine - O cérebro feminino é profundamente afetado pelos hormônios. Há indícios de que as mulheres têm duas vezes mais probabilidade de sofrer de depressão que os homens por causa das constantes alterações hormonais. Ao longo da vida, a mulher passa por várias fases hormonais, o que influencia em seus pensamentos, emoções e interesses. 
ÉPOCA - A gravidez altera o cérebro?
Brizendine - Durante a gravidez, há grande aumento nos níveis de progesterona e estrogênio no cérebro da mulher. Isso faz com que ela fique muito mais concentrada no bem-estar da criança. São tantas alterações que o cérebro feminino chega a encolher 8% durante a gravidez por causa do aumento e da diminuição de algumas de suas estruturas. Porém, seis meses depois de dar à luz, seu tamanho volta ao normal. 
ÉPOCA - É verdade que a mulher fica mais inteligente depois que tem filhos?
Brizendine -   Alguns estudos sugerem que sim. Os pesquisadores acreditam que, como o cérebro fica muito focado em tudo o que se relacione ao bebê, acaba concentrado também em outros assuntos.
ÉPOCA - Todo esse conhecimento sobre o cérebro feminino pode contribuir para a melhora dos relacionamentos?
Brizendine - O fato de perceberem que pensam de maneiras diferentes pode ajudar a diminuir conflitos. 
Foto: Andy Feeberg