terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lesão cerebral, simbiogênese e o possível fim da linguagem por sinais (Libras)

Dr. Gilson Lima


Projeto Simbiogênese aplicada em processo de reabilitação.

Coordenadores:
Dr. Gilson Lima & Dr. Fleming Pedroso.

Dr. Gilson Lima




Contatos:


Dr. Fleming Pedroso

Tweets: http://twitter.com/#!/glolima



Segue abaixo uma apresentação descritiva (detalhada) do Projeto de Simbiogênese aplicada em reabilitação do Núcleo Interdisciplinar de Tecnologia Assistiva e Simbiogênese do Centro Universitário Metodista IPA coordenado pelo Dr. Gilson Lima. Esse núcleo integra o Programa de Pós Graduação – Mestrado Profissional – do IPA em Porto Alegre/RS.

O projeto em questão prevê alternativa de comunicação e da imposição da necessidade de aprendizagem de Libras para fala e alfabetização de crianças em idade escolar com lesão celebral e que não possuem a plenitude dos atos de fala (verbalização).

A solução alternativa da simbiogênse informacional - (IPAVOX).
Este projeto experimental integra também o esforço de sistematização da Teoria Biossocial da Simbiogênese realizada pelo sociólogo Gilson Lima. A teoria da simbiogênese serve então de base e fundamentação teórica desse projeto. Pensamos que essa abordagem dota de maior complexidade os processos reabilitadores, envolvendo interface orgânica e inorgânica tratadas de modo dual como suportes de tecnologia assistiva.
O corpo em simbiogênese com as máquinas e suas interfaces musculares e cognitivas precisa ser redirecionado e situado numa simbiozona que envolve os limites genéticos da sua realidade orgânica, molhada e genética informacional, com a realidade seca, sílica, metálica, chumbada, do mundo inorgânico dos utensílios, artefatos e das máquinas que inter-co-agem em simbiose com a vida ( LIMA, Gilson. Nômades de Pedra: Teoria da Sociedade Simbiogênica contada em prosas. Porto Alegre: Escritos, 2005, p. 161).
Pretendemos difundir e sistematizar durante todo o projeto uma nova abordagem científica inovadora da convergência pela SIMBIOGÊNESE APLICADA À REABILITAÇÃO, que integra tecnologia assistiva com o movimento científico da convergência da performance do humano e com a epistemologia da complexidade.
Na nossa abordagem priorizamos basicamente três grandes famílias de interfaces e relações simbióticas entre a vida humana e as máquinas, ou seja, symbios de amplificação humana envolvendo a interface corpo, máquinas e softwares. São elas: a chamada muscular-motora, a sensória e a cognitiva. 

Molar

Também podemos encontrar três situações frente à escala do acoplamento simbiogênico. Uma primeira escala – MOLAR: Macro acoplamento simples com interfaciamento de melhoramento apenas clínico e re-educacional . O acoplamento molar não envolve intervenção cirúrgica e não envolve programação micro-eletrônica (lasca de silício ou outro dispositivo micro informacional como o infogene).

Micro

A segunda escala – MICRO: Envolve acoplamentos com interface de programação microeletrônica (disparadores, lascas de silício com chips miniaturializados,...), ou seja, envolve acoplamento da escala micro (não visível) e macrofísica (visível) numa simbiose simultânea.


Molecular

A terceira escala: MOLECULAR: É a escala do borramento da fronteira molecular, abaixo do universo da micro realidade. Entramos nas escalas de máquinas e dispositivos nanométricos com interfaciomanentos biomoleculares. Aqui encontramos o borramento da fronteira da realidade seca inorgânica com a realidade úmida – inorgânica.  
A simbiogênese implica também numa convergência ampla de saberes – muito além das abordagens disciplinares – de modo a não reduzir a reabilitação e a simbiose do humano com as máquinas apenas na esfera da performance da engenharia física. A simbiogênese ampliou o reduzido significado de convergência para o melhoramento humano de padrão mais americano (tecnocientífico) queremos, ao contrário, uma simbiose muito mais ampla para convergir não apenas ao agenciamento da tecnociência, mas para um amplo agenciamento de todas as instituições numa efetiva sociedade do conhecimento. Por isso o projeto tem uma interface tecnológica, de engenharias informacionais, mas também uma interface clínica, pedagógica, escolar e social. Trata-se de uma convergência interdisciplinar ampla entre o conhecimento humano e o da natureza inter-relacionada na convergência e nos projetos de pesquisa.



Equipe do Projeto

Coordenadores do Projeto:

Dr. Gilson Lima e Dr. Fleming Pedroso.

Pesquisadores Auxiliares:

Dra. Maria Inês da Costa Ferreira.
Ms. André Rodrigues da Silva.
Ms Simone Rizzo Nique da Silva.
Mestrando Jefferson Leal Couto
Dr. Omar Silveira
Aluno bolsista: Cristiano Angelo Pedroso - Curso Engenharia de Computação
Mestranda e auxiliar de pesquisa: Carmela Slavutzky


Objetivo Geral do Projeto

A diretriz básica do projeto consiste em atender crianças capazes de aprender todos os processos motores e cognitivos necessários a comunicação verbal, mas por causa de determinadas lesões neurológicas são incapazes organicamente de exercitarem a verbalização em plenitude de significação social. Mais especificamente o projeto visa também:

1) Favorecer a inclusão escolar;
2) Comparar os resultados clínicos e tecnológicos sem efetivos diálogos e práticas interdisciplinares;
3) Estimular a criatividade, integração social e autonomia das crianças com lesão cerebral;
4) Proporcionar espaço que possibilite a alfabetização digital.

O Projeto envolve atividades clínicas, pedagógicas e educacionais e de engenharia de hardware e software.

Dos casos Clínicos. Descrição do Caso (1)

Menino X, 7 anos. Lesão encefálica bilateral. Lesão diagnosticada com ressonância magnética como síndrome Peri-sylviana (SP). Trata-se de malformação congênita da região peri-sylviana, mais especificamente pela polimicrogiria, a qual corresponde a múltiplos pequenos giros entorno da fissura de Sylvius, e com sulcos pouco evidentes.

Sequelas:

1. Alterações e déficits motores nos membros superiores e inferiores, mais acentuado no lado esquerdo.
2. Sialorreia (perda do controle automático da “baba”) e problemas leves de deglutição.
3. Mesmo com capacidade de aprender a ler e escrever a lesão não permitirá a plenitude dos atos de fala (verbalização).

Solução

1. Órteses (membro superior e menbro inferior).
2. Atividades clínicas e educacionais de aprendizagem de fala, escrita e sons suportada por programas computacionais especialistas.
3. Produção de um aparelho IPAvox (móvel) um sintetizador artificial de fala (bateria). Esse aparelho móvel é integrado a um módulo clínico desktop onde o profissional da reabilitação, monitora e abastece os dados sempre voltados para finalidades comunicacionais, pedagógicas e de aprendizagem.

Metodologia

A Metodologia está montada em três operações realizadas de modo independente e às vezes simultâneo:

OPERAÇÃO 01. Que envolve atendimentos clínicos, processos de alfabetização suportados por computadores e metodologias informacionais com um minilaptop e softwares facilitadores para facilitar a consciência fonológica e a amplificação dos processos de significação e alfabetização junto a um caso clínico de uma criança com lesão cerebral em idade de inclusão escolar.
A operação 01 está em pleno andamento onde os casos clínicos escolhidos estão sendo submetidos a atendimentos clínicos e educacionais monitorados envolvendo familiares e professores de suas respectivas escolas.
Para isso foi instalado uma UNIDADE EXPERIMENTAL DE PESQUISA CLÍNICA DO NITAS NO HOSPITAL PARQUE BELÉM: Equipe interdisciplinar de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Fisioterapia, bem como uma unidade de Pesquisa com recursos computacionais e atividades integradas junto as Escolas dos pacientes envolvidos no projeto. Foi criado um conjunto de medidores de desempenho frente as atividades lúdicas, clínicas com ou sem o uso dos programas computacionais de aprendizagem. Foram realizadas entrevistas episódicas com familiares e professores e produzido dois relatórios parciais integrados (interdisciplinares) dos atendimentos clínicos.

Foram produzidas as órteses: uma superiora e outra inferiora.
Da órtese superior. Ela foi produzida pela equipe da terapia ocupacional e proporcionou uma melhora nos processos motores finos de brinquedos, digitação e mouse.

DIFERENÇA DA FORMA DE PEGAR O BRINQUEDO, SEM A ÓRTESE DE POSICIONAMENTO DO MEMBRO SUPERIOR ESQUERDO E POSTERIORMENTE COM A ÓRTESE.


Da órtese inferior. Foi produzida uma órtese inferior de interface neuroarticulada. A utilização dessa órtese além de melhorar o desempenho motor, correr, brincar, gerou, sobretudo, um significativo resultado de autoestima contribuindo para uma melhora frente as demais atividades educacionais e clínicas.
Quanto aos atendimentos clínicos e educacionais o paciente progrediu consideravelmente nas diversas áreas: emocional, motora, cognitiva. Está adaptado em uma escola regular e sendo devidamente alfabetizado.
Também na escola foi criada uma unidade de recursos visando acompanhar o processo de aprendizagem escolar do menino x e atuando sempre em parceria com as professores e a família da criança.

O desafio da inclusão escolar


Estudos da literatura envolvendo casos de lesão cerebral e de situações idênticas as lesões Bilaterais Perisylvian como o caso do menino x estudado no projeto indicam a necessidade de produção de um programa genérico e inovador de avaliação situacional de conhecimentos pré-escolares para crianças com lesões cerebrais e com dificuldades de fala. Esse mesmo programa poderia ser também facilitador do complexo processo de inclusão escolar dessas crianças. 75% dos casos de paralisia cerebral apresentam restrição intelectual em diferentes graus.
Para a inclusão escolar, nosso principal objetivo inicial visou identificar as habilidades pré-escolares existentes como suporte para o início da alfabetização em determinados casos clínicos.
Na síndrome Peri-sylviana (SP) as crianças inicialmente apresentam atraso de fala e, depois, problemas para articular os sons. Na pesquisa estamos identificando habilidades necessárias para predizer o desempenho ulterior em leitura e escrita nessas crianças em estudo.
Estamos tentando implementar uma unidade de pesquisa na Escola Municipal Jardim do Sol para acompanhar todo o processo de alfabetização do menino x onde estaremos também subsidiando a escola e ajudando o menino x nas suas dificuldades de aprendizado e de fala.

