segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nicolelis e Donald Hebb por Gilson Lima

Miguel Nicolelis tem sido uma das maiores referências dos últimos anos da ciência brasileira. Todos já conhecem minha critica científica de a sua abordagem do "cérebro" ainda que cada vez mais tendendo - no meu entender equivocadamente  -para uma versão cognitivista do cérebro computável e uma visão assimbiótica da vida e do corpo.  
Tenho acompanhado, dentro do possível, seus escritos e suas falas, aprendendo e discordando como se faz bem um aprendizado saudável e respeitoso mesmo com quem se diverge as vezes radicalmente.
Seu texto sobre a questão da aprendizagem de Donald Hebb é uma dessas coisas bem interessante que ele produziu. Recomento e vou destacar aqui algumas passagens.

Segundo Nicolelis,  Hebb em sua ciência do comportamento é dos livros mais citados e menos lidos dos estudiosos do cérebro e da mente, mas a contribuição de Donald Hebb - para ele - foi imensamente maior do que a sua famosa lei do aprendizado que leva o seu nome:

“Ele (Hebb) foi o primeiro a declarar que “não existe a ditadura do neurônio único”, conta Nicolelis. O que existem são circuitos.

O importante assim é então estudar os neurônios em sociedade, essas frágeis células atuando em redes. O que importa agora para entender o comportamento são os cliques neurais. Uma comunidade de neurônios em ação se formando e se autoformando. Vejamos o que nos diz Miguel Nicolelis sobre um de seus mais importantes pressupostos, de sua maior influência teórica e aplicada: Donald Hebb e sua visão do aprendizado celular em redes.

Segundo Nicolelis:

... "Donald Hebb o psicólogo canadense autor do livro A organização do comportamento, publicado em 1949 se tornou um grande clássico da neurociência moderna, mais ou menos 30 anos depois da publicação. E também se transformou num dos livros mais citados e menos lidos da eurociência moderna, porque o número de citações desse livro é gigantesco e se refere a um parágrafo onde Hebb trata de uma lei do aprendizado, uma lei que se transformou, que ganhou o seu nome, tornando-se uma regra de aprendizado que foi chamada de Lei do Aprendizado de Hebb. Todavia, o livro inteiro, por isso que eu digo que ele é citado, mas pouco lido, trata da teoria que Hebb lançou de como os circuitos neurais deveriam, na realidade, funcionar. Na contramão de toda neurociência da época, que se dirigia, a passos muito rápidos e largos, a focar no neurônio isolado, na célula neuronal, como a unidade funcional do sistema nervoso, o Hebb falou,

“Não, está tudo errado, não existe a ditadura do neurônio único, o que existe é a democracia do circuito neural, onde cada neurônio tem uma importância muito pequena, em que é só o conjunto dos milhões de neurônios, distribuídos por todo o cérebro, que verdadeiramente define qualquer que seja a função neural que você queira estudar ou definir”.

Continuamos com Nicolelis:

..."Basicamente, Hebb criou a noção do código distribuído neural, que na época foi considerado um fracasso total. Ele não tinha evidência experimental nenhuma, ele se baseava numa série de estudos de lesões cerebrais, realizados pelo seu orientador na Yale [Universidade de Yale], que não quis assinar o livro com ele, que se recusou a ser co-autor do livro, isso foi devastador para a vida do Hebb. Mas basicamente ele criou uma nova era, sem que ninguém percebesse, o que é muito característico da ciência. De repente alguém começa a falar alguma coisa que 90% da área diz que é um total absurdo, só para lembrar ou aprender 30 anos depois que esse era o caminho a ser seguido, mas foi abandonado. Niclolelis escreveu que geralmente essas pessoas não insistem, não persistem naquela idéia, e ela morre pela simples inanição do suporte humano, que, como nós todos sabemos, é pequeno em qualquer área como essa, onde a competitividade intelectual é tão intensa".

Ainda Nicolelis:

"Hebb era um cara teimoso, como todo canadense que nasce no meio da tundra, tem apenas quatro horas de sol por dia, então ele insistiu, insistiu e definiu o que se transformou no conceito, em minha opinião pelo menos, mais influente da neurociência dos últimos 20 anos, que é o conceito da população neural, ou do cell ensemble, neural ensemble, o conjunto neuronal, que reza desde 1949 do ponto de vista teórico e infelizmente levou mais ou menos 60 anos para a gente chegar num ponto em que podemos testar as idéias que o Hebb colocou no papel. Esse conceito reza que é uma coleção difusa de neurônios distribuídos por múltiplas estruturas neurais que forma a unidade funcional do sistema nervoso, seja qual for o comportamento que você estiver interessado em entender, como os nossos sonhos, a nossa capacidade de prever o futuro, as nossas memórias, os nossos comportamentos motores, a nossa habilidade de ouvir o avião passando aqui em cima, de falar, de esperar algo, de antecipar algo, qualquer comportamento, ingerir alimentos, controlar o nosso ciclo cardíaco, o nosso ciclo de sono, enfim todas essas funções só ocorrem a partir de um conjunto de neurônios atuando como uma orquestra, atuando como um coral, atuando quase como uma verdadeira democracia neural, onde todos votam, mas onde o voto individual, apesar de fundamental, vale pouco, porque é o conjunto desses votos neurais que define o resultado dessa suposta eleição cerebral. E foi assim então que durante muito tempo os neurofisiologistas se encontravam num grande dilema.
A maioria da área, a maioria dos fisiologistas atuando na área que evidentemente investiram pesado numa série de avanços tecnológicos, decidiu que o experimento a ser realizado, para definir, descobrir o código neural, seria ouvir a atividade ou mapear, ou quantificar a atividade neural de uma única célula de cada vez. E durante 40 anos toda, ou a grande maioria, da neurociência, da neurofisiologia, se dedicou a criar tecnologias que permitissem um único eletrodo, um filamento de metal revestido com uma camada de plástico, introduzido no sistema nervoso de tal sorte que a gente pudesse registrar a atividade elétrica de uma célula de cada vez. Uma vez que você registrava uma célula, você mudava para outra, e aí para outra, e aí para outra. A idéia era mais ou menos - hoje em dia é fácil falar porque a gente tem a perspectiva de ver a história, mas foi uma técnica que revolucionou a neurofisiologia e todo mundo que era alguém na neurociência nos anos 1950, 60 e 70 se dedicou a esse tipo de metodologia - como ir para uma ópera e só ouvir Maria Callas cantar e esquecer todos os outros participantes da ópera, e ignorar o que eles tinham a dizer durante toda a execução do libreto. Ou tentar ir para a Floresta Amazônica, que é um exemplo um pouco mais apropriado, e tentar entender como o seu ecossistema funciona analisando uma folha de cada vez. Meio complicado, não é?"

