quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Seu Cérebro no Google



Gilson Lima. Doutor em sociologia das Ciências envolvendo metodologias informacionais de processos e produtos de sistemas com alta complexidade. Pesquisador do CNPq.
Professor interdisciplinar de Reabilitação e neuroaprendizagem - Porto Alegre. Brasil. Pesquisador e Sócio Proprietário da NITAS LTDA: inovação e tecnologia – com atividades na área da interface  entre corpo-cérebro-mente-máquina visando gerar novos produtos e processos de políticas de reabilitação envolvendo situações críticas de déficits e lesões. MEMBERSHIP e coordenador para a América Latina (2005-2010) do Comitê de pesquisa RC46 CLINICAL SOCIOLOGY da ISA - International Sociological Association

Sabemos que o circuito neural do cérebro responde a cada momento qualquer entrada sensorial que recebe, e que muitas horas as pessoas gastam em frente ao computador – “linkando” na internet, trocando e-mails, vídeo conferências, mensagens instantâneas e comércio eletrônico – expõem seus cérebros a estimulações cerebrais constantes. Em pesquisa realizada com o patrocínio do Google pode-se ver quanto desse impacto em longo tempo de interação computacional esta promovendo novos circuitos neurais do cérebro. Vemos não apenas novas trilhas para novos comportamentos sendo realizadas, mas as vemos ocorrendo numa velocidade muito maior do que realizávamos antes de ficarmos grudados na frente das telas conectadas em redes interativas. Podemos hoje observar os cérebros de crianças, jovens, adultos e velhos construindo novos caminhos, mas não sabemos totalmente mensurar e entender totalmente essas mudanças e como elas ocorrem.

Eu contei com a ajuda das Drs. Susan Bookheimer e Teena Moody que são especialistas em neuropsicologia e neuroimagem. A nossa hipótese de pesquisas com usos de computadores e outras atividades online é que esses usos – cada vez mais intensos - causam alterações rápidas e mensuráveis para um circuito neural do cérebro, particularmente, em pessoas sem prévia experiência com computador.

Para testar essa hipótese, planejou-se usarmos escaneamento funcional MRI para medir caminhos neurais do cérebro durante uma tarefa computacional de Internet comum: pesquisar no Google por informações precisas.

 Primeiro precisávamos encontrar pessoas que eram relativamente inexperientes e inocentes com computador. Porque a pesquisa mostrou que de 90 por cento dos adultos jovens são usuários habituais da Internet com o uso da Internet em comparação com menos de 50 por cento dos idosos, sabemos que no geral  as pessoas ingênuas com computador ainda existem  e que elas tendem a ser mais velhas.

Após dificuldade inicial de encontrar pessoas que ainda não tinham utilizados computadores, foram selecionados três voluntários com idade entre 50 e 60 anos e que eram totalmente desprovidos de práticas computacionais ou de tecnologia de computador, mas que estavam  dispostos a experimentar esse uso através de pesquisa observáveis.

Para comparar a atividade cerebral destes três voluntários ingênuos de práticas computacionais, também foram recrutados três voluntários experientes no uso de computador e com idade comparável, sexo e nível socioeconômico. Para essa atividade experimental, optou-se pesquisar no Google para obter informações específicas e precisas sobre uma variedade de tópicos, que vão desde os benefícios de saúde de comer chocolate até planejar uma viagem para Galápagos.

Em seguida, foi realizada uma maneira específica de fazer escaneamento MRI nos voluntários enquanto eles usavam a Internet. Como os participantes do estudo tinham que estar dentro de um tubo longo e estreito de um scanner de MRI durante o experimento, não haveria espaço para um computador, teclado ou mouse. Para recriar a experiência de pesquisa do Google, dentro do scanner os voluntários utilizaram um par de óculos especiais que apresentavam imagens de páginas de sites projetados para simular as condições de uma sessão típica de busca na Internet. O sistema permitiu aos voluntários navegar na tela do computador simulado e fazer escolhas para avançar em sua busca, simplesmente pressionando um dedo em um pequeno teclado, convenientemente posicionado.

Para se certificar de que a MRI do scanner estava medindo o circuito neural que controla pesquisas na Internet, precisou-se identificar outras fontes de estimulação cerebral. Para fazer isso, adicionou-se uma tarefa controle que envolveu os sujeitos do estudo ler páginas de um livro (texto pagus) projetadas através dos óculos especiais durante a MRI. Esta tarefa nos permitiu subtrair a partir das medições de MRI quaisquer ativações cerebrais inespecíficas da simples leitura do texto, com foco em uma imagem visual ou deles se concentrarem especificamente para isso de uma leitura de navegação hipertextual no Google.

Queria-se observar e medir apenas a atividade do cérebro, ou seja, tarefas mentais necessárias para a pesquisa na Internet, tais como a verificação de palavras-chave específicas, rapidamente escolher entre várias alternativas, voltar para uma página anterior, se uma opção de pesquisa particular era ou não útil, bem como, identificar os estímulos cerebrais específicos causados pela visualização de fotos e desenhos, imagens em movimentos e interações de conteúdo midiático que normalmente são exibidos em uma página de Internet.

Finalmente, para determinar o treinamento do cérebro dos voluntários inexperientes de Internet, após a sessão de digitalização, solicitou-se a cada voluntario também pesquisar na Internet por uma hora por dia durante cinco dias. Foi cedido aos voluntários experientes de computador a mesma tarefa e repetiu-se os exames de escaneamentos MRI em ambos os grupos após os cinco dias de utilização do Google e da Internet.

Como havia-se previsto, os cérebros de usuários experientes e dos usuários ingênuos não mostraram qualquer diferença quando eles estavam lendo o livro texto pagus; ambos os grupos tinham anos de experiência nessa tarefa mental e seus cérebros foram bastante familiarizados com a leitura de livros. Por contraste, os dois grupos apresentaram padrões distintos de ativação neural ao pesquisar no Google.

Durante a sessão de linha de base de varredura, os sujeitos experientes utilizaram uma rede específica na parte frontal esquerdo do cérebro, conhecida como o córtex pré-frontal dorso lateral. Os sujeitos inexperientes de Internet mostraram uma ativação mínima, se alguma, nesta região encefálica.

Uma das preocupações na concepção do estudo foi que cinco dias não seria tempo suficiente para observar qualquer alteração, mas pesquisas anteriores sugeriram que até mesmo imigrantes digitais podem treinar seus cérebros de forma relativamente rápida. Nossa hipótese inicial acabou por ser correta. Depois de apenas cinco dias de prática, o mesmo circuito neural exato na parte frontal do cérebro tornou-se ativo nos assuntos dos inexperientes de Internet.
Cinco horas na Internet e os sujeitos ingênuos de uso da rede global já haviam religado os seus cérebros no Google com essa região.