Infelizmente os dados mostram que a maioria dos pais de crianças com lesões cerebrais somente com a proximidade da idade escolar é que vão procurar um tratamento sistemático (uma lástima, pois quanto mais cedo for o início do tratamento de reabilitação das lesões maior será a probabilidade de resultados positivos e reversíveis de suas consequências, sobretudo, de possíveis reversões orgânicas neuronais).
Essas crianças apresentam, na sua maioria, deficiências múltiplas, onde se incluem deficiências motoras e de linguagem (dificuldades de expressão através da linguagem oral e ou escrita). Essas crianças podem ter inteligência normal ou até acima do normal, mas também podem ter atraso intelectual, não só devido às lesões cerebrais, mas também pela falta de experiências resultante das suas deficiências.

AudioVox - Windows SE. Simulação e Testes.
Doação da Empresa Vivo - interessada em um celular para mudos
OPERAÇÃO 02. Realizar uma simulação com um produto industrial do mercado já disponível, visando testes e demonstrações. Essa operação será executada em simultaneidade com a operação 01. Essa operação foi realizada com um produto de mercado conhecido como AudioVox (doado por parcerias empresariais e industriais) onde realizou-se simulações com integração de imagens e recursos sonoros, testes junto a pacientes identificando potencialidades, limites e diretrizes para a produção do futuro protótipo IPAVOX. Foram realizados inúmeros testes e demonstrações indicando alternativas para um produto especialista final.

OPERAÇÃO 03. Indicar, explicitar, descrever, desenhar e demonstrar um protótipo funcional (IPAVOX) como um dispositivo móvel encapsulado por um sistema especialista operando de modo integrado dois módulos: 1. O módulo do usuário (dispositivo móvel) e 2. O módulo clínico (Desktop). Trata-se de um artefato móvel (multitarefa) para pessoas com diferentes tipos de perda da capacidade de expressão da fala como afasias e apraxias severas.
O projeto de pesquisa instalou uma Unidade de pesquisa HARDWARE/SOFTWARE do NITAS (Núcleo interdisciplinar de tecnologia assistiva e simbiogênese), localizada no DC Negantes do Centro Universitário Metodista IPA. O produto IPAVOX está sendo desenvolvido numa célula de trabalho localizada nessa unidade de pesquisa. Essa unidade conta com a participação direta dos professores Jefferson Couto, Omar Silveira, André Rodrigues. Esse projeto trata de uma pesquisa financiada pelo CNPQ coordenada pelo Sociólogo Dr. Gilson Lima e pelo neuologista Dr. Fleming Peixoto. O projeto propõe a criação de novos processos de reabilitação clínica e educacional integrados em simbioses digitais com um hardware móvel de sintetização “artificial” de voz.
Como vimos diante das dificuldades enfrentadas por crianças com lesões cerebrais portadores de habilidades funcionais deficitárias de atos de fala, sobretudo, em idade escolar, observou-se o potencial de aplicar a abordagem simbiogênica na cooperação da interface entre a realidade orgânica e inorgânica mediada pelas tecnologias assistivas visando suprir, reduzir ou ampliar essas funcionalidades orgânicas sensitivos-sensoriáis, motoras, comunicativas deficitárias dos atos de fala.
A operação 03 em pleno andamento. Plataforma do hardware escolhida => ARM7, linha de processadores de 32 bits estabelecida no mercado e utilizada em diversos dispositivos móveis. O protótipo está sendo desenvolvido junto a um kit de LPC 2478 que conta com controlador ARM7, display touch screen, interfaces de comunicação (serial, usb, cartão SD, som, e outros) para o desenvolvimento de drive de controle para cada periférico (tela, touch screen, comunicação, som, etc).

Alguns dos principais elementos da base de elaboração do HARDWARE/SOFTWARE

Diretriz básica: Interface facilitadora. O hardware contará flexibilidade adaptativa de processos simbiogênicos nômades e bateria com autonomia para longo tempo de uso adequada, interface de toque de tela e provável apoio de teclado virtual e interface de comunicação com desktop para alimentação de dados. Recurso de apresentação de imagens associando atividades frequentes: Bom dia, Boa tarde, Boa noite. Nome. Identificação. Situações (fome, desejos,...). Essas imagens integradas a recursos de fala serão executadas após um estido de proposições também mais frequentes.

1. Mobilidade. O protótipo deve ter uma ampla mobilidade e flexibilidade adaptativa a processos simbiogênicos nômades. Bateria com tempo de uso longo. A Produção e integração do software de sintetização de voz num protótipo no aparelho móvel denominado IPAVOX proposto inicialmente para ser utilizado num dos braços do paciente logo acima das mãos. Esse aparelho deve permitir dotar o paciente de um suporte de sintetização artificial de voz através de uma interface amigável.

2. Ter um módulo clínico e um módulo de usuário. Integração do dispositivo periférico e sistema operado em desktop. A carga de dados e controle do módulo clínico (em desktop) deve estar integrada entre o desktop e o dispositivo móvel.

3.    Interface de toque de tela com provável apoio de teclado virtual. Trata-se de um projeto que envolve alguns anos de construção. Estamos chegando na fase final do protótipo 1.0 e já foi construído para o produto os drives para controle do display (função  de  escrita  e  captura  de coordenadas de toque na tela), mapeamento de dados em memória e tratamento de eventos. Estamos iniciando a integração do IPAVOX com Desktop e os efetivos programas de conteudo e fala.
O IPAVOX é um produto chave no processo integrado de inclusão escolar e comunicação alternativa envolvendo interface computacional, com o auxilio do software que será desenvolvido para facilitação da consciência fonológica e da amplificação dos processos de significação e alfabetização beneficiará casos gerais de crianças com lesões cerebrais em idade de inclusão escolar.

Desafio para o futuro. Na versão 2.0 – proximo projeto estamos propondo:

1. Integração a banco e dados para opções verbalização rápida on-line e em tempo histórico, banco de proposições, banco de perguntas freqüentes e banco de respostas freqüentes.
2. Teclado virtual de texto no dispositivo móvel.
3 Teclado com recurso priming. Esse reurso visa também aplicar no artefato uma abordagem de interface amigável tipo janelas gráficas dentro do paradigma de priming onde no mesmo momento da digitalização antes de cada estimulo de enter completo da execução vocal, permite ir se formando léxicos a serem escolhidos por tecla de atalho rápido – tanto para destros como para canhotos – e sendo apresentada uma palavra.
4 Estudos futuros e indicações para o uso de um suporte em dicionário de apoio para as conversações.

Dos casos Clínicos. Descrição do Caso (2). Uma lesão mais grave de paralisia celerebral

Menina Y, 14 anos Tetraplegia.

Identificação da codificação da comunicação alternativa com a irmã mais nova; Atendimento interdisciplinar de: Terapia Ocupacional- Fonoaudiologia- Fisioterapia.
Implantação de programas computacionais especiais com infra-vermelho para fins de aprendizagem escolar.

O primeiro passo foi realizar uma ressonância magnética para estabelecer uma diagnosemais precisa tanto das áreas anatômicas, massa encefálica atingidas como os potenciais problemas funcionais. A Ressonância indicou:
Presença de múltiplas anomalias do córtex cerebral incluindo => 1. Áreas perisilvianas, rolândigas e ;
     2. Áreas Parieto-occipitais superiores

Situação: Compreensão verbal sem linguagem expressiva: oral e fala.

Quadro sintético: Tetraplegia => Solução sedentária/avatar – situação mais crítica da lesão.
tendimento clínico-educacional interdisciplinar. Etnografia do cotidiano e mapeamento de comunicação alternativa.
Solução sedentária: acoplamento de infravermelho com interação de interface de boca e olhos integrando minilaptop e recursos computacionais de interface.
O aparelho será acoplado na cadeira de rodas (sedentário).
As atividades de atendimento clínico e os processos de alfabetização da menina y serão suportadas por programas especialistas integrada na interface Avatar um suporte informacional com infravermelho e padrão de reconhecimento de face com interação com de comandos por olhos e boca.


No minilaptop é adaptado uma câmara especial voltada a leitura da musculatura orbicular (do olho) e dos micro movimentos da boca. Hoje já é possível encontrarmos avançados sintetizadores de comunicação alternativa falante, com falas, palavras e letras pré-armazenadas, que, inclusive, conjugam os verbos automaticamente e pode ser acionada pelo piscar de olhos ou pela leitura de varredura da boca. Nosso projeto envolve todo o rosto e a boca como os principais acionadores de comando e navegação e os olhos apenas para conectar e desconectar a paciente junto ao minilaptop. Ao se conectar a paciente e a máquina ficam integras, torna-se um avatar sua face e sua boca passam a compor e a comandar a máquina. A interface avatar permite acesso a programas windows, sintetizador de texto, jogos de aprendizagem e navegação hipertextual. Uma experiência difícil, mas altamente desafiadora e reveladora, permitindo não apenas uma expansão simbiótica motora, mas uma expansão do córtex da paciente (hipercórtex) agora integrado na aprendizagem e comunicação computacional.
Diferente do primeiro caso onde começamos com as atividades clínicas para depois ir integrando os processos de engenharia e construção do produto no caso periférico mais grave (sedentário) fez-se um caminho ao contrário. Toda a solução tecnológica foi realizada e está sendo instada. Agora nesse primeiro semestre de 2011 será iniciada as atividades clínicas e educacionais interdisciplinares integrando a solução avatar com diferentes programas especialistas de aprendizagem.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os atendimentos interdisciplinares proporcionaram Inclusão social, inclusão digital e inclusão escolar e a abordagem interdisciplinar ampla apesar de ser muito mais complexa ao mesmo tempo produz diferentes olhares e diferentes resultados nos processos e produtos de reabilitação.
A simples produção de processos clínicos ou de produtos que envolvem o modelo de reabilitação disciplinar e reducionista não permitiria que enxergássemos tão longe e que resolvêssemos inúmeros problemas tanto técnicos como sociasis quen encontramos no caminho da execução do projeto. Isso repercute em todas as áreas que atuam na pesquisa e todos se enriquecem mutuamente tanto as atividades clínicas, as de engenharia, as atividades pedagógicas e as relações sociais permanentemente estabelecidas juntos aos familiares e as escolas dos pacientes envolvidos.
Enfim, muitas soluções só foram possíveis diante do amplo diálogo e das interfaces entre as fronteiras de conhecimento envolvidas, juntamente com a atenção desta ampla simbiose de saberes.