A influência de Hebb no âmbito experimental das atividades de Nicolelis também ficam evidentes. Segundo ele mesmo. Vejamos:

"A alternativa experimental que o Hebb propôs pode ser então entendida do seguinte modo sintetiza Nicolelis: "em vez de um eletrodo, usar centenas, milhares de eletrodos e escutar toda a ópera, escutar mais vozes, talvez não todas as vozes, mas a maioria, ou um número razoável que lhe permitisse ter uma visão um pouco mais ampla do que é que era o libreto que você tava tentando decodificar".

Segundo Nicolelis na analogia da floresta, é tentar examinar a fisiologia de múltiplas árvores em vários locais da floresta ao mesmo tempo, na tentativa de reconstruir as leis fundamentais que regem aquele ecossistema. É mais ou menos essa a analogia e esse o embate que a neurofisiologia teve durante 50 anos. Até que nos últimos 20 anos novas tecnologias nos permitiram realizar exatamente o que o Hebb propôs em 1949. Começar a escutar a atividade elétrica de populações de neurônios simultaneamente em animais treinados a realizar uma série de comportamentos.

Por fim sintetiza Nicolelis:

 "O que essa habilidade tecnológica nos conferiu foi a possibilidade de começar a buscar respostas para as questões fundamentais levantadas por Hebb e outros teóricos ao longo dos últimos 40 anos. Basicamente as questões são essas: qual é o mínimo tamanho de uma população neural que é capaz de sustentar um comportamento qualquer? Vamos lá, mexi o meu braço nessa direção, quantos neurônios atuaram? Um neurônio não dá, nós sabemos disso. Se você estiver mapeando a atividade de uma única célula, você vai ver, se você tentar fazer esse comportamento repetitivamente, não há como você reproduzir esse comportamento usando a atividade de uma célula, não importa quão precisa seja a célula do cérebro. Agora, se você começar a juntar células, qual é o número mínimo de neurônios atuando em conjunto que vai lhe permitir que isso seja feito? Esse número é sempre o mesmo? Ou ele varia? Os neurônios que participam dessa população são sempre os mesmos ou podem ser sorteados de uma grande população e fazer parte de um grupo que basicamente é usado a cada momento no tempo para produzir um comportamento em particular? Quais são os fatores que influenciam a dinâmica de interação dessa população? Quais são os resultados, quais são os parâmetros que uma população fixa de neurônios pode produzir? Será que a gente pode extrair múltiplos parâmetros simultaneamente de uma mesma população? Ou seja, será que essa população tem a capacidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo? E, finalmente, quais são os mecanismos fisiológicos que permitem que diferentes células se agrupem em diferentes combinações de neurônios e permitam realizar o mesmo comportamento?".

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Então tá. Minha posição sobre esse caminho importante, mas assimbiótico de Nicolelis - estará cunhada mais adiante para aqueles que ainda aventurarem me seguir por aqui nos intrincados becos do labirinto desse meu blog.
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Gilson Lima – Sociólogo da Ciência – CNPQ. Pesquisador do Research Committee Logic & Methodology and at the Research Committee of the Clinical Sociology Association International Sociological (ISA).  E-mail: gilima@gmail.com Blog: http://glolima.blogspot.com/

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Evolução humana chegou ao ápice, diz geneticista

09 de outubro, 2008 - 08h24 GMT (05h24 Brasília)
Evolução humana chegou ao ápice, diz geneticista.

Um professor da Universidade de Londres afirmou que a humanidade chegou ao fim de sua evolução.
O geneticista Steve Jones, em uma conferência chamada "O Fim da Evolução Humana", argumentou que, devido aos avanços da tecnologia e da medicina, já não são apenas os mais fortes que passarão seus genes para a geração seguinte.
Ele sugeriu que o tipo de homens que encontramos no mundo hoje é o único que haverá - porque os seres humanos não ficarão mais fortes ou inteligentes ou saudáveis.
"Acho que todos estamos de acordo com o fato de a evolução ter funcionado de forma adequada para o ser humano no passado", afirmou o cientista à BBC.

Evolução e passado

"Um dos exemplos está nas razões que permitiram que o homem negro vivesse na África e o branco pudesse viver na Europa."
"O homem branco perdeu o pigmento de melanina da pele, absorvendo mais radiação solar e produzindo mais vitamina D, permitindo que seus filhos crescessem mais saudáveis."
"Este é apenas um exemplo, há vários outros. Ao compreender como foi a evolução no passado, podemos deduzir como será no futuro", afirmou.
Segundo o cientista, para que exista evolução são necessários três fatores: seleção natural, mutação e mudanças aleatórias.
O cientista acredita que os humanos reduziram de forma inesperada nossas taxas de mutação devido às mudanças de nossos padrões reprodutivos.
Mas, o fator mais importante que alterou as mutações é a redução do número de homens mais velhos que têm filhos.

Mutações

Diferente das mulheres que, com o avanço da idade produzem menos óvulos, os homens nunca deixam de produzir espermatozóides.
Quando o homem chega aos 29 anos, em média a idade de procriação masculina ocidental, ele já copiou e repassou 300 vezes o espermatozóide original que o criou (e que foi passado por seu pai). Em um homem de 50 anos, isto já ocorreu mil vezes.
Cada vez que o espermatozóide é copiado e repassado, ocorrem divisões celulares, cada uma com possibilidades de mutação, e talvez de erros.
Desta forma, com menos pais em idade avançada existem menos possibilidades de passar para a geração seguinte mutações ou defeitos aleatórios.

Sem seleção

"Outro fator (a ser levado em conta) é a diminuição da seleção natural", afirmou Jones.
"Na antiguidade a metade das crianças que nasciam na Inglaterra morria antes de chegar aos 21 anos e estas mortes eram a base da seleção natural."
"Hoje, em grande parte do mundo desenvolvido, 98% destas crianças sobrevivem, chegam aos 21 anos, quase não existem diferenças entre os que morrem e entre os que sobrevivem antes de se reproduzirem", acrescentou o cientista.
Segundo o cientista também foi reduzida a quantidade de mudanças aleatórias na raça humana.
"Atualmente os humanos são 10 mil vezes mais comuns do que deveríamos ser, tendo como base as regras do reino animal. E isto se deve à agricultura."
"No mundo todo, todas as populações estão cada vez mais ligadas e as possibilidades de mudanças aleatórias estão diminuindo", afirmou Jones.
De acordo com o geneticista, "estamos nos misturando em uma espécie de massa global e o futuro não será branco e negro, será cor de café".
"Acredito que vão ocorrer mudanças, mas nossas mudanças não serão físicas, serão mentais", afirmou Jones.

Meu comentário.