A figura a seguir mostra a rede neural (setas) que uma pesquisa no Google irá acionar após poucos dias de atividade no computador. 



Essa descoberta é muito significativa. Muito importante para a análise dos efeitos do uso da Internet nos nossos cérebros.
Esta área específica do cérebro controla a nossa capacidade de tomar decisões e integrar a informação complexa. Ele também controla o nosso processo mental de integrar sensações e pensamentos, bem como memória de trabalho, que é a nossa capacidade de manter as informações em mente para um curto tempo, o tempo suficiente para gerir uma tarefa de busca na Internet ou discar um número de telefone após obtê-lo do auxílio à lista.

Os voluntários de computador experientes ativaram a mesma região frontal do cérebro no início e tinha um nível semelhante de ativação durante a segunda sessão, sugerindo que para alguém experiente com computador, o treinamento dos circuitos neurais ocorrem relativamente cedo e permanece estável. Mas estes resultados iniciais levantam várias questões sem resposta. Se os nossos cérebros são tão sensíveis à apenas uma hora por dia de exposição ao computador, o que acontece quando nós gastamos mais tempo? E sobre os cérebros de jovens, cujo circuito neural é ainda mais maleável e plástico? O que acontece com seus cérebros quando eles passam em média oito horas por dia com os seus brinquedos e dispositivos de alta tecnologia?

Para isso precisamos entender a importância dessa região cerebral para os humanos e sua implicação para o processo do conhecimento e aprendizagem. Somente assim poderemos entender a importância dessas modificações e do gap geracional e uso indevido de ritalina e outras substâncias inibidoras da atenção é um subproduto de uma atual desconexão desse novo processo com os atuais sistemas educacionais produzidos e massivamente popularizados com o ensino massivo realizado pelas revoluções industriais onde a produção de conhecimento no ensino estava praticamente focado na tarefa disciplina. Provavelmente não é o cérebro dos jovens que estão doentes de excesso de atenção em multitarefas,, mas talvez sejam as nossas instituições escolares que estejam esclerosando. Mas essa tarefa de entender o processo de tomada de decisão no cérebro que foi um processo vital da evolução de nossa espécie (cada vez mais capturada pelo Google e a Internet) fica para outra matéria (aguardem).

Cordialmente,

Dr. Gilson Lima


Ps. Esse texto tem como referência em português o livro Ibrain* (ainda não traduzido em português) que trabalhei com meus alunos de informática e sociedade na UNISC – Cidade de Santa Cruz do Sul – RS –Brasil. 2012.

*Fonte de referência: SMALL, Gary; VORGAN, Gigi. Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ORTOBRAS LANÇA PRODUTO INOVADOR PARA BENEFICIAR A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM TETRAPLEGIA - 03/12/2012


Ao completar 30 anos de atuação, mantendo a promessa de inovar constantemente o mercado e fomentando e investindo em pesquisas, a Ortobras lança, no próximo dia 4 de dezembro, às 14h30, um produto inovador e diferenciado. Trata-se de kit de acoplamento computacional integrado a um novo conceito de cadeira de rodas e de atividades clínicas e pedagógicas para a inclusão e alfabetização de crianças com tetraplegia. O evento será na Escola Estadual Cônego Paulo de Nadal (Av. da Cavalhada, 4357), em Porto Alegre/RS, local de execução do projeto-piloto.
O kit pode ser adaptado em qualquer cadeira de rodas. É composto por um notebook configurado para ser usado apenas com o movimento dos olhos, sem a necessidade de abrir algum programa específico, sobre uma bandeja (como se fosse uma mesinha de avião para ficar guardada quando não está em uso). Inclui baterias de autonomia de 16 horas, que possui uma placa que avisa, por meio de voz, quando a carga está no fim.
A ideia é que esse produto ajude as pessoas com paralisia cerebral e tetraplégicos graves, pois não é necessário tocar no computador para operá-lo, o mouse se movimenta com os olhos e o clique é feito pelo piscar”, salienta o engenheiro e diretor comercial da Ortobras, Jonathan Hummel.
Dr. Gilson Lima e Fernanda
 Xavier na cadeira

Com financiamento do CNPq e apoio da Secretaria Estadual de Educação, da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI SDPI) do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, do Centro de Microgravidade PUC/RS e do Research Committee on Clinical Sociology - International Sociology Association, a coordenação geral da pesquisa para elaboração do kit ficou a cargo do pesquisador do CNPq, Dr. Gilson Lima. De acordo com ele, o lançamento da Ortobras é um produto-conceito, mas que a empresa pretende disponibilizar em breve em escala de produção industrial.Como na indústria automobilística, por exemplo, a ideia de produto-conceito é muito bem aceita pela mídia e pelo mercado em geral. A sugestão, aqui, é um novo conceito de cadeira de rodas, que amplia a atual concepção de cadeira como assistência de déficit motor”, defende.

“É a tecnologia a serviço da educação inclusiva”, ratifica Jonathan Hummel.


http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=110320

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lançamento do KIT de Inclusão! Dia 04 de dezembro!

É com grande prazer que informo o lançamento de um novo conceito de cadeira de rodas pela Fábrica Ortobras envolvendo minhas pesquisas com com Jonathan Hummel (Diretor Comercial - Ortobras) e parceiras como: 

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  1. CNPQ -Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - "National Counsel of Technological and Scientific Development". 
  2. Colégio Estadual Cônego Paulo de Nadal;
  3. Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul (Seduc); 
  4. Agência Gaúcha de Investimento e Promoção do Investimento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; 
  5. Centro de Microgravidade da PUCRS;
  6. Research Committe - Clinical Sociology da Association International Sociology;
  7. Grupo de Robótica da Universidade de Lieida da Espanha (Headmouse);
  8. Parceria de utilização gratuita de recursos cibernéticos.  Softwares licença: GNU/FDL: Eviacam – Linux-Windows; Gcampris.
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O Kit integrado a cadeira permite autonomia de 6 horas de uso com notebook para a inclusão digital de crianças e adultos com tetraplegia (cadeirantes sem o recurso de uso dos membros inferiores). Isso permitirá autonomia significativa para os usuários seja permitindo novos processos de alfabetização como: acesso à Internet, às redes sociais, aos filmes do Youtube, aos noticiários, aos blogs, para telefonar via web,...
Destaca-se que utilizando praticamente apenas  o manuseio da cabeça, dos olhos e da boca os usuários sentados na cadeira podem comandar as telas de diferentes programas com processos totalmente suportado por calibração em infra-vermelho e softwares tanto de aprendizagem da nova pilotagem das telas como de recursos educacionais específicos utilizáveis em windows e Linux.
O Kit contém baterias de 12 volts, cabos de conversão, circuito próprio de monitoramento de carga, aviso de recarga,... 
Tudo agora está disponível numa  cadeira MANUAL altamente modelável para lesões neuronais severas permitindo, inclusive, permitindo desacoplar o computador da cadeira para usá-lo nos charutos dos cinzeiros dos automóveis para viagens. 