REFERÊNCIAS

1. PROJETO DE PESQUISA SIMBIOGÊNESE APLICADA EM PROCESSO DE REABILITAÇÃO: reabilitação sócio-educacional interdisciplinar. Coordenadores: Dr. Gilson Lima e Dr. Fleming Pedroso.
2. PROJETO CNPQ – Processo Número: 400750/2009. Coordenador: Dr. Gilson Lima.
3. Relatório parcial da situação do NITAS – projeto 400750. Centro Universitário Metodista IPA. Agosto 2009 – Agosto 2011. Centro Universitário Metodista IPA. Pós-graduação em Reabilitação e Inclusão. Núcleo Interdisciplinar de Tecnologia Assistiva e Simbiogênese. Dr. Gilson Lima.
4. LIMA, Gilson, Dr. Fleming Pedroso , Dra. Maria Inês Dornelles da Costa Ferreira , Ms. André Rodrigues , Ms. Jefferson Leal Couto. A broad interdisciplinary convergence of knowledge for rehabilitation and inclusive education: a case study.
5. LIMA, Gilson. Nômades de Pedra: Teoria da Sociedade Simbiogênica contada em prosas. Porto Alegre: Escritos, 2005.
6. MARGULIS, Lynn. O Planeta Simbiótico: nova perspectiva da evolução. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
7. _______________ ; SAGAN, Dorion. O que é vida? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
8. PEDROSO, Fleming Salvador; ROTTA, Newra Telleche. In: Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre, ArtMed, 2006.
9. POMBO, Olga. Interdisciplinaridade: ambições e limites. Lisboa: Relógio d'Água, 2004, p. 73-104.
10. ____________. Práticas interdisciplinares. Revista Sociologias, Porto Alegre, Ano 8, número 15. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006, p. 208-249.
11. SCHWARTZMAN, José Salomão. Paralisia Cerebral. São Paulo: Memnon, n. 6, p.3-5, maio-junho 1992.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cientistas confirmam os benefícios da leitura para o cérebro

Pesquisa mostra que a leitura melhora o processamento de estímulos visuais.
Por Nátaly Dauer

Um estudo desenvolvido por cientistas europeus confirmou algo que todos já sabiam ser verdade: saber ler é bom para o cérebro. Todavia, agora há imagens do cérebro para provar cientificamente o fato, e uma noção do porquê isso acontece.
O neurocientista cognitivo Stanislas Dehaene, diretor da Unidade de Neuroimagiologia Cognitiva do Inserm-CEA, na França, e seus parceiros no Brasil (Centro de Investigação em Neurociências do Hospital Sarah Lago), na Bélgica (Universidade de Bruxelas) e em Portugal (Uniersidade de Lisboa), usaram exames de ressonância magnética funcional (fMRI) para avaliar o cérebro de 63 adultos, entre eles 10 analfabetos, 22 que aprenderam a ler na maioridade e 31 que foram alfabetizados durante a infância.
A investigação englobou, paralelamente, populações brasileiras e portuguesas por serem de países com populações onde muitas crianças de ambientes isolados e rurais não vão à escola. Os voluntários selecionados, mesmo os analfabetos, eram socialmente bem integrados, com boa saúde e a maioria com emprego.
Os cientistas descobriram que o cérebro dos adultos que podiam ler apresentava mais respostas dinâmicas a palavras impressas não só nas áreas do córtex destinadas à leitura mas também em regiões cerebrais que processam as informações visuais. Aconteceram respostas semelhantes em áreas relacionadas às informações faladas. Essas respostas foram observadas nos dois grupos alfabetizados.
Por outro lado, os indivíduos analfabetos usavam uma parte maior da área do cérebro que responde a imagens de rostos do que os indivíduos letrados, o que pode significar que os alfabetizados possuem menos habilidade no reconhecimento de faces (experimentos para comprovar essa hipótese serão realizados em breve, afirma o site TG Daily).
Muitos questionam no site Physorg qual a grande novidade nisso tudo. Porém, o estudo é sério e diz mais do que apenas confirmar que aqueles que lêem possuem cérebros mais ativos, já que mostra exatamente como a leitura beneficia nossa massa encefálica.
Aprender a ler, mesmo na idade adulta, é uma experiência tão importante para o cérebro que ele redistribui alguns dos seus recursos, obrigando outras funções, como o reconhecimento facial, a abrir mão de parte da sua gleba”, afirmam os pesquisadores. Para saber mais sobre a pesquisa, basta acessar o site Ciência Hoje pela URL encurtada tiny.cc/0ufyr.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Assistam minha entrevista ao vivo pela internet hoje terça 17 horas

Assistam e participem da minha entrevista que estarei realizando hoje (terça feira, 04 de janeiro) na Alltv das 17 as 18 horas ao vivo pela Internet. Dr. Gilson Lima.

O entrevistador é o Dr. Paulo Martins coordenador da Rede de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente.
Linc: www.alltv.com.br
Tema:
A conquista da NANOTECNOLOGIA e as implicações para a LONGEVIDADE => Atenção amanhã terei 116 anos, mais do que um milhão de horas de existência. E daí?


RESUMO
O século XX com a massificação dos antibióticos, da vacina e da socialização das descobertas da ciência nos gerou uma grande parcela de pessoas de cabelo branco circulando pelas instituições e espaços públicos. Uma novidade na história da humanidade onde encontrar idosos com cabelos brancos na sociedade era uma raridade até o Século XIX. Na metade do Século XXI, muito provavelmente a maioria da população “humana” terá mais do que cinquenta anos. Algo nunca antes acontecido na nossa evolução.

E daí então para a noção de sociedade industrial centrada no trabalho. Isso implicará em mais vida e muito menos trabalho. Nossa vida média que está sendo conquistada rapidamente girará em torno de 700.000 horas, mais do que o dobro de nossos avôs (300.000 horas).

O que colocam novos dilemas.
E daí então para a noção de renda da aposentadora gerada por cálculos racionais entre a compensação de quem trabalha para quem não trabalha. E daí para os períodos clássicos de infância – adolescência, idade adulta e velhice.
Estes (nossos avós) trabalhavam 120.000 horas no curso de suas vidas, enquanto nós trabalhamos 80.000. Os nossos filhos por sua vez, viverão em média de modo muito pessimista a que tudo indica em torno de 900.000 horas (em torno de 104 anos) e trabalharão naquilo que entendemos na sociuedade moderna como tarefas humanas atuais de trabalho que não ultrapassarão mais do que 50.000 (quase 6 anos).
As conseqüências são perturbadoras. Em três gerações a longevidade mais do que dobrou; desapareceram milhões de empregos físicos e foram criados milhões de atividades intelectuais; a maior parte da população ativa trabalha em setores terciários; o tempo livre aumentou para a maior parte da população rica e abastada; as emoções e os sentimentos recuperaram terreno em relação à pura racionalidade industrial, todos os ramos da vida feminizaram-se; o tempo e o espaço desestruturaram-se; a qualidade da existência tornou-se objetivo prioritário para todo o Primeiro Mundo.
Falar do futuro não é tarefa fácil. Para muitos, sobretudo os positivistas, o tratamento do futuro não é objeto da ciência, trata-se de uma atividade a ser realizada pelo pensamento mágico, uma atividade para bruxos e esotéricos. Entretanto, pensamos de modo diferente, para nós é possível o pensamento complexo, através de simulações buscarmos ensaios e aproximações com o futuro. Certamente que o futuro simulado não é o futuro vivido. O tempo encarregará de validar as hipóteses e aproximações.
Nesse sentido, pensamos que na segunda metade do Século XXI - em um pouco mais do que quatro décadas - ao que tudo indica estamos prevendo novas descobertas sobre a vida e a morte que estão sendo realizadas fará com que descobriremos descobertas sobre a vida e a morte mais do que realizamos em 40.000 anos procedentes.
A que importa aqui é que novos processos da aceleração do efeito social da longevidade que se iniciou no Século XX, sobretudo com a difusão dos antibióticos, da difusão das vacinas e das descobertas realizadas pela ciência serão - atualmente com a conquista da nanociência e da nanotecnologia – alçadas num novo patamar hiper acelerador dos efeitos sociais da longevidade. É preciso ter claro que precisamos muito mais do que a nanociência e a nanotecnologia nos oferece para responder esse desafio.

Dr. Gilson Lima. Doutor em sociologia das Ciências. Professor de neuroaprendizagem e pesquisador da criatividade aplicada da pós-graduação em reabilitação e inclusão do Centro Universitário Metodista IPA - Porto Alegre. Pesquisador e Coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Tecnologia Assistiva e Simbiogênese (NITAS) – com atividades experimentais na área da interface entre corpo-cérebro-mente-máquina visando gerar novos produtos e processos de políticas de reabilitação envolvendo situações críticas de déficits e lesões. MEMBERSHIP dos Comitês de pesquisa RC46 CLINICAL SOCIOLOGY e do RC33 LOGIC AND METHODOLOGY IN SOCIOLOGY da ISA - International Sociological Association.