Um único comentário. Essa me parece uma variação do fim da História (Lembram?). Esse cientista deve, por castigo, ler o meu livro e em português para entender minha idéia de evolução simbiogênica. Ele me parece um desses humanos que se acham o ápice não só da natureza, mas de toda evolução cósmica. Ele podia começar a pesquisar vida fora do sistema solar. Quem sabe ficaria com algumas dúvidas. Talvez ficasse com dúvidas também se nós chegamos mesmo no fim da história, inclusive, do que ele entende por corpo.... ou mudanças não mentais. Só não entendo por que o CNPQ não me financia, mas entendo que está faltando muita filosofia, ciência mesmo e uma densa sociologia da ciência nesses projetos de pesquisas envolvidos na competitividade do saber da superespecialização disciplinar. Esses caras quando resolvem pensar universalmente ou abstrair é triste. É melhor dizer, parem! Voltam para o laboratório ou então vão estudar, ler um texto com profundidade,...

Um só neurônio pode influenciar comportamento, diz estudo

1 de dezembro, 2007 - 11h01 GMT (09h01 Brasília) Carolina Glycerio De São Paulo. 

Um só neurônio pode influenciar comportamento, diz estudo O estímulo de apenas um neurônio pode desencadear reações nervosas e afetar o comportamento, apontam estudos feitos em ratos e publicados na revista científica Nature.

 A conclusão contraria a noção de que muitos neurônios, um número na casa dos milhares, são necessários para detonar uma resposta em funções cerebrais como o aprendizado e a memória. "Já se suspeitava, mas não tínhamos a comprovação, de que um único neurônio pode permitir o desempenho de funções cerebrais", afirma o neurocientista Clóvis Orlando, professor da Universidade Federal Fluminense.

Segundo o cientista, que pesquisa células tumorais, os resultados abrem caminho para uma visão diferente do cérebro que os cientistas que já vêm desenvolvendo, que passa pelo fim dessa noção de que o número de neurônios é limitado. Orlando destaca, no entanto, que isoladamente um neurônio não desempenha função alguma. Ele precisa se juntar com a glia, célula de sustentação cerebral que fornece oxigênio e nutrientes, para daí receber o estímulo e desencadear a sinapse. "O que o estudo sugere é que a comunicação neurônio-glia pode, através da formação de sinapses, determinar a fisiologia da aprendizado, da memória." Bigodes O primeiro estudo citado na Nature consistiu em estimular neurônios na parte do cérebro dos ratos ligada à sensibilidade dos bigodes - que os ajudam a se orientar em ambientes de visão limitada. Essa região é composta de cerca de dois milhões de neurônios e cada bigode transmite sinais para um grupo de células. Segundo os pesquisadores, liderados pelo neurobiólogo Karel Svoboda, do Instituto Médico Howard Hughes, em Nova York, a observação dos animais mostrou que o estímulo de poucos neurônios é suficiente para influenciar fatores que serão determinantes na fisiologia do aprendizado. Uma outra equipe de pesquisadores, liderada por Michael Brecht, do Centro Médico Erasmus, na Holanda, e Arthur Houweling, da Universidade de Humboldt, de Berlim, tentou isolar o papel individual dos neurônios com experimentos que analisaram a influência de cada um deles na capacidade tátil dos animais. As duas equipes utilizaram técnicas que lhes permitiram estimular feixes específicos de neurônios. Svoboda e seus colegas criaram ratos transgênicos que respondiam ao estímulo da luz. Recompensando os animais com água, os pesquisadores conseguiram respostas que envolviam apenas 60 neurônios. O outro grupo instalou eletrodos projetados para ativar neurônios individuais dentro do córtex cerebral dos ratos. Eles então treinaram os ratos a "apagar" a luz quando sentissem o estímulo.

 Em média, os animais responderam ao estímulo de um único neurônio em 5% do tempo. Mas no caso de alguns neurônios específicos, a resposta ocorria em 50% do tempo. Já Svoboda e Brecht dizem que seus estudos não encerram o processo de conexões neuronais. Segundo Svoboda, os experimentos mostram que animais podem coletar dados muito espaçados, mas não comprovam que essa coleta é espaçada o tempo todo. Segundo os dois pesquisadores, para avançar nas conclusões, seria preciso usar técnicas muito sensíveis de monitoramento da atividade neural. "Isso ainda não foi feito de forma satisfatória. Há questões técnicas a ser superadas, mas muita gente está trabalhando nisso." 

 

 

Meu comentário: Como sociólogo não acredito no individualismo nem no comportamento macro visível, imagine molecular. Essa notícia é contra todas as novidades que estão sendo descobertas. A noção da unidade neuronal do sistema nervoso (como processo discreto, dando mais importância ao neurônio que o assembler - a rede ou redes pequenas, médias, longas até as mais complexas) é o que se pensava Cajal com sua descoberta no final do Século XIX.

Já vi simulações complexas com "bigodes" de camundongos em Natal - Rio Grande do Norte no Instituto de Neurociências do Nicolellis quando estive lá recentemente em novembro de 2008). É algo espantoso em termos de redes e complexidades de conexões. Imagine um rato fugindo de um gato e calculando sua fuga junto o um distante buraco da parede (tudo isso é feito em milissegundos pelos bigodes. Tire apenas um deles que o rato vai se estoporar pela parede e nem preciso de verba do CNPQ para isso.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Projeto utiliza recurso 3D para estudar corpo humano

Quando era menino, o Chao Lung Wen driblou a falta de dinheiro para comprar brinquedos desenvolvendo kits educativos. A paixão pela tecnologia e pelas invenções permaneceram com ele e, depois de se formar em medicina, Wen criou o projeto chamado Homem Virtual.No programa "Vila Dimenstein", desta semana, conheça a história do chefe da disciplina de telemedicina da USP, que sonha em facilitar o estudo do corpo humano utilizando o recurso 3D. Assista aos outros vídeos com a participação de Gilberto Dimenstein.
Homem VirtualWen diz que inicialmente o projeto foi desenvolvido para ajudar os deficientes físicos a recuperarem o movimento. A partir daí, ele explica que conseguiu observar a capacidade da tecnologia de transmitir conhecimentos."É uma forma de ensinar o que há de melhor em conhecimentos sobre saúde usando recursos de comunicação visual. Estamos trabalhando na idéia para criar os chamados espaços culturais". Wen diz que ele pretende reunir a tecnologia com maquetes do corpo humano.O projeto tem como objetivo levar o material desenvolvido para as escolas públicas e bibliotecas do país.Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pessoas mais velhas lembram menos de eventos negativos, diz estudo

