sexta-feira, 6 de abril de 2012

LIVRO: Violência e Cidadania PRÁTICAS SOCIOLÓGICAS E COMPROMISSOS SOCIAIS

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Coordenação da Série
1.    Maíra Baumgarten (FURG/UFRGS, Porto Alegre).

Conselho Editorial
1. Ana Maria Fernandes (UNB, Brasília)
2. César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS, Sergipe)
3. Clarissa Eckert Baeta Neves (UFRGS, Porto Alegre)
4. Ernâni Lampert (FURG, Rio Grande)
5. Fernanda Sobral (UNB, Brasília)
6. Gilson Lima (UFRGS, Porto Alegre)
7. Ingrid Sarti (UFRJ, Rio de Janeiro)
8. Ivan Izquierdo (PUCRS, Porto Alegre)
9. José Vicente Tavares dos Santos (UFRGS, Porto Alegre)
10. Jorge Olimpio Bento (Univ. Porto, Portugal)
11. Maria Lucia Maciel (UFRJ, Rio de Janeiro)

Capitulo: Informação e prevenção da violência: metodologia de mineração e de centros
de atividades .......….......................................................................................................... pp. 483-516
Gilson Lima. Researcher CNPq-Brazil. Sociology of science. Methodology informational.


Uma faceta significativa do tema da violência está no capítulo “Informação e prevenção da violência: metodologia de mineração e de centros de atividades”, no qual Gilson Lima apresenta primeiramente uma discussão sobre a abordagem e o entendimento acerca da informação computacional como forma de subsidiar uma visão crítica sobre a possibilidade de construção de centros de atividades informacionais como recurso para prevenção da violência. Diante da emergência das grandes redes digitais de informação, particularmente a Internet-Web, o autor sustenta que as redes têm centros significativos de atividades informacionais e “encontrá-los pode ser a importante e significativa diferença que faz toda a diferença em uma política pública de prevenção da violência”. Uma ferramenta importante nesta tentativa é a mineração de dados, que consiste em um “método operado por um programa computacional que possibilita descoberta de conhecimentos através de procedimentos recursivos e relacionais envolvendo grandes volumes de dados numéricos, caracteres ou imagens em alta velocidade de processamento”. A partir de três estudos de casos são demonstradas essas potencialidades, as quais envolvem, por exemplo, a antecipação e prevenção de ocorrências violentas segundo perfis de cenários e vítimas, fazendo uso das próprias informações oficiais.

José Vicente Tavares dos Santos,
Alex Niche Teixeira e Maurício Bastos Russo

quarta-feira, 28 de março de 2012

Esperança para os carecas: substância descoberta pode acabar com calvície

Por que postar uma matéria dessas no meu blog? Não sei por que mas a única matéria que postei sobre problemas realtivo a careca foi uma das recordistas de acesso por algum tempo aqui. Foi antiga.

homem_careca1-300x291Mas segue a notícia espalahada ontem pela mídia do mundo inteiro. A perginta é se elas gostam mesmo dos carecas por que tanto interesse em acabar com ela? Acho que instintivamente elas gostam mais mesmo é dos que tem cabelo. Pelo menos na cabeça superior. (hehe)>

A descoberta divulgada ontem  27 de março de 2012 é a nova promessade cura definitiva da calvície. Um dos co-autores da pesquisa, o professor  da Universidade da Califórnia, Million Mulugeta, disse que a descoberta mostra que um tratamento de curta duração, com a substância astressin-B, "pode significar o começo de novas abordagens para tratar a calvície em humanos". Essa substância neutraliza os receptores do hormônio corticotropina, que desempenha um papel-chave na condição do estresse. O estresse e velhice fizeram os ratos da experiência perderem pelos e ficarem carecas.
Os cientistas norte-americanos aplicaram então nas cobaias o peptídeo batizado de astressin-B. Ele bloqueou o efeito estressante do hormônio corticotropina, que os ratos de laboratório passaram a produzir, durante pesquisas para medir o efeito do estresse nas funções gastroentestinais, que os deixaram carecas.
Depois que foram aplicadas doses de astressin B, os pelos voltaram a crescer. E em 3 meses o corpo deles estava completamente coberto de pelos.
O estudo foi divulgado na revista científica PLos One .

GILSON LIMA. "O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa).
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terça-feira, 13 de março de 2012

Labirintos do Cérebro!

A pesquisa relacionada ao cérebro está prestes a se tornar o campo de conhecimento líder do século XXI, como era a Física há 100 anos. 
GILSON LIMA
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Nas últimas décadas, os avanços obtidos nessa matéria permitiram que, pela primeira vez na história humana, pudéssemos observar o que passa pelo cérebro enquanto tomamos uma decisão, meditamos, rimos, sentimos medo, rezamos, fazemos sexo (? - Estou interessado nessa pesquisa), e assim por diante. Isso abre aos pesquisadores horizontes completamente novos e, ao despertar o crescente interesse do homem pelo autoconhecimento, estimula ao mesmo tempo o desenvolvimento de uma ampla cadeia interdisciplinar de informações que passam a interessar, cada vez mais, também ao público leigo.
Essa é a constatação do biofísico alemão Carsten Könneker, Ph.D. em Física pela Universidade de Colônia, que nos últimos dois anos tem registrado, e estimulado, na revista "Gehirn&Geist" (Mente & Cérebro), editada na Alemanha pelo Grupo Scientific American, a crescente ampliação das abordagens que tentam explicar o comportamento humano por meio de diferentes disciplinas, que enfocam conjuntamente os aspectos neurológicos e emocionais.
Segundo Könneker, embora o interesse em relação a esse tema não seja novo - "as origens da alta cultura humana refletem isso, como a filosofia grega e sua ânsia de saber mais sobre a mente, o ego, a alma, o eu, e assim por diante", ele afirma -, desta vez o nosso conhecimento sobre essas questões está muito próximo de um boom em todo o mundo. Könneker diz que a cada dia surgem novas técnicas e que há uma disposição crescente de diferentes  saberes em compartilhar com outras especialidades o conhecimento que acumularam sobre a mente e o cérebro humanos de forma que possam trabalhar em conjunto em novos projetos de pesquisa. "O imenso progresso que as neurociências trouxe para a humanidade em relação a esses assuntos também instiga e desafia as disciplinas mais tradicionais que focalizam a questão do que nos torna humanos, como a psicologia ou a filosofia. Por esse motivo, vemos na Europa e nos Estados Unidos um número cada vez maior de programas de pesquisa interdisciplinares voltadas para a mente e o cérebro, nos quais psicólogos, lingüistas, médicos, terapeutas, biólogos, sociólogos, antropólogos, entre outros, trabalham juntos."