Veja convite abaixo



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Por que o novo é novo?


Por que o novo é novo?

Uma ou outra vez na história, ao serem tomadas por pulgas, submergem pouco a pouco na água para concentrar todas as suas pulgas nos seus focinhos e; com um rápido mergulho, livrarem-se delas. Assim, devemos diminuir nossa estranheza de que de tempos em tempos tenhamos que sacudir nossa própria cultura e ficarmos desnudos dela. (Ortega Y Gasset).
Gilson Lima.         Doctor en Sociología por la Universidad Federal de Rio Grande do Sul.  MEMBERSHIP e Representante Regional - Brasil do Comitê de pesquisa RC46 CLINICAL SOCIOLOGY da ISA - International Sociological Association. Pesquisador do CNPq www.cnpq.br/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - "National Counsel of Technological and Scientific Development" - con actividades experimentales en la área de la interface entre cuerpo-cerebro-miente-máquina visando generar nuevos productos y procesos de políticas de rehabilitación y neuro aprendizaje envolviendo situaciones críticas de déficits y lesiones. Pesquisador e Sócio Proprietário da NITAS LTDA: inovação e tecnologia – com atividades na área da interface entre corpo-cérebro-mente-máquina.



  Fragmento do Livro: Nômades de pedra. Autor: 

©Gilson Lima, 2005.


Capa e projeto gráfico Bureau Escritos
Revisão: Lúcia Regina Lucas da Rosa
Revisão Final: Iara Linei Romero


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


L832n       Lima, Gilson Luiz de Oliveira
                      Nômades de pedra: teoria da simbiogênese contada em
                 forma de prosas / Gilson Lima ; Prefácio: Domênico De Masi. Tradutora do prefácio Flávia
                  Movizzo Smith. ¾  Porto Alegre: Escritos, 2005
                      306 p. ; il.

                     ISBN: 85-98-33422-4


         1. Sociologia Contemporânea. 2. Prosa Sociológica. 3. Estu-
     dos de Tecnologia e Sociedade. 4. Sociologia das Ciências.
     5. Cultura e Sociologia. 6. Literatura e Sociologia. I. Smith,
     Flávia Movizzo. II. Título.

                                                                  CDD  301
                                                                            301.2

 

Bibliotecária Responsável: Ginamara Lima Jacques Pinto CRB 10/1204


Todos os direitos desta edição reservados ao autor: Gilson Lima.


Escritos editora
Porto Alegre –RS
Brasil/2005



É de Nietzsche a ideia de que o esquecimento é uma habilidade importantíssima para a vida. A faculdade e o direito a ele são vitais e indispensáveis ao prazer humano; praticamente uma condição da vida. A história não pode transformar nossas vidas em um pesado fardo que nos transforma em funestos coveiros do presente. É necessária a atrofia da história para a imersão vital no presente e para o surgimento do novo e sua conversão em futuro.
Vamos dar um exemplo. Imaginemos um programador de computador. Nesse sentido, ele deve esquecer quase tudo que lhe ensinaram nas disciplinadas universidades industriais sobre como fazer um software, não sobre programação e suas fórmulas algorítmicas, mas sobre o disciplinado espírito de engajamento meramente perital e funcional a um projeto de opacidade e vazia de conteúdo estético e de envolvimento emocional.
Se Miguelangelo estivesse vivo, certamente, estaria pintando pixels em telas eletrônicas integradas em múltiplas técnicas de produzir imagens e sons, numa atenção sensível aos detalhes. Pois, um artista sabe, se não há detalhes, não há projeto artístico. Como clichê, ouvimos várias vezes que uma imagem vale mais que mil palavras, e a computação reflete isso na quantidade de bits necessários para produzir uma imagem. Pois, um arquivo de imagem é, coincidentemente, cerca de mil vezes maior do que um arquivo de texto.
Os projetos de softwares devem ser entendidos como quadros de uma obra de arte e seus projetistas como potenciais renascentistas. Considerar a estratégia técnica é um imperativo categórico para um programador de software. Porém, integrar estratégias criativas em simbiose com elas, implicaria levar em consideração a exploração de representações visuais, espaciais, de textura, de áudio, além de evitar a abstração exagerada de valores e procedimentos funcionais. Implica, também, em acolhermos ambigüidades possibilitando as expressões de múltiplos significados. Assim, um artista do software será além de um grande perito funcional, alguém capaz de potencializar ao máximo suas intuições e sua capacidade imaginativa.
Nada disso será válido, se os informaticistas não romperem com certa prepotência natural que historicamente pairou e foi reforçada em sua formação lógica autofágica; tendo clareza de que nada valeria a pena se do outro lado do software não estivéssemos vendo um usuário que, a seu modo, é também um legítimo ser criante da mesma obra mutante. Assim, um projeto criativo de software sempre permitirá disparos de motivações e facilitará a inclusão de novos artistas estranhos e amadores que compartilharão de uma obra de arte que também funciona e, muitas vezes, opera tão sutilmente bem, que nós nos sentimos, simbioticamente, dentro da tela, mexendo nas tinturas dos pixels, como se estivéssemos dentro de uma generosa oficina de um velho e sábio inventor da arte de imaginar o mundo, imaginando a si mesmo, nele.
Se o exemplo de uma “aparente” área dura do conhecimento, programação de software já nos serve de referência para a lição nietzschiana, imagine o que nos reserva os outros campos do conhecimento complexo, que a simbiose com a sociologia da simbiogênese, nos permitiria. É bom lembrarmos que Nietzsche, ao que nos parece, não está defendendo um elogio simplório do esquecimento, mas de uma crítica da relação moderna de submissão da vida à história, aos fatos, ao cronos e ao técno-poder sistêmico empobrecido. Uma crítica da relação a um passado com potência colonizadora sobre o presente e que castra e impede a criação do futuro.
Para criarmos um futuro novo no agora, temos que ignorar muita coisa do presente, que o impede de emergir e, sobretudo, de sermos injustos com o nosso passado. A vida é sempre interessada. Escolhemos sempre as circunstâncias que julgamos interessar-nos num determinado momento. É da injustiça da vida em relação ao nosso passado, a nossa história, que produzimos e criamos o novo. A justiça do presente é a que ignora o instante como algo ainda não domado e de potencialidade e indeterminação sobre o futuro. É a que não permite que o homem se realize como um experimentar de si mesmo, como afirmou Nietzsche.[1]
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ENTENDENDO O TEXTO PAGUS