BBC Brasil. com. 17 de dezembro, 2008 - 19h47 GMT (17h47 Brasília) Notícias: Pessoas mais velhas lembram menos de eventos negativos, diz estudo! Uma pesquisa da Universidade de Alberta, no Canadá, em colaboração com a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, indica que pessoas mais velhas tendem a se lembrar menos de acontecimentos negativos, em comparação a pessoas mais jovens. "Idosos realmente usam seus cérebros de uma forma diferente das pessoas mais jovens quando se trata de armazenar memórias, principalmente se for uma memória negativa", afirmou o autor do estudo e professor-assistente de psiquiatria e neurociência da universidade canadense, Florin Dolcos. A pesquisa descobriu mudanças relacionadas à idade na atividade cerebral quando os participantes com média de 70 anos de idade observavam imagens padronizadas de eventos considerados neutros ou muito negativos. A pesquisa foi publicada na edição online da revista americana Psychological Science. Atividade cerebral A equipe de pesquisadores pediu que pessoas mais velhas e jovens classificassem o conteúdo emocional de fotos segundo uma escala de prazer que elas causavam. Enquanto isso, a atividade cerebral dos participantes era monitorada com um aparelho que faz imagens do cérebro usando ressonância magnética. Trinta minutos depois, e de forma inesperada, os pesquisadores pediam aos voluntários que se lembrassem das imagens que viram. Os participantes mais velhos se lembravam de menos imagens negativas do que os mais jovens. Exames dos cérebros dos participantes mostraram que, apesar de os dois grupos etários terem registrado níveis semelhantes de atividade nos centros emocionais do cérebro, eles eram diferentes na maneira como estes centros interagiam com o resto do cérebro. Os participantes mais velhos tinham interações reduzidas entre a amígdala, uma região do cérebro que detecta emoções, e o hipocampo, uma região do cérebro envolvida nos processos de aprendizado e memória, quando as imagens negativas eram mostradas. Pensamento x emoção Os exames também mostraram que os mais velhos tiveram interações elevadas entre a amígdala e o córtex frontal dorsolateral, uma região do cérebro envolvida nos processos mais complexos de pensamento - como o controle de emoções. Os participantes mais velhos usaram processos de pensamento, ao invés de processos emotivos, para guardar as memórias emocionais. Em um outro artigo publicado em 2008, a equipe de pesquisadores canadenses e americanos relatou que idosos saudáveis são capazes de controlar as emoções de uma forma melhor que os jovens, sendo menos afetados por eventos negativos. "O cérebro dos idosos funciona diferente do (cérebro) de indivíduos jovens", afirmou Florin Dolcos. "De alguma forma, eles treinaram o cérebro para que sejam menos afetados durante e depois de um evento negativo." Os pesquisadores avaliam que o estudo poderá melhorar a compreensão de problemas relativos à saúde mental como depressão e ansiedade. A pesquisa também poderá, segundo os especialistas, ajudar a melhorar a memória em adultos mais velhos, que têm problemas de memória, e auxiliar estudos relacionados ao mal de Alzheimer. 