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Sociologia e informática: http://www6.ufrgs.br/cedcis/arquivos_ladcis/informatica-sociedade/.index.htm
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rede Social: Uma geração cada vez mais conectada numa imensa rede de si mesma

Gilson Lima
Sociólogo, escritor e pesquisador. IPA



Abaixo foto de Mark Zuckerberg criador do facebook



O filme Rede social inicia mostrando o clima que envolve um tímido e talentoso estudante da centenária Universidade de Harvard nos Estados Unidos. Desde as primeiras cenas fica claro a imensa diferença entre estudar numa Universidade Norte Americana de uma Brasileira qualquer. Estar numa determinada universidade por lá é antes e ter um acesso institucional quase determinado em uma ou outra casta de elite frente a portas e marcas simbólicas que abrem e fecham caminhos numa sociedade moldada cada vez mais pelo conhecimento informacional.

A Rede social é um filme importante para entender a nova geração em formatação. É interessante também acessarmos o cotidiano e os micro ritmos corporais e de valores de uma nova geração eletrônica (rápida e intempestiva) modelada pela alta habilidade da computabilidade cognitiva (informacional) e pelo culto da conformidade da vaidade frente à exposição egocêntrica em escala planetária. Totalmente diferente de Forrest Gump (um filme que retrata a minha geração dos anos 60 e início dos 70). São realmente novos tempos.

A história “ficcional” é espelhada em Mark Zuckenberg e sua turma. Zuckenberg senta-se em 2003 à frente deu seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia de uma rede. Um menino com seu dilema individual, um jovem estudante ao ser largado pela namorada para se vingar torna-se um blogueiro sociopata destruindo a reputação dela e, em seguida, cria ao lado do programador brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield) um aplicativo batizado de Facemash, cujo mote é ranquear e criar uma disputa de beleza entre as universitárias. Hoje o dilema pessoal de Zuckenberg o tornou bilionário, o mais jovem da história mundial. Uma equação interessante entre inteligência cognitiva, egocentrismo e exibicionismo banhado em audiência de egos e volumosos interesses financeiros cada vez mais presentes em escala planetária.
Bauman (sociólogo polonês), já havia nos alertado que viemos em uma sociedade líquida, não sólida como a sociedade industrial. Porém ele nos diz pouco da organização líquida da vida em sociedade. O líquido é altamente aderente as travessias dos fluxos, penetrável, maleável, dispersivo e interage de modo caótico em movimento.
Para essa nova geração de comunidades liquidas o conteúdo que foi tão significativo e significante para os intelectuais até então, torna-se cada vez menos sólido e mais interativo ou comunicacional, um novo tipo de intérprete que vive num de átomos em interação, o conteúdo dilui, dispersa e submetesse a audiência interativa. Trata-se não mais de conteúdos que são algo, a saber, em si, mas de conteúdo-meio, transportador provisório da comunicação interativa.

No Brasil, essa geração em seu conceito pleno ainda não chegou as Universidades, mas como professor universitário, tenho clareza de que essa geração já está batendo as nossas portas e que devemos estar atentos para ao que nos espera adiante. Como disse mais ou menos assim um cientista Americano: “Os seres humanos quanto mais se complexificam menos aptos se tornam para resolver os problemas coletivos complexos que eles mesmos criam. Diferentemente das formigas, que se comportam como geniais agentes coletivos e profundas idiotas individuais, os humanos estão se transformando em geniais agentes individualizados e cada vez mais um profundo idiota coletivo”. (Joël de Rosnay – adaptado).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cientistas fazem tecido de DNA

Cientistas fazem tecido de DNA: (Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/12/2010).
 "Com o advento da nanotecnologia, as moléculas de DNA se transformaram em um estupendo material de construção de estruturas submicroscópicas."
O que é nanotecnologia? Divida um metro por um bilhão e entrará o universo nanoscópico. Lembre-se a micro informação coimputacional, a genética e o DNA é imensamente maior que isso (uma metro dividido por um milhão). Uma diferença e tanto.


















Uma das grandes vantagens do origami de DNA é que, ao contrário dos tecidos comuns, ninguém precisa ficar colocando fibra por fibra em um tear - as fitas de DNA se organizam por um processo de automontagem. [Imagem: Liu et al./Wiley]

Tijolos de DNA

As fitas de DNA são famosas por conterem toda a nossa informação genética.
Mas esta não é a sua única função. Com o advento da nanotecnologia, as moléculas de DNA se transformaram em um estupendo material de construção de estruturas submicroscópicas.
Nanorrobôs feitos de DNA já deram seus primeiros passos e a IBM é uma das empresas que está pesquisando formas de fabricar chips eletrônicos feitos de DNA.
Agora, a equipe de Ned Seeman, da Universidade de Nova Iorque, nos EUA, criou o primeiro tecido de DNA, uma trama cruzada de fitas de DNA que atinge dimensões de até 2 x 3 micrômetros.

Bibliografia:
Crystalline Two-Dimensional DNA-Origami Arrays
Wenyan Liu, Hong Zhong, Risheng Wang, Nadrian C. Seeman
Angewandte Chemie International Edition
Vol.: Early View
DOI: 10.1002/anie.201005911

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cadeira de rodas elétrica ficará mais barata com peças nacionais

Cadeira de rodas elétrica ficará mais barata com peças nacionais: "O custo de produção das peças nacionalizadas chega a ser dez vezes menor do que as importadas."

Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica (Poli) da USP estão desenvolvendo módulos de controle (placas eletrônicas) e instrumentos para cadeiras de rodas motorizadas com tecnologia nacional.
O custo de produção das peças nacionalizadas chega a ser dez vezes menor do que as importadas. Click aqui para saber mais

sábado, 11 de dezembro de 2010

Quanto menos sinapses, melhor é o aprendizado

Quanto menos sinapses, melhor é o aprendizado: "A conclusão surpreendente pode parecer um contra-senso à primeira vista. Mas a verdade é que um número maior de sinapses estáveis torna mais difícil eliminar as conexões redundantes ou ineficazes."


Quanto menos sinapses, melhor é o aprendizado

Os pontos vermelhos nesta micrografia mostram as moléculas de SynCAM no interior de uma sinapse, entre dois neurônios. Elas funcionam como uma espécie de cola e são cruciais para o funcionamento dos neurônios. [Imagem: Yale University]

Vida e morte das sinapses

Os neurônios trocam informações por meio de conexões especiais, chamadas sinapses.
Novas sinapses são constantemente formadas, as sinapses já existentes são reforçadas e as sinapses redundantes são eliminadas.
Um grupo de cientistas estava estudando a proteína de adesão SynCAM1, que conecta as sinapses. Quando eles aumentaram a quantidade de SynCAM1 nos neurônios, o número de sinapses cresceu. Isso ofereceria aos neurônios mais rotas para a transmissão de informações.
No entanto, um experimento comportamental mostrou que as cobaias sem SynCAM1 tiveram um melhor aprendizado do que os animais com níveis normais da proteína.
Isto sugere que tanto a formação quanto a eliminação das sinapses são essenciais para o aprendizado e a memória - uma descoberta importante tanto para o conhecimento do cérebro quanto para o estudo e o tratamento de diversas doenças neurológicas.
A descoberta, feita por cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, e da Universidade de Yale, nos EUA, foi publicada na revista científica Neuron.
Mais fácil aprender sem SynCAM1
"Poder-se-ia pensar que os animais com um maior número de sinapses seriam capazes de processar ou armazenar melhor as informações," comenta Valentin Stein, um dos chefes do estudo.
Na realidade, é exatamente o oposto - estes animais têm um aprendizado fraco.
O teste comportamental demonstrou que os ratos sem SynCAM1 aprenderam rápido e se lembraram melhor.
À primeira vista, esta conclusão pode parecer um contra-senso. É verdade que, com a SynCAM1, são formadas mais sinapses.
No entanto, as sinapses também ficam mais estáveis, o que torna mais difícil eliminar conexões redundantes ou ineficazes.
Os neurobiólogos propõem que a diferença observada na capacidade de aprendizagem pode ser explicada pela eliminação das sinapses não utilizadas. Sem a SynCAM1, é mais fácil quebrar novamente as ligações.

Importância de esquecer

"Nossos resultados mostram o quanto a eliminação das sinapses é importante para o aprendizado e a memória", diz Stein.
A SynCAM1 pode desempenhar um papel importante nas doenças que envolvem mudanças na formação das sinapses, como é o caso do autismo.
Há também a chance de que SynCAM1 possa ser usada no futuro para o tratamento, por exemplo, da doença de Alzheimer.
Estes são aspectos que os cientistas vão analisar no prosseguimento das pesquisas.
Veja mat;éria completa in: Quanto menos sinapses, melhor é o aprendizado:

domingo, 28 de novembro de 2010

ENCONTRO COM DANIEL DENNET & REINVENTANDO O UNIVERSO DO HUMANO COM A CIÊNCIA EM AÇÃO

Gilson Luiz de Oliveira Lima.
GILSON LIMA.
"O que em mim sente está pensando" (Fernando pessoa).
Sociólogo da Ciência. Porto Alegre. Sócio proprietário da empresa NITAS: inovação e tecnologia. Brasil. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA). gilima@gmail.com
E-mail: gilima@gmail.com

FOTO: Da esquerda para direita os filósofos: Dr. João Carlos Brum Torres; Dr. Marco Antônio Azevedo; PhD. Daniel Dennett e Dr. Gilson Lima (Sociólogo das ciências).

Dia 07 de novembro último (2010), tive a oportunidade de encontrar junto com alguns intelectuais de Porto Alegre (Brasil) com um dos mais importantes filósofos da mente vivo: Daniel Dennett. (Vide foto com os Filósofos Marco Antônio Azevedo e João Carlos Brum Torres).