1) Em primeiro lugar, ele é escrito em páginas estáticas que são as demarcações físicas de um plano reto, do tipo tábua.
2)
Tem um ciclo próprio, ou seja, um início, um desenvolvimento e um fim, portanto, é uma unidade isolada, ou seja, um livro é uno, uma unidade em si mesma. Mesmo uma coleção ou enciclopédia de livros é um conjunto seqüencial de unidades isoladas que formam o conjunto de uma unidade maior, a enciclopédia.
3) A organização da sua narrativa,  do que está escrito é linear, como se seguíssemos uma linha, como se cada vez mais acumulássemos conhecimento progressivamente enquanto caminhamos na linha imaginante da leitura. Alguns cientistas pensavam que nós transferíamos com a leitura direta ou até indireta através de alguém que pudesse ler em voz alta um texto, um estoque de informações que estavam impressas nos documentos que eram lidos e que se deslocavam para o cérebro. Achavam que Assim que nos tornávamos inteligentes. Hoje sabemos que esta é uma maneira muito primitiva da inteligência, conhecida como memória primária.____________________________________________________________________

Síntese: Fatos x acontecimentos

Os fatos são ordenados no tempo, dispostos em seqüência  como uma fila; agrupam-se  apertados, pisam nos calcanhares uns dos outros. Suas almas serão  marcadas sempre pela continuidade e sucessão. Cada fato tem uma passagem, tem seu lugar reservado para sua viagem no trem da história. como todos bem sabem, para manter o trem da história no trilho é necessária uma meticulosa assistência de disciplina, um apurado e detalhado controle. Privado desta assistência controladora, o tempo fica propenso totalmente a transgressões, travessuras irresponsáveis, palhaçadas amorfas. Ao não exercermos vigilância no trem, ele descarrila, vira turbulência, cria suas travessuras. 

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É através do peso do passado que selecionamos as circunstâncias do presente. Para emergir o novo na vida precisamos, como defendeu Nietzsche, de certo esquecimento, de certa não-história, de liberação do fardo da história, possibilitando o surgimento de uma atmosfera potencializadora e liberadora do desejo de imaginar e de criar, que se efetiva no fragmento do instante, onde encontramos mais profundamente a fonte de criação que permite a emersão do novo, da novidade, sem a qual, apenas reproduziremos o curso natural colonizado por cartografias de pesadas lembranças acumuladas por um excesso de memória. Temos, assim, na emergência do novo a importância de na topografia do tempo, de modo muito destacado, o papel do instante. Apenas quando o homem é forte o suficiente para dobrar o passado em benefício da vida é que pode inaugurar e tornar o novo vivo, onde, pela emergência do novo, o nosso velho “tudo” consolidado se desfaz. Para isso, precisamos ser injustos com nossas histórias. Quem consegue viver numa atmosfera de nuvens de esquecimento, estará vivo para o novo e apto a tornar o novo vivo.A modernidade congelou o instante e o presente ficou submetido ao trajeto unidirecional de uma flecha originária de um passado, de um acúmulo de encadeamentos factuais que progride em uma mono-direção ao futuro.

A valorização do arrebatamento do umbral do instante é a valorização do nosso estado vital mais limitado e cego aos perigos. Talvez por isso pode até ser um ato muito ingrato com o passado, mas o instante não apenas engendra contra as ações justas do passado, mas engendra também todos os seus atos de injustiça e é esse mesmo instante, esse fragmento turbinado de vida que nos tornam vivos. É nele que a vida acontece e, sem os instantes, nenhum artista teria realizado ou realizará suas grandes obras, nenhum imperador teria conquistado seus impérios.
As grandes criações, as ações extraordinárias, as grandes invenções são exemplos cabais de instantes envolvidos pelas nuvens de esquecimento, uma gama de fragmentos extraordinários de traições e de injustiça diante da história.
O instante são fragmentos de vida que se desprenderam do círculo vicioso da memória do qual pode aflorar o surgimento do novo, sobretudo a partir de suas traições e injustiças sobre as crenças e fatos do passado, do rompimento com o ordinário e da realização do extraordinário na vida. O direito ao novo, que deve nascer da criação do que pode vir, nos impele à traição ao passado, para que possamos ser justos com nosso futuro.[2]
A racionalização moderna ergueu suas cercas visando a transformação absoluta da quase infinita potência da escuta sensível da imaginação humana enclausurá-la num oceano já mensurado e congelado. É vital para uma dobra criativa que converta o instante em um novo futuro.
Trata-se de enfrentarmos radicalmente a ideia que conhecemos de fatalismo[3], o qual implica, nada mais nada menos, em um respeito incondicional à potência dos fatos, à crença determinante neles, nos seus encadeamentos históricos tal como a história nos inscreve. O respeito a essa potência factual é também o respeito aos interesses dos mandarins desses fatos. Trata-se de uma concepção que aborta o novo, o que está em vias de nascer. O novo quase sempre ofende o que existe, porque em geral ele é, inevitavelmente, impiedoso e injusto também com o passado.



Síntese: Fatos x acontecimentos
Os acontecimentos são múltiplos fragmentos que chegaram atrasados à estação da vida e perderam o trem da história. Eles chegaram na estação quando já tinha sido realizada a distribuição das passagens, por isso, não possuem lugar no trem. Ficam vagueando e ziguezagueando sem rumo definido pela vida.
Os acontecimentos também não são contrabandos que encontram lugares clandestinos nos vagões. Na verdade, eles não cabem no trem, pairam errantemente e sem lar, suspensos no ar. O tempo regular, cronológico é estreito demais para abriga-los.

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A potência criadora acontece na crença, na paixão desmedida e no gosto pela ilusão da particularidade e não na fria mensuração dos fatos, na sua pobre datação e nominação petrificante.
A imaginação criativa acontece numa perspectiva amante pela emergência do novo, na paixão que arremata e contempla o instante na sua plena realização viva, no jorro de sua novidade, que não pede passagem, apenas passa.
Assim, os seres vivos e potencialmente criativos necessitam estarem envoltos num véu de mistério, de vitalidade, de força, de garra, da ilusão necessária para enfrentarem as cegueiras, as parcialidades desconsideradas, desfazendo o pesado fardo que o passado impõe sobre o  presente e o futuro.
O presente não é o instante; ele é o que é e não dá direitos ao que está vindo expressar-se na sua potencialidade inovadora. Apenas é o que é, ou seja, o presente. O instante se relaciona muito mais com o futuro; só esse pode habitar a novidade do instante. É para ele que o instante impõe suas forças, visando dobrá-lo em direção a um dever ser gerador de um habitat que possibilite acolhê-lo no que de mais potente ele possui: a novidade criante.
A história está apenas acostumada a traduzir o novo como acúmulo e sucessão. A novidade precisa ser domada, explicada, decomposta, fazendo tudo para que o novo possa emergir como uma obra que tenha pouco efeito inventante. A novidade é assim, neutralizada, traduz o novo como uma reinauguração do velho, uma continuidade melhorada.
A história factual mensuradora não só esvazia o novo e sua potência inventiva da vida, mas ainda reduz as novidades, “as linhas de fuga” presas em seqüências de uma cadeia de causas históricas, como que se reencaixasse as intempestividades descarrilantes retornando sempre para o seguro trilho do trem da história. É o moderno desejo cientificista que pretende dar conta de tudo, deixando quase tudo de fora como se fosse apenas um nada que nada tenha. Os velhos sábios hindus há muito tempo e a física quântica mais recentemente, nos dizem: “Prestem bem atenção! Há algo no nada, há algo nos zeros formais criados pelos árabes, há algo impalpável, imaterial e não é apenas um diminuto da solidez objetiva da matéria”. O mais estranho de tudo isso é que estamos também ali naquilo que antes era nada, estamos em profunda simbiose e ali estamos nós, mesmo estando também aqui simultaneamente.