  Meu Comentário: GILSON LIMA. Trinta minutos depois, e de forma inesperada, os pesquisadores pediam aos voluntários que se lembrassem das imagens que viram. Os participantes mais velhos se lembravam de menos imagens negativas do que os mais jovens. Interessante mas 30 minutos é muito pouco tempo para a memória de longo prazo. Por outras pesquisas também já se sabe mais ou menos isso. Uma longa pesquisa de vários anos feita com elefantes descobriu que a taxa de aprendizagem diminui com o tempo. A memória de aprendizagem de logo prazo (sobre tudo a declarativa) está muito envolvida com o prazer, mas no caso da aprendizado com angústia também (grava-se a angústia junto com a declaração armazenada). Por quê? Os velhos vão diminuindo a taxa de aprendizagem geral. Por isso que o Ritmo de nossa capacidade de aprender diminui com a idade. Por que os jovens são menos inexperientes. Aquilo que no senso comum se diz: já vi várias vezes esse filme. Sabemos que ensinar às crianças de modo que elas aprendem mais e melhor, que tipos de conteúdos precisam ser apresentados de uma forma gráfica ou de forma que elas possam experimentar, tocar, cheirar, ouvir. Quando soubermos isso tudo em detalhes, não poderemos mais deixá-las sentadas em frente a um professor que fala sem parar. Essa não é definitivamente a melhor maneira de ensinar crianças. Há diferenças também de tempo: alguns aprendem rápido, outros levam mais tempo. Mas o que deve nos preocupar é em entender como o ser humano usa suas habilidades de aprendizado. A idade é um fator vital para isso. Nossa capacidade de mudar nossas sinapses (pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e por onde passam os estímulos) tem que diminuir com a idade porque, de outra forma, você não ia aprenderia o que precisa para viver. Se nosso cérebro mudasse o tempo todo, você esqueceria de tudo o tempo todo. Precisamos manter aquele conhecimento que faz diferença para nossa vida. Quando você estuda livros sobre cérebro e idade, você percebe que a curva da capacidade de aprendizado é alta na infância, continua alta na juventude e, depois, declina quando pessoas desenvolvem a doença de Alzheimer. Mas não é assim. Temos uma grande capacidade de aprender na infância porque precisamos disso para crescer. Depois, continuamos aprendendo por toda a vida, mas de uma maneira diferente em cada etapa. Por exemplo, se você aprendeu o espanhol, conseguirá aprender o português sem mudar muitas sinapses. Já está lá dentro, você só precisará fazer algumas mudanças. Mas se seu espanhol não está lá, você terá trabalho para aprender o português. Isso que as crianças podem fazer mais rápido que os adultos. Mas ver isso sob esse prisma é novo. Saber que é bom aprender mais de devagar quando envelhecemos, mas que é bom ter muitas estruturas dentro para conseguir continuar aprendendo com facilidade é algo que a neurociência ensina e que não é possível saber disso com apenas testes psicológicos ou escalas. Você precisa saber como o cérebro funciona para saber disso. Quanto mais velhos mais lentos somos para aprender. Tem que ser assim, pois não queremos começar a construir tudo de novo. Queremos manter o conhecimento que temos e que adquirimos. Os melhores estudos e as melhores pesquisas demonstraram isso. Na pesquisa em mamíferos, mais particularmente, com elefantes verificou que em seu habitat natural eles viajam em grupos de 12 e guiados geralmente por elefantas mais velhas. Os elefantes emitem sons de contato e os mais velhos reconhecem apenas pelos sons, mesmo não visualizando um possível novo som se eles conhecem ou não o elefante ou os grupos que emitiram os sons. Se são novos elefantes que estão próximos, elas geralmente fazem um cerca onde os mais velhos ficam do lado de fora protegendo os mais novos. As suas trombas permitem cheirá-los e ver o que os novos vizinhos querem e analisar os riscos envolvidos no encontro. Esse estudo foi publicado pela Science em 2.000. Foram vinte anos de observação cujos sons foram gravados medidos e identificados. Os pesquisadores tocaram esses sons para os grupos de elefantes para ver como reagiam. Quantificaram os que formaram círculos e o sistema de defesa. Descobriram que quanto mais os elefantes conheciam os sons menos defesas eles produziam. Por que? Também descobriram que a precisão e a reação eficaz dos círculos de defesas eram heterogêneos. Mais precisas e organizadas num grupo e menos noutros. Depois de identificar as elefantes guias descobriram o porque: era a variável idade. Experiência. Quanto maior era a idade dos elefantes guias, mais precisos eram seus sistemas de defesa e menos riscos, menos estresse os seus grupos corriam. Ficou claro que a sabedoria dos elefantes mais velhos eram mais elevados e tornavam o grupo mais seguro e elevava a taxa de fertilidade do grupo. Na média os elefantes (fêmeas) mais jovens tinham mais filhotes nos grupos mais seguros. Os velhos têm importância para o grupo inteiro. Assim, como na maioria dos primatas, como no caso dos gorilas (quase extintos), os seres humanos já sabiam disso também. A presença de uma avó causa nascimento de mais bebês. A taxa de fertilidade aumenta com a presença de um adulto idoso em quase 100%. Lembrem-se que a vovó em casa é igual a mais fertilidade. A vó conhece, ajuda, relaxa e inibe o estresse aumentando a fertilidade. O fator da rapidez na aprendizagem não significa sabedoria, pode-se aprender mais rápido negativamente. De qualquer modo os fatores filogenéticos não são absolutos, também dependemos muito de nossa ontogenia e não apenas de nossa filogenia, dependemos muito de nossa história de vida. Outra complexidade dos humanos é que os humanos não são isomórficos. Abra um cérebro de uma minhoca e descobrirá como são todas as minhocas. Um ser humano é diferente do outro, diferente do seu irmão e até mesmo de seu irmão ou irmã gêmea. Um exemplo. Aprender instrumentos. É muito bom para desafiar o cérebro. Uma ampla pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstrou isso. Descobrimos que crianças que tocam instrumentos têm melhor desempenho em diversas áreas do que as que não tocam. Quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. A razão para isso pelo que sabemos até agora é: quando as crianças aprendem um instrumento, elas têm um retorno imediato daquilo que aprenderam. Além disso, música é diversão. Elas aprendem "sim, eu consigo fazer isso e, quanto mais eu treinar, melhor serei". E uma vez que elas aprendem isso - que podem fazer bem algo - , serão capazes de aprender o que quiserem. Isso é algo que cada criança deve aprender, e a música é uma boa maneira de saber disso. Um tocador de gaita tem mais espaço no cérebro para a mão e para a boca do que usa, por exemplo, a boca apenas para falar e comer. Mais células representarão o tato nesses locais. Um violinista profissional, que toca o instrumento desde pequeno, tem cerca de 4 centímetros de espaço no cérebro apenas para a mão esquerda. Se hoje, adultos vamos começar a aprender a tocar violino poderemos chegar ao máximo a 0,5 centímetros, ou seja, ½ centímetro de espaço para a mão esquerda. É melhor começarmos mais cedo. O jovem está mais preparado para aprender mudanças, os mais velhos são mais lentos. O que é ótimo, caso contrário, teria que sempre aprender tudo sempre novamente, efeito do: de novo da criança de colo. Por isso o cérebro adulto aprende mais devagar. A taxa de rapidez da aprendizagem vai caindo com o tempo. Por que já aprendeu muito, é muito mais apto a fazer reajustes. O novo não é sempre novo para um adulto. A capacidade de rapidez de aprender diminui com o tempo e cai muito com a velhice. Cresce muito até aos 17 anos, se estabiliza e depois decresce muito a partir do final dos 40 anos. Na segunda década da vida, dos 12 aos 27 anos, a taxa de aprendizagem rápida já cai muito e as indicações das mudanças sinápticas são claras nesse sentido. Ela sobe um pouco dos 18 aos 21 anos e depois volta a cair. Quase tudo se volta para reconfigurar o que já se sabe e não mais para cair de cabeça toda hora com tudo que se apresenta pela frente. O maior modelador do ritmo e da velocidade da taxa de aprendizagem é a idade. Aprender é estimar um valor e uma ação com um parâmetro bem geral. Como um conceito bem geral que distingue isso dos outros conceitos. Fazemos isso o tempo todo. Os velhos adquirem um dicionário maior de parâmetros, muito do que fazem é reconfigurar seus velhos parâmetros em vez ficarem batendo a cabeça em criar novos. Quase sempre. Às vezes são surpreendidos. Algo que já sabia e quem não se configura como verdade. Precisam também bater a cabeça na formulação de um parâmetro ou um conceito novo. Por exemplo, uma espécie muito parecida ou quase idêntica de uma aranha venenosa que não é venenosa. Essas frutas vermelhas são comestíveis e não são venenosas? Essa aranha é venenosa ou não? Aprender é buscar valores que se transmutam em verdades. Uma tensão permanente da aprendizagem é a busca desses valores e a confrontação deles no mundo que acontecemos. Um jovem que nunca viu uma aranha venenosa qualquer, nem seu desenho, não saberá. Uma pessoa que já viu e sabe sobre o que ela pode fazer, já estudou, já demonstrou, ou experimentou sua picada tem conhecimento sobre isso e sabe o que ela pode fazer com outros humanos. A educação é sempre aprendizagem de valores qualitativos, quantitativos e demonstrativos, que são obtidos pela experimentação teórica e ou prática de um processo de aprendizado. A linguagem e a aprendizagem de um léxico é um desses parâmetros muito complexos. Aprender é um problema, aprender rápido é outro e dar saltos na aprendizagem é outro ainda. Aprendemos dando pequenos passos, um por um. A aprendizagem complexa é lenta de qualquer modo, mas é muito mais lenta com o avançar da idade. Refutar velhos valores e desaprender também é importante. Desaprender no âmbito do plexo neuronal é voltar por caminhos já trilhados não apenas trilhá-los, ir indo para trás e ao mesmo tempo refazendo-o como se estivesse cainhando para frente. Depois voltar a caminhar nele e ver como ficou. Se bate o que estamos valorando com o que estamos descobrindo. Reconfigurar é mais difícil que configurar. Reformar é mais difícil do que construir um prédio num terreno vazio. Começamos uma obra com passos grandes num terreno vazio. É tudo muito rápido. Depois vem o acabamento que é mais detalhado, os passos são menores e o processo é bem mais lento. Numa reconfiguração ou reforma temos que reconstruir o ambiente sem muita liberdade de ação. É mais lento. Derrubar uma parede é fácil, mas para isso precisamos saber se o teto não vai desabar. A maior lentidão do aprendizado nos adultos é um problema de interferência entre as tarefas. Uma tentativa de um segundo aprendizado simultâneo perturba o primeiro. As crianças têm em geral um número maior de sinapses em seu cérebro do que adultos. Parte do processo de aprendizado é justamente a eliminação das sinapses excedentes. As crianças aprendem mais rapidamente uma língua estrangeira e sem sotaque, mas alguns tipos de aprendizado como o motor, são ao menos idêntico entre adultos e crianças. Um parêntese. Aprender uma língua é muito mais fácil cedo onde os traçados neuronais estão sendo construídos. Aprender um instrumento musical também. Pesquisas recentes descobriram que aprender um instrumento faz muita diferença na aprendizagem de uma pessoa. Desde criança aprender a tocar um instrumento musical é um processo muito importante para a aprendizagem complexa. Nosso ritmo de aprendizagem diminui com a idade. A notícia diz também: "Os exames também mostraram que os mais velhos tiveram interações elevadas entre a amígdala e o córtex frontal dorsolateral, uma região do cérebro envolvida nos processos mais complexos de pensamento - como o controle de emoções. Os participantes mais velhos usaram processos de pensamento, ao invés de processos emotivos, para guardar as memórias emocionais". 