Esse constitui um dos desafios mais palpitantes entre os estudiosos, segundo o biofísico, para quem fica cada vez mais comprovada a impossibilidade de esgotar todos os recursos necessários à abordagem do ser humano na prevenção de doenças e na promoção da saúde utilizando um único aspecto do conhecimento. Desde a "descoberta" da psicossomática, até as recentes pontes criadas entre a psicanálise e as neurociências, cada vez mais profissionais vêm reafirmando a necessidade de um diálogo interdisciplinar. Isso porque, no entendimento desses especialistas, os complexos comportamentos humanos requerem abordagens igualmente complexas, que envolvem as diferentes disciplinas que se dedicam a decifrar as maneiras pelas quais pensamos e agimos, na tentativa de construir um quadro capaz de fornecer inteligibilidade ao nosso mundo interior. "O avanço da neurociência trouxe a união de diferentes disciplinas como a psicologia, a lingüística, a medicina e a biologia, que passaram a compartilhar conhecimentos e a trabalhar em conjunto em novos projetos de pesquisa", relata Könneker. "Hoje, em praticamente todas as grandes cidades do mundo, há grupos interdisciplinares reunindo representantes de campos antes distantes, e muitas vezes contrários, da neurociência e da psicanálise." Trabalhando em conjunto com a psicanálise, neurocientistas descobriram, por exemplo, que as descrições biológicas do cérebro funcionam melhor se combinadas às teorias delineadas por Sigmund Freud há um século.
Os estudiosos revelaram provas de algumas das teorias do criador da psicanálise e desvendaram os mecanismos mentais descritos por ele. A neurociência mostrou que as principais estruturas cerebrais essenciais para a formação de memórias conscientes não são funcionais durante os primeiros anos de vida, explicando o que Freud chamou de amnésia infantil. Como supôs o pensador austríaco, não é que tenhamos esquecido nossas lembranças mais antigas; simplesmente não conseguimos trazê-las de volta à consciência. Mas essa incapacidade não as impede de afetar os sentimentos e o comportamento adultos. A abordagem interdisciplinar, segundo Könneker, está refletida na cobertura das questões científicas pelos meios de comunicação. Ele diz que hoje, as diferentes mídias abordam os temas da consciência, livre arbítrio, emoções e doenças psicológicas ou psiquiátricas, reunindo os pontos de vista de diferentes especialidades numa linguagem acessível mesmo para aqueles que não estudaram psicologia, medicina ou biologia. "Há um crescente interesse das pessoas em todo o mundo sobre questões que tentam explicar o comportamento humano com base nos aspectos emocionais e neurológicos. E isso impulsiona toda uma cadeia de informação voltada também para o público leigo, que envolve os vários meios de comunicação."
De acordo com Könneker, que falou com exclusividade para o "Fim de Semana", quando esteve em SP para o lançamento de "Mente & Cérebro", a edição brasileira da "Gehirn&Geist", existem em quase todos os países europeus, além de publicações especializadas, diversos programas de rádio e de TV que cobrem questões científicas, indo da astrofísica à zoologia, incluindo arqueologia, química e alta tecnologia, além de pesquisa sobre o cérebro e neuroaprendizagem. "Hoje existe uma expectativa claramente definida em todo o mundo por parte do público interessado nesse tipo de publicações e programas", diz o biofísico. "Essas pessoas buscam abordagens idôneas, informativas e interdisciplinares, cujos autores sejam em sua maioria cientistas de ponta, que as ajudem a conhecer melhor a si mesmas." Ele destaca que nesse mercado existem várias publicações cujo enfoque se restringe quase que exclusivamente à psicologia - como a "Psychologie Heute", na Alemanha, ou a "Psychology Today", nos Estados Unidos - e umas poucas que refletem as abordagens interdisciplinares, como a revista "Neuro-Psychoanalysis", editada pela Sociedade Internacional de Neuropsicanálise, além da própria "Gehirn& Geist", que além da Alemanha é publicada também na França, Itália, Espanha, Polônia e Estados Unidos, e agora chega ao Brasil editada pela Duetto Editorial.
Könneker justifica o interesse do público por essas novas abordagens. "Quem não se fascina pela capacidade que o cérebro humano tem para cumprir tarefas relacionadas com memória, aprendizado, linguagem, fé, humor e capacidade de perceber o que os outros pensam?", pergunta, lembrando que esse fascínio levanta também questões que até há pouco tempo não estavam entre as preocupações dos estudiosos. "Alguns pesquisadores de ponta que estudam o cérebro e a mente alegam que esse campo pode gerar um novo centro de atividade de conhecimento que poderá até modificar até mesmo nossa visão tradicional do gênero humano. Alguns defendem, por exemplo, que não há mais o livre arbítrio, porque as decisões que tomamos são preparadas pelo nosso cérebro. Se isso se tornar um juízo comum", conclui, "haverá um forte impacto sobre nosso sistema legal e, certamente, reflexos importantes no aspecto religioso."
Fonte: (Gazeta Mercantil, 1/10)
Em vermelho, minhas alterações e destaques junto ao texto original.
-- 
GILSON LIMA.
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa)
Dr. Pesquisador - CNPQ - Porto Alegre.
E-mail: gilima@gmail.com
gilson.lima@metodistadosul.edu.br
BLOG http://glolima.blogspot.com/

sexta-feira, 9 de março de 2012

ONLY IN "QI" EDUCATION IS? is that the universe of learning can be fully absorbed by the computer information and content?

This text I rescued from my drafts, 2002 (almost twelve years ago). At the time did not publish because, certainly, at that time few would understand what was actually dealing with. The Internet had not even gotten more intensively in the universities. They are fragments of readings and conversations with authors, many should have been cited, but not longer remember the precise origin. A fragment of it was published somewhere on the internet that do not remember.
Gilson Lima. Sociologist of science. gilima@gmail.com

Contemplate the heavens and the earth. the sea, all that shines on them or on them, everything that crawls or flies, or floats, all forms have because everything is number. Remove them and nothing will be the number ...Question what you dance to the delight and the number respond: "I'm here!" Examines the beauty of bodily form, and discover that everything is in place thanks to the number. Examines the beauty of body movement, and see that everything is in due time thanks to the number. St. Augustine.

There is in contemporary science two great currents of thought that, after running parallel for a long time, begin to take seductive channels that point to your future convergence. The circumstances of this meeting will determine which one will be later seen going forward as a mere tributary of the other.On one side is the belief of physicists in the "laws of nature," associated with the symmetry, the first as the basis of logic in the universe. These symmetries are linked in this case the representation of space and time as a continuous indivisible.In contrast with this view, there is one in which the abstract computing instead of symmetry, which appears as the most important of all concepts.In this image of reality, it is considered that the digital logic that is based on your rules something discrete rather than continuous universe.The unresolved enigma, which is in the future, will even have to decide what is the government's most fundamental representation of the world: the symmetry or the computer.So, say, the universe is a cosmic kaleidoscope, or a cosmic computer? A standard or a program? Or neither? Or rather, are the rules that govern the process of computing that states that laws of nature are possible?The decision in this case also will - therefore - we know if the laws of physics control the computing capacity of the abstract. The laws of physics impose limits its speed and range?Before showing how little we have to say about this decision, should be careful with it in itself. Let's see.Throughout the history of human thought existed dominant paradigms of the universe. Often these mental images tell us very little about the universe and more about the society that was engaged in his study. For those ancient Greeks who developed a teleological perspective on the world as a product of the first systematic study of living things, the universe was a great body. For others, who thought that the geometry should be revered above all other categories of thought, the universe was a perfect harmony of geometric shapes. Later, at the time they became the first mechanical clocks and mechanisms of the pendulum, the image of the post-Newtonian universe as a mechanism became dominant, and a thousand ships set off in pursuit of apologetic Cosmic Watchmaker. For the Victorian Industrial Revolution, the dominant paradigm was the steam engine and the physical and philosophical issues that she raised with respect to the laws of thermodynamics and the ultimate fate of the universe at that time bore the brand of machines. So today, perhaps the image of the universe as a computer is nothing more predictable than the last extension of our habits of thought. Tomorrow may be another paradigm. What? There will be some profound and simple concept that is behind the logic, as well as the logic is behind the mathematics and computing?At first glance, the notions of symmetry and computing seem very far apart, so that the choice between them would have to be exhaustive. But the symmetry down the possible changes and the "laws" that result can be seen as a kind of software that runs on some hardware - the hardware material of our physical universe. This representation - implicitly - is one of particular visions of the relationship between the laws of nature and the physical universe by almost dogmatic modern Western knowledge.See nature and the universe (nature and culture) as separate concepts, independent. Symbiosis has fatal consequences of this approach. Ends the mechanical process of disciplining, complete with technical expertise perital without reflexivity, ending the idea of ​​man without Symbios with nature.Thus, we could also imagine the software being run on different hardware, the-symbiotic dualism. This representation seems to lead us, therefore, a potential conflict with the belief in a theory which breaks the conditions of existence of even the elementary particles and their laws that govern it.At first glance, the success of the reductionist view continuist knowledge of the mechanism that "explains" the physical world seems to oppose the discrete computational perspective. The logical waged a war of attrition against the notion of a continuum of numbers over the past 80 years. The same concerns and fears that have taken some mathematicians who defined the introduction of irrational numbers as just a convenient myth that artificially simplifies the laws of arithmetic and physical objects which are entities postulated causal rational, and simple rounded by the flow of existence are added Now new fears about the forward recursion computational causal symmetry, linearity, sequentiality, ....

Where is the IQ of the BIT [1]?

The computation is the most basic aspect of reality? To this we would find that the universe only makes things computable.The field demonstrations of mathematical analog of the universe would have to be limited to the jurisdiction of the Constructivists. This is the penalty payable by the abandonment of continuous and computable aspects appeal to the world as the basis for the explanation of the whole.We've found, however, many of the same mathematical operations that are not computable, and we have many of them peeking.In the study of quantum cosmology, we find several examples in which the listing of the areas required are operating a non-computable and can not be carried out systematically by means of a finite number of computational steps of the Turing machine type. There is need for a new element to generate each member of the set. It can, of course, there is another way to calculate the observable quantity in question and that does the realization of this operation is not computable, but it may not make it there and in fact less likely to computability.If we examine partial differential equations describing the propagation of waves of some kind, whether quantum or gravitational waves that propagate through the geometry of spacetime, we find the same problem. When the initial profile of the wave is described by a continuous function, but non-differentiable twice, there is no solution can computable the wave equation in two or more spatial dimensions.The crux of the problem is the irregularity of the initial profile. If this is twice differentiable, all solutions of wave equations are computable. But if, in the most fundamental level, things are discrete and discontinuous, can be victims of the problem of non-computability.The solutions of these difficulties lie certainly a broader concept of what we mean by computation.Traditionally, computer scientists define the computing capacity of any computer, either the real or imagined, as idealized Turing machine. Since the world is fundamentally a quantum system, any attempt to explain its inner workings in terms of a computational paradigm must be founded on a misunderstanding of what sound is in fact quantum computing and what it can accomplish and the Turing machine does not. The computational paradigm has many affinities with the quantum view of the world. Both are discrete, both have dual aspects as evolution and measurement (compute and read). But it would be possible to provide even more arguments in favor of the relationship between the quantum and symmetries of nature.Almost a century of detailed studies of physical amalgamated the two in indissoluble union. What position would the computing paradigm come to occupy after a similar investment of reflection and energy?

The Unknowable: Stop quoting and show what you know. Ralph Waldo Emerson.