[1] PALBEART, Peter Pál. A vertigem por um fio: políticas de subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000. p. 13. Ver também: NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral. São Paulo: 1987. p. 63.
[2] PALBEART, Peter Pál. A Vertigem por um fio: políticas de subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000. p.129-131.
[3] No sentido de fatal; uma espécie de mescla entre fato + ismo.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

IX SEMINÁRIO INTERNACIONAL NANOTECNOLOGIA, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE - RENANOSOMA

Dr. Gilson Lima. Sociólogo das ciências. Pesquisador CNPQ.
Estarei nessa semana entre os dias 29, 30 e 31 em São Paulo participando do  pela nona vez consecutiva do Seminário de Pesquisas em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente da Rede RENANOSOMA. Esse seminário conta com o apoio e parceria da FUNDACENTRO, DIEESE, DIESAT, IIEP e com patrocínio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

Estruturado na forma de se ter uma conferencia e uma mesa redonda por período (matutino e vespertino) onde teremos a oportunidade de discutirmos as relações entre as nanotecnologias e meio ambiente, saúde ocupacional, agricultura e alimentos, geoengenharia, , iniquidade e engajamento público, consumo e consumidores, regulação, desenvolvimento nanotecnológico ocorrido no Brasil e América Latina, impactos a saúde e meio ambiente, ação sindical e formação profissional.
As reflexões serão realizadas por pesquisadores e ativistas internacionais  na forma presencial e via Skype, bem como, por pesquisadores brasileiros, vários deles membros da RENANOSOMA , bem como, por representantes do MCTI da coordenação da micro e nanotecnologia. Portanto, as reflexões sobre o tema nanotecnologia e seus diversos aspectos serão realizadas de maneira plural para dar uma dimensão das várias vertentes de interpretação do desenvolvimento desta tecnologia no Sec XXI.
Assim sendo, convidamos todos a comparecerem a este evento e assim tomar conhecimento e/ou se aprofundar seu conhecimento sobre este tema da nanotecnologia. A aqueles que não poderem ver este seminário de forma presencial, poderão ve-lo pela internet, em endereço a ser futuramente divulgado em nosso blog www.nanotecnologiadoavesso.blogspot.com (onde o programa do evento já esta disponível)  e nos sites das nossas parceiras.
Veja também. Estarei no meu twitter http://twitter.com/#!/glolima e também no Twitter do seminário no endereço: https://twitter.com/seminarionano
O Seminário será transmitido pela WEB também no http://new.livestream.com/seminarionanotecnologia/events/1630770/videos/5550334
Para acompanhar os resumos das palestras e debates em forma de texto ir: http://nanotecnologiadoavesso.blogspot.com.br/
Abçs!


GILSON LIMA
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
Dr. Pesquisador - CNPQ - Porto Alegre.
E-mail: gilima@gmail.com
BLOG http://glolima.blogspot.com/
Msn: glolima
Orkut: Gilson Lima
Skype: gilsonlima_poa
Tweets: http://twitter.com/#!/glolima
Web pages:
Sociologia e informática: http://www6.ufrgs.br/cedcis/arquivos_ladcis/informatica-sociedade/.index.htm
Complexidade: http://complexidade.ning.com/profile/GilsonLima
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?v=wall&ref=nur&id=100000714691501
Curriculum Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4797676U0


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dos nativos digitais e dos imigrantes digitais - PILULAS DE NEUROAPRENDIZAGEM 04


Esse texto tem como referência em português o livro Ibrain* (ainda não traduzido em português) que estou trabalhando com meus alunos de informática e sociedade na UNISC – Cidade de Santa Cruz do Sul – RS –Brasil. 2012. Segue o nome dos co-autores:;

Gilson Lima. Doutor em Sociologia e professor e pesquisador em processos de inovação em Reabilitação e Inclusão. (Porto Alegre, RS). E-mail:  gilima@gmail.com

Co-autores em ordem alfabética:

Eduardo Miguel Konzen;
Jean da Costa Serpa;
Paulo Afonso Bringmann;
Roberto Junior dos Santos Araujo;
Rodrigo de Campos;
Rodrigo Hettwer.

*Fonte: SMALL, Gary; VORGAN, Gigi. Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  



As pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são as que o fazem.
Steve Jobs, CEO da Apple

INTRODUÇÃO: 

É interessante tentarmos entender que a atual explosão da tecnologia digital não está mudando somente a maneira como nós vivemos e nos comunicamos, mas como nossos cérebros são rapidamente e profundamente alterados. Exposição diária a alta tecnologia de computadores, smartphones, vídeo games, mecanismos de busca como Google e Yahoo, simulam alterações de cédulas cerebrais e liberam neurotransmissores, fortalecendo gradualmente novos caminhos em nossos cérebros.
O processo de estabelecer redes neurais em nosso cérebro começa na infância e continua ao longo de nossas vidas. Estas redes ou vias fornecem aos nossos cérebros uma auto-organização quando acontecemos no mundo.
 Conforme nossa experiência vamos aprendendo e consolidando novos caminhos e preferências que se desenvolvem esses novos atalhos ou macros vias operadas em toques de displays e ou teclas digitadas.
Vamos criando atalhos então para acessar novas trilhas que vão se consolidando para acessarmos os E-mails, os processamentos de textos e os programas de buscas.
Como jovens cérebros maleáveis vão desenvolvendo esses atalhos para acessar as informações e estabelecer esses novos caminhos neurais diante do mapa neural historicamente consolidado.
Vejamos:

IMAGEM: Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  





















Uma descrição sintética:


1. Área de broca – bilateral = área da fala. Localizada no Frontal inferior ou 3º Giro: comumente à esquerda. Área responsável também pela praxia da fala, ou seja, responsável pela praxia voluntária da fala. Uma lesão nesse Giro geralmente produz apraxia. (praxia é todo o ato motor aprendido  - precisa ser aprendido e a apraxia é a incapacidade de execução da praxia – aqui no caso, incapacidade de realizar plena ou completamente a praxia da fala).
2. Lobo frontal. Área muito recente, complexa e desenvolvida – principalmente – a pré-frontal nos humanos é responsável por definir tomadas de decisões; de juízo crítico, julgamento, controle das emoções, previsão de futuro, memória de trabalho e foco atencional (atenção).
3. Área motor e sensória que envolve o comando dos movimentos motores e das se sensórias (apesar do mesmo formato cada uma  (motor e sensória) tem suas localizações específicas localizadas, mas estão em conexão sempre integradas.
4. Lobo parietal onde situa no seu interior o responsável pela consolidação da memória dotando de tempero sua personalidade,...
5. Lobo occiptal. Parte mais posterior do cérebro. O córtex visual (atrás na nuca) é o local que sintetiza as imagens visuais. Realmente não enxergamos o mundo com os olhos. Os sinais visuais trafegam muito até chegar aí onde efetivamente enxergamos. Uma lesão nesse local pode levar a problemas graves de prosopagnosias, ou seja, dificuldade de reconhecimento da face.
6. Lobo temporal onde localiza-se os núcleos de base das emoções negativas e positivas e onde encontra-se também o hipocampo que responsável por nós lembrarmos e consolidarmos os acontecimentos na vida. No giro pós-central localiza-se a área somestésica primária (sensitivo sensorial) e a percepção consciente da sensibilidade geral do corpo
7. O cerebelo é um mini cérebro, cerca de 30% do que chamamos de cérebro (telencéfalo) responsável - principalmente - pelo equilíbrio dos humanos eretos. Recentemente descobrimos interface importante entre o cerebelo e as atividades cognitivas mais nobres do cérebro. Outra interessante questão é que o que entendemos por cérebro é apenas o telencéfalo (70% do que chamamos de cérebro). Por problemas de tradução “brain” o que chamamos de cérebro não é o encéfalo que incorpora também o cerebelo. Encéfalo seria a tradução mais correta do que chamamos de cérebro.
8. O pequeno caule que vemos na imagem abaixo do cerebelo é o que chamamos de tronco encefálico que liga o encéfalo ao sistema nervoso periférico.
9. É importante lembrar de que o córtex do cérebro e o córtex do cerebelo é uma fina película enrugada de poucos milímetros que como uma colcha cobre a massa encefálica. Ali se encontram bilhões de neurônios, Só no telencéfalo são cerca de 22 bilhões dessas nobres e frágeis células – a maioria com alto poder de comunicação e ligação entre toda a imensa rede neuronal.
10. Por fim, para cada neurônio encefálico existe cerca de 10 neuroglias próximas de um trilhão delas e que além de ajudar e proteger os frágeis neurônios também recentemente descobriu-se que elas possuem uma importância maior do que pensávamos nos processos cognitivos.

Quando pensamos sentirmos e nos movimentarmos visivelmente ou não e nossos neurônios e as células cerebrais precisam, para isso interagir e comunicar umas com as outras. A quantidade e complexidade organizacional desses neurônios, seus fios, e suas conexões são vastas e elaboradas. No cérebro médio, o número de locais de ligação sinápticas tem sido estimada em 1.000.000.000.000.000, ou um milhão de vezes um bilião. Afinal, levou milhões de anos para o cérebro evoluir a esse ponto. 
À medida que amadurecem os neurônios, brotam ramos abundantes: os dendritos parte receptora do neurônio que recebem sinais dos fios longos ou axônios das células cerebrais vizinhas. A interação entre os dentritos e neurônios são chamamos de sinapses.


IMAGEM: Ibrain: surviving the technological alteration of the modern mind.  

A abordagem neuronal foi um avanço. Até o século XIX não tínhamos ainda dominado os segredos da eletricidade e imaginávamos que o cérebro produzia os movimentos corporais através de fluidos (líquidos) que inchavam e encolhiam movendo assim os músculos. Sabemos agora que os movimentos motores e sensórios são produzidos através de uma rede complexa de sinais de rápidas conexões elétricas constituindo trilhas e caminhos entre o sistema nervoso e o resto de nosso corpo. 
A quantidade de ligações celulares, ou sinapses, no cérebro humano atinge o seu pico no início da vida. Aos dois anos, a concentração sináptica atinge o máximo no córtex frontal, quando o peso do cérebro da criança é quase que de um adulto. Na adolescência, essas sinapses diminuem cerca de 60% e, em seguida, nivelam para a vida adulta. Esse processo chamamos de redução da taxa de aprendizagem com a idade. Isso por que vamos consolidado as experiências que vão deixado de ser novidades. É o que o ditado popular nos diz na expressão: com a idade vamos ficando mais sábios por que de tanto errarmos vamos aprendemos a errar menos.
 Porque há tanto potencial de conexões neurais, nossos cérebros evoluíram para se proteger de hipercoectividade ou "sobre-fiação (inglês) ", produzindo uma seletividade que permite entrar apenas um pequeno subconjunto de informações. Nossos cérebros não conseguem funcionar eficientemente com muita informação. Eles são muito mais lentos que um computador. Muito mais mesmo. É tentador examinar o sistema nervoso humano e ver o cérebro como uma espécie de processador central digital, com os nervos do sistema nervoso periférico atuando como canais de entrada e saída de dados. Querem ver:
O neurônio opera na escala de tempo dos milissegundos - isto é, geral¬mente são necessários alguns milissegundos para que um neurônio disparé, para que um sinal nervoso viaje ao longo de seu axônio e para que o sis¬tema se reacomode a fim de disparar novamente. Por outro lado, um tran-sistor comum como o que está presente em seu computador pessoal pode ser ligado e desligado em um bilionésimo de segundo (isto é, um milhão de vezes mais rápido do que os neurônios), e os modelos experimentais podem ser ligados e desligados mil vezes mais rápido do que isso.
Toda essa conversa de milissegundos e bilionésimos de segundo pode não o impressionar muito, por isso deixe que eu lhe dê um exemplo simples do que significa para uma coisa ser um milhão de vezes mais rápida do que outra. Imagine que você tivesse uma pessoa que pudesse reali¬zar uma dada tarefa em um dia, e outra que precisasse de um milhão de vezes mais dias para realizá-la. Se a primeira pessoa tivesse começado a tarefa há 24 horas, ele ou ela estaria terminando exatamente agora. Para que a pessoa mais lenta estivesse terminando a tarefa no mesmo tempo, ele ou ela teria de ter começado a tarefa por volta de 770 a.C. Essa é a diferen¬ça de velocidade entre um transistor comum e um neurônio!
Por outro lado, sabemos que o cérebro pode trabalhar muito rápido em algumas tarefas. Aqui está uma demonstração: levante sua cabeça e olhe ao redor, depois a incline. Ao fazer isso, a imagem visual que você tem do mundo permanece vertical - ela não se inclina como sua cabeça.
Esta operação simples é tão "automática" que é fácil perder de vista o fato de que ela constitui um desafio computacional enorme - apenas muito recentemente as máquinas mais modernas têm sido capazes de executá-la em tempo real. Isso porque a maneira tradicional de um compu¬tador analisar uma imagem é bem diferente da maneira como o cérebro humano faz.
O neurônio pode ser visto como uma chave interruptora em vez de como um transistor - ele está ligado ou desligado. Entretanto, essa analogia não resiste a um exame mais rigoroso. Um aspecto mais importante da natureza química do cérebro é que ele está ligado ao segundo principal modo de comunicação do corpo - o sistema endócrino. O cérebro, na verdade, está em um banho sempre em mudança de substâncias químicas, aquelas criadas no interior do próprio cérebro e as produzidas em outras partes do corpo.
Os neurônios correspondem apenas uma fração minúscula do córtex cerebral. Hoje com a abordagem quântica da mente cientista perguntam se realmente essa aparência emaranhada, mas que revelam uma quantidade ordem de bilhões de conexões (sinapses) num esquema fixo  pode efetivamente pode dar conta de explicar a complexidade dos estados de mentitude. 
A pergunta significativa então aqui é o que faz e porque existem as sinapses? Por que transportam impulsos coletivos? Por que o processo é discreto: um aqui e depois continua ali mais adiante? Por que o conteúdo vai adiante? Por que o transporte?