Daniel Clement Dennett (Boston, 28 de março de 1942) é um proeminente filósofo estadunidense. Dennett passou parte da sua infância em Beirute, onde, durante a II Guerra Mundial, seu pai era um agente disfarçado de inteligência no Escritório de Serviços Estratégicos posto como um adido cultural à embaixada americana em Beirute. O jovem Dennett e a família voltaram para Massachusetts em 1947 depois que seu pai morreu em um acidente de avião inexplicável.
Participou da Phillips Exeter Academy e passou um ano na Universidade Wesleyana antes de receber o seu bacharelado em filosofia pela Universidade de Harvard em 1963, quando ele era um estudante. Em 1965, fez seu doutourado em filosofia da Christ Church, Oxford, onde estudou com o filósofo Gilbert Ryle. Dennett é desde abril de 2009 professor universitário e co-director do Centro de Estudos Cognitivos (com Ray Jackendoff) na Tufts University.

Dennett descreve-se como:
"...um autodidata - ou, mais corretamente, o beneficiário de centenas de horas de aulas informais em todas as áreas que me interessam, de alguns dos principais cientistas do mundo." (Dennett. Porto Alegre, 2010).

Ele está principalmente preocupado em proporcionar uma Filosofia da Mente que seja baseada em pesquisas empíricas. Em sua dissertação original, Conteúdo e consciência, ele quebrou o problema de explicar a mente através da necessidade de uma teoria do conteúdo e de uma teoria da consciência. A sua abordagem nesse projeto também permaneceu fiel a esta distinção. Assim como Conteúdo e consciência têm uma estrutura bipartida. Ele viria a recolher vários ensaios sobre o conteúdo em atitude intencional e sintetizar as suas opiniões sobre a consciência em uma teoria unificada em Consciousness explained.
Em Consciousness explained, Dennett tem interesse na capacidade de evolução para explicar algumas das características de produção de conteúdos de consciência já é aparente, e isso se tornou uma parte integrante do seu programa. Ele defende uma teoria conhecida por alguns como darwinismo neural. Ele também apresenta um argumento contra as qualia, ele argumenta que o conceito é tão confuso que não pode ser posto a qualquer uso ou entendido em qualquer forma não-contraditória e, portanto, não constitui uma válida refutação de Fisicalismo. Muito do trabalho de Dennett desde a década de 1990 tem se preocupado em dar as suas idéias anteriores, abordando os mesmos temas a partir de uma perspectiva evolucionária, o que distingue humanos a partir de cérebros de mentes animais (Tipos de Mentes), a forma livre e espontânea vontade é compatível com uma visão naturalista do mundo (Liberdade evolui).
Atualmente é um polemista do ateísmo contrário ao criacionismo e a incidênia religiosa sobre o conhecimento científico. Uma passagem que ilustra bem essa sua posição pode ser ilustrada com um eposódio de sua vida em outubro de 2006, Dennett. Nesse período ele foi hospitalizado devido a uma dissecção aórtica. Após nove horas de uma cirurgia, foi-lhe dada uma nova aorta. Em um ensaio postado no site Edge, Dennett se dá conta, pela primeira vez, dos seus problemas de saúde, e manifesta seu sentimento de gratidão para com os cientistas e médicos, cujo árduo trabalho tornou sua recuperação possível, e sua completa falta de "conversão no leito de morte". Após ter sido informado por amigos e parentes que haviam orado por ele, resistiu ao desejo de perguntar-lhes: "Vocês também sacrificaram uma cabra?". Em 2006 seu livro Breaking the Spell, Dennett tenta dar à crença religiosa o mesmo tratamento, explicando possíveis razões evolutivas para o fenômeno da adesão religiosa.
Para Dennett, quando o papa João Paulo 2º baixou há sua muito citada encíclica, na qual afirma que a evolução é um fato, frisando, entretanto: exceto com respeito à questão da alma humana ele pode ter deixado algumas pessoas satisfeitas, mas é algo simplesmente falso. Seria tão falso como afirmar: os nossos corpos são feitos de material biológico, exceto, é claro, o pâncreas. Mesmo o cérebro altamente complexo não é um tecido mais maravilhoso do que os pulmões ou o fígado. É apenas um tecido.
O argumento em favor do desenho inteligente, para Dennett sempre foi o melhor argumento em favor da existência de Deus. E quando Darwin surge, puxa o tapete sobre o qual esta ideia se sustenta. É preciso que se entenda que o papel de Deus foi diminuindo no decorrer dos anos. Primeiramente tínhamos Deus, como você disse, fazendo Adão e todas as criaturas com as próprias mãos, arrancando a costela de Adão e fazendo Eva a partir dessa costela. A seguir trocamos esse Deus pelo Deus que coloca a evolução em movimento. E depois dizemos que sequer precisamos deste Deus –o decretador da lei, já que se levarmos as ideias da cosmologia a sério, concluímos que existem outros locais, e outras leis, e que a vida surge onde pode surgir. Então, agora não temos mais o Deus criador descobridor de leis, nem o Deus decretador de leis, mas apenas o Deus mestre-de-cerimônias. E quando Deus é o mestre-de-cerimônias e, na verdade, não desempenha mais papel algum no universo, ele ficou diminuído, e não interfere mais de forma alguma. “Na melhor das hipóteses, as religiões funcionam como excelentes organizadores sociais”.
As pesquisas de Dennet se prendem principalmente à filosofia da mente (relacionada à ciência cognitiva) e da biologia. Dennett é ainda um dos mais proeminentes intelectuais ateus da actualidade. Um dos livros mais conhecidos de Dennett é: A Ideia Perigosa de Darwin.

Qual é a ideia perigosa de Darwin para Dennett?

Trata-se do que ele chamou da: ruptura com a noção criacionista do humano por um design inteligente – sobrenatural.

Darwin publicou sua teoria em 1859, na sua obra monumental On the Origin of Species e a completou doze anos mais tarde com The Descent of Man. Darwin baseou sua teoria em duas ideias fundamentais: variações casuais, que foi posteriormente denominada de mutação aleatória, e a seleção natural. No entanto, ainda segundo Dennett mais de 120 milhões de norte-americanos acreditam que Adão foi criado por Deus há dez mil anos, a partir do barro, e que Eva foi feita com a costela do seu companheiro. São os que acreditam na criacionismo e no design inteligente.
Darwin refuta completamente isso com a sua teoria da seleção natural. Ele demonstra que não é assim que as coisas aconteceram. Não só é possível que se obtenham desenhos a partir de coisas não desenhadas, como também pode haver a evolução de desenhistas a partir dessas categorias não desenhadas. No final temos escritores, poetas, artistas, engenheiros e outros projetistas de coisas, outros criadores – que são frutos bastante recentes da árvore da vida. E isso desafia a ideia popular de que a vida possui um sentido.

Vejam imagem de palestra que proferi em 11/11/2010 intitulada: Reinventando o Universo do Humano com a Ciência em Ação. Rio de Janeiro. Hotel Sofitel Rio - Av. Atlântica, em Copacabana no VII Seminário Internacional de Nanotecnologia Sociedade e meio Ambiente – organizado pela Fiocruz.
Segundo Dennet, a ideia de que devemos proteger as ciências sociais e a humanidade do pensamento evolucionário é uma receita para o desastre”. Daniel Dannett é mesmo um entusiasta de Darwin, ele disse que “daria a Darwin a medalha de ouro pela melhor ideia que alguém já teve, pois ela unifica o mundo dos significados, dos objetivos, das metas e da liberdade com o mundo da ciência, com o mundo das ciências físicas”. Quando se fala sobre a grande lacuna entre a ciência social e a ciência natural Dennett diz: “Darwin, ao contrário, mostrou um desenho e sentido podem surgir da falta de sentido algum, a partir da simples matéria bruta”.
Assim, para Dennett, a teoria de Darwin sugere que a vida no planeta Terra foi produzida por um processo algorítmico absolutamente cego, enquanto pensadores da época de Darwin defendiam que só Deus poderia criar todas as coisas concebidas. Através da seleção natural, a concepção e a própria mente de Deus seriam criadas a partir de coisas mais simples. Através da biologia, Darwin teria encontrado uma solução para um problema de filosofia antiga: as origens da concepção.
Segundo Dennett então é por meio da evolução conduz que encontramos o cerne da descoberta mais perturbadora da ciência nas últimas centenas de anos. A ideia de que não é necessário algo de grandioso, especial e inteligente para a criação de uma coisa menor. Dennett chama de teoria da ordem descendente da criação. Ninguém jamais verá uma lança fazendo um fabricador de lanças. Tampouco verá uma ferradura criando um ferreiro. Nem um vaso de cerâmica gerando um ceramista. As coisas ocorrem sempre na ordem inversa, e isto é tão óbvio que simplesmente parece ser uma lei universal. Ele nos diz:

“Para mim é engraçado ver a quantidade de antidarwinistas “automáticos” existente nas humanidades, na filosofia. Foi o reconhecimento disso que me levou a escrever A Perigosa Ideia de Darwin. Com humor quero mostrar a eles o quão reacionários estão sendo.

Dennett vê a evolução por seleção natural como um processo algorítmica. Esta ideia está em conflito com a filosofia do paleontólogo evolucionista Stephen Jay Gould, que preferiu salientar o "pluralismo" de evolução (ou seja, a sua dependência de muitos fatores cruciais, dos quais a seleção natural é apenas uma).
Dennett, do ponto de vista da evolução é visto como sendo fortemente adaptacionista, em consonância com a sua teoria da atitude intencional, e os pontos de vista do biólogo evolucionista Richard Dawkins. Em Darwin's Dangerous Idea, Dennett mostrou-se ainda mais disposto a defender o adaptacionismo de Dawkins, dedicando um capítulo inteiro a uma crítica das idéias de Gould.

As teorias de Dennet tiveram uma influência significativa sobre o trabalho do psicólogo evolucionista Geoffrey Miller. Ele também escreveu sobre e defendeu a noção de memética como uma ferramenta útil filosoficamente, mais recentemente, em seu Cérebros, computadores e Mentes.