  Meu comentário: GILSON LIMA. Bem! Quando se trata de processos emocionais “negativos” as amígdalas tem um papel significativo. Amígdala. As amigdalas são duas massas de neurônios situadas a cada lado do tálamo próximas á parte terminal inferior do hipocampo. Quando estimulada eletricamente os animais respondem com agressão. Caso a amigdala seja removida os animais ficam muito mansos e não mais respondem a coisas que lhe teriam estimulado uma resposta agressiva anteriormente. Mas tem outras funções além da raiva: quando removidas os animais tornam-se indiferentes a outros estímulos que de outro modo lhes teriam causado medo ou mesmo a muitas respostas sexuais. Quando as emoções são prazeirosas e positivas é no NÚCLEO ACCUMBENS (NÚCLEO DA BASE) que isso acontece. No núcleo accumbens ocorre principalmente, a liberação do neurotransmissor dopamina. Esse núcleo está relacionado com a busca do prazer. Esse núcleo está conectado a uma região chamada de área tegmental ventral. É um local de convergência para estímulos procedentes da amigdala, hipocampo, área entorrinal, área cingulada anterior e parte do lobo temporal. Deste núcleo partem eferências para o septo, hipotálamo,área cingulada anterior e lobos frontais. Devido às suas conexões aferentes e eferentes o núcleo accumbens desempenha importante papel na regulação da emoção, motivação e cognição. Amigdala e núcleo accumbens! Recentemente se descobriu que o processamento das emoções negativas e positivas se dá em núcleos diferentes no cérebro. O mesmo local onde quem é viciado em cocaína, em chocolate ( fenilenina nos neurônios no sistema de recompensa,... é o local do qual se processa o reforço do prazer e da felicidade que deveria ser a grande preocupação para os educadores envolverem na aprendizagem de seus alunos. As emoções negativas se processam de modo muito intenso no núcleo da amígdala. As emoções positivas e o reforço do prazer no núcleo accumbens. As emoções positivas, porém, são pouco conhecidas até mesmo pelos cientistas da mente e podemos defini-las, mas ainda não é possível atribuir-lhes uma base neural segura. Uma abordagem reducionista da emoção acabou por entender os aspectos apenas negativos da emoção, não permitindo verificarmos nas atitudes e práticas o envolvimento positivo da emoção para a expansão do conhecimento e a predominância marcante das emoções entre um estado de mentitude sobre o outro nos processos de aprendizagem. A razão e emoção são aspectos genéricos de um mesmo contínuo e expressam as mais sofisticadas propriedades do cérebro humano. Como parte dessa continuação, podemos destacar, no extremo racional, operações como o pensamento lógico, o cálculo mental e a resolução de problemas; na ponta emocional o medo, a agressividade e o prazer. No meio, uma infinidade de possibilidades: o comportamento socialmente determinado (ajuste social), a apreciação e a criação artística, a tomada de decisões, o planejamento de ações futuras. Um contínuo infinito é o que chamamos de estados simbióticos de mentitude. Um componente químico importante para o reforço do prazer é a dopamina, tão estudado nos processos viciantes que envolvem drogas como: o crack e da cocaína, como no consumo exagerado de chocolate.

Pesquisadores criam ilusão de troca de corpos

04/12/2008 - 10h56
Pesquisadores criam ilusão de troca de corpos
Da ReutersEm Washington
Pesquisadores usaram um circuito fechado de televisão para criar a ilusão de que haviam levado voluntários a realizar uma troca virtual de corpos, e chegaram a convencer mulheres de que elas estavam em um corpo de homem e vice-versa.A experiência, publicada pela "PLoS ONE", revista da Public Library of Science, demonstra que é possível manipular a mente humana de maneira a criar a percepção de que a pessoa tem outro corpo, disseram os pesquisadores suecos.Isso ajuda a explicar como os seres humanos compreendem os limites de seus corpos, afirmaram Valeria Petkova e Henrik Ehrsson, do Karolinska Institute de Estocolmo.Eles estabeleceram uma série de experiências cujo objetivo era iludir os participantes voluntários; cada uma delas era uma extensão de uma ilusão comum que pode levar uma pessoa a acreditar que uma mão de borracha é sua mão.Petkova e Ehrsson foram além, usando uma câmera de circuito fechado para enganar seus voluntários e levá-los a acreditar que um manequim de borracha era seu corpo -e, em uma segunda etapa, que um corpo alheio era seu corpo."O efeito é tão forte que, quando experimenta estar no corpo de outro pessoa, o participante pode encarar seu corpo biológico e trocar um aperta de mão com ele sem destruir a ilusão", eles escreveram.O primeiro passo foi um manequim em tamanho natural."Duas câmeras de TV foram posicionadas em um manequim de homem, de maneira a que cada qual registrasse os acontecimentos da posição correspondente aos olhos dos manequins", eles reportaram.Os participantes usavam capacetes equipados com telas, conectadas de maneira a que as imagens obtidas pela câmera esquerda e direita fossem exibidas nas telas esquerda e direita dos capacetes.Os participantes eram convidados a inclinar suas cabeças para baixo como se olhassem para seus corpos, e o que viam eram os corpos dos manequins.Como na ilusão da mão de borracha, os pesquisadores tocavam o corpo dos participantes ao mesmo tempo em que estes tocavam os manequins."Era evidente que os participantes sentiam que o corpo do manequim era seu corpo", eles escreveram.Por fim, tentaram uma troca de corpo entre dois voluntários e a experiência também funcionou. Mas a ilusão tem seus limites. Os pesquisadores afirmaram que não foram capazes de iludir os participantes de forma a que pensassem ser uma caixa, por exemplo.(Maggie Fox)
do UOL Ciência e Saúde

Meu comentário: GILSON LIMA.

Interessante. Por isso Aristóteles e sua teoria dos cinco sentidos está inadequada. Um dos sentido humanos é aquele que adquirimos de saber que tudo que acontece em de meu corpo é em mim que acontece a PROPRIOCEPÇÃO.

Propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. Também é graças a propriocepção que as fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno, consegue ajudar a manter a gente de pé, a andar, etc... Por isso que mesmo de olho fechado com alguém toca em mim com sua mão por exemplo, sei que aquela mão não é minha. O sentido do eu é antes de mais nada uma produção biosocial. Existem pessoas com lesões cerebrais, por exemplo, que não são capazes de reconhecer seu próprio corpo. Outras são incapazes de reconhecer rostos de outras pessoas,...
Por isso minha discussão que tenho fieto sobre o potencial da mídia que com o espelhamento prduz antes de mais nada o mundo e não apenas o reproduz em imagem. Antes de tudo a mídia cria realidade. Eu estou simbioticamente lá também com medo, com prazer, seu eu simbioticamente acontecendo!.... Imagine o poder da mídia. Imaginou? Nem ai menos chegou perto.
Abçs!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

COMO INICIAR ESTUDOS SOBRE NANOCIÊNCIA E NANOTECNOLOGIA

Respondendo sobre como e onde iniciar informações e estudos sobre nanociência e nantotecnologia!

Respondendo! A nanotecnologia é um universo múltiplo e muito amplo não existe a nanotecnologia, mas nanociências e nanotecnologias no plural. A melhor maneira seria procurar nos cursos de pós-graduação da sua cidade, informando sobre pesquisa e material sobre o tema. Manipulação nonométrica e sofisticada poucos são os laboratórios no país capacitados para isso. Por exemplo: laboratórios de microscopia com um nanoscópio de varredura de tunelamento através de sonda (STM). Esse nanoscópio utiliza como sonda uma agulha cuja ponta é extremamente fina, com apenas alguns átomos.
O Brasil possui pequeno (mas ativo) número de universidades ocupadas em nanociência e nanotecnologia. Duas universidades brasileiras, a USP e a Unicamp, respondem por cerca da metade da produção científica publicada em nanotecnologia, seguidas em quase igualdade de condições pela Universidade Federal de São Carlos, pela UFMG e pela UnB.
O maior laboratório brasileiro é o Luz Sincontron, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia/CNPQ. Localizado em Campinas. Concluído em 1997. Para quatro faixas de espectro eletromagnético: a visível e outras três que o olho humano não percebe. Com o raio X ultra violeta os cientistas podem ver muitas características dos materiais e enxergar o mundo nanométrico. É um dos maiores laboratórios que permite pesquisa nano fora do eixo dos países centrais.
A gama de atividades classificadas como nanotecnologia cobre áreas de pesquisa tradicionais como a química e a física, chegando às atividades que envolvem ciências dos materiais, biotecnologia, etc., o que demonstra o caráter altamente abrangente da nanociência e da nanotecnologia.
De fato, uma das particularidades da nano requer competências científicas com os mais variados horizontes. Também muitos setores industriais estão desenvolvendo produtos nanotecnológicos, embora algumas empresas optem por não identificá-los como tal, por razões, provavelmente, de imagem pública, ou talvez para diminuir resistências do tipo das que se manifestaram em relação a produtos da biotecnologia.
O crescimento previsto pelos especialistas para os mercados de produtos nanotecnológicos é muito superior ao crescimento de outros mercados dinâmicos, como o de computadores e telefones celulares. Estima-se que as aplicações de nanotecnologia e as que estarão atingindo os mercados nos próximos anos são evolucionárias, mais do que revolucionárias, estando concentradas nas áreas de determinação de propriedades de materiais, produção química, manufatura de precisão e computação.
Uma pesquisa no google também ajudaria sua curiosidade, sobretudo se for em inglês. Estou criando em Porto Alegre uma disciplina de introdução a nanotecnologia e sociedade, provavelmente elas fará parte de um mestrado novo aqui no Centro Universitário onde atuo como pesquisador.
Uma dica: O livro: O mundo nanométrico: a dimensão do novo século de Henrique Toma da Editora Oficina de textos dá uma boa introdução ao tema.

Segue alguns links.
1. RENAMI - Rede de Nanotecnologia Molecular e Interfaces: http://www.renami.com.br/
2. LQES - Laboratório de Química do Estado Sólido: http://lqes.unicamp.br/
3. LNLS - Laboratório Nacional de Luz Síncroton: http://www.lnls.br
4. Foresight Institute: http://www.foresight.org/
5. Institute for Molecular Manufacturing: http://imm.org/
6. Nanosite na Xerox: http://nano.xerox.com/nano
7. Rice University Center: http://cnst.rice.edu/
8. NASA Ames NAS Computational Nanotechnology: http://science.nas.nasa.gov/Groups/Nanotechnology/
9. DNA nanotechnology site:http://seemanlab4.chem.nyu.edu/homepage.html
10. Mitre Corpo Nanoelectronics and Nanocomputing Site: http://www.mitre.org/research/nanotech/
11. Nanotechnology Magazine: http://planet-hawaii.com/nanozine/
12. Nanosource: http://www.nanosource.org/
13. Nanocomputer Dream Team: http://www.nanocomputer.org/
14. Nanothinc: http://www.nanothinc.com/NanoHome.html
15. BC Crandall's Molecular Realities: http://www.well.com/user/bcc/MolecularRealities. html
16. Laboratório de STM da IBM em Zurique: http://www.zurich.ibm.com
17. Laboratório da IBM em Almaden: http://www.almaden.ibm.com/vis/stm/stm.html
18. USC Laboratory of Molecular Robotics: http://alicudi.usc.edu:80/-lmr/
19. Caltech Materiais and Process Simulation Center: http://www.wag.caltech.edu/
20. NASA Nanotechnology Gallery: http://www.ipt.arc.nasa.gov/gallery.html
21. The Institute of Nanotechnology: http://www.nano.org.uk/ion.htm
22. Molecular Imaging Corpo http://www.molec.com/
23. Sol Ideais Technology Development: http://www.solideas.com/index.html
24. Veeco Instruments: Solutions for a nanoscale world: http://www.veeco.com/
26. EETimes: http://eetimes.com/
27. Nanotechnology MEMS News: http://news.nanoapex.com/
28. Information on Nanotechnology: http://www.nanogamazine.com/
29. Nanotechnology resources online: http://www.nanotechweb.org/
30. NanoelectronicsPlanet: http://www.nanoelectronicsplanet.com/
31. CMP Cientifica: http://www.cmp-cientifica.com/
32. Smalltimes - 8ig New in Small Tech. http://www.smalltimes.com/
33. Anders Transhuman Page: http://www.aleph.se/Trans/
34. Exl - Extropy Institute: http://www.extropy.com/
35. Quantum Consciousness - Stuart Hameroff http://www.consciousness.arizona.edu/hameroff /
36. KurzweilAl.net: http://www.kurzweilai.net/
37. REDE NANOSOMA http://nanotecnologia.incubadora.fapesp.br/portal

IDÉIAS: A Cidade do Futuro e o Futuro da Cidade

Gilson Lima
Texto publicado em 1996.