O cérebro é constituído, essencialmente, por células nervosas, os neurônios, bem como por fibras de conexão entre elas. O número exato de neurónios existente no córtex cerebral dos seres humanos é, aproximadamente, na mulher de 19,3 mil milhões e no homem 22,8 mil milhões. Como, em média, os homens têm crânios maiores que as mulheres, isto traduz-se por uma surpreendente diferença de 3,5 mil milhões de neurónios (16%). Por outro lado, também ficamos surpreendidos porque isso não se traduz em diferenças de rendimento no trabalho. Parece então que os homens têm os maiores cérebros e as mulheres têm os cérebros mais eficientes.
Além disso, a idade tem uma influência no número dos neurônios corticais. Foi possível observar uma diminuição do número de neurónios ao longo da vida em aproximadamente 10% (a não ser que admitamos que o número de neurónios corticais aumentou 10% durante as duas últimas gerações). Se quiserem, podem calcular o número de neurónios (em milhares de milhões) do vosso próprio córtex cerebral. A fórmula é válida para mulheres...

Número de neurónios (em milhares de milhões) = e 3.05-idade*0.°014;5

... e para homens 

Número de neurónios (em milhares de milhões) = e 3.2 - >dade * °.°0145

Os referidos números, para o córtex, deixam de fora os neurônios subcorticais bem como os do cerebelo, que perfazem à volta de 100 mil milhões. Os neurônios são aqui, em média, menores, para que o cerebelo, mais pequeno, possa receber de facto mais neurônios que o córtex cerebral. Por cada neurônio existem cerca de 10 células gliais, cujo papel até há poucos anos se pensava ser ocuparem-se exclusivamente da alimentação e apoio. Mas atualmente multiplicaram-se os indícios que apontam no sentido da sua participação (ainda não totalmente confirmada) no processamento da informação cerebral.
Não nos admiremos que as fibras nervosas (o seu número por extenso é 100 000 000 000 000) preencham a maior parte do nosso cérebro. Assim, por exemplo, no nascimento, todos os neurônios estão prontos; mas a cabeça do recém-nascido (como o seu encéfalo) tem apenas metade do tamanho do de um adulto. Afinal o que é que cresce, quando a caixa craniana e o encéfalo se desenvolvem? A espessura das fibras!, o desenvolvimento do cérebro depois do nascimento (e até depois da puberdade!) incide sobretudo nas alterações da chamada «cablagem» dos neurônios. Essencialmente, as fibras nervosas espessas conduzem impulsos 30 a 40 vezes mais rapidamente do que as finas. Através destas velocidades elevadas, podem fazer-se ligações corretas e com isso abranger adequadamente toda a zona do cérebro relativa ao processamento da informação.

No entanto, sabemos que os neurônios estão envolvidos em íons,... mas por que existe isso? É simples: o funcionamento do cérebro é muito mais complexo que um computador. A sinapse surge para mudar o que está sendo transmitido e não apenas para transmitir partículas de neurotransmissores, ou melhor, os neurotransmissores estão transmitindo conteúdos químicos moleculares porque aquele conteúdo operado no macro comportamento está efetivamente sendo alterado.