Para Dennett, os estados interiores de consciência não existem. Em outras palavras, aquilo que ele chama de "teatro cartesiano", isto é, um local no cérebro onde se processaria a consciência, não existe, pois admitir isto seria concordar com uma noção de intencionalidade intrínseca. Para ele a consciência não se dá em uma área especifica do cérebro, como já dito, mas em uma sequência de inputs e outputs que formam uma cadeia por onde a informação se move.
O problema básico de todo animal é identificar aquilo de que necessitam, evitar tudo o que possa feri-los, e agir dessa forma mais rapidamente do que os elementos antagônicos. Para Dennett, Darwin compreendeu esta lei, e entendeu que este desenvolvimento vinha ocorrendo havia centenas de milhões de anos, produzindo ainda mais mentes androides.
Os humanos descobriram a linguagem – uma aceleração explosiva dos poderes das mentes. Porque a partir disso foi possível aprender não apenas a partir da própria experiência do indivíduo, mas também de forma indireta, com base na experiência de outros. Aprender com pessoas que o indivíduo jamais conheceu. Com ancestrais mortos há muito tempo. E a própria cultura humana se transformou em uma força evolucionária profunda. É isto o que nos confere um horizonte epistemológico que é muitíssimo mais vasto do que o de qualquer outra espécie. Somos a única espécie cujos indivíduos sabem quem são que sabem que evoluíram. As nossas músicas, nossa arte, nossos livros e nossas crenças religiosas são, todos eles, em última instância, um produto dos algoritmos evolucionários. Alguns acham esse fato fascinante. Outros o acham deprimente.
Para Dennett,

“... a melhor evidência que temos da veracidade da teoria de Darwin é aquela que surge a cada dia da bioinformática, do entendimento do código do DNA. Os críticos do darwinismo simplesmente não querem encarar o fato de que moléculas, enzimas e proteínas conduziram ao pensamento. Sim, nós possuímos uma alma, mas ela é composta de vários robôs minúsculos que lutam entre si (neurônios)”.

Comentário => GILSON LIMA

Este fantástico cordão que encerra o código genético que descobrimos é constituído por uma gigantesca biomolécula, conhecida como ácido desoxirribonucleico — o DNA. Se desenrolássemos os fios e os ligássemos em série, eles formariam um frágil cordão, com cerca de 1 metro e meio de comprimento, e apenas 20 trilionésimos de largura!
Segundo estimativas recentes o corpo humano contém cerca de 100 trilhões de células. Na maioria das células existe um núcleo, onde se encontra algo essencial: o genoma humano, uma estrutura contendo o projeto de construção e funcionamento do corpo. O genoma é encontrado no núcleo das células sob a forma de 46 filamentos enrolados em pacotes chamados cromossomos, que incluem também moléculas de proteínas associadas. É como se fosse uma escada flexível formada por duas cordas torcidas, ligadas por degraus muito es-treitos. Cada “corda” é um arranjo linear de unida¬des semelhantes que se repetem, chamadas nucleotídeos, e se compõem de açúcar, fosfato e uma base nitrogenada.
O corpo humano conta também com 20 aminoácidos diferentes, que se unem em diferentes seqüências, para constituir as diferentes proteínas necessárias à sua estrutura e funcionamento. O organismo humano pode sintetizar pelo menos 80 mil diferentes proteínas.

COMENTANDO:
Dennett, como de resto todos os cientistas cognitivistas, dão uma imensa importância ao processo da computabilidade informacional. Não chega, como alguns, a reduzir a vida a noção de informação ou infogene, como alguns deles. SERÁ MESMO QUE A VIDA SE RESTRINGE À INFORMAÇÃO? OU MAIS PRECISAMENTE A INFORMAÇÃO GENÉTICA? Um dos problemas das ciências cognitivas, diferenciadamente da maioria das abordagens dos neurocientistas é que a mente e a vida não é apenas computacional. A informática deu as bases para a consolidação das ciências cognitivas, que tem sua importância, mas também seus limites na compreensão sobre os processos vitais.
Claro que Algumas pessoas que começaram a estudar a inteligência artificial não estavam interessadas em consciência, mas apenas em produzir alguns sistemas cognitivos extremamente competentes. Essa abordagem foi um sucesso. Hoje, podemos realizar com sucesso reconhecimento de voz, no planejamento de reservas de voo, controle de diversos elementos e dispositivos dos nossos automóveis e em nosso cotidiano. Em certo sentido, tudo isso é de algum modo inteligência artificial. Quando as pessoas pensavam em robôs 20 anos ou 30 anos atrás, imaginavam humanoides que seriam mordomos, arrumadeiras ou cozinheiros. Esses robôs não existem, mas existem micro robôs não visíveis fazendo muitos serviços dentro de todo um minúsculo espectro eletromagnético. Então, esse primeiro sonho se realizou, de fato. O outro sonho da robótica humanoide de realmente construir um robô consciente, sempre foi loucamente ambicioso, e uma das coisas que aprendemos foi exatamente a dimensão dessa dificuldade. A robótica humanoide continua, mas acho que nunca criaremos um robô humanoide consciente.
Com o Homo habilis, o “faz-tudo” que começou a fabricar instrumentos de pedra cerca de dois milhões de anos atrás também começou erguer-se uma sensação deles serem mais perfeitos do que os seus artefatos. Assim, a ideia de um criador que é mais perfeito do que as coisas que cria é, acredito eu, uma ideia profundamente intuitiva. É exatamente a esta ideia que os defensores do design inteligente se referem quando perguntam: “Você alguma vez já viu uma construção sem construtores, ou uma pintura sem um pintor?”. Esse raciocínio é algo que captura esta ideia profundamente intuitiva de que jamais se obtém um desenho gratuitamente.
No entanto, sabemos quando a fina película da vida passou a habitar o entorno da Terra, mas a emergência de vida tecnologicamente inteligente no planeta ainda é um grande mistério.
Em 1859, Charles Darwin publicou uma perigosa ideia numa célebre obra A origem das Espécies que, depois de resistências acadêmicas, acabou se constituindo num paradigma da biologia moderna. Reconhecemos com Georges Comte de Buffon que todos somos parte da grande trama comum da vida existente neste planeta, mas ainda estamos à procura do salto singular do homem-macaco.
Enfim, o desdobramento evolutivo da vida ao longo de bilhões de anos constitui uma história empolgante acionada pela criatividade inerente a todos os sistemas vivos. Expressa troca entre recursos e natureza no tempo e ao longo de caminhos distintos de mutações, intercâmbios de genes e simbioses aguçadas pela seleção muito mais natural do que fisicalista.
Mesmo não concordando automaticamente dom Dennett sobre todas as implicações perturbadoras exportas demonstradas da “Origem das Espécies”, mas entendendo e compartilhando com ele da sua importância perturbadora, eu colocaria ainda mais duas questões embaraçosas na perigosa ideia de Darwin além da eliminação do design inteligente:

2. A quebra iluminista da noção central de Homo universalis estatuto dos mesmos direitos. Não somos eternamente humanos – estamos humanos.

3. O tempo, agora faz parte da natureza e da bionatureza. A própria natureza e não somente a cultura tem tempo, história. Distinções artificiais entre matéria e vida perdem sentido.

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VEJAMOS:

Do estatuto iluminista do Homo universalis. Aqui a segunda idéia perigosa de Darwin se insere na quebra da centralidade do Homo universalis do iluminismo. Dennett, também tem explorado essa perturbadora questão, mas de modo mais secundário concentrando suas reflexões sobre o problema da polêmica noção da singularidade da nossa espécie humana. Porém, a singularidade humana depois de Darwin é uma mera compreensão entre o significado das trocas entre a natureza e recursos (o que é típico da constituição de qualquer tipo de espécie biológica) no tempo (história). Segundo Dennett a ideia de Nietzsche de que Deus está morto é também uma conclusão possível a partir do darwinismo. É uma conseqüência muito nítida. Não somos humanos, estamos humanos. Não fomos humanos ontem e, certamente, não seremos humanos no futuro.
Aqui temos também a questão da singularidade do humano.
Alinhando a seqüência do DNA humano com a que pertence a dos Chimpanzés, nosso parente mais próximo vivo surge uma situação interessante: 99% de nossas cópias de DNA são idênticas às deles.

Cientistas da University of California em São Francisco produziram um programa de computador capaz de buscar as seqüências de DNA que mais mudaram desde que humanos e chimpanzés divergiram a partir de seu ancestral comum. FONTE: Scientific American, maio 2009. POLLARD, Katherine.
Encontraram 118 letras de código conhecido como região da aceleração humana (Har1). Verificou-se que o genoma dessa região mudou muito pouco na evolução dos vertebrados, com as seqüências entre chimpanzés e galinhas diferindo em apenas 2 letras. A Har1 em humanos e chimpanzés, entretanto, difere em 18 letras, indicando que a Har 1 conquistou uma importante em humanos. (Fonte: Ibdi. Scientific American, maio 2009).
Das três bilhões de letras formadoras do genoma humano 99% são idênticas entre os humanos e os chimpanzés. As sequências do DNA, que, mais mudaram, entre as partes do genoma, diferindo um chipanzé de um humano constituem uma região biológica denominada de aceleração humana (Har1- na sigla inglesa) e essa região contêm apenas 118 letras. Trata-se de uma região que mudou muito pouco entre todos os vertebrados. Por exemplo, entre os chimpanzés e as galinhas a diferença é apenas de duas letras. Entre os humanos e os chimpanzés são meras 18 letras, um pouco mais de 15%.
Apesar dos dados de diferenciação humana parecerem poucos eles são imensos quando vistos pela ótica celular e realmente muito, muito, imensos pelas possibilidades interativas no âmbito molecular. Um por cento que nos diferencia dos chimpanzés é realmente muita diferença diante das potencialidades de interações bioquímicas de 300 bilhões de células em cada humano a todo instante acontecendo como recursos em ação no mundo e no tempo. Basta ver as imensas diferenças externas dos peludos chimpanzés, o tamanho de seu lóbulo frontal e as consequências capacidades humanas de produzir, assim, pelas suas singularidades, uma civilização tecnologicamente inteligente.