Why the world would be mathematical or geometric? But then again, it is true that most things we encounter in day-to-day seem anything but math?The mathematical description is relegated to a peculiar structural world, simpler than those that participate in day-to-day. Furthermore, we found no mathematical relation to emotions. How, then, when we speak of a mathematics confidence. What are the things that can not be included in this physical design? It seems that they exist, but most often are excluded under the pretext of not being scientific. An explanation is not very different from the infamous Master of Balliol [2] who was said "do not know what he is not know."The gap between the two cultures - science and humanism - has widened considerably since the beginning of the century. We realize that there are most sacred precincts of the temple of science in which Symbios is not invited to participate (both sides). Those people did their cults devoted to political opinion and consciousness dominated by self-reflection made by beliefs and ideologies romanticized feelings of love are considered adept at missing a chatter of intellectual activities and practices as ends in themselves, loosely constrained by the requirements of knowledgecomplex.However, the Symbios, we have a trained mind to act and react in certain ways to particular types of multiple and simultaneous inputs missing from this contradiction.So while the information "logic" is a ready-made structure that could be accommodated with the symbiosis information, it does not resist compression broader facets suggestive. Our brain is not good at making algorithmic details, because we are similarly permeated by chemical seasonings and emotional about the information and facts available to us when they happen to the world. Some branches of experience lend themselves to this sublimation clearly better than others.In the sciences pejoratively coined as "hard", the most important feature in favor of the compression algorithm is the existence of idealizations complicated concrete phenomena.A typical star like the Sun, allows an excellent approach to this view.Treating the Sun as spherical and having the same temperature throughout its surface is evidently absurd proportion. No star is thus exactly spherical and isothermal surface. All the stars are so that you can not make several idealizations of this type and the resulting descriptions of them will be very inaccurate.Then, slightly relaxing the idealizations, we can proceed towards a description which admits the presence of small non-esfericidades. This sequence step by step approaches are less understood by operations "computable" in the sense of Turing. In contrast, many of the sciences "soft", which seek to apply mathematics to things like social behavior, riots in prisons or psychological reactions, can not produce a considerable body of sound knowledge, because the matters they deal with do not allow idealizations obvious and fruitful. Complicated phenomena, especially those aspects that are not amenable to algorithmic understanding are inherently unpredictable because they react to the act of research, can not be replaced by simple approximations.It is easy to imagine how one could model a "rough society" or a "paranoia approximate." These phenomena do not allow the effective use of the most successful instrument of the mind to make sense of complexity.In practice, it can express the failure of our minds to find the right way to go in search of idealizations, or may be the consequence of some intrinsic incompressibility to the phenomena in question.Science feels more at home when facing technical problems that require deep insight that claim. For technical understand the systematic application of a sequential procedure - a recipe. The fact that this approach is often fruitful world attests to the power of generalization. Nature uses the same basic ideas over and over again in different situations. The mark of such reapplication is its mathematical character. A search of that technique whose application would be able to decode the message of nature in all circumstances is doomed to failure.The lessons learned from the theorems of Gödel, Church and Turing on the scope and limitations of logical systems are often forgotten in everyday scientific production. The most accessible and quantifiable in the world have the property and computable procedures are set to decide on this.But the truth is not one of those properties of things kind of a prime number or a set of subtle properties that can only be listed.The most logical systems have the property to be listable but not computable and all its theorems can be listed, but there is an automatic procedure to examine a design and decide whether or not it is a theorem.If the mathematical world had not Gödel's theorem, all property of any system that contains arithmetic would be listable. We could write a program set to perform each activity. Without the restrictions imposed on the Cliurch and Turing computability, all property in the world would be computable.Decide if this page is an example of Portuguese written according to the rules of grammar is a computable problem.Words can be confronted with a reference dictionary and syntactic constructs can be checked sequentially, but the page still having no meaning for a reader who does not know Portuguese.All though this time with the player could go learn Portuguese and a growing number of elements of this page would be meaningful to him. However, the property is therefore listable meaningfulness, but not computable. So, decide if this page is something that the reader will want to write in the future is a property listable but not computable.Not all features of the world can be classified as listable or computable.For example, the property of being a true in a system mathematical formulation is not particularly listable or computable. What we can do is to approach the "truth" with increasing accuracy by introducing an increasing number of rules of reasoning and adding other axiomatic assumptions, but we can never fully capture it by a finite set of rules.Beauty, simplicity, truth, are all forward-looking properties. There is no magic formula that you can use to generate all possible varieties of these attributes. They can never be fully exhausted. No program or equation can generate all the beauty or ugliness.The forward-looking properties of things can not be captured in any theory of everything. Also no explanation of non-poetic reality can be complete.The scope of computable theories is huge, but limited, are necessary parts of a full understanding of things, but far from sufficient to uncover all the subtleties of a universe like ours.The computability of electrons microphysics is informational bits or pixels, is the infogene and their biochemistry, nano is macroscósmica or may contain elements that are beyond our current view of the compartmentalized nature of modern Newtonian ingredients, but still are limited and our world contains attributes prospective .There is no formula can give us the whole truth, all harmony, all simplicity, as to see through all the things of all for a logical switch would leave us without seeing lots and lots of things out of it.No theory or understanding may be a theory of everything and will never allow a full understanding of everything, whether we like it or not.

[1] Bit As everyone knows is the language of computing, is the unit of information expressed as a choice between two possibilities (for binary digit, ie binary digit). Play on words between it (impersonal pronoun) and bit, something like "the essence from the bit."
[2] Balliol is one of many schools forming Oxford University was established around 1268.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

The new global macroeconomics will not be televised!


A nova macroeconomia global não será televisionada!

Li um artigo de Robert Shiller em novembro de 2011 publicado no NEW HAVEN, Connecticut. Um texto interessante apesar do otimismo exagerado em re-disciplinar a economia e as neurociência que estudam as estruturas fisiológicas cerebrais.

Para o autor, a macroeconomia pode iniciar uma revolução com base em fontes inesperadas. Por exemplo, as escolas médicas e suas instalações de pesquisa envolvendo as interciências neuromentais, como a neurociência (a ciência de como o cérebro opera), estão começando a mudar a nossa maneira de pensar sobre como as pessoas tomam decisões. Os últimos resultados de pesquisa, apontam para, inevitavelmente, mudarmos a nossa forma de pensar sobre como as economias sociais funcionam.

Esforços para vincular as interciências neuromentais com a economia, por exemplo, tem ocorrido na maior parte apenas nos últimos anos. Revoluções na ciência tendem a vir de lugares completamente inesperados. Um campo da ciência pode transformar estéril se não abordagens fundamentalmente novas para a pesquisa estão no horizonte.

Acadêmicos podem se tornar tão presos em seus métodos - na língua e os pressupostos da abordagem aceita para a sua disciplina - que a pesquisa torna-se repetitiva ou trivial.


Então, algo excitante vem de alguém que nunca esteve envolvido com esses métodos - alguma nova ideia que atrai jovens estudantes e alguns iconoclastas estudiosos antigos, que estão dispostos a aprender a fazer ciência diferente e com métodos de pesquisa diferentes. 

Muito da teoria econômica e financeira moderna é baseada na suposição de que as pessoas são racionais e, portanto, que sistematicamente maximizar a sua própria felicidade, ou como os economistas chamam, sua "utilidade". Quando Samuelson tomou sobre o assunto em seu livro de 1947, ele não olhou para o cérebro, mas baseava-se em "preferência revelada". Objetivos das pessoas revelam-se apenas pela observação de suas atividades econômicas. Sob a orientação de Samuelson, gerações de economistas baseiam suas pesquisas, não em qualquer pensamento estrutura física subjacente e comportamento, mas apenas no pressuposto da racionalidade.

Uma direção que excita os cientistas é como o cérebro lida com situações ambíguas, quando as probabilidades não são conhecidas, e quando a informação altamente relevante outro não está disponível. Já foi descoberto micro processos que o cérebro utiliza para lidar com problemas quando as probabilidades não são claras ou são diferentes daquelas usados habitualmente ou quando as probabilidades “significativas” são desconhecidas. Estas pesquisas nos ajudam a entender como as pessoas lidam com a incerteza e o risco, digamos, os mercados financeiros em um momento de crise ou tomadas de decisões muito significativas em nossas vidas. 

John Maynard Keynes pensava que a maior tomada de decisão econômica ocorria em situações ambíguas em que as probabilidades não são conhecidos. Ele concluiu que grande parte do nosso ciclo de negócios é acionado pelas flutuações dos "espírituais", algo da mentitude e nunca compreendido pelos economistas.

Como podemos melhorar a nossa compreensão dos problemas de qualquer espécie e relevância? Será que existe esse denominador universal?

 Gilson Lima*
Doutor em Sociologia das Ciências. Professor e Pesquisador da pós-graduação do Centro Universitário Metodista IPA. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).
E-mail: gilima@gmail.com
Blog: http://glolima.blogspot.com

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O público e o privado no Planeta “Big Brother"

DO PAN-ÓPTICO PARA O SINÓPTICO [1]

Esse texto foi produzido em 2003. Publicado nesse ano no Jornal Adunisinos. São Leopoldo. Rio Grande do Sul. Foi publicado dez anos depois do texto anterior desse blog: “Brasil: Aquém do Público além do privado”.