O aprendizado para a neuroaprendizagem significa que existe – quando aprendemos algo – uma modificação do cérebro com a experiência. A quantidade de vezes que realizamos uma sinapse é significativo para a aprendizagem, mas as sinapses são também qualidade, qualidade de conexão elétrica e química e não apenas quantidade de sinais comunicados. Os processamentos envolvem intensidade química e emocional, quanto maior a novidade maior a intensidade emocional e maior a potencialização da ação sináptica. 
Também quanto maior a quantidade de vezes, quanto maior for o número de sinapses, maior ela se torna bioquimicamente também. Não será a mesma conexão quando ela se encontra com outro neurônio. Terá uma potencialização maior. Quando acontece alguma coisa, que as pessoas identificam como diferente de tudo o que já conhecem, então isso é a prova de que podemos aprender e de que isto também constitui a própria vida. Nem sempre aprendemos quando acontecemos no mundo, as para a aprendizagem de alto nível trata-se também de saber usar o cérebro e mudar o cérebro. 
O cérebro aprende quando alguma coisa se modifica de uma maneira tal que da próxima vez ele age de uma maneira diferente de acordo com a experiência anterior que ele teve. Não se trata apenas de troca ou acesso de informações (sinapses mais fortes e outras mais fracas faz o cérebro responder de maneira diferente a próxima vez).  O cérebro ao mudar faz diferente do que fazia antes.
A BASE DO APRENDIZADO É A MUDANÇA: Se não ocorrer mudança nos estados de mentetude  quando acontecemos no mundo  não existe aprendizado duradouro!
O cérebro dos jovens nativos digitais são tomados por um grande número de conexões potencialmente viáveis para a nova plasticidade computáveis de modo que praticamente naturalizam pela sua capacidade de ser maleável as constante interações e mudanças em resposta ao estímulo e ao novo ambiente hipertextual. 
Esta plasticidade permite que um cérebro imaturo aprender muito rapidamente novas habilidades prontamente muito mais eficientes do que o cérebro adulto limitado pela consolidação de suas trilhas de aprendizagem consolidada bem menos afinado e bem mais irrigado dificultando a aprendizagem motora e comunicativa da nova linguagem digital.
O cérebro adulto pode ainda assumir uma nova língua, mas exige muito trabalho e empenho. As crianças são mais receptivas aos sons de uma língua nova e muito mais rápidas para aprender as palavras e frases. Cientistas linguísticos descobriram que a afiada habilidade dos bebês normais para distinguir sons de línguas estrangeiras já começa a diminuir por doze meses de idade e torna cada vez mais submetidas a sotaques operadas muito próximas das trilhas já consolidas da linguagem mãe.  
Estudos mostram que nosso ambiente de moldes e forma e função do nosso cérebro, também, e, pode fazê-lo ao ponto de não retornar. Sabemos que o desenvolvimento normal do cérebro humano necessita de um equilíbrio ambiental de estímulo e contato humano. Privados destes, disparos neuronais e conexões cerebrais celulares não formam corretamente. Um exemplo bem conhecido é a privação sensorial visual. Um bebê que nasce com catarata não será capaz de ver bem definido estímulos espaciais nos primeiros seis meses de vida. Se deixada sem tratamento durante esses seis meses, a criança pode nunca desenvolver a visão espacial adequada. Por causa do contínuo desenvolvimento de regiões cerebrais visuais no início da vida, crianças permanecem suscetíveis aos efeitos adversos da privação visual até que elas tenham cerca de sete ou oito anos de idade. Embora a exposição à nova tecnologia possa parecer ter um impacto muito mais sutil, seus efeitos estruturais e funcionais são profundos, especialmente em um cérebro jovem, extremamente plástico.
Claro, a genética desempenha uma parte no desenvolvimento do nosso cérebro também, e nós muitas vezes herdamos talentos cognitivos e traços de nossos pais. Há famílias em que os talentos musicais, matemático, artístico aparecem em vários membros da família de múltiplas gerações. Mesmo traços sutis de personalidade parecem ter determinantes genéticos. Gêmeos idênticos que foram separados no nascimento e reunidos já adultos descobriram que possuem trabalhos semelhantes, deram aos filhos os mesmos nomes, e compartilham muitos dos mesmos gostos e hobbies, como colecionando moedas raras ou pintando suas casas de verde.
Mas o genoma humano - a coleção completa de genes que produz um ser humano - não pode executar o show inteiro. O relativamente modesto número de genes humanos - estimado em 20 mil - é pequeno se comparado com os bilhões de sinapses que eventualmente desenvolvem-se em nossos cérebros. Assim, a quantidade de informação em um código genético de um indivíduo seria insuficiente para mapear os bilhões de complexas conexões neurais no cérebro sem entrada ambiental adicional. Como resultado, a estimulação que expomos nossas mentes a cada dia é fundamental na determinação de como nossos cérebros funcionam.
Isso implica então não apenas mudanças de rápidas interações apenas elétricas, mas mudança quimicamente lentas capazes de influenciar como nós pensamos e que a tecnologia digital está alterando fundamentalmente a maneira como nos sentimos e como nos comportamos quando acontecemos no mundo.
Essas mudanças em nossos circuitos neurais  ou de novas conexões cerebrais podem se tornar permanentes com a repetição e desconsiderar outras. Este processo evolucionário do cérebro tem emergido rapidamente sobre praticamente uma única geração podendo assim representar um dos mais inesperados avanços na história humana recente desde que provavelmente que o homem primitivo descobriu como usar uma ferramenta.
Mentes jovens tendem a ser mais expostas e, assim, mais sensíveis diante do impacto da tecnologia digital. Hoje pessoas jovens nos seus dez ao vinte anos apelidadas de Nativos Digitais nunca conheceram um mundo sem computadores, sem notícias 24h na TV, sem a Internet e sem seus celulares, com seus vídeos, músicas, câmeras e mensagens de texto. Muitos desses Nativos raramente entram em uma biblioteca, muito menos olham alguma coisa em uma enciclopédia tradicional. Os nativos digitais utilizam Google, Yahoo e outros mecanismos de pesquisa online. 
É claro que a extensão inicial da comunicação tecnológica e entretenimento envolveu o rádio, telefone e a TV, mas as redes neurais nos cérebros do que pode ser chamados de al diferem dramaticamente dos Imigrantes Digitais, ou seja das pessoas - incluindo todos os baby boombers (da geração TV) - que vieram para era digital/computacional quando adultos, mas de quem a conexão neural básica foi estabelecida quando já eram maduros e suas redes neurais estavam bem mais consolidadas.
Como consequência dessa esmagadora e prematura estimulação de alta tecnologia dos cérebros dos Indivíduos com origem na era digital, nós estamos testemunhando o começo de uma lacuna cerebral profundamente dividida entre jovens e velhas mentes, em apenas uma geração. O que costumava ser simplesmente a lacuna de uma geração que separava valores dos jovens, música e hábitos dos de seus pais tornou-se um grande abismo, resultando em duas culturas separadas. As mentes da geração mais jovem são digitalmente conectadas desde a infância, muitas vezes em detrimento do circuito neural que controla uma-a-uma as habilidades das pessoas. Indivíduos da geração mais velha enfrentam um mundo em que os seus cérebros tem de se adaptar à alta tecnologia, ou eles são deixados para trás, politicamente, socialmente e economicamente.
Os jovens criaram suas próprias redes sociais digitais, incluindo um tipo de taquigrafia da linguagem para mensagens de texto, e estudos mostram que menos adolescentes leem livros por prazer agora do que em qualquer geração antes deles. Desde 1982, leitura literária diminuiu 28% entre os dezoito e trinta e quatro anos de idade. O Professor Thomas Patterson e colegas da Universidade de Harvard relataram que somente 16% dos adultos entre dezoito e trinta anos leem diariamente um jornal, comparado com 35% daqueles com trinta e seis anos ou mais. Patterson prevê que o futuro das notícias será na mídia digital, mais do que as formas tradicional impressa ou televisão.
Estes jovens não estão abandonando o jornal diário por um passeio na floresta para explorar a natureza. O Biólogo conservador Oliver Pergams, da Universidade de Illinois descobriu recentemente uma correlação significativamente alta entre quanto tempo uma pessoa gasta com novas tecnologias, como vídeo game, navegação na Internet, e vídeos, e a diminuição per capta das visitas em parques nacionais. 
Pessoas com origem na era digital estão abocanhando os mais novos aparelhos eletrônicos e brinquedos com alegria e muitas vezes os colocando para uso no local de trabalho. A geração dos seus pais, Imigrantes Digitais tendem a ser mais relutantes para era dos computadores, não porque eles não querem tornar a vida deles mais eficiente através da internet e dispositivos portáteis, mas porque não se sentem familiarizados ou não priorizam em sua rotina esses dispositivos.
Durante este ponto crucial da evolução da mente, Nativos e Imigrantes parecem aprender as ferramentas para tomar conta de suas vidas e mentes, enquanto ambos preservam sua natureza, mantendo-se com as últimas tecnologias. Nem todos tem se tornado tecno-zumbis, nem todos precisam jogar seus computadores no lixo e voltar para escrita à mão. Em vez disso, nós todos devemos ajudar nossas mentes a se adaptar prosperar nesse ambiente tecnológico cada vez mais acelerado.