Nossa hipótese (GILSON LIMA): Caminhamos aceleradamente com a manipulação molecular para a saída da era neolítica onde logramos a tarefa de dominar nosso ambiente, para uma nova era simbiótica, quando nossas próximas tarefas serão o domínio de nosso próprio corpo e dos organismos vivos em geral. Estamos realizando o início da PASSAGEM da era do bionte onde deixamos o lugar de transformar o mundo e nos dirigimos os esforços do nosso conhecimento da natureza para mudar agora o nosso próprio ser. A forma homem deixa de ser o monopólio da vida do homem. Do esgotamento do humanismo, do humano como referência universal. Conforme já publiquei em 2005.

A terra girou para nos aproximar. Não gira como nos indicou a “revolução copernicana”, que nos revelou estranhamente, que nosso planeta gira, mas que o homem não. Muitos e muitos cientistas do mundo ocidental centraram-se nessa crença, na qual renascia um potente, ainda que imóvel, e poderoso homem decifrador moderno. (Gilson Lima, Nômades de Pedra, 2005).

Copernicana: Relativo a Nicolau Copérnico, astrônomo polonês Nicolau Copérnico que publicou sua obra maior "Das revoluções dos corpos celestes". Nessa obra, diferentemente da tese adotada pela Igreja Católica durante toda a Idade Média, de que a Terra era o centro do Universo e era fixa, Copérnico, defendeu a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria foi mais tarde desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler culminando na síntese final com a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico e matemático inglês Isaac Newton.

Quanto à terceira ideia perigosa de Darwin. A ideia que o tempo, agora faz parte da natureza e da bionatureza. A própria natureza e não somente a cultura tem tempo, história e que distinções artificiais entre matéria e vida perdem sentido.
Nessa nova era, nós estaremos transferindo para as criaturas vivas e para as máquinas ou para matérias inorgânicas parte das suas propriedades singulares é o que chamamos de borramento da fronteira do universo úmido, orgânico, molhado com o universo seco. Da emergência dos borgues híbridos em detrimento dos biontes naturais. Esse processo se acelera desde a metade do século XX. Por exemplo, o marca-passo tem sido utilizado com sucesso na medicina desde 1958. Hoje, a taxa anual é da ordem de 400.000 implantes (Kempf, 1998). Outros dispositivos estão sendo também implantados no corpo humano, ao largo dos últimos anos. Por exemplo, elétrodos para fazer conexão elétrica à espinha dorsal, de modo a estimular órgãos paralisados (utilizado em Larry Flynt, o famoso editor da revista pornográfica Hustler, para recuperar sua virilidade, após uma tentativa de assassinato que o deixou paraplégico) e o incrível implante de olhos artificiais (na verdade, câmeras CCD ligadas a processadores de imagens) para os cegos, projeto desenvolvido pelos oftalmologistas norte-americanos John Wyatt e Joseph Rizzo.
A vida tecnologicamente inteligente está constituindo uma potente beta natureza (seca, inorgânica) e gerando um novo recurso simbiótico com a alfa natureza (úmida e orgânica). São exatamente os recursos da ciência e da tecnologia modelados por uma sociedade do conhecimento que estão nos impelindo para entrar numa nova era da evolução. Estamos iniciando a embarcação de uma nova era simbiótica.
Nossa indicação final é que não vivemos apenas uma nova convergência neurodigital, ou uma nova emergência do pós-humano, ou pós-evolutiva, ao contrário, estamos deixando para trás o humano demasiadamente humano e emergindo novos seres simbióticos modelados por uma aceleração envolta de uma evolução simbiótica, uma evolução geradora de seres bióticos mais duradouros, mais recursivos, ou seja, com novos e potentes recursos e sentidos parabióticos. Esse processo se integra no esforço de sistematização do que denominamos de Teoria Biossocial da Simbiogênese.
Donna Haraway É professora da História da Consciência na Universidade dá Califórnia, em Santa Cruz. A ficção científica contemporânea está cheia de cyborgs -criaturas que são simultaneamente animal e máquina, que vivem em mundos ambiguamente naturais e artificiais. A medicina moderna está deste modo cheia de cyborgs, de acoplamentos entre organismo e máquina.
Ver também: Ver também Um Manifesto cyborgue de Donna Haraway. http://caosmosis.acracia.net/?p=508 “Prefiro ser uma Ciborg a ser uma Deusa” O cyborg é uma criatura em um mundo pós-genérico. Não tem relações com a bisexualidade, nem com a simbiose preedípica (edípica é Relativo a Édipo, herói tebano de uma lenda da Grécia antiga), nem com o trabalho não alienado ou outras seduções próprias da totalidade orgânica, mediante uma apropriação final de todos os poderes das partes em favor de uma unidade maior.
Donna J. Haraway (1991). University of California, Santa Cruz.

O chip de silicone é uma superfície para escrever, está desenhado a uma escala molecular só perturbada pelo ruído atômico, a interferência final das partituras nucleares. A escritura, o poder e a tecnologia são velhos companheiros de viagem nas histórias ocidentais da origem da civilização, mas a miniaturización trocou nossa experiência do mecanismo. A miniaturización se converteu em um pouco relacionado com o poder: o pequeno é mais perigoso que maravilhoso, como acontece com os mísseis. Comparemos os aparelhos de televisão dos anos 50 ou as câmaras fotográficas dos 70 com as telas televisivas que se atam à boneca à maneira de um relógio ou com as manejáveis videocâmaras atuais. Nossas melhores máquinas são feitas de raios de sol, são ligeiras podas, porque não são mais que sinais, ondas eletromagnéticas, uma seção de um espectro, são eminentemente portáteis, móveis - algo que produz uma imensa dor humana em Detroit ou em Singapura.
A gente, é de material opaco, distante de ser tão fluida. Os cyborgs são éter, quinta essência.
Clínica-hospital: Relações intensificadas entre máquina e corpo; renegociaciones das metáforas que canalizam a experiência pessoal do corpo, sobre tudo em relação com a reprodução, as funções do sistema imunitário e os fenômenos de ‘estresse’; intensificações das políticas reprodutivas em resposta às implicações femininas históricas do mundo do controle potencial e sem realizar com relação à reprodução; aparição de enfermidades novas e historicamente específicas; lutas a propósito dos significados e dos meios sanitários em ambientes saturados de produtos e processos de alta tecnologia.
De qualquer modo, depois de Darwin, estranhamente para muitos cientistas reducionistas, a natureza em si tem história, não apenas a cultura humanista tem história, mas a natureza tem temporalidade. Não somos humanos, estamos humanos, somos provisoriamente humanos. Toda espécie é derivação do tempo em troca de recursos com a natureza.
Tentativas de mensurações reducionistas de uma matemática universal, dada como acesso ao universo de uma ordem dada e objetiva (sem valoração subjetiva, sem intencionalidade,...) diante de uma realidade geométrica dotada de uma ordem dada a ser medida se esfumam diante uma natureza. O universo e o mundo natural não é dado mais como organizado capaz de ser capturado por representações mecanicistas e construções reducionistas da realidade em porções cada vez menores ou maiores divididas em incontáveis parcelamentos e funções para reduzir a matéria a poucos atributos não ajudam a entender a complexidade do real.
Estamos nos dirigindo para a emergência de uma nova espécie simbiótica altamente duradoura com partículas minúsculas dedicadas totalmente aos bilhões de esforços jeitosos e cooperativos necessários para nos manter intactos e que nos farão experimentar um estranhamento sobre o que conhecemos como existência ou sobre o que é o real movido pela nossa atual singularidade humano.
Pensamos que diferentemente dos nanoandróides artificias reabilitadores do corpo humano proposto pela ficção científica, o que estamos visualizando em médio prazo é a intervenção sobre a automontagem dos construtores moleculares que já fazem parte de nossa realidade biológica (Self-assembly), ou seja, uma nanobiotecnologia supramolecular. Assim, o fator acelerador da evolução simbiogênica se dará muito mais pela manipulação direta de novas montagens e automontagens nanoestruturadas e de novas e poderosas ferramentas de marcadores quânticos envolvendo ações supramoleculares em parceria com a própria alfa natureza corporal (natureza úmida e orgânica).
Se informação não é conhecimento e se conhecimento não é sinônimo de sabedoria, não é preciso lembrar que essas conquistas geram riscos, desafios éticos e sociais imensos que julgamos não estarmos, ainda, a altura de enfrentá-los.

POTENCIALIDADES E RISCOS

1. Imagina-se espécies sendo programadas para uma maior duração, tendo acesso a programas moleculares que envolve custos de complexidade e duração.

2. Imagine poder comprar programas moleculares visando interferir no sistema orgânico a fim de manter os níveis adultos de descarte do colesterol mesmo depois dos 50 anos.

3. Imagine HOMENS comprarem programas moleculares para continuarem a produzir 7 miligramas diários de testosterona e MULHERES para continuarem a produzir estrógeno com a mesma intensidade aos 50 anos que um ou uma adolescente.

4. Imagine comprar na farmácia inibidores de radicais livres ou superprogramas de defesa de infeções,...

5. Agora imagine que nem todos terão acesso a isso e a humanidade cada vez mais se bifurcará e os humanos naturais serão como chimpanzés, primos dos novos e duradouros simbióticos.

Ao combinação entre os universos nano-micro-molar envolvem complexos sistemas de referências ou diagramas de vida, borramento de fronteiras e de espaço-tempo, cujos próprios referenciais não estão sujeitos ao acesso por disciplinas especialistas diante da complexidade das forças no mundo em ação na natureza física, bioquímica e social para serem devidamente entendidos. Que deixem brotar a teoria e a aplicação do saber inter e transdisciplinar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ENTREVISTA COM GILSON LIMA

Entrevista sobre minhas pesquisas mais recentes. Sobre inclusão e exclusão. Ciência e pesquisa sobre o melhoramento humano. Células Tronco. Educação e inclusão. Problemas com tecnologia assistiva e simbiogênese.