Gilson Lima*

Doutor em Sociologia das Ciências. Professor e Pesquisador NITAS/ORTOBRAS/CNPQ. COORDENADOR REGIONAL do Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA). 


" Mudamo-nos agora, sugere Mathiesen, de uma sociedade dos estilo Pan-óptico para uma sociedade do estilo sinóptico: as mesas foram viradas e agora são muitos que observam poucos. Os espetáculos tomam o lugar da supervisão sem perder o poder disciplinador do antecessor. A obediência aos padrões ( uma maleável e estranhamente ajustável obediência a padrões eminentemente flexíveis, acrescento) tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção -  e aparece sob o disfarce do livre-arbítrio, em vez de revelar-se como força externa."[2]


            1989, poucas décadas, caia o Muro de Berlim e com ele desmoronava em pedaços nossas certezas que demarcavam posições tão claramente definidas de um lado e de outro. No início, ainda meio tontos, vimos uma turma em dianteira intitulando-se de vitoriosos da velha guerra realizada pela imposição de dois grandes mundos.

Para muitos, até mesmo ainda hoje, esses vitoriosos pareciam mesmo vitoriosos, com suas “novas” idéias liberais, ou seja, a velha crença na universalização absoluta do mercado, agora aliada com a invencível superioridade da pressão tecnológica aceleradora também da velha certeza de um progresso num futuro que agora está cada vez mais presente. Para outros, uma derrota temporária de uma esquerda que insiste em refazer os caminhos do final do século XIX.

A novidade deste novo futuro presente, no entanto, é que este futuro não tem mais uma responsabilidade coletiva a ser impressa pelos ditos melhores e mais equipados membros da nova elite planetária, não se julga e não pretende ser mais  responsável pela orquestração comum dos destinos dos fracos, que são cada vez mais fracos e porém, cada vez mais, muitos.

Enfim, até mesmo, alguns chegaram a alardear que a história tinha acabado. Novos liberais se intitulam consultores do novo destino do mundo sem fronteiras para o hiper consumo e magicamente indicam suas velhas receitas para alcançarmos o paraíso das nossas mais inúteis vontades desejantes.

            O Brasil, a sua moda, assimilava os ventos das “novas” idéias que aqui chegando, eram como que de sempre, adaptadas em discursos num velho cardápio das nossas habilidosas elites, sempre muito astutas em mesclar idéias “modernas”, “novidades”, com conhecidas práticas da tradição. Nesta época escrevi um artigo ironizando o debate da privatização da esfera pública brasileira que então recém iniciava-se[3]. Nesse artigo, tentei demonstrar que na literatura social e política brasileira existiram várias possibilidades de entendimento e compreensão sobre o público e o privado e que, no Brasil, nunca efetivamente vivemos e construímos uma esfera pública. Para isso, demonstrei, com ironia elementos e eventos da nossa velha história colonial, Imperial e Republicana. Queria demonstrar também, que no caso do nosso país, privatizar a esfera pública nunca foi novidade, talvez seria uma novidade o contrário, ou seja, se começássemos a querer construir pela primeira vez uma efetiva esfera pública para além, ou até mesmo contra ou quem sabe até autonomamente complementar, ao privado.

No entanto, por mais que imaginasse na época a sede de universalização do privado sobre o público, jamais seria possível pensar que alguns anos mais tarde emergiriam em nosso cotidiano um fenômeno social e econômico como o dos chamados reality shows, cujas expressões brasileiras mais adequadas ficaram conhecidas pelos programas: Casa dos Artistas do SBT e o Big Brother da Rede Globo. 

Esse fenômeno vem associado a um conjunto de mudanças, que talvez possam ser entendidas se atentarmos a ver, com mais cuidado, as mutações que vêm compondo o que Manuel Castells denomina "sociedade em rede". Um público, transformado em audiência de acesso informacional caminha, como crianças que se divertem com seus novos brinquedinhos, para uma sociedade onde até mesmo a intimidade está publicamente em rede. Uma sociedade onde as dobras subjetivas dos seus agentes estão cada vez mais conectadas e vigiadas, até mesmo em seus momentos mais íntimos.


A esfera pública está se liquidificando. O público plastificado virou audiência e o velho privado transmutou-se para a exposição pública da intimidade.

Na formatação do realitys shows, o “público” experimenta a sensação de tocar o distante e desconhecido, de torná-lo familiar, domesticá-lo e, principalmente, atuar sobre ele. Porém, as máquinas sensórias e cognitivas modulam a subjetividade, buscam provocar nossas vontades desejantes, ampliar nossas ressonâncias sensíveis, para uma manipulação abstrata de uma intimidade privada onde quase todos participam.

A experiência começou como experimentos exibicionistas isolados em Webcams. Já há alguns anos, homens e mulheres disponibilizavam endereços na web para quem os quisessem ver no cotidiano, fazendo coisas simples e bem íntimas como higiene, trocar de roupas até mesmo vendo-os(as) defecando no que antigamente apelidávamos de “privadas” e dando descargas dejetos consumidos. Em alguns casos mais exagerados, era permitido até mesmo assisti-los em pleno exercício de suas relações sexuais mais íntimas. A novidade foi se esgotando. No início, um brinquedo novo é quase tudo para uma criança. Depois sua relação com as coisas do mundo geralmente amadurece. As possibilidades abertas pela Internet migraram para o mundo midiático mais tradicional e logo, chegou em Hollywood, onde o filme que ficou mais conhecido por badalar este fenômeno foi Truman Show.

O mais interessante é que a atual formatação televisiva dos "reality shows”, onde o privado inclui o público, não se trata de uma invenção tupiniquim, ou seja, não é originalmente uma invenção de uma cultura integrada a uma “primitiva e baixa mordernidade que foi tropicalizada pela sensualidade de peles escurecidas pela excessiva exposição da energia solar”. Não!

É uma invenção da Alta Modernidade. Com notório sucesso em países inclusive nórdicos. O programa "Big Brother" foi inventado num conhecido país que se encontra nas províncias dos Países Baixos, a Holanda. A Holanda depois de ser o berço de grandes pintores como Bosch, Rembrandt e Van Gogh , e que atrai visitantes de todo o mundo, agora nos presenteia com  John de Mol, 44 anos, um ex-jogador de futebol que, graças à produção de programas populares de TV que exploram sexo e situações insólitas, se tornou o 32º homem mais rico do seu país. 

De Mol com sua pequena produtora Endemol, cresceu com o sucesso relâmpago após sua invenção ilustrativa. A primeira versão do "reality show" estreou em setembro de 1999 naquele país.

Quando foi exibido na Holanda, o primeiro "Big Brother" ele dava cerca de 30 pontos de audiência. Seu vencedor, Bart, ficou famoso e passou a estrelar comerciais de TV após o fim da maratona, além de ter arrumado uma namorada entre as concorrentes. O romance ajudou a alimentar a popularidade do programa. De Mol logo vendeu a fórmula de "Big Brother" para a rede americana CBS e para vários países europeus. A Telefônica, grupo espanhol que atua na telefonia brasileira, ofereceu, já no ano passado, mais precisamente março de 2000, R$ 11 bilhões pela empresa de Mol.

O formato foi logo exportado para a Inglaterra, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. O número de países cresceu para os atuais 17, que incluem também os latinos. Podemos encontrar esse formato televisivo na Noruega, Dinamarca, Suécia e Bélgica, o programa existe também em países além do Brasil, na Argentina, no México, na Austrália e na África do Sul.

Além disso, surgiram variantes, cuja reverência de variação se situa nos limites da permissividade da intimidade. A variante sueca conhecida como "A Ilha de Robinson", ambientado em uma ilha deserta, transformou-se em tragédia: um dos concorrentes se suicidou. Em Portugal, o "Big Brother" que já está na terceira edição, causou escândalo transmitindo um casal transando ao vivo, desencadeando debate sobre a “adequada” conduta na TV. Por fim, tudo foi dramatizado tendo como pano de fundo uma transgressão que foi punida com a "eliminação" do jogo dos “exagerados”. O drama continuou depois na “vida real” quando os dois participantes punidos se redimiram sacramentando rapidamente a união em casamento oficial, tudo devidamente televisado. A versão inglesa é mais contida. Porém, isso não impediu um dos personagens do "Big Brother” ameaçar ao vivo um concorrente no ar, com uma faca no pescoço.

Na Alemanha a produção quase não foi ao ar devido aos ataques de líderes políticos e religiosos que acusaram o programa de violar a "dignidade humana".  O "Big Brother" alemão só foi permitido com o compromisso de que as câmeras fossem desligadas diariamente durante uma hora.

Mas o sucesso de público não necessariamente se deve à exibição de cenas consideradas aberrantes, mas no apelo da audiência a compartilhar – até mesmo com a família unida no sofá, momentos de sensações extasiantes de prazer paradisíacos de um voyeurismo alucinante.

Enfim, da velha discussão sobre o público e o privado podemos nos perguntar o que sobrou pelo menos de nossas dobras mais subjetivas. Hoje há quem afirme que a busca pela expressão e explicação representada pelo conhecimento complexo da realidade é algo do passado. Dizem outros, que mesmos os conhecidos almanaques e folhetins novelescos que caricaturavam uma aproximação com a realidade estão sendo descartados por não permitirem gerar ondas “aceitáveis” de audiência no mercado simbólico.