Revolução cientifica e tecnológica; impactos deste final de milênio trazem reflexões sobre o futuro da cidade. Dois grandes cenários podem ser imaginados.Hoje, a população mundial é doze vezes maior do que na época de Isaac Newton. Três quartos dessa população se aglomeram em apenas 2% do território do planeta. Somente 20% da população mundial consome 80% da energia e das manufaturas produzidas no planeta. Vivemos no auge da revolução cientifica e tecnológica, que forjará um impacto indiscutível nesse mundo de cidades do final do século.Podemos imaginar dois grandes cenários:• 0 primeiro é o de mantermos o atual modelo das poluídas e decadentes cidades industriais, as quais abrigarão perto de 7 bilhões de seres humanos no ano 2025, tomadas por meninos e meninas, criados nas ruas, que os acolhem com suas regras, e não mais pelas famílias, cada vez mais nucleares. Também haverá miseráveis ambulantes, sem endereço, sem um lugar para onde voltar no fim de sua jornada diária, ora vivendo embaixo dos viadutos, ora vivendo nas estações subterrâneas dos metrôs. Poderíamos imaginar uma "população tatu" formada por milhares, que cavam buracos em busca de um lugar para habitar; moram nas crateras dos viadutos ou nos edifícios abandonados, formando os cortiços. Nômades contemporâneos, produtos de uma sociedade de trabalhadoras sem empregos, após a revolução científica que substituiu a quase totalidade dos processos de trabalho por rotinas eletrônicas sem a intervenção humana. Imaginamos também a nova elite cosmopolita morando em distantes condomínios privados, cercados de muros, grades, sistemas eletrônicos de segurança particular, contatando os melhores professores para educarem seus filhos, formando ilhas de excelência diante de um mar de excluídos, sempre reclamando dos custos sociais de seu status junto aos excluídos. Buscam a eterna juventude, freqüentando salas de musculação, no interior de seus condomínios, fazendo todo tipo de plástica, massagens, transplante de órgãos deficitários. Comem alimentos naturais, sem produtos químicos que debilitam o corpo. Possuem uma agenda transnacional, estando conectados e plugados ao mundo em tempo real, a bordo de aviões ou de helicópteros particulares. Não estão mais integrados em grandes infra-estruturas de deslocamento, mas navegam através da infovia (fax, satélites, Tvs a cabo, correios eletrônicos). Geralmente estão muito bem informados por reconhecidos analistas simbólicos.• O segundo cenário As cidades, após urna profunda reciclagem transformam-se em cidades-jardins. Restabelecem a biodiversidade, e o mundo do trabalho, robotizado, produz manufaturas acessíveis a todos. Todos possuem acesso a renda através de diversas fontes alternativas. A humanidade encontra-se com o lúdico. Acaba o horário comercial e os deslocamentos massivos de trabalhadores. Os produtos nocivos ao meio ambiente são destruidos, assim como as ogivas nucleares. Restabelece-se a importância do convívio comunitário da intervizinhança. A participação política é "on-line" e quotidiana. As cidades são mantidas por tecnologias limpas, fazendo-nos esquecer dos tempos dos combustíveis fósseis. Entramos na idade solar. O mundo se integra pela arte através da teleparticipação planetária. A média de vida aumenta enormemente, bem como diminui o tempo de vida dedicado à reprodução das necessidades.Também se amplia a qualidade da existência realizada pelos novos remédios. Todos têm acesso amplo a uma educação livre e qualificada. Os mestres são mais respeitados do que os delegados e juizes. Fome, miséria, poluição e desrespeito à natureza são lembranças de um passado distante. A ciência conquista o espaço definitivamente e, no planeta, reina um profundo respeito pelas diferenças étnicas e religiosas. Todos vivem cm paz numa unidade interdependente e intersolidária.É preciso mantermos acesas as esperanças, e cada um deve fazer sua parte para que o segundo cenário possa ser o dominante. O futuro começa agora. Lembremos das raposas que submergem na água para concentrar todas as suas pulgas no focinho e, com um rápido mergulho, livrar-se delas. Uma que outra vez na história, os homens e mulheres precisam sacudir sua própria cultura e ficar despido dela. Façamos como as raposas. Vamos reciclar a cidade e a civilização, suas instituições; e deixemos vir o terceiro milênio.

Gilson Lima, é Doutor em Sociologia. Professor e pesquisador do IPA- Porto Alegre.


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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mês de Maio: o aniversário e o enigma da vida

Faço aniversário em maio. É um momento de reflexão. Cada vez mais velho naturalizamos e tornamos trivial o mundo que nele acontecemos. Pensar no nascimento é pensar na vida. Para um cientista um parto não é apenas um pedaço vivo de carne expelida de um corpo. É algo extraordinário. Ali está toda a evolução do que chegamos até aqui. No início ao que parece fomos produzidos e originários principalmente de um desgasamento que foi intensamente bombardeado por algumas partículas entre 4,1 e 3,9 bilhões de anos atrás até ficarmos assim meio um ser humano dito moderno, ereto e consciente. Em cada um dos nossos nascimentos, no meu parto no seu e do outro está presente todo o enigma da vida, essa energia que colou em nossa carne material e até hoje é tão misteriosa.
Consideremos que, por 3,8 bilhões de anos, um período maior que a idade das montanhas, rios e oceanos da Terra, Bryson nos lembra que:

... “cada um de nossos ancestrais por parte de pai e mãe foram suficientemente atraentes para encontrar um parceiro, suficientemente saudáveis para se reproduzir e suficientemente abençoados pelo destino e pelas circunstancias para viver o tempo necessário para isso. Você está aí, lendo-me, mas para isso seus ancestrais para darem origem a nossa espécie precisaram sobreviver, não foram esmagados, nem devorados, afogados, não morreram de fome, nem encalhado, aprisionado, ferido ou desviado de qualquer outra maneira da missão de fornecer uma carga uma carga minúscula de material genético ao parceiro certo, no momento certo, a fim de perpetuar a única seqüência possível de combinações hereditárias capaz de resultar — enfim, espantosamente e por um breve tempo — em você” . (BRYSON, 2005, p. 13).

Viver é uma grande aventura. A nossa pele, por exemplo, é uma fina e frágil camada que nos envelopa. A pele é um fino tecido externo de frágeis fibras que permitem muita flexibilidade, excitação de sensibilidade, porém, para que isso aconteça ficamos muito frágeis. Sem precisar sequer sair de casa, expomos nossa fragilidade corpórea aos perigos da aventura do viver no dia a dia da essa aventura de viver no mundo. Olhando, por esse ângulo, ainda hoje vendo tudo que está lá fora de nosso corpo no mundo e na vida social que pode nos ferir (um simples e estático objeto pontiagudo) depois de quando saímos para a rua é quase um milagre voltarmos intactos para casa.
Que venha novas aventuras.
Gilson Lima. 16 de maio de 2008.