A Entrevista foi concedida em 31/08/10 no PROGRAMA CIÊNCIA DA REDE DA RÁDIO IPA.
É um programa de jornalismo cientifico visando divulgar dentro da rádio do Centro Universitário Metodista IPA, os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos docentes e discentes nas diferentes áreas da ciência.



Gilson Lima

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PENSAR CANSA: vamos diversificar a aprendizagem escolar? Por Gilson Lima

Gilson Lima
Doutor em Sociologia das Ciências. Pesquisador CNPQ. Pesquisador Ortobras. Professor da UNISC. Sua ênfase atual de pesquisas envolve a interface cérebro-mente e máquina.  Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology e do Research Committee Clinical Sociology of the International Sociological Association (ISA). Pesquisador do LaDCIS - Laboratório de Difusão de Ciência, Tecnologia e Inovação Social. Colaborador do Núcleo de Violência e Cidadania do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Coordenador do Diretório de Pesquisa do CNPQ: Ciência Tecnologia e Inclusão – NITAS.

TO THINK TIRES: will we diversify the school learning? By Gilson Lima

PhD in Sociology of Sciences. Professor and Researcher at the Graduate Center of the University Methodist IPA. (Brazil). His current emphasis of researches involves the interface brain-mind and machine. Researcher at the Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA). Researcher at the LADC – Laboratory of the Diffusion of Science, Technology and Social Innovation. Contributor of the Center for Violence and Citizenship of the Post-Graduate Program in Sociology at the Federal University of Rio Grande do Sul - UFRGS. Coordinator of the Research Directory of CNPQ: Science Technology and Inclusion - NITAS.

Pensar cansa. As células glias liberam uma substância nos locais onde ocorrendo uma alta atividade sináptica chamada de adenosina. É uma resposta da glia aos neurotransmissores. Quanto mais intensa a atividade sináptica mais adenosina será liberada pela glia. A adenosina acumula ao redor das células neuronais e age sobre os neurônios impedindo que eles fiquem excessivamente ativos – o que coloca um “teto” na sua capacidade de processar informação. Praticar muitas horas seguidas de atividades intelectuais não permite manter o mesmo desempenho. A boa notícia é que a fadiga é específica e limitada aos circuitos que trabalharam demais. Se você mudar de atividade, por exemplo, atividades físicas ou tocar um piano ou realizar atividades experimentais num laboratório a seguir de uma aula teórica, seus dedos e corpos estarão aptos a realizar as tarefas sem maiores problemas de desempenho.

Platão (427-430 d. C.) já sabia disso ele defendia que música e exercícios são vitais para a inteligência humana e assim que acontecia a aprendizagem na antiga Academia Grega. Um lugar para experimentar a si mesmo, inclusive, o próprio corpo em pleno exercício de autoaprendizagem.

Os ambientes de aprendizagem precisam ser devidamente planejados para possibilitar estímulos estéticos capazes de minimizar as ameaças e estimular a sensibilidade e o aconchego, permitindo organizar novos desafios e conquistas do conhecimento aos alunos. Se possível, em grupos reduzidos, onde se verifica o aumento da participação, a expansão da personalização e da individuação e da ação coletiva, bem como, e conseqüentemente, do rendimento de todos.



  • Figura 01.  Modalidade de aprendizagem escolar: AULA TEÓRICA. Conexão de sentidos, Mobilização do corpo (sinestese reduzida) e Estados de mentitude que envolvem: oralidade, escrita, atenção focal - olho). Na educação formal da sociedade industrial, as salas de aulas são montadas como se fossem um casulo, do tipo de uma armadura medieval, visando a limitar e a moldar o corpo e a mente a fim de tornar-se uma modesta máquina cognitiva, para o mundo do trabalho.
Na complexidade, precisamos do processo de individuações, em favor de ações coletivas e não da simples individualização. Os processos de associações de células cerebrais individuais são envolto em redes neuronais complexas da mente e são bem diferentes das estruturas modernas das macroindividualizações funcionais mecanicista, onde para agirmos coletivamente precisaríamos anular-nos enquanto agentes individuais e suprimir nosso agenciamento individual a favor de estruturas, normatizações e instituições que permitiriam, assim, pela anulação do individuo, a plena realização do agenciamento das ações coletivas. Na complexidade organizacional, assim como nos processos celulares celebrais, quanto mais individuamos, isto é, individuar e não individualizar - para diferenciarmos - mais agimos coletivamente e vice-versa. Somos como são os solistas de Jazz, quanto mais dominamos nosso instrumento, mais solamos e, quanto mais solamos de modo complexo, mais qualificamos a orquestração coletiva.
Também como educadores, devemos preparar as instruções informacionais, mas antes, precisamos preparar-nos também para um ambiente favorável a suprimir as ameaças que interfiram negativamente no grupo de aprendentes. É necessário que estabeleçamos um clima que favoreça ao máximo os estados de mentitude microcerebrais, que chamamos de alerta relaxado. Não avisarmos que vai haver uma prova, por exemplo. Não temos que fazer uma lista de verdades objetivas, que sejam certas ou erradas. Os resultados das atividades devem estar sempre em aberto e tudo o que delas resultar tem valor. Porém, uma conquista do conhecimento é, antes de tudo, uma conquista de desafios. Assim, remover a ameaça não é o suficiente; temos que lançar os desafios.










Figura 2. Modalidade de aprendizagem escolar - DEMONSTRATIVA. Conexão de sentidos, Mobilização do corpo (sinestese ampliada ao toque e mais movimentação corpórea) e Estados de mentitude que envolvem: oralidade, escrita, atenção focal (olho), tato, sentidos diversos,... Nesta modalidade a experiência de aprendizagens dos estudantes é de participação, por meio de um conhecimento que está sendo demonstrado, ou seja, conhecimentos adquiridos são demonstrados. Podem, também envolvem recursos visuais e de áudio visuais como ilustração do conhecimento almejado.

Outra coisa a entendermos na aprendizagem é a importância do intervalo. Da dobra. O fazer nada após aprender algo também é muito bom. Quando paramos por 15 minutos, conseguimos organizar as idéias. Vimos com imagens do cérebro que as estruturas cerebrais envolvidas com a memória se ativam nesses minutos sem fazer nada. Você consegue estocar, quando não faz nada depois. Isso tem conseqüências na hora de elaborar currículos escolares. Precisamos ter tempo para fazer nada, para jogar futebol.

As crianças têm de ter esse tempo. As mães - coitadas - se transformam em taxistas e passam o dia largando e buscando as crianças em aulas de tênis. violino, inglês, informática. Bo entanto, as crianças precisam ficar sozinhas, brincar. Precisam de tempo livre. Se você força as coisas muito cedo, o aprendizado para ela não será prazeroso e ela pode desistir de aprender.

Então fazer nada após aprender algo é bom. Quando paramos por 15 minutos, conseguimos organizar as idéias. Em geral, para as crianças, já sabemos que 15 minutos de aula são mais produtivos do que uma hora. As crianças têm de ter esse tempo. Se você força as coisas muito cedo, o aprendizado para ela não será prazeroso, e ela pode desistir de aprender.

Hoje enfatizamos o discurso na sala de aula, mas a ênfase devia ser na experimentação envolvida por condições emocionais positivas deveria ser também fundamental. Essa é a forma com a qual as crianças aprendem melhor -aprendendo numa pedagogia da experiência. Da experimentação do próprio aprendizado. Nós, adultos, também.

Modalidade de aulas demonstrativas















Figura 3. Modalidade de aprendizazem escolar. EXPERIMENTAL. Conexão de sentidos, Mobilização do corpo (sinestese ampliada ao toque e mais movimentação corpórea) e Estados de mentitude que envolvem: oralidade, escrita, atenção focal (olho), tato, sentidos diversos,...
Nesta modalidade, a experiência de aprendizagens dos estudantes é direcionada a meios e recursos capazes de demonstrar um ou mais determinados conhecimentos. Podem envolver, também, recursos visuais e audiovisuais como ilustração do conhecimento em demonstração.

Como educadores temos o desafio de descobrir sempre a forma com que o aprendente no aprendizado se desperta para uma atenção curiosa. Nesse prisma a motivação é a chave mestra.
Concordamos com os neurocientistas quando eles afirmam que processos individuais e coletivos de aprendizagem envolvem também as relações e as associações entre uma ou mais moléculas e que os mecanismos cerebrais da memória e da aprendizagem estão também associados a microprocessos neurais responsáveis pela atenção, percepção, motivação, pensamento e outros processos neuropsicológicos, de forma que, perturbações em qualquer um deles, tendem a afetar, indiretamente, a aprendizagem e a memória.

A simbiose da aprendizagem é muito complexa, vai desde o nível quântico molecular ao macrofísico corpóreo e comportamental, em nível individual e coletivo.
Não somos educados para a alegria do viver e, sim, para vestirmos hábitos operados por rituais repetitivos que os tornam cada vez mais naturais e reais. Precisamos de uma pedagogia do acontecimento. Que compreenda a aprendizagem como uma autaexperimentação. Uma pedagogia que estamos denominando como a pedagogia do acontecimento diferente da pedagogia meramente cognitivista onde o próprio aprender se volta, agora, para a experimentação da própria expansão bionatural do próprio ato de aprender, do próprio conhecer e da própria expansão do conhecimento, do autoacontecimento da própria aprendizagem.
Pensamos que um diálogo de modo muito ampliado com as ciências da mente pode nos ajudar a compreender melhor o labirinto cognitivista, cada vez mais computacional (reducionista) em que nos encontramos na educação e na soeciedade, ao mesmo tempo, permitir renascer uma educação através da redescoberta da mente nos processos do aprendizado complexo, frente à conquista, também, do conhecimento complexo e, mais especificamente, do conhecimento do conhecimento.