Os "reality shows" emergem como agentes sobre noções de público e privado, cidadão e indivíduo, em um contexto de declínio dos movimentos sociais que marcaram a cena francesa nas décadas de 60 e 70, do desmoronamento da sociedade disciplinar industrial e da ascensão de uma civilização que desconcentra seu foco da matéria e se volta a imaterialidade subjetiva da imagem, ao alargamento do córtex racional, modulado cada vez mais por máquinas de pasteurização simbólicas e cognitivas (computacionais) que aparentemente nos dotam de um hiper córtex rizomaticamente conectado. 

Ao que parece a nova pasteurização da subjetividade contemporânea exige novos formatos cada vez mais presentes e aceitos pela audiência simbólica. Eles se realizam mediados agora muito mais pelo improviso e alheios a roteiros pré–determinados. Já nos lembrava Ítalo Calvino com suas propostas referências para o próximo milênio onde incluía a velocidade (das imagens ziguezaguiantes e desformes dos videoclipes substituindo a lenta representação panorâmica da realidade), a rapidez (sensacionalismos de vida curta, de um curto agora), a multiplicidade, a precisão da economia simbólica dos fluxos rizomáticos. Tudo isso compõe um cardápio da falência dos mergulhos de sentido realizado pelas hermenêuticas de profundidade.

Em uma coisa podemos ainda ficar tranquilos, felizmente, não conseguimos detectar os segredos da energia vital que movem nossos pensamentos, não podemos ainda capturar para uma MATRIX transparente, os nossos pensamentos, muito menos, nossas angústias, nossos temores e nossos sonhos.

Por fim, seria necessário hoje reescrever o artigo que acima citei, ao qual daria, no entanto, um novo título: Brasil: Aquém do privado para além da intimidade. Talvez começaria me perguntando: onde foi o público? Poderia responder: Virou audiência simbólica de uma privacidade pública. Como me referi no início desse artigo, acredito cada vez mais nitidamente que após a fulminante queda do muro de Berlim, a Guerra Fria não nos logrou nenhum vencedor, não tivemos, frente aos dois grandes mundos que caíram despedaçados, nenhum vencedor, na verdade, todos perdemos e continuamos perdidos.




[1] Esse texto foi produzido em 2003. Dez anos depois do texto anterior: “Brasil: Aquém do Público além do privado”. Para quem tiver curiosidade de ver na íntegra este artigo, ele encontra-se no seguinte endereço da Internet: (http://glolima.blogspot.com/2012/01/brasil-aquem-do-publico-alem-do-privado.html)
* Doutor em sociologia contemporânea e mestre em ciência política pela UFRGS. Professor e Pesquisador  CNPQ. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).
[2] BAUMANN, Ztygmunt.  Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001: 101.
[3] Este artigo intitulava-se: “Brasil: Aquém do Público além do privado”.

domingo, 22 de janeiro de 2012

BRASIL: Aquém do Público além do Privado!


1. Gilson Lima. Doutor em Sociologia das Ciências. Professor e Cientista Sênior. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).
E-mail: gilima@gmail.comBlog: http://glolima.blogspot.com



BRASIL: Aquém do público além do privado
Esse texto foi produzido em 1994. Gostaria de esclarecer que o título desse artigo, foi retirado literalmente de um suplemento publicado em 31 de maio de 1992 na Folha de São Paulo. Também, algumas pequenas passagens desenvolvidas na primeira parte e na conclusão foram inspiradas num pequeno texto de Renato Janine Ribeiro que se encontra publicado naquele suplemento.



            Este texto aborda a complexa relação entre a esfera pública e a esfera privada, inserida na formação social, econômica e cultural brasileira..


                        Desenvolvemos o tema do seguinte modo:




                        1º.) Esboçando alguns elementos conceituais que marcam esta tensão  a do público com o privado e, sempre que possível, situando-os em alguns autores que estudaram estes dilemas conceituais na história política do Brasil;



                        2º ) após este panorama geral, ainda que telegráfico, discorrendo sobre a figura pública do coronel ou, mais precisamente, quando o coronel se torna o próprio público;



                        3º.) questionando algumas "soluções" instrumentais da esfera pública, embutidas muitas vezes de progressistas e de esquerda, que fundiram mecanicamente o público no próprio Estado, uma fixação, no mínimo, criticável;


                        4º.) elaborando uma pequena conclusão.

Esta temática  é extremamente complexa e muito pouco consensual; por isso, este texto não poderia ir além de uma rápida e pequena incursão sobre suas implicações.

 
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1. QUAL PÚBLICO E QUE PRIVADO? Uma pequena incursão sobre a idéia de público e de privado na literatura política brasileira.

                           É o público uma esfera? Uma esfera pública? Sobre qual conceito se constitui essa esfera? Pensemos num espaço? Se é um espaço, sob que regras constitui a sua ocupação? Estas regras dizem respeito a que atores? A que meios tecnológicos utilizados? Exclui-se alguns? Poucos? Muitos? Quase todos? Que público participa do público?
                        Tratam-se de várias perguntas, e respondê-las não é uma tarefa fácil. A palavra público é geralmente associada a um espetáculo. De um lado existe os atores e de outro o público. O enredo do espetáculo pode ter um ou mais de um autor. O público, de modo geral, não é obrigado compulsoriamente a assistir ao espetáculo, é? Para se ter acesso como público a um espetáculo, temos muitas vezes que pagar ingresso; raramente um bom espetáculo, com bons atores é de graça.
                        Nessa pequena caricatura, já temos alguns problemas na constituição de um espetáculo. De um lado existem os atores, de outro lado o público. O público movido por um determinado interesse pode ser no máximo um bom espectador, atento? Apenas passivo em relação a trama que engendra o espetáculo? Os atores desenvolvem um roteiro que pode possuir um ou mais autores. Nessa caricatura há claramente uma dissociação entre autor e ator. Nesse espetáculo específico, o autor se comunica com o público indiretamente através dos atores que traduzem a sua criação. Para dar lógica e beleza ao espetáculo, existem vários suplementos (luzes, cenários, etc.). Há, também, uma organização que dá suporte ao espetáculo. Temos a figura do diretor, como um gerente capaz de dar eficácia na relação da criação do autor com o público através da trama desenvolvida pelos atores. Também temos a figura dos semi-artistas (maquiadores, estilistas, elaboradores de cenários e de figurinos); ainda temos os trabalhadores braçais, construtores de cenários, carregadores, responsáveis pela limpeza, pela portaria, pela bilheteria, etc. Isso demonstra que na construção de um espetáculo existe uma rede diferenciada de interesses e uma intrincada divisão de trabalho.
                        A partir dessas indagações em tom irônico, podemos penetrar um pouco nessa complicada problemática e heterogênea rede de relações entre a esfera pública e a esfera privada, pegando uma carona com alguns estudiosos da história política brasileira que se dispuseram a enfrentar o tema.
                        Uma associação geralmente muito utilizada na noção de público é a sua contraposição ao privado. Assim, temos que o privado que é o que é meu, o que está sob a minha inteira governabilidade individual; para alguns, essa governabilidade pode estar implicada com a extensão limitada do eu para  a perspectiva do que é "minha" família, "minhas" propriedades, “meus e minhas” amigas,  minha corporação 2.

 2. Nesse sentido, se sou um grande proprietário de terras, o público não poderá ser a construção de um poder comum entre todos os proprietários de terras que tenha por objetivo garantir que as minhas propriedades continuem sendo minhas?

                     Portanto, numa sociedade com vários e diferentes privados, o poder público não poderá atender apenas uma pequena parcela privada de interesses. A construção de um poder público numa rede complexa de interesses privados seria bem mais extensiva do que uma espécie de sindicato de proprietários de terras por exemplo. 

                        É essa questão que encontramos em Duarte (1965) quando esse autor constata a privatização da organização política nacional, mesmo que não venhamos a concordar com algumas de suas conclusões.
                                                         Dentro dessa mesma lógica, quando uma determinada parcela de atores buscam associar seus interesses particulares com o interesse público, universalizando para todos  os valores, a cultura e os interesses particulares que são apenas seus, temos uma absoluta substituição do público pelo privado. Nessa abordagem, o público é um espaço onde quem participa é ao mesmo tempo ator e público . Perguntaríamos então: quem dará o suporte organizacional e os meios para realização deste espaço público? A não ser que não exista mais a esfera privada e que toda ela tenha se fundido na esfera pública, onde o público como um não-privado deixou de existir, não necessitaríamos de um suporte organizacional para sua realização.
                        Aqui podemos inserir a preocupação teórica de Faoro (1991) quando afirma que, por decorrências históricas e culturais que se originam na especificidade da formação social portuguesa colonizadora, um estamento burocrático no Brasil privatizou o poder e determina as regras, convida quem quer para os espetáculos, ele é o dono do poder público.
            É possível um espaço público neutro capaz de possibilitar o trânsito de todos os interesses particulares e conflituosos? Os responsáveis pela construção e execução desta esfera pública não estão também sujeitos a interesses particulares e, neste sentido, não teria Faoro uma boa dose de razão?
                        Um outro ângulo de ver a questão, que pode ser levantado, é o de existirem duas posições que diversos autores assumem quando abordam a problemática da relação entre público e privado. A primeira é a de ver o público como uma simples extensão do privado. A segunda, geralmente a mais abordada, é a de existir um corte, uma ruptura no espaço público em relação ao espaço privado, tendo este espaço público autonomia e regras próprias. Essa segunda posição é bem presente em Diniz e Boschi (1991) e também, está muito clara nas abordagens teóricas das elites ou de circulação de elites no poder público, principalmente em Carvalho (1980), sobretudo em seu brilhante trabalho "A Construção da Ordem".
                        Outra abordagem geralmente utilizada nesta questão da problematização do público com o privado e que me parece importante ressaltar é a perspectiva, muitas vezes heurística, marcada pela lógica da construção de uma esfera pública como projeção teórica e não-histórica concreta. Neste sentido, o público ou a esfera pública torna-se para muitos um dever ser daquilo que concretamente não existe - uma projeção finalística. A questão passa pela simples explicação de que a esfera pública é um recurso heurístico para a construção crítica de uma realidade limitante. Muitos autores passam a considerar a esfera pública como dada: ela é simplesmente pública; portanto, não necessita de maiores explicações. A partir daí, discorrem pela não-realização concreta e histórica daquela esfera pública que já está dada heuristicamente e cuja única coisa da qual conhecemos é a sua não-realização histórica perfeita.
                        Outro aspecto a ressaltar é que para alguns autores que enfrentam esta temática com diferentes nuanças, a realização do público passa pela construção de uma racionalidade universal. Estes autores estão influenciados pelas posições de Weber, na relação com a criação de mecanismos racionais e impessoais para procedimentos e regras a serem executadas por uma burocracia moderna. Para esses autores, a crítica das manifestações privatistas da esfera pública no Brasil se dá pela ausência ou não desta burocracia moderna capaz de superar o patrimonialismo, o coronelismo, etc. Esta perspectiva marca muito a obra de Uricoechea (O Minotauro Imperial, 1978), bem como, a análise de Faoro (1991) que discorre sobre a incapacidade universal do estamento burocrático.
                        Na complexa relação entre o privado e o público encontramos posições de autores que discorrem sobre a incapacidade da realização de uma ordem burguesa e liberal no Brasil. Esta questão está presente nos textos de Santos (1978) e do próprio Carvalho (1991), onde se encontra implicitamente, e também no texto de Diniz e Boschi (1991).
                        Outro aspecto fundamental a ser considerado é a relação da construção da esfera pública com as complexidades regionais desenvolvidas mais explicitamente por Schwartzman (1975).
                        Essas são algumas tensões fundamentais na abordagem do problema trabalhadas por alguns autores na história política brasileira.
                        Por fim, cabe lembrar que existem outros autores que desenvolvem importantes questões sobre a construção de uma esfera pública no Brasil como: a construção do espaço público e a sua relação com a construção nacional ou mais precisamente com a própria construção da nação brasileira, questão essa desenvolvida por Oliveira (1990); a posição dos comunistas no Brasil na tentativa da "conquista" do poder público, ainda que marcada por um determinado período histórico, trabalhada por Pinheiro (1991); os aspectos culturais do homem cordial brasileiro levantados por Holanda (1963); a questão democrática na relação com a construção da esfera pública, desenvolvida em vários textos da historiografia política do Brasil que trabalharam temas como representação partidária, liberalismo político no Brasil e outros. De fato, as questões que abarcam esta temática são tantas que se faz necessário hierarquizar algumas delas para podermos desenvolvê-las. O importante é termos claro de qual público e de qual privado estamos nos referindo e sobretudo estarmos atento para a heterogeneidade de abordagens conceituais que envolvem esta temática.


2. QUANDO O CORONEL É O PÚBLICO
            
                   O fato de ter sido através de um título militar, "O Coronel", a vinculação de um chefe político de uma determinada comuna local com o governo do Império é um gesto significativamente marcante. O coronel é um posto da hierarquia militar. A criação da esfera pública a nível local surge sob a marca da coerção militarizada, do medo da autonomia e da soberania popular do local perante a fragmentação do território nacional. Um coronel nomeado pela Guarda Nacional não podia ser preso e sujeito a um processo criminal. Surge uma figura pública acima dos mortais comuns sem, entretanto, a delegação dos mortais do local. O coronel é, no local, representante da unificação do Império. O coronel não era qualquer um do povo, era geralmente um grande e próspero fazendeiro ou um grande comerciante conhecido como o "dono do local". A posterior extinção formal da figura do coronel fardado vinculado à Guarda Nacional não impediu a continuidade do que os analistas políticos denominam de coronelismo nas atividades políticas e sobretudo partidárias existentes até hoje em algumas regiões rurais do país.
                        O coronel político era, também, um coronel patriarcal na sua fazenda. Era assim chamado pela sua família e seus empregados. A atividade pública do coronel se dava onde ele se encontrasse, independente de um cenário específico. O título não era concebido de forma temporária: um coronel não tinha mandato. Enquanto fosse senhor do local, continuaria a ser um coronel.
                        Estar próximo do coronel era estar próximo do poder. O coronel não era e não significava apenas armas e coerção; era, padrinho de batismo ou de casamento de diversos subalternos e era também um protetor da prole. Seu vínculo com um poder central e distante significava o acesso a benfeitorias. O acesso ao poder central não era para qualquer um: era necessário ter prestígio e para obtê-lo era preciso força econômica e militar.
                        Uma importante questão é levantada por Leal (1976) sobre o coronelismo e seu impacto frente a autonomia municipal. O coronelismo acaba por ser uma negação da autonomia municipal e uma afirmação da fazenda do coronel.
                        O município, a cidade geradora da cidadania clássica do liberalismo, tem um aspecto meramente assessório à fazenda, ao latifúndio.
                        Também a questão regional será muito marcada pelo fenômeno do coronelismo. O Estado não se constitui de uma rede de municípios autônomos, mas de uma rede de coronéis influentes em determinadas localidades. Este vínculo determinará, segundo o autor, conseqüências desastrosas na conquista da autonomia municipal, sempre dependente das concessões estaduais ou do governo central. As relações políticas com as outras esferas governamentais sempre dependerão da vinculação do coronel da localidade com esta rede de patriarcas. As divergências de coronéis entre si serão mais marcantes do que suas posições ideológicas e políticas.
                        Em relação ao poder político centralizado do Império, Carvalho (1980), dentro de sua lógica teórica das elites, defenderá, de forma provocadora, que o bacharelismo, geralmente cursado por filhos de velhos coronéis nas Universidades de Coimbra e seus anexos tupiniquins, permitirá formar uma elite imperial pública de funcionários e carreiristas políticos mais elegantes e fortemente marcados por uma homogeneidade ideológica.
                        Esta elite política do poder central tem, para Carvalho (1980), uma lógica própria e não se confunde com a figura do velho coronel, ou seja, esta elite não se movimenta pelo simples reflexo dos interesses dos latifundiários. Carvalho está imbuído da perspectiva de uma esfera pública autônoma em relação ao privado, sendo que as elites políticas são apenas influenciadas pelos interesses dominantes, porém possuem uma reserva de poder específico para impor suas determinações.
                        Dentro desta posição, podemos concluir que o coronelismo seria muito mais uma marca específica do localismo político, apenas capaz de reproduzir no local a unidade do Governo Imperial. Carvalho (1980) poderia ir um pouco mais devagar nas suas afirmações.
                        Tudo bem, não podemos reduzir a "ordem pública" a um reflexo do poder econômico dos coronéis. Porém, não era esta mesma elite bacharelada filhos de coronéis? Passaram ou não pela formação patriarcal do coronel? Tiveram seus estudos sustentados pelos coronéis? Não seria, entretanto, necessário irmos com mais cautela na afirmação deste projeto próprio e autônomo (ainda que dependente) da elite letrada frente aos interesses dos coronéis?
                        Não é possível reduzir simplesmente o Estado Imperial a um escritório de negócios dos latifundiários. é necessário atentar mais para as questões que impediram uma relação maior da autonomia dos municípios com outras esferas mais centralizadas do poder governamental, bem como desenvolver um pouco mais a especificidade da relação da cidade com a fazenda e da escravidão com a cidade para melhor clarificar estas questões (todos estes aspectos, logicamente, não poderão ser desenvolvidos aqui).
                        Leal (1976) nos dá uma série de pistas, mas é importante, também, desenvolver os aspectos específicos de cada região do país para melhor compreender uma heterogeneidade na constituição da figura pública do coronel. Nisso Leal deixa a desejar e é preciso recorrer a Schwartzman (1975).
                        Segundo Schwartzman, podemos dividir o país em quatro grandes regiões:

                        1ª.) Uma região mais moderna, que sediou os governos centrais (em Salvador e Rio de Janeiro), onde ocorreu um contato mais direto com a Europa, sobretudo no Rio de Janeiro a partir da transferência de toda a Corte Portuguesa para o Rio;
                        2ª.) Minas Gerais e o Nordeste decadente: o tradicionalismo, para o autor, tem muito mais a ver com áreas que experimentaram um progresso no passado sofrendo depois um brusco declínio. É o caso do Nordeste com a cana-de-açúcar e de Minas Gerais com o apogeu e a queda do ciclo do ouro.
                        Minas Gerais, esgotado o ciclo da mineração, ficou uma província com a maior população da época, sem a atividade econômica de alta lucratividade experimentada. Porém, a tradição da estrutura burocrática da administração portuguesa ficou, o que, segundo o autor, é o berço da vocação política de Minas Gerais.
                        3ª) São Paulo: foge da regra geral. O núcleo de colonização se voltou da costa marítima para o interior, sempre com maior independência da administração centralizada. Em 1940, São Paulo já é o Estado mais populoso, a principal fonte de arrecadação de impostos do governo central e o maior foco de industrialização do país. Entretanto, politicamente, sempre desempenhou um papel inferior ao seu peso econômico e populacional.
                        4ª) Rio Grande do Sul: num paradoxo totalmente diferente de São Paulo, esta região sempre desempenhou importante papel na política nacional, desde o fim do século XIX. Desproporcional, inclusive, ao seu peso econômico. No Rio Grande do Sul, ao contrário, ocorreu um compromisso da tradição política com a estagnação econômica.
                        Região muito influenciada pela sua geopolítica de fronteira, onde a questão militar teve um peso preponderante, resultou numa mescla muito grande entre política e militarismo. O Rio Grande do Sul era na colônia uma espécie de posto militar de fronteira. Foi nesta região que surgiu intensamente o positivismo vinculado à tradição militar e vinculado também à forte oligarquia estadual. A região forneceu importantes quadros ao exército nacional. Desde a criação do Partido Republicano, o Rio Grande do Sul desempenhou um papel político importante no país e esteve muito presente nos momentos mais marcantes da política brasileira (na derrubada do Império, em 1930 com Vargas; em 1961 com Goulart, sem falar em nomes como Costa e Silva, Médici, Geisel, etc.).
                        Apesar de economicamente a imigração européia ser muito marcante no Estado, foi a tradição militar, caudilhista, "revolucionária" e oligárquica que desempenhou um papel preponderante na política do Estado a nível nacional.
                        Sempre chamou muita atenção a especificidade do coronel gaúcho. Latifundiário e corajoso conquistador militar, envolvido religiosamente numa disciplina partidária, características que até hoje marcam profundamente a cultura política da região.
                        O coronel como expressão e realização do público constitui marca histórica profunda na construção da esfera pública brasileira. Primeiro, porque o coronel é o dono, o pai, o proprietário e protetor do público. Segundo, porque é pela pessoa, pela personalidade, pela influência pessoal do coronel que o público se realiza. Terceiro, é que a realização do público, além de ser restrita à figura do coronel, está também muito marcada pela perspectiva da coerção militar. O nosso estadista já nasce fardado; não é um general, porém não é um soldado, é um coronel, tem suas armas, suas condecorações e seu pequeno exército de subalternos. O coronel não é uma figura do povo, não é qualquer um. Para ele a lei não vale; vale a sua vontade privada. O coronel é coronel sempre, mesmo quando está de pijama dormindo em sua fazenda. É uma figura pública permanente e sem mandato, sem delegação popular, mas delegado por um poder central inatingível aos simples mortais. Isso tudo já seria suficientemente importante para, no mínimo, considerar as especificidades marcantes na formação do "público" tupiniquim. Um "público" constituído historicamente e não heuristicamente como pretendem alguns.

3. QUANDO O ESTADO É O PÚBLICO

                   Um dos trabalhos mais criativos da política brasileira é a obra de José Murilo de Carvalho (1991), " Os Bestializados ".
                        A ideia de Aristides Lobo (apud Carvalho, 1991) de que o povo assistiu bestializado Proclamação da República (como se fosse uma parada militar da qual ninguém sabia o que estava acontecendo), ideia que Carvalho (1991) questiona, é significativa para desenvolvermos uma reflexão.
                        A noção de que a sociedade civil é composta por bestas incapazes de um autogoverno está muito presente na cultura política brasileira.
                        A decorrência deste fato é a necessidade de uma elite civilizada no Estado que tem como missão histórica salvar e civilizar o país. O Estado passa a ser um ente, que por imanência é progressista, e moderno pela sua própria natureza.
                        A social democracia viu no Estado um espaço com possibilidade de realizar uma condensação de forças capaz de fundir o social no próprio Estado. Neste sentido, a questão social era uma questão do Estado. Porém, esta condensação de forças é produto de uma tríade pactualizada com um forte sindicalismo nacional, de agentes econômicos oligopolizados e de uma burocracia estatal centralizada e competente o suficiente para dar "funcionalidade" e socializar os ganhos do processo de industrialização, entretanto, sem ferir os interesses que pudessem decompor este pacto.
                        No Brasil, certamente isto não ocorreu. O Estado foi um dos motores fundamentais de realização de uma infraestrutura industrial. A velha noção planificadora onde existe um Estado que é sujeito e uma sociedade que é objeto implicou uma relação autoritária com a sociedade civil.
                        Muito do viés do estatismo autoritário da cultura comunista e socialista vem desta lógica imanente e progressista do Estado, a ponto de muitas vezes querer reduzir a estratégia política do socialismo a um simples ataque frontal ao Estado, para impor um novo perfil no processo político do país.
                        A conseqüência desta lógica é a criação ilusória de uma racionalidade anticapitalista do Estado brasileiro, como se este fosse uma realização do não-mercado, capaz de impor um controle total e absoluto ao "desenvolvimento moderno" frente ao arcaísmo vigente no país. Uma "racionalidade" capaz de impor, regular e tutelar a sociedade civil. Esta lógica, marcou profundamente a formação cultural do projeto de modernização industrial e inclusive a cultura política socialista do país.
                        Esta fusão mecânica do público no Estado permite indagar se a solução autoritária da esfera pública no Brasil não é muito mais uma consequência da ausência de uma sólida cultura democrática no país.
                        Neste sentido, o trabalho de Wanderley Guilherme dos Santos é profundamente original. O autor, indagando sobre o período de crise do governo Goulart comenta: "(...) os objetivos visados pela nova versão do autoritarismo instrumental eram a intervenção do Estado, o nacionalismo e o maior avanço possível em direção ao socialismo." (Santos, 1978. p 107) (grifos do autor do trabalho)
                        No Brasil, até mesmo para ser democrata, era necessário instaurar um regime político autoritário. Segundo os princípios dos liberais doutrinários, mas também para os socialistas autoritários, um regime forte seria um instrumento da modernização para uns e a consolidação da democracia política para outros, porém num indeterminado futuro próximo. O conceito de Santos (1978), do autoritarismo instrumental, marca a predominância de uma racionalidade que separa meios de fins, que normatiza impositivamente os conflitos sociais e que impede a construção de uma esfera pública democrática no país.
                        Apesar disto, discordamos do autor quando diz: " constituiria grosseira simplificação supor que a burocracia pública está aí para abandonar-se a dinâmica do privatismo" (Santos, 1978. p 116). E diz ser: "improvável que a visão estritamente capitalista venha se impor monoliticamente" (Santos, 1978. p 116). Também discordamos de Carvalho (1980) quando defende a impossibilidade de a elite política (mesmo a imperial) ser um mero reflexo dos interesses econômicos. É necessário proceder com maior cautela sobre estas afirmações. Não cremos ser a burocracia ou a "elite" no Estado um ator com tanta autonomia assim. Longe de considerar o Estado um simples escritório gestor dos interesses privados, devemos nos conduzir sobre esta vinculação com pressupostos mais convincentes em relação a essa autonomia do corporativismo estatal.
                     
                       Quais seriam estes pressupostos? Desenvolvê-los não é tarefa fácil. As pistas dadas por Diniz e Boschi (1981) permitem afirmar que o corporativismo estatal tem uma autonomia muito mais relativa do que se supõe, e suas decisões são processos de pressões estruturados em conflitos existentes na sociedade brasileira. O modo através do qual os canais se encontram fechados para os trabalhadores e, sobretudo, para amplas parcelas de uma economia clandestina e subterrânea impôs uma institucionalização do público que consagrou o que os autores chamam de "desigualdade estrutural" no acesso dos processos de tomada de decisões "públicas".
                       
                              A própria articulação direta entre os interesses do corporativismo estatal com a sociedade civil impossibilitou e fragilizou as mediações intermediárias que seria, segundo os autores, um papel a ser realizado pelos  partidos políticos. Discordamos dessa afirmação, entretanto pensamos que podemos seguir as pistas de Diniz e Boschi (1981) que elas poderão levar-nos a algumas novas revelações e distanciarmos em relação às proposições de Santos sobre a burocracia estatal e de Carvalho sobre a elite imperial, mesmo que Carvalho (1980) e Diniz e Boschi estejam tratando de períodos distintos, historicamente determinados.
                        Retornemos a Nestor Duarte. Não pretendemos simplificar a inexistência de uma esfera pública no país apenas pela confusão do público com o privado, porém esta esfera pública no Brasil sempre foi um espetáculo onde participava ativamente um público muito reduzido. Neste sentido, as preocupações de Duarte (1965) são importantes, não pelo fato de universalizarmos simplificadamente o patrimonialismo para todas as regiões do país, mas por atentarmos para sua preocupação principal, que é a privatização da esfera pública no país.
                      
                     Quando os neoliberais tupiniquins afirmam, com todas as letras, "vamos privatizar o público no Brasil" (entendendo este apenas como ação econômica do Estado no mercado empresarial), as coisas ficam no mínimo um pouco engraçadas. Como é possível privatizar ainda mais o público no país?
                      
                      Talvez, se a cultura política socialista rompesse suas relações mal resolvidas com a democracia e sua rigidêz moralista frente a ideia de mercado, ficaria certamente em melhor posição para defender uma construção ampliada e democrática da esfera pública no Brasil em contraposição ao projeto neoliberal. Enquanto a cultura socialista estiver amarrada a uma racionalidade imanente da realização do não-mercado no Estado, estará impotente para responder com profundidade aos problemas levantados pelo neoliberalismo, problemas a que este último responde superficialmente, como se existisse um único e uma única lógica de mercado através do qual, pelo equilíbrio da oferta e da procura, encontrar-se-ia a solução mágica da "nova" modernidade e do próprio fim da história.

CONCLUSÃO                                                                              
           
   Dezenas de anos atrás, uma senhora chamada Leda Collor veio num espaço público não-estatal, à revista Veja, pedir que os seus leitores apoiassem “num apelo ao filho” para que o Presidente da República desistisse de praticar esportes perigosos. Renato Janine Ribeiro comenta este episódio lastimando que seja a mãe e não a opinião pública que esteja protestando: "Nada indica melhor a fragilidade de nossa dimensão pública do que isso: quem vem a público (...) é a figura que tradicionalmente melhor exprime a força da vida privada, a mulher que deu a luz." (Ribeiro, 1992. p 4) (grifo do autor do trabalho)
                        No espetáculo da privatização da esfera pública brasileira, o diretor que muitas vezes consegue com eficácia traduzir para o público a mensagem do autor é a moderna televisão. Isso ficou muito evidente na campanha presidencial que elegeu o Príncipe das Alagoas. O candidato alugou uma sigla para concorrer e, seu real partido, foi a publicidade. O público foi convidado a assistir a um espetáculo produzido pela mídia eletrônica; a política trocou o público pela publicidade. Os recursos publicitários deixaram de ser meios de uma proposta para se tornarem o próprio conteúdo.
                        Alguns interpretaram essa súbita privatização do público por causa dos resquícios na Região Norte e Nordeste do que Gramsci denominou, a questão meridional, ainda que o nordeste não esteja geograficamente situado no meridional do país3.  Essa foi uma hipótese levantada para a súbita criação do Príncipe degolador de marajás. Pensamos porém que essa hipótese não é suficiente para explicar a rápida entrada e saída de cena do Príncipe das Alagoas. É certo que o Nordeste possui explícitos resquícios de nossa privatização do público, sobretudo através do patrimonialismo político dominante "naquela região", porém não acreditamos que essa expressão cultural seja um monopólio do nordeste nesse particular. Tudo bem, não vamos mecanicamente universalizar o patrimonialismo regional para um país que tem pólos “mais dinâmicos e modernos”. Entretanto, por que mesmo em São Paulo, muitas das maiores e mais importantes empresas continuam sendo geridas como se fossem uma extensão da família? O carro da família é o mesmo da empresa, a conta particular do "dono" continua sendo a mesma do presidente da empresa. Por que raramente encontramos no país um empresário que profissionalizou sua empresa? Por que quando isto ocorre, "a figura"escreve um livro sobre sua experiência e fica famosa por ser um empresário desviante?4
                        Seria muito apressado desconsiderar a privatização do espaço público construído no Brasil. Por mais complexo que pareça nosso país, por mais moderno que possam parecer alguns pólos de infra-estrutura industrial e, até mesmo, como pretendem alguns, pós-industrial, a construção da esfera pública no Brasil se deu através de regras e acessos muito reduzidos. Em contrapartida, o gigante não estava adormecido, continuou vivo e sobrevivendo. Portanto, no país existe uma enorme rede pública não-estatal, bem como diversos e diferentes mercados clandestinos à legalidade oficial que se encontram desconhecidos da literatura Política.
                        Por estar muito preocupada com a trama do poder constituído, a maioria dos autores que trabalharam a problematização do público no país esqueceu de um detalhe. Onde estavam as bestas, os bestializados? Será que passaram o tempo todo assistindo passivamente a um espetáculo que os excluía? Será que não fizeram nem um pequeno intervalo perante a seriedade da trama pública que eram convidados a assistir? Falta-nos atentar para este pequeno equívoco. Por que o público não gosta de eleições? Quais são as origens deste descontentamento? Por que a política é entendida no senso comum como um negócio privado? Quais são as redes de associações informais que sobrevivem na sociedade perante essa exclusão? Qual o segredo de o Estado ser visto como uma autoridade paterna, que autoriza, que reprime, que tutela e que impõe? Em síntese, por que é tão débil nossa cultura democrática? Qual a importância da nova indústria simbólica e comunicacional? Quem são as novas elites cosmopolistas? O que pretendem? Porque estão tão preocupadas em desmontar com os Estados Nações? Quais os novos tipos de mercados realizados pela ampla e moderna exclusão multi-empresarial?


NOTAS:

1. Gilson Lima. Doutor em Sociologia das Ciências. Professor e Cientista Sênior. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).
E-mail:
 gilima@gmail.com Blog: http://glolima.blogspot.com

2 Durante muito tempo o estudo sobre a corporação foi empreendido dentro de uma perspectiva pejorativa. No Brasil, se acreditou e muito ainda se acredita, que a forte tendência a agregação corporativa encontrada nesse país se devia a implementação da Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT), normativamente imposta por Getúlio Vargas, que copiou a Carta Del Lavoro de Benedito Mussolini. Isso fez com que a literatura crítica sobre o corporativismo o associasse ao fascismo. Por outro lado, os racionalistas que sempre buscaram uma inspiração européia de razão ocidental moderna para explicar o domínio e ascensão dos países industriais, sempre o associavam com uma incapacidade de universalização, tendendo sempre a um limitado particularismo. A questão é que para entendermos o corporativismo no Brasil e na América Latina, devemos ter um pouco mais claro que suas raízes são longínquas e se interpenetra ao pensamento cristão missionário da Idade Medieval. Os missionários foram os primeiros responsáveis pela constituição axiológica na colônia realizada através da catequese tencionando suas opções humanistas com a tarefa de legitimação da colonização. Também é importante nos atermos a influência da Universidade de Coimbra na formação da primeira geração culta da elite nativa do país. Por outro lado, a concepção que é hegemônica nos Estados Unidos da América entende que as especificidades nativas dos países Latino Americanos são obstáculos culturais que impedem esses países de realizarem uma universalização cosmopolita, dentro dos marcos atuais das regras defendidas pelo “mercado global multi-empresarial ”. Essa posição foi colocada em questão com a rápida ascensão do Japão na renda bruta mundial, que ao contrário, realizou esse feito potencializando suas especificidades nativas.
3 Ver neste sentido: GRAMSCI, Antônio. "A Questão Meridional". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
4 Ver nesse sentido a obra  de Ricardo Semler:  Virando a própria mesa. Ed. Best Seller. (1998).




BIBLIOGRAFIA


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___________. Os Bestializados (O Rio de Janeiro e a República que não foi). São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
DINIZ, Eli e BOSCHI, Renato R. O Corporativismo na Construção do Espaço Público. In: BOSCHI, Renato R. (Organizador) Corporativismo e Desigualdade  (A Construção do Espaço Público no Brasil). Rio de Janeiro: IUPERJ/Rio Fundo.  Editora, 1991.
DUARTE, Nestor. A Ordem Privada e a Organização Política Nacional  (Contribuição a Sociologia Política Brasileira) 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965.
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OLIVEIRA, Lucia. Questão Nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense,1990.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Estratégias da Ilusão (A Revolução Mundial e o Brasil1922-1935). São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
RIBEIRO, Renato Janine. O Público, o Privado e a Platéia. Folha de São Paulo, São Paulo, 31 maio 1992. Suplemento Mais, Sexto Caderno, p 4.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Ordem Burguesa e Liberalismo Político. São Paulo: Duas Cidades, 1978.
SCHWARTZMAN, Simon. São Paulo e o Estado Nacional. São Paulo: Difel, 1975.
URICOECHEA, Fernando. O Minotauro Imperial (A Burocratização do Estado Patrimonial Brasileiro no Século XIX). São Paulo: Difel, 1978. 




Esse texto foi produzido em 1994. Gostaria de esclarecer que o título desse artigo, foi retirado literalmente de um suplemento publicado em 31 de maio de 1992 na Folha de São Paulo. Também, algumas pequenas passagens desenvolvidas na primeira parte e na conclusão foram inspiradas num pequeno texto de Renato Janine Ribeiro que se encontra publicado naquele suplemento.